segunda-feira, 30 de junho de 2008

“O DEUS MÃE”

A construção de uma identidade de gênero para Deus, segue uma tendência histórica, machista e preconceituosa frente à questão do feminino na divindade. Em tese, Deus não tem sexo...mas possui gênero, e esse está vinculado ao masculino. Nunca pensamos em uma Deusa, nos relacionamos, sempre, com uma divindade masculinizada, ou para ser mais exato, nos relacionamos com a divinização da masculinidade. Herança dos cultos medianitas, ainda vinculado às tribos que cultuavam uma divindade em um monte no deserto nas mediações do Egito e Palestina. Esse Deus ganhou forma, corpo e funções tipicamente masculinizadas, e mais, ganhou um nome Iahweh !

Seguem as pesquisas históricas, que nos apontam o papel do feminino na sociedade ocidental, e sem muito entusiasmo e empatia, a mulher ocupa a mais de dois milênios uma posição inferior frente ao homem, nas suas relações sociais e religiosas, por isso Deus tem que ser Deus, e não Deusa. Até o século XVIII a sexualidade era um termo desconhecido, esse vem apenas, segundo Foucault (1986), a ser introduzido no século XIX, pertencendo assim às sociedades modernas e pós-modernas. O que se tinha, então, era uma concepção dominante de um único sexo ou monismo, “one-sex-model” , as mulheres aqui são concebidas como sendo um “homem invertido”. O útero era o escroto feminino, os ovários eram os testículos, a vulva um prepúcio e a vagina era um pênis (Laqueur,1989). A ordem de importância, seguia a concepção fálica, ou seja a superioridade masculina, pois tem o falus, e a inferioridade feminina, ou um sujeito “menos desenvolvido”, invertido e à margem da perfeição metafísica. Na passagem do século XVIII para o XIX que surgiram as distinções do conceito de unicidade e perfeição do corpo masculino para o two-sex-model , antes tudo que se estabelecia como característica de convivência estavam presas a perfeição do corpo do macho, ou seja, a relação entre reprodução, sexo, orgasmo e sujeição.

Contudo, mesmo havendo a distinção anatômica e fisiológica, a distinção entre os gêneros continuou preconceituosa, atribuindo a Deus um status ideológico masculinizado, atendendo aos apelos da sociedade burguesa, capitalista, individualista, nacionalista, imperialista e colonialista dos paises europeus. De homem invertido, a mulher ganha o conceito de complemento do homem, mantendo a posição inferior. O homem é voltado para o mundo social amplo em seus conceitos econômicos e políticos, e segundo Parker (1991), a mulher ocupa a função doméstica, do mundo doméstico limitada à esfera familiar. Um fato agravante é a potência de Deus como gênero masculino, refletindo a tendência social da bissexualização e o reforço do masculino sobre o feminino, ressaltando a mulher em sua fragilidade corpórea (ossos e nervos), e também quanto ao prazer erótico, ou seja a mulher é frágil, desprovida do calar vital e menos privilegiada que os homens.

Falar de um Deus mãe pode parecer estranho, pode dar a entender uma interpretação gay de um travestismo da identidade de gênero dessa potência. De uma heresia, ou deboche frente à esfera sagrada do Deus trinamente masculinizado, Pai, Filho e Espírito Santo. Mas Deus mãe, evidencia o valor do lado materno e dignifica o gênero feminino nessa potência. O Deus pai, todo poderoso, onisciente, onipotente e onipresente está desatualizado, ultrapassado e decrépito frente ao apelo ideológico que ele carrega em si mesmo. Deus encarado apenas dentro do gênero masculino carrega um preconceito, e uma valorização desigual, desonesta, e desonrosa para assegurar o ônus de uma identidade, ou de um resgate à figura masculina, que se encontra na atual sociedade em decadência. Da mesma forma que o feminino ocupa seu espaço na sociedade, ele também tem que ocupar na religiosidade, e na religião. Cultuar uma divindade masculinizada é manter o “status quo” da marginalização contra o papel social da mulher. E ratificar o culto à masculinidade do século XIX. Uma vez que, segundo Laqueur, a reprodução das desigualdades sociais e políticas, entre homens e mulheres, se justificava pela norma natural do sexo. Em seguida, de efeito torna-se causa. A diferença de gêneros ganha um acordo, e passa a ser vista dentro das qualidades morais e sócias dos humanos. Agora, quem pode ser invertido sexualmente é o próprio homem. Demarcando a anormalidade frente às subjetividades sexuais masculinas. A partir da inferioridade sexual e política, da fragilidade do sexo, dos invertidos sexuais e da mulher, a FEMINILIDADE passará a atormentar o imaginário burguês. Algo precisava ser feito, para que esse estado de decadência, não fosse tomado como norma. Ou seja, o homem burguês sobreviveu a Revolução Francesa, a Industrial e as guerras, mas não conseguiu evitar a desordem no papel por eles representados. Tentando reconstruir o que está sendo diluído, a consolidação de uma masculinidade hegemônica a todos os homens.

O vitorianismo rege esse ideal, as preocupações da feminilizaçao de alguns homens fizeram com que se criassem para si umas séries de papeis, e traços a serem representados. Ser homem no século XIX significa não ser mulher, e jamais homossexual. Vestimentas, forma de andar, maneira de se comportar e falar, o contorno do corpo masculino se estabelecem na representação do gênero. Contudo, Freud mostra um estado de decadência, ao introduzir o conceito da bissexualidade, reforçando o imaginário burguês. Com o conceito, e os crescentes avanços feministas, que começavam a ganhar contorno na época levam a crise da MASCULINIDADE. Deus, aqui, serviria bem ao lado materno. Um Deus não centrado na autorização de uma identidade de gênero, mas que dignifica de igual modo os gêneros masculino e feminino, bem como o papel sexista representados nele mesmo. Deus, mãe e pai, todo poderoso é a compreensão de uma igualdade da mulher e do homem na atual sociedade. E a valorização plena da criação sem disputas, e marginalizações do humano, que se encontra sob duas formas complementares uma a outra, e de igual importância seja qual for o papel de gênero

Pode-se, assim, dizer de um lado materno de Deus, o Deus que cria, que dá a luz, que é amor e amamenta sustentando sua criação. Um Deus que protege, que dá colo, que participa da experiência humanitária, e se torna sensível, e suscetível a ela. Tem-se um Deus feminino equilibrado, e complementado no masculino, ou seja rege, governa, administra. Assim caminha a humanidade, o homem, que aprende a conviver com seu lado feminino, sem se atormentar com ele, e sem destruí-lo, e a mulher, que sai em busca do seu lado masculino, descobre-se para vida, e para sociedade, muito além de um papel coadjuvante ou vegetativo, mas participativo, e em igualdade nesse universo complexo.

Deus apenas como pai, é uma construção arrogante, espúria, desequilibrada, infantil e delinqüente. Uma superprojeção fálica, e libidinosa dos desejos dominadores, e desenfreados de um homem e de uma mulher sem coragem para encarar a vida, e suas expressões.

A figura do Deus mãe, ou a expressão da figura materna de Deus, trazem a nós, no presente século, o grito libertador, e justo pela humanização da religião. De um cristianismo igualitário, justo e não preconceituoso, ou excludente. Cria em nós o sentimento de uma sociedade, que preza pelo bem comum, e liberdade de todos os seus membros, como um todo simbólico no Deus mãe e pai, que nos da a vida. Em outras palavras, a elevação em supremacia de um determinado gênero sobre o outro, é a própria agressão de todo o humano, masculino efemino em equilíbrio. Um deus tipicamente masculino é necessariamente sanguinário, uma deusa tipicamente feminina libidinosa e fértil, um Deus mãe e pai, concentram em si, todo o caráter da criação perfeita, que não é uma criação de gêneros, mas de liberdade e harmonia.

Por que falar em teologia?

Há muito deixei de escrever sobre teologia- mas não deixei a teologia sair de mim. Talvez, praticamente (não teoricamente), tenha me envolvido com, a tão dita, teologia secular. Entretanto, voltar ao campo teórico se fez necessário. Pelo menos para mim, para compor o esboço da idéia...

Caminhei fuçando à internete, conversei com professores de teologia e, de fato, estamos num momento de releituras. Tanto protestante, como católica. E quero ser bem direto aqui, como LUTERANO, ao dizer protestante, excluo toda a manifestação sectária, que envolva qualquer tipo de renovação carismática- pentecostal. Seja dentro do próprio luteranismo ou qualquer outra vertente histórica do cristianismo. Faço assim, pela razão prática da coisa; é bem funcional mesmo. Nas vertentes carismáticas, pentecostais ou neopentecostais, não há reflexão que aponte releituras, há práticas de ascese; tais não são críticas, ou nada refletem no campo teórico para uma releitura possível.

Mas, a igreja reformada clássica, sim, veio propondo uma "razão" cristã. Como os católicos, também, têm proposto uma releitura cristã da modernidade. E, o alvo é exatamente o humanismo-secular. Parece-me, e não estou sendo duvidoso, que tal releitura conclama o séc. V, da era cristã- mais precisamente, um autor, que agora se faz comum na epistemologia da coisa: Santo Agostinho.

A questão é simples, a abordagem é teocêntrica. O homem é IMAGEM de Deus. Isto quer dizer, que não são alguns atos que ele pratica que são semelhantes aos atos te Deus- pelo contrário- o homem vive- e portanto existe, se existe assim ele é, em outras palavras, ontologicamente, o homem, em toda sua constituição, só é imagem e semelhança de Deus. Tudo que ele faz, pensa, é; assim se procede imediatamente porque Deus faz, pensa e é.

Um problema imediato surge nesse pensamento; Deus é bom (não pratica o mal), o homem é imagem de Deus, ontologicamente estabelecido, como, pois, o homem é dado ao mal?

Na mesma concepção ontológica, o mal assumiria o, imediatamente, pólo contrário. O mal não é. Ou seja, o mal é a ausência do bem, ou a privação do mesmo. Desta feita, o mal não se encontra em substancialidade. O homem haveria rejeitado o bem, privando em si mesmo a pontencialidade de sua natureza. Outrora, com o livre- arbítrio o homem pôde "escolher" sua natureza. E fazendo mau uso dele (livre- arbítrio), inverteu seu estado- subordinou sua alma à matéria, esvaindo-se no não-ser.

O livre-arbítrio seria uma categoria prática; entre decidir coisas imediatas, como fazer ou deixar de fazer. Entretanto na esfera metafísica- O livre-arbítrio não tem capacidade de eleger para si o bem com suas próprias forças. Antes da queda o homem tinha a possibilidade de eleger o bem, depois da queda o homem não tem a possibilidade de fazê-lo. Retornando às origens divinas é impossibilitado de per si.

Destarte, os sentidos são importantes na antropologia filosófica agostiniana. Muito embora haja um demérito platônico dos mesmos sentidos ao conhecimento racional, admite, Agostinho, que os sentidos, como o intelecto, são fontes de conhecimento. E como para a visão sensível além do olho e da coisa, é necessária a luz física, do mesmo modo, para o conhecimento intelectual, seria necessária uma luz espiritual.

Em suma,
para Agostinho, a fé e a razão complementam-se na busca da felicidade e da beatitude. A beatitude, para ele, não é alcançada por procedimento intelectual, mas por ato de intuição e fé. Mas a razão se relaciona com a fé no sentido de provar a sua correção. Ou seja, a fé é precedida por certo trabalho da razão e, após obtê-la, a razão a sedimenta.

A razão relaciona-se, portanto, duplamente com a fé.
É necessário compreender para crer, e crer para compreender. Portanto, a razão precisa de ser iluminada , essa iluminação é revelada, vem de Deus. Aqui se faz a releitura de que falei, tanto seguimentos reformados, como católicos vem propondo uma filosofia cristã , iluminada pela revelação em demérito da razão. O humanismo secular diz de uma razão autônoma. Para a releitura no cristianismo, em Agostinho, isso é loucura. Pois não permite o autoconhecimento, que é principio da verdade estabelecida.

Em outras palavras: O homem tem vontade- sua vontade é ontologicamente contaminada pelo pecado- há a ausência do bem- o homem é mau. Entretanto, os sentidos humanos, sua forma de se relacionar com as coisas extrínseca, sua capacidade de sentir- e seus próprios sentidos o apontam para algo fora de si. Assim o homem deposita suas esperanças, relaciona, adora, ama. Ao ter seus sentidos apontados para o belo, o bem, percebe, pela fé, timidamente, que há algo superior, ocorrendo a iluminação divina da razão, percebe Deus e com este se relaciona. Agora não apenas por um sentido, mas pela razão iluminada pela revelação, sedimentada. O pleno conhecimento!

O desdobramento epistemológico disso é a tripartição do homem em "períodos" existenciais: Criação, queda, redenção. E a conclusão final é: O mundo subsiste através da graça comum. O homem em seu estado corrompido não sabe potencializar o bem, vive na idolatria, e não cumpre sua função cultural estabelecida por Deus. O cristão é o remido, vive sob a graça especial, não a comum. Antes, na criação, o homem podia pecar, na queda, não podia não pecar, na redenção, o homem pode não pecar. Assim o papel dos que vivem na redenção é submeter a cultura ao conhecimento verdadeiro. Este conhecimento advém do autoconhecimento, pela verdade revelada que iluminou a razão.

Assim a Igreja católica critica a modernidade, como linhas do Protestantismo reformado também, aproximando o discurso do papa com tais igrejas históricas. E, fechando o espaço para a diversidade, pois a postura é única: a cultura comum é contrária a Deus, sua manifestação e vontade, como não podem destruir a Deus, autodestroem- se, pela ausência de Deus- do bem.

domingo, 29 de junho de 2008

Gatos, uma história para se refletir!


Estava lendo uma reportagem sobre gatos na Revista Galileu, e impressionante, como a teologia envolvida pôde mudar à estrutura de uma Idade, por causa do fundamentalismo e ignorância teológicas de um povo!

A associação dos gatos com os homens é antiga, muito antiga. E se deu pela manutenção dos celeiros... Os ratos vinham para comer os grãos estocados pelos homens, que logo se utilizaram dos gatos para combater, assim, os roedores, e garantirem suas colheitas.

Como aspecto teológico e religioso, os gatos foram ligados aos deuses. Mais comum às relações entre as divindades de sensualidade e beleza, como caça- pela agilidade dos felinos. Assim eram cultuados no Egito, Grécia, Roma, e outros povos na mesopotâmia...

Na Idade Média- idade vinculada à cultura cristã- o ridículo aconteceu! De deuses a demônios. Assim, os gatos também vigoraram como figuras caçadas pela inquisição. Tendo, o papa Gregório IX, mandado exterminar centenas de felinos, por suas associações ao DIABO.

O século XIV foi marcado pela peste negra, uma vez que os gatos exterminados, não controlavam a população de ratos, que aumentou devido à precariedade higiênica das cidades na época, tráfego de navios, etc. A peste bubônica, transmitida pelos ratos, dizimou a Europa medieval através da ignorância e intolerância religiosa, oriundas das bulas teológicas papais, condenando cultos, pessoas e animais.

Assim, é bom olhar o passado para ver que toda condenação insana, leviana destrói não apenas esse ou aquele, mas pode exterminar milhões, em nome de uma fé que de Cristo nada compartilha! Gatos ligados aos demônios; hoje, homossexuais ligados aos pedófilos, essa loucura cristã tem que ser silenciada, a ditadura da fé não pode se impor ao Estado laico. Os cristãos fundamentalistas não podem prosseguir em seu ódio bubônico.

MAIS UMA VITÓRIA

Mais uma da justiça em favor das relações gays. O juiz Wanderley Salgado de Paiva, da 30ª Vara Cível de Belo Horizonte (MG) concedeu a um gay o direito de receber, de uma instituição de previdência, a pensão por morte do seu companheiro. Determinou, também, que seja feito o pagamento do débito em atraso, retroativo à data do óbito. Poucos dias atrás, postei aqui uma outra decisão em favor de uma enfermeira aposentada que foi casada com uma servidora pública estadual e que ganhou na justiça o direito a uma pensão a ser paga pelo Ipsemg, o instituto previdenciário de Minas Gerais.

"O indivíduo, na sua condição homossexual, tem o direito constitucional de não ser discriminado, tendo no ordenamento jurídico o livre acesso à justiça para garantir direito seu de natureza fundamental. Assim, o princípio da não-discriminação, arrimo da igualdade entre os cidadãos, deve ser resguardado para que nunca perca sua efetividade" disse o juiz em sua decisão.


Na ação, o rapaz declarou que tinha uma união estável, reconhecida e registrada em cartório (olha aí para que servem as uniões registradas em cartórios, ou, os “casamentos” sérios e não esses shows de baixarias em programas de TV). Quando seu companheiro faleceu, ele requereu a pensão junto ao INSS e à instituição. O órgão público (INSS) acatou o pedido, mas a instituição financeira não. Requereu, então, em juízo, o recebimento da pensão e o pagamento dos valores atrasados.


Alegando "falta de amparo regular previsto em seu estatuto", a instituição negou-se a pagar o benefício. Declarou que as normas do plano de previdência são taxativas, não cabendo interpretação extensiva. "Somente é reconhecido o direito ao companheiro que assim for definido segundo a legislação vigente, e a legislação brasileira não reconhece a união entre pessoas do mesmo sexo", completou.


O juiz frisou que a legislação vigente regula a família do início do século passado, declarando a proteção do Estado à união estável entre o homem e a mulher, mas não pretendeu excluir a união homoafetiva. Para ele "a lacuna existente na legislação não pode servir como obstáculo para o reconhecimento de um direito". No seu entendimento, se a legislação evoluiu ao tempo e modo da sociedade, não pode o anacronismo servir de escusa para a injustiça. "É dever do julgador se pautar pela obediência à lei, mas sem prejuízo daquele a quem esta se destina: o indivíduo", salientou o juiz. Para ele, uma vez reconhecida a união estável homoafetiva, a dependência entre os companheiros e o caráter de entidade familiar à relação, "seria hipocrisia não admitir o relacionamento homossexual para efeitos previdenciários, sendo que a sociedade não mais tolera tal discriminação", completou o juiz no despacho de sua decisão que ainda está sujeita a recurso.


Que o negrito dessa informação seja muito bem lembrado por todos.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

E nós não iremos responder?


Lendo uma reportagem, que reflete sobre o protesto evangélico no Congresso Nacional, no site A Capa, devo dar a mão à palmatória e dizer que concordo! A matéria assinada por Willam Magalhães traz no seu título, Protesto evangélico mostra desarticulação do movimento gay , o descontentamento e apreensão do autor em relação à capacidade de mobilização das igrejas fundamentalistas, em demérito da mobilização dos movimentos GLBT(s) na mesma causa é, sim, uma realidade.

Eu assisti, na minha residência, a manifestação pela TV SENADO, e foi deprimente ver pastores da Assembléia de Deus (Silás Malafaia, Jabes de Alencar) e muitos outros, na mesa da presidência, entregando documento assinado por eles, como se fossem representantes do povo evangélico, contra a PLC 122/06.

Na ocasião entregaram o documento ao Senador Paulo Paim, e não ao Senador Magno Malta, como consta na reportegem, este apenas discursou... e, voltou a comparar, sem escrúpulos, as relações homoafetivas com comportamento necrófilo e pedófilo. Também, tentou usar de uma persuasão marqueteira, barata e vil, ao tentar intimidar os senadores dizendo do número de evangélicos, alí presentes e, que, possivelmente, não votarão neles se deixarem passar a PLC 122/06. Bem típico do marketing agressor e chantagista contidos nessa forma de discurso em fazer tudo obra do inferno e barganhas salvíficas, aqui o discurso foi: se votarem prol PLC 122/06 a vida de vocês se tornará difícil, pois esse povo que aqui está, não só evangélicos, como católicos, espíritas e ateus, quer o direito de preservar suas famílias das aberrações contidas na PLC 122/06, que, na verdade, são anti-constitucionais (tipo, se assim procederem não herdarão o reino de Deus, ou as eleições para o próximo mandato).

Dessa forma, o recado foi dado aos senadores, e o movimento gay, de fato, tem assistido a tudo isso, sem a mesma capacidade de mobilização. Enfim, é hora de começarmos a pensar profundamente nessas questões. Afinal, o Senador Paulo Paim é defensor da PLC 122, mas sozinho é uma voz muda, gritando para ouvidos surdos!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Desembargadora Maria Berenice Dias fala sobre união homoafetiva no 'Marília Gabriela Entrevista'


Na semana em que o GNT dedica sua programação à diversidade sexual, o “Marília Gabriela Entrevista” deste domingo, dia 29, às 22h, convida a desembargadora gaúcha Maria Berenice Dias para debater o tema. A entrevistada foi a primeira mulher a ingressar na magistratura do Rio Grande do Sul, é defensora da união civil entre homossexuais e criadora da expressão “homoafetividade”. Autora dos livros: União Homossexual – o preconceito e a justiça, Conversando sobre... homoafetividade e Manual das Sucessões, ela aborda no programa a nova idéia de família, a discriminação entre os sexos e os avanços da legislação brasileira nas questões familiares.


Maria Berenice revela ter sido discriminada assim que entrou na magistratura gaúcha e conta que o exame que as mulheres fizeram para conquistar a vaga foi diferente do dos homens. “Perguntaram se eu era virgem”, fala. Uma das pioneiras na defesa das uniões homoafetivas, neologismo criado por ela, diz: “Temos uma lei em que a família é uma unidade de afeto e eu não vejo justificativa para que os homossexuais não sejam inseridos. O conceito de casamento é muito ligado à religião – ‘crescei e procriar-vos’ - e na relação homossexual isso não existe”.


“A união entre o mesmo sexo assusta porque quebra paradigmas”, acredita a gaúcha. A partir daí, as duas relembram os diversos casos de morte de homossexuais no Brasil, e a convidada questiona: “Por que as pessoas se preocupam tanto com a orientação sexual dos outros?”. Gabi pergunta se a justiça brasileira tem sido liberal ou se ainda há resistências. Maria Berenice responde que existe muita resistência da sociedade e que isso reflete no legislativo. “Há uma omissão total do legislador que deixa as pessoas excluídas. A justiça é conservadora. Se não tem lei, não tem direito”, conclui. Ela dá um panorama geral da lei nos países nórdicos, no Canadá e na Espanha, locais em que a união homoafetiva é reconhecida.


Dedicada às questões familiares, a magistrada esclarece o funcionamento do processo de adoção por casais homossexuais e relata um caso de sucesso no Rio Grande do Sul. Aproveitando a polêmica sobre o registro de uma criança com dois pais, levantada pela novela Duas Caras, ela fala: “Houve avanço na mídia. Na primeira novela, um casal de lésbicas teve que ser incendiado por causa da reação pública, e a reação é a marca do preconceito”. Finalizando o assunto, diz: “Os homossexuais são vistos como sendo de segunda categoria, parecendo que eles não teriam famílias normais. Não vejo problema nas crianças terem dois pais ou duas mães, desde que haja envolvimento afetivo”.


Além da falta de abertura na legislação e do preconceito da sociedade, outro grande obstáculo a ser vencido que a gaúcha percebe é a homofobia dos próprios homossexuais. Heterossexual, ela conta que uma vez os colegas da faculdade da filha, diante da militância da mãe na causa homoafetiva, chegaram a questionar a sexualidade de Maria Berenice. Tomando o episódio como exemplo, diz: “Parece que não podemos defender outras causas a não ser a própria!”. Gabi elogia o trabalho da convidada e pergunta qual é sua maior vitória. A resposta: “Ter recebido o título de juíza dos afetos”.


Frase do final do programa: “O afeto é uma realidade digna de tutela”.


O programa vai ao ar todo domingo, às 22h e nos horários alternativos: segunda, às 3h30; terça, às 22h30; quarta, às 4h e às 10h e sábado, às 10h30 e às 15h.



Esta reportagem foi retirada do BLOG GAY FONTE:

http://www.eunaotenhonome.com.br/santosma/blog/bloggay

terça-feira, 24 de junho de 2008

I Coríntios 6, 9-11




Vocês não sabem que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não se iludam! Nem os imorais, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os depravados,nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões,nem os avarentos, nem os bêbados, nem os caluniadores irão herdar o reino de Deus. Alguns de vocês eram assim. Mas vocês se lavaram, foram santificados e reabilitados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Senhor.

Eis o texto sugerido por nossos leitores. Resolvi falar um pouco sobre ele. Isto, porque, fico profundamente confuso em relação a essas pessoas, ou estão pedindo ajuda na compreensão da passagem bíblica, ou acham que não lemos as Escrituras, ou se lemos, não encaramos de frente os textos que lá estão. E, por conseqüência, não teríamos como responder, numa atitude positiva, a mensagem que lá está colocada.

Confesso que se fosse um diálogo com o catolicismo, o debate seria mais profundo uma vez que, dentro da tradição católica, a proibição está focada na reflexão ética e tem suas raízes históricas profundamente arraigadas na construção da identidade do cristianismo, enquanto cultura judaico- cristã. Entretanto, a postura evangélica passa longe de compreender sua própria formação e o debate se torna, imediatamente, postulado em cima da literalidade das Escrituras. Ou seja , basta uma compreensão exegética para elucidar o problema hermenêutico imediato. Porque é, exatamente, esta a postura assumida pelo cristianismo pós- reformado.


Assim, vamos ao texto: Corinto, cidade rica e comercial, com população estimada acima de 500.000 habitantes, em sua grande maioria- escravos.

Cidade portuária, cosmopolita, abrangendo, assim, demasiada diversidade cultural, étnica e religiosa. As pessoas que lá se estabeleciam procuravam vida fácil e de muito luxo. A atmosfera de Corinto era cercada pela ambição e imoralidade. Isso se somava a desigualdade social acintosa entre a riqueza exorbitante de uma minoria e a miséria escandalosa de grande maioria. Nessa época surgiu uma expressão que dizia: "Viver à moda de Corinto", significando viver na orgia e no luxo.

Entre os anos de 50-52 da era cristã, Paulo viveu nessa cidade por 18 meses (cf. At 18,1-18) e fundou uma comunidade formada de pessoas vindas das camadas mais modestas dessa sociedade, a comunidade cristã de Corinto. A primeira carta veio no ano de 56, aproximadamente, da era cristã,  foi escrita em Éfeso. O motivo: a comunidade estava reproduzindo, no seu ambiente cristão, a vida social da cidade.

Destarte, surgiram as divisões: grupos sectários promovendo politicagens e contendas. Assim, a carta veio com alguns objetivos mui específicos: O primeiro) Restabelecer a unidade da igreja- elegendo um único líder-, a saber, Cristo, que não é divido. O segundo) Advertir contra os escândalos de incesto, julgamento em tribunais pagãos, luxuria, elaborando, desta feita, uma teologia do corpo que é TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO (Cf. I Co 5-6). Terceiro) Responder as várias perguntas de irmãos da própria comunidade, orientando-os sobre: matrimonio, celibato, divórcio ou não, virgindade, comportamento dos nubentes, novo casamento às viúvas, culto aos ídolos (Cf. I Co 7). Depois fala da liberdade cristã e o RESPEITO AOS OUTROS, colocando, tal respeito, como fundamento dessa liberdade (Cf. I Co 8-10). Quarto) Estabelecer a compreensão da ordem no culto, assim, postula o fundamento do véu às mulheres, protesta contra as diferenças de classe social, escrevendo o poema, falando do verdadeiro fundamento que sustenta todos os outros como a fé e a esperança, a saber: o amor! Ou seja- todos os dons só têm verdadeiro significado, quando em amor são colocados a serviço uns dos outros (Cf. I Co 11-14). O quinto) Falar da ressurreição, do ápice da fé: que é a vida superando a morte (Cf. I Co 15).



Bem, o primeiro aspecto era compreender a carta, suas motivações, seu panorama e sua importância cultural na formação de uma identidade cristã na igreja nascente. Agora, é interessante contextualizarmos a passagem sugerida dentro da própria carta, para uma compreensão exata da mensagem do autor.

A perícope que nos foi sugerida encontra-se no segundo grande bloco temático. Tal bloco contém o desenvolvimento da chamada teologia do corpo- que é oposta à imoralidade. Portanto, há uma apologia direta, clara e objetiva à questão da liberdade :"...tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". O cristão deve saber discernir o que leva o crescimento humano- da condição da pessoa e seu desenvolvimento salutar. O Cristo nos libertou e essa liberdade é para ser vivenciada, não devendo se perder, ou se fazendo novamente escrava nem mesmo da própria pessoa, dos seus desejos, do seu corpo. Este é templo do Espírito e onde há o Espírito há liberdade.

Portanto, a perícope do capítulo 6, 9-11 faz a transição do tema anterior (julgamento em tribunais pagãos) ao tema do corpo. Tudo refletindo uma única estrutura para condenação dos injustos, que , na verdade, seus pecados (os da injustiça) são tais como o da prostituição ou imoralidade.

Nesse momento, Paulo faz uso de dois termos gregos para transição e comparação da injustiça imoral dada à prostituição: Malakois e arsenokoitai. Teologicamente, não há consenso sobre o que significa exatamente esses verbetes. Entretanto, um teólogo biblicista, Robin Scroggs, compara estes com a prostituição masculina. Então, malakoi seria o jovem efeminado que se oferece para ter relação com homem adulto (prática comum na Grécia antiga). Valendo-se dessa oferta, os arsenokoitai seriam os homens que pagariam para ter tais jovens. Sustentando, o teólogo, sua tese no versículo que diz do pornô ou imoralidade difunda no bloco completo da perícope.

Contudo, Malakoi não está relacionado a uma interpretação única, imediatista, ou fundamentado numa postura restrita, simplória, como se esses jovens, que o biblicista considera, fossem garotos de programas, exclusivamente, homossexuais. A compreensão deve ser in totum, sem preconceitos oriundos da época vitoriana. Malakoi também é citado nos Evangelhos de Mateus e de Lucas. Vamos aos textos:

  • O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas (malokoi)? Mas aqueles que vestem roupas finas (malakoi) moram em palácios de reis (Mt 11,8);
  • Mas o que saístes a ver? Um homem trajado de vestidos delicados (malakoi)? Eis os que andam com preciosos vestidos, e em delícias, estão nos palácios reais.(Lc 7,25).
Malakos (sing.), Malakoi (plur.) quer dizer delicado, mole, suave. Está relacionado com a nobreza, com os palácios dos reis e, na época romana, com a vida farta dos palácios cheia de LUXÚRIA. É usado para os jovens dos cultos de Afrodite nos templos, pela beleza e suavidade.

Como Paulo estava combatendo uma ideia dentro da comunidade de Corinto, que havia se infiltrado no modus vivendi daquelas pessoas, o uso do termo malakoi diz da prostituição, ou sexo em favor da ganância pela vida regrada. Em outras palavras, daqueles que se prostituem nos palácios para ter muito dinheiro e regalias reais. Também diz daqueles que se casam por dinheiro, ou daqueles que namoram por causa de uma casa de luxo ou um carro do ano, ou do bom nome da família do pretendente. O termo que Paulo usa para especificar aqueles que vivem à moda de Corinto, ou seja, na orgia e no luxo é malakoi.

Também, o termo arsenokoitai foi empregado no texto e ele diz do macho ligado ao sexo para ritos pagãos (culto ao sexo), nos templos greco-romanos. Eram ritos de iniciação sexual e coloca o nosso texto, portanto, comparando o pecado da idolatria, ao pecado da porneia. Ou seja, a idolatria gerada pela injustiça é prostituição aos olhos de Deus e destrói o corpo, gera a imoralidade, escraviza a alma.

Assim, dados os devidos esclarecimentos, o texto não trata da homossexualidade como, hoje, é entendida. Também há um erro de tradução crasso nas escrituras ao traduzir malakoi por efeminado (como um menino cheio de jeitos femininos), porque a tradução correta falaria da luxúria e do obreiro do sexo para arsenokoitai, ligando toda lógica de Paulo à sua estrutura verdadeira, pois os efeminados e os sodomitas ficaram na lógica estrutural fora do próprio contexto. Ele diz da injustiça que é imoral, idólatra, depravada, adúltera, luxuriosa e se encontra dentro dos templos entre beberrões, ladrões e avarentos, que se caluniam mutuamente vivendo à moda de Corinto.

Se os homossexuais viverem uma vida luxuriosa tal texto é também para eles, mas os efeminados não serão jogados para fora do reino de Deus, porque nesse texto o termo grego é malakoi e quer dizer delicadeza da vida desregrada! Portanto, pegue o texto, leia todo o capítulo 5 até o 7 e veja se a transição, no capítulo 6, 9-11, não fica melhor, ou seja, na lógica do contexto, sendo traduzido da forma correta e não pelo caráter preconceituoso, oriundo da época do vitorianismo, que deixou o texto sem uma lógica real.

Aconteceu

O juiz da 4 ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Belo Horizonte, Saulo Versiani Penna, determinou que o Instituto de Previdência dos funcionários estaduais de Minas Gerais, pague pensão a uma enfermeira aposentada que mantinha uma relação homoafetiva com uma servidora pública estadual, também aposentada. O juiz determinou, ainda, que o instituto pague a enfermeira, as pensões vencidas, desde 19/12/2006, data do falecimento da sua companheira. A enfermeira alegou que mantinha união estável com a funcionária estadual, desde 1981, passando as duas a morarem juntos a partir de 2003. Alegou, ainda, que em dezembro de 2006, com a morte de sua companheira, solicitou ao instituto o benefício da pensão por morte, mas foi negado.

O instituto contestou alegando, entre outros motivos, que a Constituição Brasileira mesmo ampliando o conceito de família de forma a abranger a união estável, não regularizou a união homoafetiva. Alegou, ainda, que não houve comprovação da dependência econômica da autora em relação à falecida. O juiz informou que a legislação estabelece como entidade familiar a união entre homem e mulher, em conseqüência, com base exclusiva no princípio da legalidade, o instituto não poderia abranger os casos de união homoafetiva. Mas, segundo, o juiz, é impossível concordar com esse entendimento. Ele esclareceu que a Constituição veda qualquer forma de preconceito e discriminação, incluindo o desequilíbrio no tratamento jurídico, quando fundado na orientação sexual das pessoas.

O juiz lembrou que "a Constituição Federal de 1988 consagrou o princípio da igualdade, censurando todas as formas de preconceito e discriminação. Essa posição é constatada desde o preâmbulo da Constituição, que exprime o propósito de se constituir uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos".

Para o juiz, todos os projetos pessoais e coletivos de vida, desde que plausíveis, são dignos de igual respeito e consideração, merecedores de idêntico reconhecimento. Assim, para ele, a orientação sexual não perturba a ordem pátria e, assim, merece atenção e regulamentação jurídica.

O juiz Saulo Versiani Penna ressaltou que "a Constituição de 1988 faz menção apenas à relação entre homem e mulher, no que foi acompanhada pela legislação ordinária. Contudo, o constituinte não pretendia suprimir da apreciação jurídica a união homoafetiva, deixando, na verdade, o tema aberto à evolução dos costumes e do Direito." Segundo o juiz, "pela análise da legislação específica, nota-se que a dependência econômica entre companheiros e segurados do instituto é presumida. No entanto, a autora, além de companheira da ex-segurada, comprovou uma relação de subordinação econômica".

Ainda que à essa decisão caiba pelo menos três recursos em outras instâncias do judiciário, muito bom saber que tem magistrado com um olhar além das montanhas de Minas

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Diversidade Cultural


"Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus". (Galátas 3:28)

Sabendo da existência de milhares de homossexuais que se sentem perdidos e excluídos dentro das igrejas evangélicas, urge a necessidade de ajudar estas pessoas que se sentem excluídas por Deus, por causa do preconceito exacerbado praticado pela maioria dos membros das igrejas evangélicas. Muitos jovens são humilhados e excluídos de suas congregações ao revelarem para seus líderes seus desejos sexuais por pessoas do mesmo sexo.

A homossexualidade ainda é um assunto polêmico nessas igrejas, mas no blog GOSPELGAY, você terá total liberdade para esclarecer suas dúvidas sobre homossexualidade x Bíblia. Escreva para nós, dê-nos sugestões, conte-nos sua experiência e, esclareça suas dúvidas!
Gospel Gay
>>>> Ahh, não precisa se preocupar, pois manteremos seus dados em sigilo!

PELA CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA


Ligue e contribua para a aprovação da Lei que criminaliza a Homofobia no Brasil – PLC 122/2006.

0800 61 22 11

Você pode mandar uma mensagem, pedindo voto favorável, para 03 (três) senadores e ou senadoras por ligação. É possível ligar de telefone público e até mesmo do seu celular. A ligação é GRATUITA

Neste momento é de extrema PRIORIDADE enviar mensagens para os/as senadores que compõem a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal.
É nesta comissão que está tramitando o PLC 122/2006. Ao ligar, você pode sugerir que sua ligação seja encaminhada a um desses senadores da comissão.


Para a primeira ligação, o atendente fará um breve cadastro, por isso tenha em mãos o CEP da sua residência ou trabalho. Nas próximas ligações seu cadastro é identificado rapidamente. Uma sugestão de MENSAGEM:

"Ao Senhor Senador e ou Senhora Senadora - cite o nome do senador eleito por você ou - A todos os Senadores da Comissão de Assuntos Sociais,

Eu peço que vote(m) contra o preconceito. Vote(m) contra a violência. Vote(m) SIM ao relatório da Senadora Fátima Cleide para aprovar o PLC 122/2006 contra a homofobia, nesta comissão. Esse ato é simbolizar que o Senado é contra a violência cometida contra todos os brasileiros e brasileiras GLBT."

Budismo e Homossexualidade



No Budismo de Nitiren Daishonin não há julgamentos sobre a sexualidade ser boa ou má – somente ela existe, nem imposições para que seus praticantes manifestem um comportamento sexual em particular, deixando a decisão para o próprio indivíduo. Em uma de suas viagens para a Europa, o presidente Ikeda proferiu uma orientação sobre o tema, em Paris: "O Budismo não considera a homossexualidade nem como um mal, nem como um bem. Como todos os senhores sabem, o Budismo é a filosofia da vida e, mais precisamente, a filosofia da vida humana. Quanto à homossexualidade, esta é uma questão que deve ser colocada em outra categoria. Conseqüentemente, o budismo não considera como um distúrbio ou vício. Como todos os seres humanos são considerados iguais, qualquer que seja a sua condição de vida, todos apresentam a natureza do Buda e podem evidenciá-la através da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. Por isso, é de suprema importância tomar cuidado para não considerar a homossexualidade como um desequilíbrio e absolutamente não pensar que seja um sinal de uma prática incorreta ou fraca".

Como afirma o presidente Ikeda, o budismo de Nitiren Daishonin não proclama um comportamento moralista, mas como uma filosofia de defende o respeito máximo pela vida, é importante que nos comportemos de modo digno para consigo e aos que estão ao nosso redor. Outro ponto a ser destacado é quando a própria homossexualidade é vista como um sofrimento. Neste caso, o budismo ensina a luta pra ultrapassar esta manifestação cármica, como qualquer outro desafio a ser enfrentado. Caso o indivíduo se sinta satisfeito com a sua opção sexual, não existe motivos para que modifique o seu comportamento.

Finalizando, ele cita: "O Budismo concentra-se na iluminação para a vida universal e no auto-aperfeiçoamento de acordo com tal iluminação. A conduta ética e moral naturalmente evolui como conseqüência do auto-aperfeiçoamento, mas não é a preocupação principal. Mas, isto não quer dizer que o budismo defenda a licenciosidade sexual. Moralidade é coisa relativa, que varia de uma cultura para outra. A tentativa de qualquer religião de impor a outra cultura, padrões morais estranhos só pode estimular a rejeição da mesma e a negação do seu poder em praticar o bem. Por essa razão, ensinar a verdade básica, universal e dar apenas ênfase secundária a questões de códigos de ética – como o budismo geralmente procedeu – parece prometer maiores vantagens a todos os interessados, do que dar excessivo destaque a pontos de moralidade que, na melhor das hipóteses, são apenas relativos".

Relatos de Experiência: Daniel Hall, Pol Bloc e James Lecesne



Lista de Budistas GLTB
http://br.groups.yahoo.com/group/SGI-GLBT_Portugues


domingo, 22 de junho de 2008

INQUISIÇÃO PROTESTANTE


ATENÇÃO

Um convite para todos.

Ato pacífico e democrático em favor da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, e contra a pedofilia e o projeto de lei nº 122/06. Dia 25 de junho, às 14hs, em frente à entrada principal do Congresso Nacional- Brasília.

É este o convite que soltou na tela da TV, onde determinado pastor evangélico tem seu programa sensacionalista, marqueteiro e mui rentável $$$. A propósito, há 25 anos que determinados pastores evangélicos ganham mais com os meios de comunicação: rádio e TV, do que com os dízimos e ofertas. Aliás, eles lucram com tudo, afinal pedir é com eles mesmos.

Entretanto, não quero falar, hoje, sobre meios de capitalização nas empresas da fé (igrejas). Vim falar do ódio- ódio e rancor que geram morte, destruição e preconceitos inúmeros. Talvez, você caro leitor, que ao ver o convite do pastor, aí em cima, não tenha se valido da percepção; entretanto, há algo sútil e macabro no anúncio do "despretensioso" pastor: ele associa a pedofilia com a homossexualidade. Não precisa ser um sabido em lingüística, está claro o que a igreja evangélica vem fazendo. Ela começou a caça aos "gays". A posição é tácita, é cruel e covarde. O ódio deste pastor é ódio de si mesmo, contra sua sexualidade mal resolvida. Desconta sua frustração naqueles que resolveram a sair dos estigmas que ele mesmo elegeu para si . Enquanto, no seu mundo inquisitório, arrumou jeitos de ganhar dinheiro fazendo isso.

Tudo é assim... Enquanto vive mal, falando mal da vida alheia- dizendo estar combatendo o pecado- dissemina seu veneno asqueroso, minimiza sua dor interior, sua revolta de si, tirando proveito e alienando cada vez mais sua consciência. Pois é, monstros existem, e se não fosse me render processos, talvez eu diria qual é o verdadeiro nome do DIABO.

Outrora, nos EUA, a Igreja Batista do Sul disseminou que a marca do pecado em Caím foi a cor negra. Tal preconceito justificava, então, que os negros, por serem amaldiçoados por Deus, deveriam ser escravos. Hoje, dizem que ser gay é ser pedófilo, tentando, dessa forma, confundir a população, para irem contra os homossexuais, e não deixarem passar a lei da criminalização da homofobia. Bem, a própria Bíblia diz que o diabo veio MATAR, ROUBAR e DESTRUIR. Tal igreja está difundindo a morte, roubando das pessoas (doações intermináveis para manter o programa no ar, enquanto na verdade desviam as dações de seu verdadeiro propósito), e destruindo a integridade dos outros, com acusações e paralelos lingüístico levianos. Fora, que a mesma Bíblia diz que o pai da mentira é o Diabo, e dizer que os homossexuais são os pedófilos é uma mentira cabeluda de propósito nefasto!

É a inquisição voltou, ou satanás fundou sua IGREJA!





sábado, 21 de junho de 2008

Estudo sobre homossexualidade

Foi realizado mais um estudo sobre homossexualidade com o apoio da Associação ILGA-Portugal.

Cátia Duarte e Vera Alves, do curso de Sociologia da Universidade Autónoma de Lisboa, realizaram a sua tese de licenciatura com o tema "Homossexualidade Masculina", través de 100 inquiridos entre eles 55 associados da ILGA-Portugal.

Estes foram alguns resultados dessa investigação: A idade predominante dos indivíduos assumirem a sua homossexualidade é aos 18 anos.

Outra conclusão muito interessante foi que, a opinião materna é mais relevante perante o assumir ou não da homossexualidade do que qualquer outra opinião familiar.

Os pais com o primeiro ciclo de escolaridade são os que têm uma opinião mais homofóbica.

A maioria dos inquiridos são assumidos perante alguém (seja familiar ou não) e fala abertamente sobre a sua homossexualidade.

Outra das conclusões que chegaram foi o facto de que, o actor social oculta o seu estigma para evitar a discriminação social, pois quem é totalmente assumido é quem mais a sente. Essa discriminação é sentida através de um sentimento de constrangimento e exclusão social visto não poderem ter o mesmo comportamento com o seu parceiro em público que um casal heterossexual.

Ao contrário do que se poderá pensar, dos 38 inquiridos que não são associados apenas cerca de 2% não são assumidos.

E finalmente, uma grande percentagem dos inquiridos, sendo associado ou não, sente-se bem com a sua orientação sexual.

Considerações sobre o texto Filhos próximos-distantes

Interessante a percepção do psicólogo em questão, pois, caminha em direção ao texto sobre família do qual já havia tratado do tema indiferença familiar. Entretanto, eu terei que discordar da abordagem prática do mesmo, quando ele elenca os fatores que são intensificadores da indiferença adolescente (processo psíquico natural), como co-geradores responsáveis pelo processo do fracasso familiar.
Ainda assim, muito bem colocado, ele relata o teatro familiar em prol do oportunismo capitalista. Adolescentes que demonstram algum afeto em troca de um tênis novo, ou pelo querer chegar em casa depois do horário acordado. A simulação vem num demonstrar corrompido da vontade- eu "vendo meu carinho" por um par de tênis, ou por algo que me satisfaça. Não me parece que o autor do texto tenha desprezado o real motivo dessa deformação educacional. Pelo contrário, ao concluir, ele diz da postura dos pais, que devem abandonar a própria indiferença, que também os envolvem, para conquistarem, novamente, a afeição do lar.
Contudo, não vejo co-princípio gerador, os meios adotados, pelo escape da família de si mesma.

A questão é onto-patológica, ou seja, a existência que não permite o ser-no-mundo se relacionar com o mesmo. Dizia no texto, sobre família, da figura narcisista masculina, e ela traz às marcas desse bloqueio; o indivíduo não sabe ver seu exterior, não percebe o mundo que o cerca. Tal fato, é trazido aos demais componentes do núcleo familiar, que reproduzem tal performance, e são suscetíveis aos mesmos problemas relacionais.
Desta feita, as tecnologias, a televisão o "teatro familiar" são apenas uma apropriação para o inevitável escape. Entretanto, não é fator gerador. Se não fossem às novas tecnologias, com certeza, uma outra apropriação surgiria nesse universo como forma de escape.

O que me faz discordar, também, da afirmação que na década de 1960-70, por não haver tal tecnologia, as pessoas eram mais intelectualizadas, ou participavam, efetivamente, do meio cultural com respostas objetivas. Não perecebo o momento assim. Primeiro, hoje, com as novas tecnologias, a facilidade de se politizar, pelo acesso às informações é muito maior que no passado. Como, também, a divulgação ideológica é muito mais agressiva. Entretanto,depois, o mundo já não mais é divido em dois blocos, o momento histórico é outro, e as posições históricas são outras. O capitalismo venceu! E no capitalismo não importa o pensar desde que você consiga dissimular algo para ter seus desejos comprados, pelo preço que for, custando o que custar.

Eis o reflexo do homem moderno, na instituição moderna família, célula mater da sociedade, mas que sempre teve seus vícios geradores de doenças.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Filhos próximos-distantes


Na década de 1970 os filhos se queixavam sobre a falta de disposição dos pais para o diálogo. Hoje, os pais é que mendigam um mínimo de diálogo com os filhos.Com o título “Filhos distantes” a revista Família Cristã (dez/2006) traz um interessante artigo do psicólogo Luis Cláudio Paiva de Souza. Segundo ele, a nova geração parece “preferir a companhia dos colegas e amigos de sua ‘tribo’ a estar com seus familiares, oferecendo a estes amigos muito mais lealdade e cumplicidade do que as dedicadas à família”.

O artigo me fez pensar o por que da resistência dos jovens de hoje para os encontros familiares nas datas de Natal, Ano Novo, Páscoa, aniversário dos avós, etc. Alguns jovens preferem ficar horas a fio no computador ou jogando no play station do que passar alguns minutos com sua família extensiva. Convocados, eles parecem deslocados e até mesmo constrangidos, sem saber como deve se dirigir aos tios ou o que conversar com os primos que não os vê à algum tempo.

Os pais ficam desconcertados com a falta de sociabilidade dos filhos. Alguns fazem de conta que está tudo bem, que é assim mesmo, que é uma fase, enfim, reforçam o auto-engano. Outros se ressentem por estarem no final da lista de interesses de seus filhos adolescentes. Pais permissivos – que não sabem regrar a conduta dos filhos – e os pais negligentes – indiferentes, que não ligam para eles – se conformam terem filhos fisicamente próximos, mas distantes de um relacionamento autêntico no dia-a-dia. Não raro, há aqueles pais que se resignam com filhos indiferentes, alheios, e sem compromisso com os problemas familiares e sociais.

Os pais mais decididos em reverter essa situação de opção pelo distanciamento alienado dos filhos para além das datas, acima, procuram conversar, tentando conscientizá-los sobre a responsabilidade deles nos assuntos familiares. Assim, tentam fazê-los ampliar sua sociabilidade, ainda que o preço seja se afastar, por minutos, de seu mundo narcisista ou dos seus iguais de tribo. Fazem-no com extremo cuidado como quem pretendem tocar um fio desencapado pronto para reações agressivas, cenas de frustrações e ressentimentos demorados. É desgastante, mas é preciso aprender a educar.

Que pai ou mãe não sente mal-estar vendo seus filhos se distanciando deles e do ambiente familiar? Que pais não ficam preocupados de serem preteridos pelos amigos dos filhos ou das telas do computador ou da tv? Que pais não se ressentem de que são vistos pela nova geração como meros provedores de recursos para os filhos atenderem às suas necessidades prioritárias e sem limites de consumo e lazer?

Algumas causas “Embora tal distanciamento faça parte do processo da construção da identidade dos adolescentes, o fenômeno de afastamento excessivo da família desta geração pode estar sendo intensificado por outros fatores”, observa o psicólogo. Quais seriam?

Os brinquedos eletrônicos (games, celular, tv, Ipod) vêm se tornando verdadeiros fetiches, despertando fascínio, interesse, status, sensação de “eu posso” etc. Presentear os filhos com esses brinquedos, geralmente caros, sem a contrapartida de combinar regras de como usá-los, os pais se arriscam vê-los cada vez mais distantes da ambiência própria da família.

Parece que as novas amizades “líquidas” e “virtuais” são prioridades entre os jovens a ponto de eles descartarem as formas mais “sólidas” e “presenciais” de relacionamentos. A nova linguagem dos relacionamentos “líquidos” e “instrumentais” parece se impor sobre a linguagem dos relacionamentos mais duradouros, “sólidos” ou “consumatórios”. Atividades – como ler livros e conversar sobre eles – que poderiam contribuir para diminuir a ignorância e melhorar a comunicação social, dão lugar a conversas rasas sobre joguinhos eletrônicos, celebridades do mundo artístico; geralmente eles parecem recorrer mais as imagens e ações descritivas do que as idéias. Entretanto, se existe o hábito da leitura, podemos reconhecer um bom vocabulário e a qualidade dos assuntos seriam menos rasos.

O fascínio pelas telas parece bloquear a qualidade comunicativa dos jovens. Suspeito que a baixa disposição de comunicação entre filhos e pais de hoje deve-se a exposição excessiva aos jogos eletrônicos, que tendem a excluir os pais desse ambiente virtual. Além do mais, os joguinhos e as comunicações eletrônicas são atividades tão intensamente envolventes que terminam substituindo outras mais ligadas ao contato com a natureza. Crianças que cotidianamente brincam ao ar livre parecem mais dispostas às atividades lúdicas expressivas, com palavras, corpo e movimentos investidos de alegria.

A televisão parece ser outra importante causadora do distanciamento entre filhos e pais. A tv até pode reunir a família em torno de um programa, mas não desenvolve união. Não se trata de criticar o aparelho televisão, como faziam a extrema esquerda, a extrema direita e os religiosos conservadores de antigamente. Mas, sim, há que ser criticada a programação televisiva que caminha na contramão da educação do povo[1]. Reforça ainda mais a baixa educação que leva as pessoas escolherem assistir uma programação ruim por falta de alternativas. Sobretudo, as crianças que vivem em espaços restritos não têm outra alternativa senão ver televisão, não importa qual programação.

Infelizmente, os jovens tendem a escolher uma programação televisiva com mais ação e menos reflexão. Filmes e joguinhos, também. Ao contrário de uma tendência “cabeça” dos jovens dos anos 1970, os jovens de hoje parecem fugir dos filmes mais elaborados, fora da indústria cultural e da onda marqueteira do lançamento. Na minha vivência, vejo que os nossos jovens falam pelos cotovelos assuntos triviais, mas são tímidos ou evasivos quando o assunto exige um conhecimento noticiado e um pensamento mais elaborado.

Seria diferente se eles acompanhassem noticiários, revistas (como “Fantástico”, da TV Globo), entrevistas (como “Roda-Viva, da TV Cultura-SP), documentários, filmes mais elaborados, etc. Dá pena ver o grau de desinformação dos adolescentes de hoje e a rendição ao ‘espírito de rebanho’. Não mais me surpreendo com a incapacidade de eles fazerem uma leitura sobre um acontecimento ou uma ficção. A escola é responsável direta por essa falha na formação do jovem. Ela pensa que estar formando um cidadão crítico, mas ainda não sabe em que consiste ser crítico em nossa época. A indigência intelectual também pode ser reconhecida naqueles que então entrando na faculdade. Potencialmente, são presas fáceis de discursos ideológicos travestidos de científicos.

Por fim, o psicólogo acima observa que algumas aproximações afetivas dos filhos costumam representar uma farsa teatral sedutora. Ou seja, vem como “cantada” para os pais toda vez que eles querem um novo tênis, ir a uma festa ou voltar mais tarde para casa. “Isto é, estes adolescentes até podem demonstrar ‘afeto’, desde que se ganhe algo em troca”, escreve. A causa dessa atitude parece diretamente influenciada pelos valores materiais aprendidos no relacionamento com os pais. Também é reflexo do próprio sistema capitalista, nas quais as pessoas só têm valor pelo que possuem e aparentam e não pelo que são e oferecem em termos de autênticos valores humanos.

Que fazer? A primeira coisa a fazer é ter coragem de reconhecer que estamos errando na nossa educação, por exemplo, dando-lhes brinquedos em excesso ou deixando-os ficar jogando sem limite de tempo. Nada de ser sovina e nem de proibir ou reprimir suas experimentações eletrônicas. Mas é preciso regrar as atividades dos filhos. Educar é, subretudo, regrar atividades no sentido de civilizá-los. O contrário é deixá-los entregues aos impulsos da natureza, no fundo, deixar reinar a barbárie do “tudo pode” e do “vale tudo”. Por que não devemos cobrar do nosso filho adolescente ficar mais tempo à mesa do almoço, ainda que somente para escutar um resto de conversa, as conquistas, alegrias e dificuldades dos membros da família? Por que as mães de hoje não conseguem conversar com as filhas assuntos antigamente considerados tabus? Os pais da década de 1970 não sabiam o que conversar com os filhos rebeldes, mas, por que os pais de hoje, embora mais preparados parecem mendigar um diálogo com os filhos?

Penso que, em vez de os pais culparem somente “os de fora” (amigos, “ficantes”, namorados, tv, lan house), que estariam distanciando os filhos do convívio familiar, deveriam ter coragem de fazer autocrítica e irem à luta para manter os vínculos afetivos e um diálogo autêntico sobre tudo. Afinal, “os filhos copiam e reproduzem o que vêem e absorvem cotidianamente não apenas fora como dentro da própria casa”, arremata o psicólogo.

por RAYMUNDO DE LIMA


Artigo retirado do site: Espaço Acadêmico

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Família

Por falar em família, não posso deixar de pensar no ideal que envolve esse termo. Por convenção se aceitou, que ela, a família, é a célula mater da sociedade. O modelo família feliz é eternizado no pensamento do homem, com toques cristãos de santidade; objeto a ser alcançado, ou, ainda, consagrado. Uma família feliz, poderia pensar a lógica, é fruto de homens e mulheres maduros e estruturados. Entretanto, a coisa não funciona assim... Muitos cristãos conservadores saem à defesa da família, entretanto, o mal moderno também é fator gerado nos núcleos desse modelo social.

As disputas, o egoísmo, o narcisismo, a inveja e uma série de outros sentimentos estão envoltos no núcleo familiar. E, por como tabu, não são trabalhados nos indivíduos, que crescem indiferentes a si mesmos, às suas famílias e aos outros. Na família, como em Alice nos país das maravilhas, o mundo encantado não pode ser destruído... Os temas infelizes das pessoas, como: angustia, frustração, baixo-estima e tantos outros são disfarçados aos olhares de todos. A santidade que reina é demoníaca! Afinal, as pessoas que convivem não vivem, apenas desejam, tacitamente, o aniquilamento do outro, enquanto disfarça numa atitude dissimulada suas verdadeiras pretensões. Esses mesmo indivíduos trabalham, freqüentam o meio social e trazem nele o reflexo de suas neuras e comportamentos mal resolvidos.

Desta feita, penso que uma imagem, que poderia retratar bem aquilo que estou pensando, seria essa aqui, desta foto! Eis a família feliz... Um homem nu, fazendo pose como se estivesse à frente do espelho, vislumbrando seu próprio ego narcisista, e uma mãe com a filha no colo, também nuas, espancando sua filha por ciúmes do marido. O fato da nudez reflete, ou pode ser interpretado como, os personagens sem as máscaras sociais da aceitação e do disfarce do sentimento, que para muitos é sombrio, mas cultivado no seio da célula mater. Assim, a família moderna e feliz se estrutura pela ausência e indiferença do masculino, e pela parcialidade feminina, manipulando a relação e descontando suas frustrações.

Sendo assim, poderia dizer: "EU TENHO MEDO!"