quinta-feira, 26 de junho de 2008

Desembargadora Maria Berenice Dias fala sobre união homoafetiva no 'Marília Gabriela Entrevista'


Na semana em que o GNT dedica sua programação à diversidade sexual, o “Marília Gabriela Entrevista” deste domingo, dia 29, às 22h, convida a desembargadora gaúcha Maria Berenice Dias para debater o tema. A entrevistada foi a primeira mulher a ingressar na magistratura do Rio Grande do Sul, é defensora da união civil entre homossexuais e criadora da expressão “homoafetividade”. Autora dos livros: União Homossexual – o preconceito e a justiça, Conversando sobre... homoafetividade e Manual das Sucessões, ela aborda no programa a nova idéia de família, a discriminação entre os sexos e os avanços da legislação brasileira nas questões familiares.


Maria Berenice revela ter sido discriminada assim que entrou na magistratura gaúcha e conta que o exame que as mulheres fizeram para conquistar a vaga foi diferente do dos homens. “Perguntaram se eu era virgem”, fala. Uma das pioneiras na defesa das uniões homoafetivas, neologismo criado por ela, diz: “Temos uma lei em que a família é uma unidade de afeto e eu não vejo justificativa para que os homossexuais não sejam inseridos. O conceito de casamento é muito ligado à religião – ‘crescei e procriar-vos’ - e na relação homossexual isso não existe”.


“A união entre o mesmo sexo assusta porque quebra paradigmas”, acredita a gaúcha. A partir daí, as duas relembram os diversos casos de morte de homossexuais no Brasil, e a convidada questiona: “Por que as pessoas se preocupam tanto com a orientação sexual dos outros?”. Gabi pergunta se a justiça brasileira tem sido liberal ou se ainda há resistências. Maria Berenice responde que existe muita resistência da sociedade e que isso reflete no legislativo. “Há uma omissão total do legislador que deixa as pessoas excluídas. A justiça é conservadora. Se não tem lei, não tem direito”, conclui. Ela dá um panorama geral da lei nos países nórdicos, no Canadá e na Espanha, locais em que a união homoafetiva é reconhecida.


Dedicada às questões familiares, a magistrada esclarece o funcionamento do processo de adoção por casais homossexuais e relata um caso de sucesso no Rio Grande do Sul. Aproveitando a polêmica sobre o registro de uma criança com dois pais, levantada pela novela Duas Caras, ela fala: “Houve avanço na mídia. Na primeira novela, um casal de lésbicas teve que ser incendiado por causa da reação pública, e a reação é a marca do preconceito”. Finalizando o assunto, diz: “Os homossexuais são vistos como sendo de segunda categoria, parecendo que eles não teriam famílias normais. Não vejo problema nas crianças terem dois pais ou duas mães, desde que haja envolvimento afetivo”.


Além da falta de abertura na legislação e do preconceito da sociedade, outro grande obstáculo a ser vencido que a gaúcha percebe é a homofobia dos próprios homossexuais. Heterossexual, ela conta que uma vez os colegas da faculdade da filha, diante da militância da mãe na causa homoafetiva, chegaram a questionar a sexualidade de Maria Berenice. Tomando o episódio como exemplo, diz: “Parece que não podemos defender outras causas a não ser a própria!”. Gabi elogia o trabalho da convidada e pergunta qual é sua maior vitória. A resposta: “Ter recebido o título de juíza dos afetos”.


Frase do final do programa: “O afeto é uma realidade digna de tutela”.


O programa vai ao ar todo domingo, às 22h e nos horários alternativos: segunda, às 3h30; terça, às 22h30; quarta, às 4h e às 10h e sábado, às 10h30 e às 15h.



Esta reportagem foi retirada do BLOG GAY FONTE:

http://www.eunaotenhonome.com.br/santosma/blog/bloggay

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