Ainda, na noite de ontem, caminhado pela avenida, na pista de Cooper, com meus sentimentos que nada sentiam... Totalmente anulados pela indiferença e desprezo, meus olhos lacrimejaram. Uma vontade súbita de pedir socorro, um desejo, enorme, de me aconchegar em um colo... Sim, desejava o colo de minha mãe! Não tinha uma mãe por perto para que pudesse me acolher, nem receber minha dor, que na indiferença não era percebida.
Avistei uma mulher de 50 anos, aproximadamente, pedi para que ela me ouvisse, mas com medo, ela se recusou parar e me dar atenção. Foi quando, ao longe, vi uma senhora de cabelos grisalhos, com 67 anos, aproximadamente, alongando-se na ponte que atravessa a pista. Devagar, eu me aproximei e pedi, para que se não sendo incomodo, talvez, um pouco de atenção e conselho, pois precisava falar com alguém, pois precisava de uma mãe.
Aquela senhora, se prontificou a me ouvir... Disse a ela que eu era gay, e pedi que ela não se assustasse, e contei tudo o que havia acontecido comigo. Com o olhar materno, pensativo, afetuoso, ela me escutou, pacientemente, toda a história, até que eu acabei... Foi quando desejei que ela fosse minha mãe. Suas primeiras palavras saiam em aceitação e empatia: "não há nada de errado com você ser gay, você amou uma pessoa que só desejava brincar com seus sentimentos; gente assim, que brinca com o coração dos outros não é feliz meu filho". Admirado escutava os conselhos de Dona Fleurips, que na sua experiência de vida, animava-me, e me ensinava a viver a vida.
Se todos nós pudéssemos ter a aceitação da família que essa doce senhora me proporcionou... Se todos nós pudéssemos deitar no colo de nossas mães, quando solapados na existência, e chorar as magoas, e ouvir que somos maiores do que isso, e que toda lagrima é bobagem, sendo amados e recebidos como somos, e não por aquilo que fazemos ou com quem transamos.
Fui embora, agradecendo muito aquela pessoa maravilhosa, que sumiu sem eu ver ou dar conta para onde ela pudesse ter ido. Um pensamento místico tomou conta de mim: "hoje Maria, a mãe de Deus, apareceu para mim e me aconselhou, e me confortou e me deu forças". Não sei ao certo quem era aquela doce senhora, só sei que para mim era, foi e será a NOSSA SENHORA, que em seu seio de mãe calou meu desejo e me confortou em minha miséria.
Nós gays precisamos de mães que nos aceitem, e não que nos estapeiem, essa foi uma doce lição que aprendi. Nem sempre nossa família faz da nossa vida algo melhor a ser vivida e explorada. Isso é um fato, um pesado fato. Ontem, desejei um colo de mãe, e graças a Deus encontrei uma mãe, que quero acreditar ser Maria.
olá caro colega
ResponderExcluirdeparamo-nos constantemente nesta situação de carencia de pai/mãe, olhando os que passam indiferentes por nós e querendo gritar, para nos desafogar desta opressão e desprezo. Com os olhos fitos num horizonte imaginário e querido, posto que utópico, nosso olhar diz tudo em seu mutismo, calados à força do ódio votado à nós.
em tão somente querermos o amor; viver o amor. compreendo e vivo esta sensação de vazio que é a falta de colo materno/paterno.
senhor/senhora, irmão/irmã, tão somente um instante de sua atenção e acolhimento!!!
grato amigo; por expressar apropriadamente em seu texto esta nossa necessidade!!
celso