domingo, 20 de julho de 2008

Quem são os discriminados? Um diálogo inusitado...

Não queria ter que expor conceitos, aqui, que são ofensivos. Mas alguns fatos dizem por si só àquilo que são. E se pensarmos bem, a verdade sempre ofende... Ninguém se ofenderia com uma falsa afirmação, seria ela engraçada, curiosa, rentável (à medida do devido processo por danos), mas ofensa que dói na alma só a verdade que se quer esconder, sendo exposta, pode causar. Talvez por isso o adágio: "a verdade dói".

Também a verdade é construída, daí existem verdades e verdades! Cada qual com sua lógica, cada qual com suas próprias convicções, mas cada qual, também, com sua epistemologia... E é, exatamente, aqui que os fatos mostram quem é quem nesse mundinho de verdades construídas e escondidas.

Para o bispo de Dourados- MS, dom Redovino Rizzardo a verdade basilar é aquela que aceita o status quo da dominação ideológica de classe, de cor e de gênero. Não fosse assim, ele não teria levantado o argumento de autoridade em que cita o professor Ives Gandra da Silva Martins, na seguinte proposição: "...Hoje, tenho eu a impressão de que o 'cidadão comum e branco' é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se auto-declarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.".

Na fala, de sua excelência reverendíssima, o mundo está virado, como dizia sua vovó, por tais preconceitos não serem admissíveis hoje! O que é errado (ser negro, índio, pobre e homossexual) ficou certo, e o bispo se sente perseguido por não poder discriminar, perseguir e inquerir... Daí, agora os oprimidos viraram opressores, pois eles têm direitos, e esses direitos têm que ser respeitados. Um insulto ao preconceito tácito, mas exposto nas palavras do santo homem de Deus.

A realidade fática que cerca a Igreja Católica é camuflagem. Por exemplo, em nota do Vaticano, indignados pela futilidade de uma matéria, que dizia dos sapatos Prada de Bento XVI, a Igreja atacou os gostos errados da modernidade, vazios e sem sentido. Entretanto, a Igreja não se manifestou nos gastos homéricos da vinda do Papa ao Brasil. Onde uma só almofada de encosto de nuca, uma única, não sairia por menos de 1.500 reais. Cozinheiros franceses, objetos importados, cálices de ouro no valor de 3.500 reais, gastos em reformas à infra-estrutura de prédios, sem falar na alimentação exótica com vinhos custando 350 reais (por garrafa) e pratos os mais refinados (e caros, obviamente): eis a marca maior deixada pelo papa no Brasil. Segundo o jornal Tribuna da Imprensa, até os primeiros dias de sua visita foram gastos 19,9 milhões de reais dos cofres públicos municipais, estaduais e federais.

Quando eles, os líderes católicos, pronunciam-se , falam da opção preferencial pelos pobres , do amor aos oprimidos , da caridade cristã , mas não falam da vidinha luxuosa que levam nos palácios episcopais.

Assim, o bispo de Dourados-MS, indigna-se, ofendido por não poder mais adestrar seus fiéis, caso a PL 122/06 seja aprovada, ao preconceito, ódio e ideologia fascista contra o pobre, negro, índio e gay. Na ofensa da minoria submetida exigir seus Direitos anda machucando os bispos católicos. Afinal, em nome da defesa da família e dos bons- costumes a Igreja mobilizou políticos a financiarem seus projetos, sua vidinha mansa, afinal, o clero não trabalha, vive de doações. Portanto, não é legitima a acusação vinda da Igreja que diz que os gays querem poderes acima dos que um cidadão comum tem.

Os gays TRABALHAM, não vivem como o clero romano, pagam impostos de seus bens, a Igreja paga imposto? E como um cidadão brasileiro, que paga suas contas, com o dinheiro do suor de suas atividades, não de esmolas, nem de favores políticos, querem ser respeitados, por aquilo que são. E se no Brasil, alguém que vive de preconceitos, ódios próprios de vagabundos, que não fazem nada o dia todo, e representam aos fins de semana um teatrinho vulgar, quiser discriminar, então tem mais do que ir pra cadeia mesmo. E sem choro. Acabou a inquisição, a Igreja que se renove.


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