O que têm a dizer as "novas" sexualidades saídas do armário recentemente
Que me perdoem os assexuais e os novíssimos "sapiossexuais", mas devo dizer que, do meu ponto de vista, essas "novas" sexualidades não têm realmente muito a dizer.
O que vejo acontecer hoje é que virou uma festa. Antes, era fácil: existiam os homossexuais, os heterossexuais, os bissexuais e até podemos admitir os pansexuais, conforme tenham atração pelo mesmo sexo, sexo oposto, ambos os sexos ou outros tipos de atração que comportem a fluidez e/ou a transição entre os gêneros.
Recentemente, os assexuais saíram do armário e têm tencionado um reconhecimento da assexualidade como uma verdadeira "quarta" orientação sexual à parte – se desconsiderarmos a pansexualidade. Dizem os assexuais que não têm interesse por relações sexuais, o que os diferenciaria dos héteros, homos, bis.
É verdade que, há um certo tempo, já se sabe que hétero, homo e bi são tipos ideais. Como tenho defendido, não existe entre eles fronteiras: existe um degradê, e há pessoas que ficam entre as cores intermediárias, difíceis de encaixar nas três orientações clássicas. Os exemplos são muitos, do homem que curte exclusivamente travestis à travesti que se relaciona com mulheres exclusivamente.
No entanto, este não é o caso da assexualidade. Se formos pensar no que diz a proposta dos assexuais, a ideia é que o "a-" representa a ausência de interesse por relações sexuais, que estariam no bojo das outras três orientações clássicas.
É aqui que a porca torce o rabo.
No fundo, com esse entendimento, os assexuais estão promovendo um retrocesso a tudo que a psicologia tem estudado e construído a respeito da complexa sexualidade humana e, para nos mantermos no tema, a respeito das orientações sexuais.
A primeira delas diz respeito ao conceito de sexualidade: um conceito amplo, que passa pelas sensações físicas provocadas por diferentes estímulos e vai até o ponto de conter as próprias orientações sexuais em si. Adultos têm sexualidade. Idosos têm sexualidade – mas, vale dizer, crianças também têm sexualidade, ainda que seja difícil determinar, nas mais tenras idades, qual seja sua orientação sexual.
O caso clássico das "fases sexuais", trazidas pela psicanálise, é aqui interessante. Quem nunca ouviu falar das fases oral, anal, genital... Que marcam o desenvolvimento do ser humano? Ora, a criança que está na fase oral está exercitando sua sexualidade, que difere da do adulto, ainda que não seja possível, ou muito difícil, determinar sua orientação sexual.
Essa verdade indica o óbvio, se o leitor acompanhou meu raciocínio: sexualidade vai muito além do ato sexual genital, do aquilo naquilo. Dentro desse espectro amplo da sexualidade, insere-se a orientação sexual, com o que se compatibiliza.
Com efeito, vamos manter um exemplo, uma pessoa é hétero se tem atração/desejo pelo sexo oposto. Ora, compatibilizando esse fundamento à noção ampla de sexualidade, é evidentemente que essa atração/desejo não se esgota no ato sexual, nem mesmo no desejo de realizá-lo. O desejo, aqui, deve ser tomado em uma acepção igualmente ampla, na qual o ato sexual se insere, mas que não se esgota nele e chega, inclusive, a abarcar a afetividade. Ninguém é hétero porque "transa" exclusivamente com alguém do sexo oposto: a pessoa "transa" exclusivamente com alguém do sexo oposto porque é hétero.
Tendo isso como pano de fundo, não é difícil chegar a seu resultado lógico: o ato sexual é resultado da orientação sexual, e não seu determinante. Mais ainda: pela própria amplitude do conceito de sexualidade e, compatível com ele, orientação sexual, esse ato sexual (= genital) pode ser resultado da orientação... Ou não.
Dito isso, por que a proposta dos assexuais é um retrocesso? Porque, indo na contramão da psicologia e de todo o conhecimento científico acumulado até agora, identifica a relação sexual com a orientação sexual, quando a segunda inclui a primeira, podendo esta ser seu resultado ou não. Em suma, para o assexual, o hétero é hétero porque "transa" exclusivamente com alguém do sexo oposto. É um erro conceitual, que cheira a naftalina e não faz jus ao conceito de orientação sexual.
Desse ponto de vista, portanto, a suposta assexualidade, excluindo-se os casos em que se instalou por traumas, não é uma "quarta" orientação sexual. É tão somente um dos resultados possíveis das três orientações sexuais clássicas, no que diz respeito ao ato.
Retomando o exemplo do heterossexual, existirão aqueles héteros que mantêm relações sexuais, os héteros que as mantêm em excesso (satiristas ou ninfomaníacas) e os héteros que não mantêm qualquer relação ("assexuais"): havendo atração pelo sexo oposto, e tomando essa atração ou desejo em sua acepção ampla, que inclui a afetividade – amor Eros –, a pessoa é hétero. "Transar" ou "não transar" é apenas um detalhe.
Não deixa de ser, aliás, comum observar que os assexuais mesmo dizem que não gostam do sexo em si, do ato em si – mas gostam do carinho, do afeto, do companheirismo e até do toque (não genital ou erotizado) de companheiros, com quem se envolvem, se apaixonam e gostam de dividir suas angústias e sentimentos. Lamento dizer: mas isso não é assexualidade. É a mesma velha e conhecida sexualidade humana, com a única diferença de não resultar ou não levar ao ato genital.
Assim, o "assexual" que dispensa esse tipo de carga emocional, desejo ou atração para o sexo oposto, por exemplo, não é assexual. É um hétero, tanto quanto aquele que transa, porque a transa é só um detalhe no conceito de orientação sexual, e, mais ainda, no conceito de sexualidade.
A mesma lógica vale para os agora autodeclarados "sapiossexuais". Ora, a inteligência e os valores são "afrodisíacos" tanto quanto podem ser determinados atributos físicos, como a cor do olho ou presença de pelos. Alguns darão aos primeiros mais peso. Outros menos... Mas fica a pergunta: ao buscar a inteligência da pessoa para determinar quem será meu parceiro, eu gostaria que ela fosse do sexo oposto? Então, lamento dizer: você é hétero – e não "sapio". Afinal, quem foi que disse que sexualidade, atração, desejo, orientação se esgotam em sua dimensão física?
fala Joao! vi seu comentario no blog sobre a doação de sangue...eu sempre fui daqueles que doou e mentiu, mas depois do que expos acho que fiz errado, era uma maneira boba e incorreta de protesto, valeu pela dica
ResponderExcluirabs
você precisa estudar mais o assunto :http://www.assexualidade.com.br/blog/
ResponderExcluirsou samuel cavalcante xavier e meu orkut é samujezz@hotmail.com.br além da minha sala ser a de fisioterapia do primeiro período.
ResponderExcluirAcredite, já estudei, Anônimo. Não disse que não existam pessoas que não gostem do ato sexual, os assexuais. Mas confusão sobre conceitos de orientação sexual são outros 500.
ResponderExcluirHomossexual e Pai, bom, eu fico feliz de ter causado essa reflexão. Um beijo!
ResponderExcluirOlá. Antes de fazer o meu comentário, gostaria de deixar claro que eu não quero criticar destrutivamente o artigo, mas quero fazer um comentário para contribuir com a construção deste conhecimento até porque, identificando-me como assexual, não concordei com alguns aspectos deste artigo.
ResponderExcluirMeu comentário ficou grande demais e não coube no campo de comentário do blog, por isso o postei em um tópico do fórum da comunidade assexual brasileira, até porque ele pode conter alguns erros e outros assexuais mais esclarecidos que eu podem contribuir na correção dos meus argumentos e na construção desta ideia de assexualidade.
Claro, eu posso estar errado, e o autor pode estar certo, e é exatamente por isso que a discussão deste tema mostra-se tão interessante.
O link do comentário em que refuto alguns argumentos deste artigo é: http://a2forum.forumeiros.com/t239-sobre-um-artigo-que-nega-a-ideia-de-assexualidade#1483
João, quase tudo que você disse é um completo absurdo, e se por uma lado sua pesquisa basicamente consistiu numa leitura superficial, fica claro por outro lado sua completa incapacidade mental de assimilar um conteúdo tão simples. Já que esse conteúdo basicamente são possibilidades de expressão sexual diversas que se abrigam num guarda-chuva chamado "assexualidade" (tal como acontece com qualquer outra "sexualidade").
ResponderExcluirContudo seu texto é de fundamental importância. Há neles críticas pontuais, que eu inclusive endorso. E ficaria cabsurdamente feliz se outros como você tivessem a ousadia de expressar seu desconforto com esse assunto como você tem feito.
Julio, minha pesquisa não foi superficial. Aliás, o que escrevo é fundamentado no conceito moderno de orientação sexual e, acima dele, englobando-o, sexualidade - e inclui-se a afetividade nesse processo. Aliás, isso é algo conhecido de qualquer pessoa que de fato estude a sexualidade humana nos termos mais modernos.
ResponderExcluirDe resto, foi nos blogs e nos escritos de assexuais que encontrei absurdos, como justamente o de entender a orientação sexual como ligada tão-somente ao ato, sendo esta uma discussão há muito superada pela psicologia.
Conduz ao erro tencionar assumir a assexualidade como uma orientação sexual porque "diferente de gays, héteros ou bis, assexuais não buscam o sexo" porque a orientação sexual não se resume ao sexo genital. A psicologia não defende isso. Orientação é anterior ao ato: o ato sendo um resultado da orientação sexual... Ou não.
De resto, mesmo eu não sendo psicólogo, o artigo, no que tange às definições de conceitos, recebeu o aval de especialistas na área. Um deles, Claudio Picazio, chegou a elogiá-lo.
Na verdade, em termos bem estritos, o artigo não diz que "não existam pessoas assexuais", no sentido de pessoas que não desejam se relacionar sexualmente/genitalmente com outras. No que tange ao ato sexual, existe um degradê imenso, daquelas pessoas que não querem realizá-lo àquelas que o realizam com bastante frequência.
A questão do artigo é se esse comportamento conduz a uma orientação sexual à parte, que vem a ser a "orientação sexual assexual". A resposta é não porque não é a existência do ato sexual, ou a vontade de realizá-lo, que determina o conceito de orientação sexual. É o inverso: e, repetindo, podendo ser este desejo de transar resultado ou não da orientação, que, por sua vez, inclui a afetividade.
Assim, assexualidade é um comportamento, não orientação.
Assim, o assexual que, como tal, se define como alguém que não deseja se relacionar sexualmente com outra pessoa, mas direciona sua afetividade para o sexo oposto, tem orientação sexual heterossexual - e não "orientação sexual assexual".
Do ponto de vista da psicologia moderna, uma "orientação sexual assexual" seria aquela que não incluiria qualquer vínculo de natureza afetivo-sexual-erótica com qualquer pessoa. O assexual não sentiria, portanto, nada por alguém, seja de sexo for. Mas, até onde se sabe, essa capacidade antiempática é indício de sociopatias, não de orientação sexual. E tb não é o que os assexuais defendem sobre si mesmos.
Saulo, li seu artigo, e a questão é exatamente a mesma que postei com relação ao Júlio.
ResponderExcluirNo seu artigo, vc cometeu um erro: o mesmo que critiquei no artigo. "Se não tenho atração sexual, sou portador de uma patologia? Pergunta você".
A questão é que em "atração sexual", vc está entendendo o "desejo de fazer sexo". Que você não tem.
Mas, para a psicologia moderna, o "sexual" é aqui muito mais amplo, porque a sexualidade não se esgota no ato sexual ou no desejo de realizá-lo.
Sexualidade engloba o toque, o carinho, as sensações físicas e a afetividade. A sensação genital e a vontade de transar é só uma parte disso.
Assim sendo, se vc não tem vontade de transar com um parceiro ou parceira por não ter atração sexual, mas elege seus parceiros ou parceiras com base em preferências sexuais (por exemplo, se você gostar de namorar mulheres), você é hétero.
Transar ou não transar, querer fazer ou não fazer, isso é apenas um detalhe. Um resultado possível da orientação sexual - mas não o único. E definitivamente não o seu determinante.
Em suma: a atração sexual, a rigor, não é "vontade de transar com...". Atração sexual é tudo aquilo que nos remete a uma outra pessoa, e que nos faz escolhê-la para parcerias: sexuais E afetivas.
ResponderExcluirO que leva um homem assexual (no sentido de não querer se relacionar sexualmente) a se envolver com uma mulher?
São características físicas, ou psicológicas, ou emocionais relacionadas ao Ser Feminino? São os conceitos culturais associados à mulher? A companhia, a complementaridade que é experimentada num namoro ou casamento com uma?
Qualquer que seja a resposta para essas perguntas, TODAS indicam, portanto, que esse assexual tem atração sexual por mulheres, ou, melhor dizendo, orientação sexual heterossexual. Porque o "sexual" aqui não se esgota no ato em si ou na presença ou ausência do desejo de consumá-lo.
Olá, João. Acho que você está perdendo de vista uma coisa: as implicações das categorizações a fim de prover aceitação por meio do conhecimento. Entenda que, antes de qualquer coisa, nenhuma dessas categorias existe de verdade. Elas foram apenas criadas para melhor compreender a nossa sexualidade e elas podem e DEVEM ser alteradas conforme esse propósito. Sempre que houver uma maneira de classificar que traz muito mais benefícios do que a maneira anterior, ela deve ser substituída. Não existe "a verdadeira classificação", porque as classificações não são dadas pelas naturezas, nós sempre as inventamos para melhor estudar o mundo.
ExcluirDessa forma, eu sinceramente discordo de você que "atração sexual" não se refira à "vontade de fazer sexo". Claro que a vontade de fazer sexo tem várias influências: se a pessoa te trata bem, se ela é legal, se é bonita, se você simplesmente está com vontade na hora. Não é o QUE te dá essa vontade que estou discutindo aqui. Mas que "atração sexual" é "atração para fazer sexo", isso é. Você não precisa necessariamente nutrir uma relação afetiva com a pessoa pela qual você é atraída sexualmente. Pode ser um zé ruela que você nunca viu na vida.
Mas vou fingir que você tá certo para mostrar que, ainda assim, há outra maneira de se pensar: Vamos fingir que "Atração Sexual" englobe a atração sexual de fato e a atração afetiva, como tu sugeres. Como eu disse, as categorias podem e DEVEM ser alteradas sempre tendo como norte o melhor entendimento do que está sendo estudado. Se nós colocarmos a "atração sexual de fato" e a atração afetiva no mesmo bolo, as duas dentro do termo "Atração Sexual", nós estamos supondo que elas sempre vêm juntas. Essa classificação não contempla, não dá conta, portanto, de explicar as pessoas que tem apenas METADE da definição de "Atração Sexual": só a atração afetiva, ou só a "sexual de fato". Entende? Então mesmo que ela fosse como você falou, ela precisa, justamente, se alterar para contemplar as pessoas que não sentem a "atração sexual de fato".
Dessa forma então ficaram dividias: A atração sexual e a atração afetiva.
Para a sexual, designa-se:
heterossexuais, homossexuais, bissexuais e assexuais (dentre outros, mas vou me reservar aqui)
Para a afetiva designa-se:
heteroafetiva, homoafetiva e biafetiva.
Dessa forma nós contemplamos e provemos aceitação para todas as formas em que as nossas vontades afetivas e sexuais se expressam. (:
Dito isso, vou debater separadamente: 1. homossexualidade, 2. bissexualidade e 3. assexualidade para deixar bem claras algumas questões.
Excluir1. HOMOSSEXUALIDADE
Num mundo medieval, por exemplo, a única sexualidade (aceita) era a hétero. Não existia o termo "homossexual" (e consequentemente nem "heterossexual", porque já estava subentendido que a heterossexualidade era "A sexualidade" em si). Aquelas pessoas (homos) não eram vistas como pertencentes a outro tipo de sexualidade. Elas faziam parte da mesma linha hétero, que era a única linha existente, e elas eram depravadas, "safadas", maldosas, porque estavam nessa linha e se >desviavam<. A homossexualidade não era uma coisa em si e à parte, não tinha uma linha pra si. Dessa forma, sem um nome, sem um termo, a homossexualidade sempre seria só um detalhe, um desvio da coisa comum (“certa”), e nunca poderia ser compreendida, não poderia ser debatida. Nunca poderia ser mais do que um desvio de conduta, algo estranho. Como se debate algo que não tem nome? Como se aceita algo que desvia do que é “o certo”? Bom, aceitada a homossexualidade não como um desvio da heterossexualidade, mas como OUTRA coisa que segue a sua PRÓPRIA linha, somos capazes de compreender, aceitar e assim quebrar as discriminações advindas da ignorância sobre o assunto. Dessa forma, podemos constatar que criar um termo próprio para a homossexualidade, não tratá-la como um desvio do que é certo, trouxe
A CONCLUSÃO: Está tudo bem em gostar de pessoas do mesmo sexo. Você não está errado, você não precisa de tratamento se está feliz assim. Não existe “jeito certo” de amar.
2. BISSEXUALIDADE
ExcluirDa mesma forma, ela muitas vezes é tratada como homossexual indeciso, ou hétero indeciso; são tratadas como pessoas que são movidas apenas pela curiosidade. Apenas um desvio, ou da heterossexualidade, ou da homossexualidade. Novamente, se tratarmos a bissexualidade assim, nós não vamos compreendê-la. Nós vamos ignorá-la. Não dar nome, tratá-la como um pedaço contido no que é "o jeito certo" (agora: heterossexualidade E homossexualidade) não faz a gente compreender a bissexualidade. Não nos faz aceitá-la como algo além da “anormalidade”. Entende? Esse termo então trouxe
A CONCLUSÃO: Está tudo bem em gostar de pessoas de ambos os sexos. Você não está errado, indeciso, e não precisa de tratamento se está feliz assim. Não existe “jeito certo” de amar.
3. ASSEXUALIDADE
Da mesma forma, tratá-la como se fosse um pedaço contido na hetero/homo/bissexualidade não a compreende, a limita. Ao contrário do que você diz, o "sexual" em hétero/homo/bi diz respeito à atração sexual, SIM. Não quer dizer que héteros SÓ sentem atração sexual, que não nutram nenhum outro tipo de afeto pelos seus parceiros. Claro que não! Isso é uma conclusão errônea do que está sendo dito. Ser heterossexual é sentir atração sexual pelo sexo oposto, sim. Mas o termo não anula que você sinta mais coisas além da atração sexual, ué. Para melhor contemplar essas nuâncias, criamos os termos "hetero/homo/biafetivo". Há heterossexuais biafetivos, por exemplo. Só sentem atração SEXUAL por pessoas do sexo oposto, mas nutrem sentimentos “românticos” por pessoas de ambos os sexos. Vou lembrar, novamente, que as palavras e as categorias são criadas pelos HUMANOS para melhor compreender o que está sendo estudado. As categorias não são dadas pela natureza, então é mais do que natural esperar que elas se alterem conforme adquirimos novas informações. Voltando: se o assexual não sente atração sexual por nenhum sexo, ele não pode ser uma derivação de nenhum, hetero/homo/bissexual. Os termos não contemplam a assexualidade. Ela precisa de uma linha pra si, de ser compreendida como algo à parte.
Entenda que, numa sociedade HIPER-SEXUALIZADA como a nossa, não sentir atração sexual não é nem colocado na equação. Está fora do imaginável. Não existe. Quando alguém diz, a gente fala logo "kkk calma cara, é porque você não conheceu a pessoa certa/que soubesse fazer direito". Tratamos sempre de forma a negar que isso exista e de forma a sugerir “soluções”, como se houvesse algum problema a ser solucionado. Eis o ponto. Elas não são pessoas "que não conheceram a pessoa certa", ou "héteros que não tão a fim de transar hoje". Não há um problema em não sentir vontade de fazer sexo. Pode haver um problema se você sofrer com isso. Se você está em paz, está tudo certo, não tem “solução” pro que não está errado. Eis a importância do termo. Ele nos trouxe
A CONCLUSÃO: Você não é obrigado a sentir atração sexual. Você não precisa, necessariamente, querer sexo. Você não é errado por não sentir vontade. Se você está em paz assim, não há nada de errado em não sentir essa vontade. Feel free para amar da forma que você quiser.”
Enfim, é bom que essas coisas ganhem nome não para que a gente comece a se enclausurar em rótulos, mas para nos libertar. É o contrário. As pessoas não devem se prender nesses nomes a ponto de sofrerem por eles. Digo, se uma pessoa que se considerava assexual um dia sentir atração sexual, ela não precisa lamentar isso, se sentir uma “farsa” ou qualquer coisa assim. Esses nomes não são para determinar o que você tem que fazer com a sua vida. Esses nomes são para dizer: Sinta-se livre e leve, sem pressões, para decidir o que fazer com ela. Você tem direito de gostar de homem, de mulher, de nenhuma identidade, de ambas, de não sentir atração sexual, de só sentir atração afetiva, enfim. Seja feliz, fique em paz. Apenas ame.
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