domingo, 28 de agosto de 2005

Sociedade, que bicho é esse?

Quando falamos dos direitos de gays e lésbicas e de qualquer outra coisa que, via de regra, "contrarie" valores estabelecidos pelo status quo social, é comum fazermos referência à expressão ?modelos (ou padrões) impostos pela sociedade?. Entretanto, o que realmente queremos dizer com isso?

Muitas vezes, as pessoas parecem se referir à sociedade como se ela fosse um ente à parte com corpo e vontade próprias, que diz às pessoas o que quer e as obriga a segui-la.

De fato, existe, digamos, um "fator independente" na sociedade. Para apontá-lo, citaremos dois pensadores cruciais. Primeiro, Nietzsche, para quem os homens criam os conceitos, "esquecem-se" de que os criaram e se tornam escravos do que eles próprios fizeram.

Segundo, Marx, que, com a noção de ideologia, demonstrou como esta é criada a partir de uma condição sócio-histórica definida, mas passa a reger o pensamento dos homens, como se tivesse vida própria. É por isso que a sociedade parece um monstro que anda pelas próprias pernas.

Ora, embora pareça um monstro, a sociedade é criação nossa e, no limite, somos nós. Os valores, a ideologia, a moral, a ética são criações humanas- e, portanto, passíveis de mudança e até de destruição.

Nietzsche e Marx nos fazem concluir que, se somos os criadores, também podemos tomar as rédeas e nos ver como responsáveis por tudo isso, em vez de, como costumamos fazer, os atribuirmos a um ser superior ou a um conceito ou idéia fora de nós.

Da próxima vez que você vir algo que pensa ser "naturalmente" certo ou errado ou que "fere" o que um ser superior disse que devia ser feito, reflita se, na verdade, você não está confundindo criador e criatura. É um bom exercício, que pode até começar com alguns textos desta edição. Confira nas próximas páginas.



O Editor


Fonte: Editorial da Sex Boys 18

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