domingo, 27 de junho de 2010

O cientista que crê em Deus

Francis Collins, o homem mais poderoso da ciência norte-americana faz questão de professar publicamente a fé cristã

Leoleli Camargo, iG São Paulo

Quando foi convocado para substituir o biólogo James Watson – um dos descobridores da estrutura de dupla hélice do DNA – na liderança do recém criado Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, em 1993, o geneticista Francis Collins já era um pesquisador conhecido e já havia descoberto a localização de genes responsáveis por três doenças importantes: fibrose cística, distrofia muscular de Duchenne e doença de Huntington.

Dono de um currículo impecável dentro do mundo científico e de um entusiasmo contagiante em relação a tudo o que se refere à genética, Collins foi encarregado de encabeçar um consórcio público integrado por centros de pesquisa norte-americanos, britânicos, franceses, alemães e japoneses – o chineses vieram mais tarde – com a tarefa hercúlea de seqüenciar todos os três bilhões de pares de bases que constituem o DNA humano.

Foto: Divulgação

O médico Francis Collins em seu laboratório de pesquisas: reconciliação com Deus

Entre 1995 e 1999, Collins e sua equipe protagonizaram, com a Celera Genomics, do cientista Craig Venter, uma competição acirrada pela primazia no anúncio do seqüenciamento completo do “mapa da vida”. A corrida entre os consórcios público e privado culminou com um anúncio em conjunto, na Casa Branca, de que o Genoma Humano estava finalmente completo e pertencia, a partir dali, a toda a humanidade.

A data histórica ainda não havia completado seu sexto aniversário quando, em 2006, Collins lançou, nos Estados Unidos, o livro A Linguagem de Deus (Ed. Gente), no qual discorria sobre como havia resolvido dentro de si o dilema entre fé e ciência. Em 300 páginas escritas com elegância e sinceridade, um dos mais notórios homens da ciência admitiu ao mundo que acreditava piamente em Deus. A obra reacendeu o velho debate entre crentes e ateus, movimentou evolucionistas e criacionistas e suscitou embates históricos – o mais famoso deles deu-se entre Collins e o zoólogo e evolucionista britânico Richard Dawkins.

A polêmica, no entanto, não foi suficiente para abalar o prestígio de Collins na comunidade científica ou afastá-lo das salas de aula e dos centros de pesquisa. Pelo contrário. No ano passado, ele foi nomeado por Barack Obama para dirigir os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, aos quais está diretamente ligado o Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, que ele liderou ente 1993 e 2008.

Como o prestígio do cargo no âmbito da ciência o coloca mais ou menos na mesma posição ocupada por Obama entre os chefes de estado do planeta, há quem diga que a crença religiosa do cientista o coloca em uma situação delicada, levando-se em conta que Collins tem sob sua responsabilidade controlar um orçamento de mais de 30 bilhões de dólares destinados exclusivamente a pesquisas biomédicas e de saúde.

“Será que devemos confiar o futuro da pesquisa biomédica nos Estados Unidos ao homem que sinceramente acredita que a compreensão científica da natureza humana é algo impossível?” chegou a questionar o neurocientista e escritor Sam Harris em um editorial publicado no jornal The New York Times, logo após a nomeação de Collins.

Alheio à polêmica gerada em torno de suas crenças, o cientista cristão segue firme no cargo e acaba de lançar mais um livro. Entitulada A Linguagem da Vida (Ed. Gente), a obra é um apanhado sobe as mais recentes descobertas pós-genoma. Nela, Collins conta – entre outras coisas – os bastidores do Projeto Genoma sob sua ótica e mostra ao leitor como genética está conduzindo a medicina para um caminho de total transformação. Um caminho onde, segundo ele, a personalização dos tratamentos já é uma realidade e a prevenção e a detecção precoce de doenças serão uma ciência cada dia menos imprecisa.

Fonte IG

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Livros de ensino religioso em escolas públicas estimulam homofobia e intolerância, diz estudo

capa de caderno en. religioso-Adri

Uma pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) concluiu que o preconceito e a intolerância religiosa fazem parte da lição de casa de milhares de crianças e jovens do ensino fundamental brasileiro. Produzido com base na análise dos 25 livros de ensino religioso mais usados pelas escolas públicas do país, o estudo foi apresentado no livro “Laicidade: O Ensino Religioso no Brasil”, lançado na última terça-feira (22) em Brasília.
“O estímulo à homofobia e a imposição de uma espécie de ‘catecismo cristão’ em sala de aula são uma constante nas publicações”, afirma a antropóloga e professora do departamento de serviço social, Débora Diniz, uma das autoras do trabalho.

A pesquisa analisou os títulos de algumas das maiores editoras do país. A imagem de Jesus Cristo aparece 80 vezes mais do que a de uma liderança indígena no campo religioso -limitada a uma referência anônima e sem biografia-, 12 vezes mais que o líder budista Dalai Lama e ainda conta com um espaço 20 vezes maior que Lutero, referência intelectual para o Protestantismo. João Calvino nem mesmo é citado.

O estudo aponta que a discriminação também faz parte da tarefa. Principalmente contra homossexuais. “Desvio moral”, “doença física ou psicológica”, “conflitos profundos” e “o homossexualismo não se revela natural” são algumas das expressões usadas para se referir aos homens e mulheres que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Um exercício com a bandeira das cores do arco-íris acaba com a seguinte questão: “Se isso (o homossexualismo) se tornasse regra, como a humanidade iria se perpetuar?”.

Nazismo

A pesquisadora afirma que o estímulo ao preconceito chega ao ponto de associar uma pessoa sem religião ao nazismo – ideologia alemã que tinha como preceitos o racismo e o anti-semitismo, na primeira metade do século 20. “É sugerida uma associação de que um ateu tenderia a ter comportamentos violentos e ameaçadores”, observa Débora. “Os livros usam de generalizações para levar a desinformação e pregar o cristianismo”, completa a especialista, uma das três autoras da pesquisa.

Os números contrastam com a previsão da Lei de Diretrizes e Base da Educação de garantir a justiça religiosa e a liberdade de crença. A lei 9475, em vigor desde 1997, regulamenta o ensino de religião nas escolas brasileiras. “Há uma clara confusão entre o ensino religioso e a educação cristã”, afirma Débora. A antropóloga reforça a imposição do catecismo. “Cristãos tiveram 609 citações nos livros, enquanto religiões afro-brasileiras, tratadas como ‘tradições’, aparecem em apenas 30 momentos”, comenta a especialista.

*com informações da Agência UnB

sábado, 12 de junho de 2010

Maquiagem para homens: o IG testou!

2lonec0upa22q018wrxzwx5zaFizemos o look em dois voluntários e pedimos a opinião de mulheres sobre o resultado

 

Julia Reis, iG São Paulo | 12/06/2010 08:00

Base, blush e rímel são itens indispensáveis na bolsa feminina. Mas os homens estão começando a se familiarizar com esses produtos também.

O maquiador Luiz Ribeiro é especialista em maquiagem masculina e diz que a procura por esse tipo de serviço está aumentando. Segundo ele, a make para eles pode esconder sinais e dar um ar saudável para o rosto.
Para ver se o visual é bem aceito, maquiamos o personal trainer Caio Augusto e o modelo Julian Gil e mostramos suas fotos para algumas mulheres. Será que elas gostaram da ideia?

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Fonte: IG

sexta-feira, 11 de junho de 2010

PORQUE NÃO VOTAREI EM MARINA SILVA

Rev. Márcio Retamero

“Desculpe, Morena Marina, mas eu tô de mal” (Dorival Caymmi).

Charge-com-Marina-Silva Foi em 1994 que eu “conheci” pelos meios de comunicação Marina Silva, hoje, candidata à Presidência da República Federativa do Brasil pelo Partido Verde. Em 1994, ela tinha sido eleita Senadora da República, tendo recebido a maior votação do seu estado de origem, o grande Acre.

Acreana, pobre, filha de seringueiros, empregada doméstica na capital Rio Branco, alfabetizada pelo MOBRAL (o projeto de alfabetização da Ditadura Militar), professora, historiadora, evangélica da Assembléia de Deus, portanto, minha irmã em Cristo; jamais neguei a Marina mais que minha simpatia! Na verdade é imensa minha admiração por sua trajetória, por sua biografia limpa, com muita luta e garra, conquistando cada palmo de chão com muito suor e gana. Quem não amaria a “Morena Marina”?

Marina “Morena” – é impossível não reconhecer – é coerente com o que professa, seja na política, seja na gestão pública, seja na vida privada: marxista, escolheu e ainda hoje escolhe lutar pelos oprimidos, pelo menos alguns deles. Tendo conhecido a pobreza e a cara feia das privações, busca em sua trajetória pública minorar os sofrimentos do seu povo, não apenas na Amazônia, mas onde quer que estejam os que são vítimas do capital selvagem.

A “Voz da Amazônia” fez entrar para nosso vocabulário e para a agenda política e econômica do nosso país a palavra “biodiversidade”, tão importante para um desenvolvimento sustentável e para o bem estar social de todos os cidadãos e cidadãs do Brasil.

Em 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva recebeu seu primeiro diploma – o de Presidente do Brasil – a “Morena” Marina foi a perfeita escolha para o Ministério do Meio Ambiente. Dentro dos quadros do Partido dos Trabalhadores, Marina era o nome mais que ideal, o único, na verdade, para ocupar o cargo. Neste, enfrentou poderosos da agricultura e outros que vivem da especulação da terra, “semideuses”, donos de terras maiores que a Península Ibérica. Contudo, também foi – e muito – boicotada por seus pares ministros de outras áreas e seus projetos –justos – estavam à esta altura, sendo desmerecidos e sucateados, tudo em nome do capital.

Coerente mais uma vez com o que professa, a “Morena Marina” enfrentou no cargo de Ministro do Meio Ambiente em 2006, uma intensa disputa com a Casa Civil, representada pela candidata a Presidente do Brasil do PT, Dilma Rousseff. Foi acusada de atrasar licenças ambientais para as importantes e faraônicas obras do governo PT no rio Madeira, em Rondônia. Declarou aos “quatro ventos” que não estava disposta a ser flexível com o que acreditava ser melhor para o Brasil apenas para permanecer no cargo. Dois anos depois, após lançar o “Plano Amazônia Sustentável”, a “Morena Marina” renunciou ao Ministério do Meio Ambiente.

Hoje afiliada ao Partido Verde, Marina Silva é candidata ao cargo de Presidente da República. Ontem, 10 de junho de 2010, o Partido Verde apresentou aos cidadãos e cidadãs do Brasil o Plano de Governo que será observado caso Marina saia vencedora da disputa. Nele, a questão LGBT é tratada com generalidades, sem propostas efetivas e concretas. Já esperava isso, devo confessar, principalmente depois que a candidata concedeu entrevista ao portal da internet UOL.

Sabatinada pelos jornalistas do UOL, uma das questões era o “casamento gay”. A resposta da “Morena Marina”: “Em relação ao casamento, o casamento é uma instituição de sexos diferentes. Uma instituição pensada há milhares de anos. Não tenho uma posição favorável (ao casamento entre pessoas do mesmo sexo)”.

Sobre a adoção de crianças por pessoas LGBTs, Marina quando não se esquiva completamente de responder, diz que “não tem opinião formada” e recentemente, após a repercussão na militância LGBT do Brasil da referida entrevista ao UOL, Marina disse que o que defende é a “união civil de bens” para pessoas do mesmo sexo, ora, união civil de bens é apenas uma, das muitas reivindicações que o movimento LGBT pleiteia junto ao Legislativo. No Judiciário, pessoas homossexuais já ganharam ações que qualificam seus relacionamentos como “união estável”, portanto, a opinião da candidata do PV é retrógrada, no mínimo.

Em recente declaração, a “Morena Marina” alegou questões de consciência, para não ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Apelou para sua fé cristã, professada e militada na Igreja Evangélica Assembléia de Deus, a maior denominação evangélica do Brasil.

Acima eu declarei que admiro Marina Silva e isso é verdade! Por tudo o que ela representa, por sua história, por sua militância pela Amazônia, por sua opção pelos marginalizados, ainda que não todos. Contudo, ao ouvir pela TV e ao ler pelos jornais a alegação de consciência da candidata, decidi tornar público minha razão para não dar a ela o meu voto, e, como formador de opinião e líder de uma comunidade cristã majoritariamente LGBT, usar do argumento que tenho para desencorajar outros a votarem nela.

Povo LGBT, cuidado! Familiares e amigos que apóiam a causa LGBT, cuidado! Nossa luta por direitos não concedidos pelo Estado brasileiro aos LGBTs e que nos torna cidadãos de segunda classe, passa, necessariamente, pelo combate ao fundamentalismo religioso e pela reivindicação por um Estado, de fato, laico!

Nossas casas de leis desde o nível municipal ao federal têm sido assaltadas por representantes do segmento evangélico fundamentalista. Uma vez instalados no poder, usam de seus mandatos e dos regimentos barrocos dessas casas para atravancarem pautas de votação que contemplem a população LGBT. Trabalham e trabalham com afinco contra toda e qualquer reivindicação do Movimento Homossexual do Brasil (MHB). Levam suas Bíblias para, com ela em punho, legislarem à favor da maioria heterossexual, deixando do lado de fora do portão da cidadania, milhões de cidadãos e cidadãs gays e lésbicas.

Marina, a “Morena Marina” ao alegar questão de consciência por conta da sua fé evangélica contra o casamento LGBT, desrespeita não apenas o povo LGBT, mas igualmente, a Constituição do Brasil que reza que todos os cidadãos deste país são iguais perante a Lei e que nenhuma forma de preconceito e discriminação será tolerada em nosso país. Ainda que isso sejam apenas palavras bonitas no papel – sabemos a realidade – lutamos para que tais palavras sejam concretizadas na realidade de cada LGBT do Brasil. Posturas de políticos fundamentalistas religiosos como Marina Silva, não apenas nos desrespeitam como maculam nossa Carta Magna e por isso ela não é digna de se assentar na cadeira de Presidente do Brasil.

Se eleita, Marina Silva não será presidente de heterossexuais brasileiros, mas de todos e todas as cidadãs e cidadãos deste país. Ao declarar o que declarou, alegando razões religiosas para seu posicionamento, Marina se esquece do princípio do Estado Laico – tão caro para a real democracia, presente em nossa Carta Magna desde 1891, quando promulgada nossa Segunda Constituição.

Se Marina Silva quer ser presidente do Brasil, deverá rever seu posicionamento em relação às minorias, notadamente à minoria LGBT, pois uma de nossas bandeiras é a união civil entre pessoas do mesmo sexo (evitamos a palavra casamento justamente para que as ideologias religiosas não se intrometam na questão, uma vez que casamento, para muitos religiosos é sacramento) sob pena de ser mais uma representante do que temos de mais atrasado no Ocidente hoje – o fundamentalismo religioso cristão – no maior cargo de um país.

Particularmente, estou cansado de ver fundamentalistas religiosos como os Senadores Magno Malta e Marcelo Crivella, além de um número enorme de deputados e deputadas da Frente Parlamentar Evangélica usando as Escrituras Sagradas e suas interpretações adoecidas do Livro para manterem na segunda classe da cidadania o meu povo LGBT. As Casas de Leis são Casas de Leis não templos religiosos! Nossa Constituição tem sido desrespeitada e não observada pelos tais políticos fundamentalistas e, por isso, deveriam todos ser processados judicialmente por descumprirem nossa Carta Magna. Já que não são, que sejam, então, punidos pelo voto!

Por tudo o que eles falam e fazem no exercício do mandato popular, agindo antidemocraticamente como agem, NÃO VOTAREI EM MARINA SILVA, NEM EM NENHUM OUTRO POLÍTICO EVANGÉLICO QUE USA DE SUA PROFISSÃO DE FÉ CRISTÃ PARA ANGARIAR VOTOS JUNTO À POPULAÇÃO BRASILEIRA.

Como cristão e ministro do Evangelho, ou seja, pastor de cristãos - sinto vergonha desses que dizem professar a fé em Jesus, usando de seus preconceitos mofados e retrógrados para impedir a plena cidadania ao povo LGBT! Sinto-me no dever de combater o bom combate, no caso, combater o fundamentalismo religioso que tem assaltado nosso poder legislativo e executivo para de seus cargos eletivos não concederem direitos à população LGBT do Brasil. Por isso, conclamo ao povo LGBT, principalmente a parcela cristã desse povo: neste ano eleitoral, não votem em Marina Silva, tampouco em políticos evangélicos!