Mostrando postagens com marcador cultura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cultura. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Musical "Thriller Live" ganha montagem no Brasil

Adrian Grant, com a biografia de sua autoria, e Michael Jackson, em 1994
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA



As cenas poderiam ser de um reality show de TV como "American Idol", "Ídolos" ou "Astros". De um lado os candidatos, um tanto tensos, tentando provar seu talento; de outro, um júri atento, de não muitos sorrisos.

Só que, diferentemente do que ocorre nos programas, ninguém podia dançar e cantar a música que escolhesse, a que caísse melhor para seus movimentos e tons de voz: todos tinham que interpretar Michael Jackson (1958-2009).

Foi assim que foram escolhidos em São Paulo cantores e dançarinos para compor o elenco de "Thriller Live", musical britânico que retrata a trajetória artística do ídolo pop.

Após circular por mais de 20 países, a montagem chega ao Rio e a São Paulo no segundo semestre, com data e locais ainda a confirmar.

Entre cantores e dançarinos, a produção brasileira recebeu cerca de 2.800 inscrições, das quais 700 foram selecionadas para a etapa final.

O diretor Adrian Grant --amigo de Jackson que teve o aval do cantor para montar o espetáculo-- era um dos rostos sérios que acompanhavam a seleção. O resultado, afirma, foi surpreendente.

Cenas do musical "Thriller Live" na montagem original britânica

DANÇARINOS DO BRASIL


Pela primeira vez desde a estreia oficial em 2007, em Londres, nenhum dos dançarinos do elenco original de West End (a Broadway britânica) precisará sair de casa.

"O nível dos brasileiros é fantástico, e eles trarão uma grande energia para a produção", disse Grant, que escolheu 16 dançarinos entre os concorrentes.

Um deles foi Eric Santos, 26, que começou sua formação em um projeto de dança de rua em Santos. "Eu fui tranquilo para a seleção porque não acreditava que ia passar. Queria apenas poder conhecer o Grant e o [coreógrafo] Gary Lloyd", diz.

Quando saiu o resultado, "foi como a sensação de ganhar o Oscar, ou levar R$ 1 milhão no 'BBB'".

No caso dos cantores, a situação foi um pouco mais difícil, dada a pronúncia e o sotaque dos brasileiros.

Ainda assim, dois dos cinco cantores que interpretam o ídolo no musical foram escolhidos aqui, e a produção busca no país a criança que representará o pequeno astro do período dos Jackson Five.

"Nós não procuramos pessoas que o imitem com perfeição, mas gente que tenha um 'feeling' pela suas canções. Queremos apenas honrar a sua música."

Neste ponto, Grant reafirma o que diz ter sido sua grande motivação para criar o espetáculo: tirar a atenção das polêmicas que marcaram a vida de Jackson e focar no que realmente importa, "sua genialidade artística".

"Começamos a produção em 2006, com ele ainda vivo, querendo que as pessoas se voltassem para sua música, não para as manchetes escandalosas e exageradas que o envolviam. E é isso que o show faz", ressalta.

"Infelizmente, parece que só depois da triste morte de Michael a mídia voltou a falar de sua música e passou a respeitá-lo novamente."

Com cerca de duas horas e meia de duração, "Thriller Live" percorre cronologicamente a vida de Jackson, usando música e dança, sem se ocupar do aspecto pessoal.

Parceria da Broadway Brasil com o Future Group, o espetáculo terá investimento de cerca de R$ 7 milhões, para, segundo os produtores, manter a mesma infraestrutura com que o musical foi apresentado nos palcos ingleses.

Fonte: Folha.com

sábado, 14 de janeiro de 2012

Abordagem homossexual de peças divide opiniões

Teatro.Temática homoerótica da Campanha de Popularização é analisada em pesquisa


JULIA GUIMARÃES                                                                      Publicado no Jornal OTEMPO em 14/01/2012

Comédia. Espetáculo "O Nome dela É Valdemar" foi analisado na pesquisa "O Riso e a (in)Visibilidade" do grupo Gudds


Entre as comédias em cartaz na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, um elemento é recorrente: muitos são os espetáculos a abordarem o riso a partir da representação do homossexual. Os contornos dessa representação, porém, costumam gerar opiniões e análises distintas. 

Se, por um lado, há quem veja a construção de uma identidade estereotipada e limitadora do gay nas montagens, por outro existe também a defesa de que tal visibilidade ajudaria a reduzir preconceitos.

Recentemente, o assunto foi tema de uma pesquisa realizada pelo Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (Gudds), intitulada "O Riso e a (in)Visibilidade", que analisou a temática homoerótica nos espetáculos da 36ª Campanha, realizada em 2009. A pesquisa selecionou peças cuja sinopse evidenciasse a abordagem do tema, somando 11 espetáculos.

A primeira constatação foi de que apenas uma das montagens não estava circunscrita no campo da comédia. O riso foi então um dos princípios da análise, identificado como elemento regulador do convívio social. "Usamos a definição do riso de Bergson, como algo que reprime as excentricidades. Mas não realizamos uma pesquisa de recepção para entender do que exatamente as pessoas riem. Também percebemos que, nas encenações, o importante era a performance do ator pautada pelo estereótipo, mais do que a trama", diz Igor Leal, ator e integrante da pesquisa.

O estudo também constatou que as peças utilizam referências disseminadas socialmente. "Elas constroem a homossexualidade com os mesmos parâmetros do senso comum, por isso funcionam tanto", diz Leal.

Para Luiz Fernando Duarte, que produz duas peças de temática gay nesta Campanha ("O Nome dela É Valdemar" e "Uma Empregada Quase Perfeita"), a intenção de suas comédias é rir de situações presentes no cotidiano de um homossexual. 

"A gente recebe muita crítica por acharem que o gay é alvo de riso, mas nossa intenção é apenas a de narrar situações engraçadas", defende. "Não acho que os personagens sejam estereótipos pois existem vários tipos de gays retratados nas peças. A gente busca passar o que é real".

A pesquisa conclui, porém, que as comédias abordadas não podem ser encaixadas no conceito de homoerotismo, por adotar uma perspectiva limitadora sobre as relações homossexuais. "Elas não problematizam nem levantam as diferentes possibilidades afetivas de relacionamento gay", aponta Igor Leal.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Novelas e o beijo gay, o que muda no pensamento social?



Esta é uma entrevista que concedi aos estudantes de jornalismo da Universidade Nove de Julho, para uma publicação de circulação interna da universidade, não sei se foi publicada, mas agora vocês podem conferir aqui:

Você acredita que a imagem do homossexual é muito estereotipada nas novelas? Por quê? 


Sim, há um estereótipo forte e contumaz, contudo, ele retrata, ou melhor, ele satisfaz, plenamente, à proposta última desse movimento cultural, filosófico, literário das denominadas novelas. Acontece que esse estilo vem de forma imediata do movimento Romântico (séc. XIX, Inglaterra, Alemanha e França) e o mesmo não era um movimento de ruptura social, pelo contrário, era um movimento burguês de escapismo, utopia, subjetivismo, fantasia, individualismo. A "idealização" do ideal burguês faz parte disso; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal: a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor é quase sempre espiritual e inalcançável; o homossexual, nesse período, é encarado como um doente, uma caricatura, um mal que deve ser combatido. Sem embargo, o Romance projeta o gosto do público burguês; os primeiros romances editados no Brasil, ainda na década de 1830, marcam-se pelo aspecto do folhetinesco. O folhetim, publicado com periodicidade regular pela imprensa, equivale as atuais novelas de televisão e confina com a subliteratura.



A abordagem do homossexualismo nas novelas ajuda a combater o preconceito ainda existente? 


Vamos corrigir primeiro um termo: homossexualismo. Vamos chamar de homossexualidade. “Ismos” têm ligações com partidos políticos e movimentos religiosos, filosóficos, práticas ideológicas, etc; “idade” como sufixo, na língua portuguesa, é forma de substantivos a partir de adjetivos, que expressam caráter, qualidade, atributo daquilo que é próprio de algo ou alguém, modo de ser, estado, admiração e pluralidade. Assim “idade” retrata melhor o homossexual naquilo que ele é, ou seja, seu modo de ser, existir.

Nessa pergunta dois há um paradoxo, por conta de uma fenomenologia social; a abordagem da homossexualidade nas novelas, em princípio, não ajuda a combater nada, afinal, não há uma proposta de quebra de paradigma sociocultural, politizada, uma ideia de ruptura com as estruturas de poder. Não é a proposta do movimento Romântico, não é a proposta de uma novela. Contudo, em contrapartida, existe o marketing, e, sendo ele positivo ou negativo, real ou “caricaturado”, ele traz a figura do gay para dentro da casa de pessoas, fazendo com que este se torne familiar ao ambiente, mais perto da realidade daquele núcleo, que antes fechava tal possibilidade, é algo extremamente ambíguo, afinal, as pessoas que estão nesse ciclo passam a admitir a possibilidade do gay, desde que este esteja na casa do vizinho, nunca na casa deles mesmos. O homossexual nessa perspectiva seria admitido desde que ele seja: o filho do meu amigo, o colega de trabalho, escola, alguém na casa do vizinho ao lado, nunca no meu núcleo, NUNCA MEU FILHO.

Então respondendo diretamente a pergunta, óbvio, que dentro desse contexto fundamentado, a novela ajuda a popularizar uma imagem distorcida de um homossexual, mas não combate a homofobia, ela traz a possibilidade do gay como algo comum (ainda que um bobo da corte, afetado), mas o preconceito continua lá, silencioso, tácito. Entretanto, como ele passa a ser uma realidade presente e possível, torna-se mais fácil discutir o tema HOMOSSEXUALIDADE dentro da coletividade, pois ele passa a ocupar a agenda do dia, mas a novela em si mesma só popularizou algo, a redução do preconceito se da efetivamente no combate da militância e das políticas públicas.

Toda a divulgação realizada pela mídia se torna positiva?

Depende, vários fatores, mas, enquanto tornar comum o homossexual, sim, é positivo esse aspecto.


A visão homossexual demonstrada nas novelas está longe da realidade? Por quê? 

Sinceramente, eu acredito que esteja sim. Em Ti-Ti-Ti, eu cheguei a ficar arrepiado com o Thales e o Julinho. Julinho foi retratado como um “gay de família”, praticamente uma donzela incauta, pura, quase virgem, esperando ser assumido por seu “príncipe encantado”! Na verdade, o que se tem é uma leitura de um romance heterossexual, sendo escrito para homossexuais vivenciarem. Em outras palavras, há um óculo heterossexual na leitura do que seria um romance gay, então o romance gay da novela é escrito de forma a abordar os ideais da heteronormatividade para o casal gay em si. Algo, que em meu entender é incompatível com o universo da homossexualidade em si.

Penso que o homossexual não pode, e nem deve querer, ser retratado dessa forma. O homossexual deve valorizar seu jeito de ser gay, criar seu universo, e se orgulhar dele, e não ficar mendigando a vivência das marcas estabelecidas do que se tem e se acha, por isso, algo “natural”. Queremos nosso Direito Civil pleno, mas o enquadramento ao estilo hetero de ser não, caso fosse assim, seria melhor transarmos também com pessoas do sexo oposto.

Ser homossexual é algo muito além de curtir o sexo com iguais, mas é ter identidade própria, uma ontologia própria. O homossexual tem uma forma própria de se relacionar, de se estabelecer e se articular. O homossexualidade não é uma forma de desejo (anormal para o heterossexual), não pode ser reduzida a isso, mas é algo desejável, que cada gay deve se orgulhar.

Ser homossexual é ser envolto em implicações históricas; por muito tempo as sociedades heteronormativas condicionaram o comportamento gay às relações casuais, ao desejo, à libido. A imagem de rapazes transando, sem vínculos, apenas guiados a uma satisfação imediata, responderia aos ditames sociais severos, assim, tranquilizaria o senso comum às caricaturas preconcebidas (prostitutos, promíscuos, lascivos, doentes, invertidos, histriônicos). Mas estarrece, quando a homossexualidade passa ser desejada por seus atores, muito mais do que um conformismo, passivo, inexpressivo. Agora ela é bem mais do que mero sexo, ela forma comportamento, modo de vida homossexual. Contudo, esse modo de vida é muito diferente do casal Julinho e Thales em Ti-Ti-Ti, porque esse modo de vida é ideal de uma cultura normativa, diferente daquela que o homossexual, de fato, preconiza, estabelece.

Assim, penso que há um erro de leitura. O gay sendo retratado como um casal tipo hetero é um demérito, um contrassenso, ao estilo de vida gay. A questão não é a caricatura, que é uma forma de deboche, mas também não é o enquadramento de um estilo próprio dos heterossexuais. O estilo gay é próprio, é de identidade, é ontológico, e se estabelece no ORGULHO disso, e não vislumbrei tal feito sendo retratado nas novelas.     

sábado, 3 de dezembro de 2011

Mentiras sobre o travesseiro

Novo livro conta romance que todo gay um dia já sonhou
Em Mentiras sobre o travesseiro, escritor percorre passos que todo gay já deu














A trajetória de um gay, independente de quem seja, traz muitos aspectos em comum. Cada um tem sua história, mas a maioria teve de enfrentar as mesmas etapas. O desejo pelo corpo masculino, pelo amiguinho da escola, ainda na infância. Na mesma escola, o fato de ser gongado pelos colegas de classe – o “famoso” bullying. 

As brincadeiras com o primo na adolescência. O namoro com meninas para se convencer de que pode se adequar aos padrões tidos como normais pela sociedade. As crises. O ato de se assumir para os pais e dar ao mundo a cara à tapa. Conhecer o cara por quem você se apaixona e se entrega achando que vai ser o homem da sua vida, até a primeira grande decepção amorosa. Quem nunca?!

A obra de Raphael Mello “Mentiras sobre o travesseiro” percorre justamente este caminho ao contar a vida de Pedro, que tem uma história de vida simples. Numa sala de bate-papo, marca um encontro com Marcos e, ao conhecê-lo, se apaixona e acredita que ele seja o seu grande amor. Passa a fazer planos, ter novos sonhos, idealizar um futuro até se transformar numa nova pessoa. Ao lado de Pedro, chega a viver os momentos que define como os mais felizes de sua vida, dos quais nunca ira esquecer.

Mas no caminho, ele se depara com a mentira, a decepção, a falta de caráter. Pedro muda. Marcos muda. As dúvidas se acentuam, os objetivos tornam-se outros e os sentimentos se transformam. É possível se apaixonar de novo pela mesma pessoa? As inquietações e inseguranças do personagem nos despertam reflexões. Até que ponto vale a pena amar? Até que ponto você é capaz de mudar o destino do próximo? Uma história contada ao longo de 445 páginas que passam sem que você se dê conta, tamanha a facilidade de identificação.

O que poderia ser mais uma obra literária que conta a história de um gay ganha um diferencial justamente por mergulhar na intimidade dos personagens e tentar traduzir, em palavras, o aspecto psicológico, os caminhos percorridos pela razão e pelo coração de cada um deles.

O livro passou dois anos para ser escrito e contou com a válida supervisão do psicólogo Fábio Costa. Apesar de extensa, a obra consegue segurar o ritmo até o final, a ponto do autor anunciar que “Mentiras sobre o travesseiro” é o primeiro de uma trilogia e a gente torcer para que saia logo o segundo livro.

Mentiras sobre o travesseiro - Raphael Mello
Editora New Book
445 páginas
Preço: R$ 39,90 
Fonte Mix Brasil







terça-feira, 1 de novembro de 2011

Jô Soares lança seu quarto romance policial, As esganadas, sobre obesas


Enredo se passa em 1938, ano em que o autor nasceu



Jô Soares gosta de mandar no fim de seus programas de entrevistas “um beijo do gordo”. Num mundo que não gosta de gordos — que são quase considerados culpados de um crime que não cometeram ou de um defeito moral hediondo —, o humorista decidiu matar muitas obesas. A maior vingança é que As esganadas é muito divertido. Quarto romance policial do autor, ele mantém com os anteriores a ambientação histórica e geográfica no Rio de Janeiro de outros tempos. Desta vez, a trama se passa em 1938 — ano em que José Eugênio Soares, o Jô, nasceu.

O romance policial se tornou, de uns tempos para cá, uma espécie cult de literatura de entretenimento. Depois de vencer a barreira de classe e de gosto, vem sendo exercido por gente sofisticada, até psicanalistas e linguistas, como exemplo de uma certa visão meio cética, meio cínica da 
sociedadecontemporânea. Em outros termos, a narrativa policial se tornou ela mesma um álibi para quem jura que sabe o que é ser popular, mesmo que só conheça o povo a distância segura. Nesse caminho, Jô tem a vantagem de vir do cenário pop da televisão e do humor. Na verdade, seu empenho tem sido o inverso dos seus colegas de literatura: ele sempre quis mostrar que é chique, mesmo sendo humorista de tevê.

As esganadas inverte o rumo habitual das novelas de detetives. Logo no começo, o leitor fica sabendo quem é o assassino. A graça está nos detalhes da caçada ao facínora. Mais uma vez (como nos outros romances do autor), trata-se de assassinato em série. Agora, as vítimas são obesas gulosas, que morrem pela boca. O assassino é um tipo macilento e magro, papa-defuntos de profissão, que tem o sugestivo nome de Caronte (o barqueiro mitológico que leva as almas ao mundo do mortos), que herda do pai a funerária Estige (nome do rio em que Caronte remava sua canoa).

Caronte foi criado por uma mãe dominadora, que infernizava a vida do pai e seguiu com o mesmo propósito com o filho. O pai suicidou-se, o filho a mata. Ela não queria que ele comesse muito e não o deixou estudar música, sua paixão. A vingança, com suas motivações psicanalíticas, levou Caronte a planejar a morte de todas as mulheres gordas e lindas (como a mãe) que cruzassem seu caminho. Ele atrai as obesas com a sedução de doces portugueses. E vem de Portugal o detetive Tobias Esteves (o “Esteves sem metafísica” do poema Tabacaria, de Fernando Pessoa), que oferece seus talentos dedutivos ao delegado Mello Noronha, encarregado do caso.

Uma das graças da novela é a utilização de personagens, fatos e curiosidades da época. A começar pelo clima político do Estado Novo, com a sombra de Filinto Müller a cobrar resultado da investigação (muitas gordas esganadas são de famílias importantes), enquanto a inclinação nazista vai se desenhando na ditadura Vargas. Além disso, o relato é pontuado por noticiários de rádio com seus reclames; por eventos esportivos, da Copa do Mundo de 38 na França a corridas de carro no Circuito Gávea, com participação de Chico Landi e do cineasta português Manoel de Oliveira; e pela geografia das ruas do Rio de Janeiro, com destaque para as confeitarias.

O time encarregado de decifrar o mistério (além de Mello Noronha e Esteves é completado pelo medroso e prático Valdir Calixto, mistura de Sancho e Watson em seu certeiro e constrangido bom senso) ganha a contribuição de uma bela repórter e fotógrafa, Diana, que trabalha para as revistas de Chatô, que não tem pudor em usar seu charme como ferramenta profissional. O quadro social das vítimas também vai ser distendido com a incorporação de uma prostituta polaca. E, como não podia deixar de ser, há um personagem anão, desta vez um cantor de óperas de uma companhia alemã (Jô sempre dá um jeito de pôr um anão na trama).

Charutos e formol

As tramas policiais de Jô Soares são repletas de erudição. Além dos charutos (uma homenagem ao mestre Rubem Fonseca, outro partidário do exibicionismo finório em narrativas policiais), o leitor fica sabendo sobre técnicas de embalsamamento, ganha lições de pintura e música, recebe informações sobre a relação do bruxo inglês Aleister Crowley com o poeta Fernando Pessoa, além de muita cultura de almanaque: ópera wagneriana, lobotomia e fórmulas herbais de emagrecimento. E ainda topa com o latinório de algibeira recitado pelo detetive português, que é formado em psicologia e filosofia. Para habitar esse universo real e fantástico, o autor mescla personagens de ficção com gente de verdade, nem sempre desempenhando papéis históricos.

As esganadas é um romance que, mesmo com tanta violência descrita de forma clínica, foi feito para divertir. Segue o mesmo plano dos primeiros livros de Jô, que foram sucesso de público. A crítica, como se trata de um homem poderoso no mercado da vaidade e da mídia, preferiu sempre andar de lado. A editora informa que a primeira edição sai com 80 mil exemplares, uma marca gorda demais para o mercado brasileiro. É sinal de que a diversão anda em alta, o que é bom. E o livro, com sua engenhosidade, cumpre o que promete.

Não é grande literatura, mas, pelo menos, desde o começo, não engana ninguém. Jô, escritor, acaba sendo muito mais engraçado e simpático que o entrevistador das madrugadas, que virou um personagem de si mesmo, muito ciente de sua imagem. Como diria Fernando Pessoa, personagem do livro: o bom poeta precisa ser um fingidor.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diálogos com o passado


Publicado no Jornal OTEMPO em 25/10/2011

CARLOS ANDREI SIQUARA



Cidade de Ouro Preto




A sétima edição do Fórum das Letras, a ser realizado em Ouro Preto entre 11 e 15 de novembro, salientará o histórico cultural e literário da cidade que já foi palco de movimentos artísticos bastante consistentes ao longo do tempo.

A partir do tema Memória do Esquecimento, a programação irá evocar o pujante passado da ex-capital de Minas Gerais, e do país de maneira ampla, para alimentar novos diálogos no presente. Oficinas, encontros e debates com a presença de escritores brasileiros e estrangeiros, além de estudantes e pesquisadores, darão dinâmica a esse projeto realizado pela Universidade Federal de Ouro Preto.

Durante a coletiva de imprensa realizada ontem, a curadora geral do evento, Guiomar de Grammont, adiantou que um dos destaques será a presença da atriz e escritora Judith Malina, que há quatro décadas foi expulsa do Brasil junto com os integrantes do Living Theatre, por imposição do regime de ditadura.

Outra convidada é Cecília Boal, mulher do dramaturgo e diretor de teatro Augusto Boal (1931-2009), cujo trabalho foi emblemático para pensar o teatro como um instrumento de manifestação política.

Embora a dramaturgia ganhe uma visibilidade inédita no festival, com a curadoria da pesquisadora da UFOP Alessandra Vanucci, Grammont afirma que essa não é a primeira vez que os professores dos cursos de artes cênicas, trabalham conjuntamente aos dos departamentos de letras, filosofia, música e jornalismo para conceber a diversificada programação.

"Nós temos priorizado um trabalho em conjunto para conseguirmos abranger a diversidade da produção contemporânea, levando em conta uma reflexão sobre o passado cultural e político do país", disse Guiomar de Grammont que frisou o papel da memória para valorização dos múltiplos papéis dos artistas na sociedade.

"Além desses convidados, nós vamos também receber vários escritores brasileiros que ainda não estiveram no Forum, como Arnaldo Bloch, Ronaldo Correia de Brito, e alguns veteranos, como, a autora Branca Maria de Paula e outros integrantes do coletivo 21", completa.

Nomes que figuram entre os principais do jornalismo contemporâneo, como (a também escritora) Eliane Brum, Joaõ Gabriel de Lima e Paulo Roberto Pires estarão presentes para debater sobre jornalismo cultural.

Agenda

O QUÊ. Fórum das Letras
QUANDO. De 11 a 15/11
ONDE. Ouro Preto-MG
QUANTO. Entrada franca




Homenagem a Elizabeth Bishop
Com uma programação extensa que abrange literatura, teatro, e jornalismo cultural, dentre outras áreas, o Fórum das Letras também inaugura neste ano a realização de um congresso internacional dedicado à apresentação de trabalhos acadêmicos.

O evento Deslumbrante Dialética: O Brasil no Olhar de Elizabeth Bishop, realizado pela UFOP em parceria com a UFMG, será um dos carros-chefes desta edição.

A professora Maria Clara Galery, coordenadora do projeto, observa que a poeta norte-americana se tornou uma das mais importantes do século XX e que sua obra continua constamente sendo estudada.

"Recentemente, encontraram manuscritos do livro "Brasil", que ela renegou e mostra uma outra visão dela sobre o país. Então, Bishop continua sendo muito estudada, tanto pelo interessse na obra dela como escritora modernista, quanto pela relação com o Brasil", diz. (CAS)

Banda israelense de ativista gay une militância e som dançante


A banda israelense “The Young Professionals” faz som contemporâneo edançante, e ganhou o reforço da participação de Uriel Yekutiel nos videoclipes.


Também denominados como TYP, o grupo tem como idealizadores Jonathan Goldstein e Ivri Líder, conhecido também por ser um importante ativista da causa gay em Israel.

Com sete discos lançados, eles começaram a ganhar espaços nas listas de reprodução do ocidente com sua formação dinâmica e super colaborativa. Eles vão conhecendo os artistas e produzindo canções com eles, na maior diversidade possível.






Fonte: Cena G

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

No tempo do curta-metragem

Publicado no Jornal OTEMPO 






Foi-se, de fato, a época em que os curtas-metragens estavam restritos a uma espécie de periferia da produção cinematográfica. Mesmo que boa parte das locadoras de filmes e salas comerciais de cinema ainda tragam o longa-metragem como formato soberano, é cada vez mais numerosa e mais qualificada a produção de curtas-metragens em todo o mundo, como comprova o impressionante número de 2.635 trabalhos recebidos pela organização do 13º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, evento que começa hoje e segue até o próximo dia 23.

"Ao contrário do que acontecia nas primeiras edições, em que alguns trabalhos medianos eventualmente compunham a programação, o que temos hoje é a possibilidade de criar sessões e mostras inteiras apenas com filmes realmente bons", observa Daniel Queiroz, diretor artístico e coordenador geral do evento.

Selecionados a partir das centenas de trabalhos recebidos pelo festival, 125 trabalhos produzidos nos mais diversos cantos do mundo foram divididos, como já é tradição no evento, entre três mostras competitivas e seis programas temáticos.

Mostras competitivas. Carros-chefes do evento, as mostras competitivas apresentam, na visão de Queiroz, o panorama extremamente diversificado que caracteriza a atual produção em curta-metragem, seja em termos mundiais, nacionais ou ainda estaduais.

"É bastante difícil falar em tendências, dada a pluralidade da produção contemporânea no que se refere a gêneros, temáticas e propostas. Cada vez mais, o trabalho das comissões tem se tornado deixar-se impactar por cada um dos filmes individualmente, sejam eles ficções narrativas ou trabalhos experimentais", defende.

Ainda que não possam ser apontadas como tendências, Queiroz indica certas características que podem ser observadas em alguns dos filmes recebidos e selecionados pelo festival.
"Chama atenção, por exemplo, a presença de filme ligados à juventude, tratando por meio de protagonistas jovens, questões que certamente ultrapassam esse universo", destaca o diretor artístico.

"Entre os filmes europeus, por outro lado, percebe-se um grande interesse por temáticas relacionadas a imigrantes, refugiados e fronteiras", observa.

No que toca à seleção nacional de curtas-metragens, ele destaca um claro amadurecimento da produção, assim como uma considerável diversidade entre os perfis de autores interessados na realização de trabalhos de curta duração.

"Ao mesmo tempo em que o festival reúne obras de realizadores mais experientes, Rodrigo Grota, Daniel Lisboa, Sérgio Oliveira e Juliana Rojas, há filmes excepcionais dirigidos por autores estreantes, como Vítor Furtado e Gabriela Amaral - que estreia, inclusive, com dois trabalhos", exemplifica.

Contando pela primeira vez com uma mostra competitiva exclusiva, a produção mineira surge, na visão de Queiroz, em pé de igualdade com o que, de melhor, se produz no país.

"Assim como se vê no Ceará e em Pernambuco, a produção de Minas Gerais tem alcançado um amplo reconhecimento nacional e internacional, e, diante desse cenário ascendente, chegou a hora do festival fazer suas escolhas", diz.

Agenda

O que. 13º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte
Quando. De hoje a 23 de outubro
Onde. Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro)
Quanto. Entrada gratuita (ingressos distribuídos 15 minutos antes de cada sessão)


Minas
Treze curtas-metragens foram selecionados para a Mostra Competitiva Minas, dentre os quais "Luruskan", de Joacélio Batista (à esq.), "A Boate Azul", de Cássio Pereira dos Santos (acima) e "Dona Sônia Pediu uma Arma para Seu Vizinho Alcides", de Gabriel Martins (à dir.). Além deles: "Antes Pássaro, Agora Peixe", de Ana Moravi e Dellani Lima; "E Depois do Começo", de Cristiane Ventura; "Filme Pornografizme", de Leo Pyrata; "Contagem", de Maurílio Martins e Gabriel Martins; "O Céu no Andar de Baixo", de Leonardo Cata Preta; "Cajaíba", de João Borges; "Cineastas do Apocalipse", de Ayron Borsari; "Não Há Cadeiras" de Pedro di Lorenzo; "La Lira de Maurilia", de Alonso Pafyeze; e "A Poeira e o Vento", de Marcos Pimentel.

FESTIVAL DE CURTAS DE BH
Momento de ganhar repertório e visibilidade
Daniel Toledo
Além de contribuir para a ampliação do repertório do público e dos realizadores da cidade, o Festival Internacional de Curtas oferece, na visão de Daniel Queiroz, uma importante oportunidade para que os mesmos realizadores estendam o alcance de suas criações.

"Nesse sentido, é importante destacar que contamos com a presença de curadores de eventos internacionais de peso, que representam os festivais de Oberhausen (Alemanha), Veneza (Itália) e IndieLisboa (Portugal). Com isso, além de fomentarmos o intercâmbio do festival com outros grandes eventos, esperamos contribuir para a circulação da produção brasileira e mineira nesses circuito", afirma o diretor artístico do evento.

No que toca o movimento centrípeto do festival, um dos principais destaques desse ano corresponde à presença do realizador e pesquisador francês Yann Beauvais, que, além de trazer alguns de seus trabalhos autorais, assina a curadoria da mostra "Cinema Para Pensar", voltada ao campo do cinema experimental.

"No festival do ano passado, ele realizou um seminário e percebeu que havia, por aqui, um grande interesse e um grande desconhecimento em relação à tradição do cinema experimental. Pensando nisso, fizemos um convite para que ele voltasse neste ano e demos carta branca para que ele trouxesse uma seleção de filmes que representassem essa tradição, com destaque para os produzidos ao longo das décadas de 1960 e 1970", explica Queiroz, que aposta nos comentários de Beauvais como uma forma de aproximar o público local dessa rara produção.

Serão esses, aliás, os únicos trabalhos incluídos na programação do festival e realizados antes de 2010. Todos os demais curtas-metragens, seja nas mostras competitivas ou especiais, foram finalizados ao longo dos últimos dois anos e passaram pelo crivo de diferentes comissões de seleção.

Enquadram-se nessas condições, portanto, os trabalhos que integram as mostras Animação e Movimentos do Mundo (que trazem exclusivamente filmes internacionais), Doc Brasil e Maldita (com produções nacionais), e, por fim, as mostras Infantil e Juvenil – sendo esta última estreante na história do festival.

domingo, 9 de outubro de 2011

Mostra Roma - A vida e os imperadores, na Casa Fiat de Cultura, já foi visitada por 15 mil pessoas



Aberta dia 21 do mês passado na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, a exposição Roma – A vida e os imperadores alcançou esta semana a notável marca de 15 mil visitantes. Com entrada franca e curadoria de Guido Clemente, professor de história romana da Universidade de Florença, na Itália, a atração é composta por aproximadamente 370 peças originais (trazidas de museus italianos), que representam aspectos dessa antiga sociedade durante os primeiros três séculos do império, de Júlio César (44 a.C.) a Caracala (211-218 a.C.).

“Tenho a sensação de que vamos superar nosso recorde”, diz José Eduardo de Lima Pereira, presidente da entidade. Ele se refere às 120 mil pessoas que conferiram, entre agosto e outubro do ano passado, as exposições de obras dos artistas franceses Chagall e Rodin, que foram realizadas simultaneamente na Casa Fiat de Cultura. Além de entrada franca, a atração atual conta com transporte gratuito (a cada uma hora e meia, diariamente) no trajeto de ida e volta entre o local e a Praça da Liberdade, na região Centro-Sul.

“As visitas guiadas para escolas já estão esgotadas e não temos como abrir outras por questão de agenda. Estamos estudando alternativas, como levar vídeos e educadores às escolas”, adianta. Cerca de 65 escolas já fizeram visitas orientadas às duas salas que compõem a mostra, onde estão esculturas, mosaicos, joias, cerâmicas, afrescos, adornos, vestimentas e objetos do dia a dia, provenientes do Museu Arqueológico Nacional de Florença, do Museu Nacional Romano, do Museu Nacional de Nápoles, do Antiquário de Pompeia, do Museu Arqueológico de Fiesole e da Galleria degli Uffizi, todos na Itália.

Entre os objetos expostos destacam-se as três paredes com afrescos da Vila de Pompeia, as estátuas de Júpiter, de Lívia (esposa de Augusto) e da deusa Ísis, a cabeça colossal de Júlio César em mármore, máscaras teatrais, escultura de Calígula, armadura de gladiador, desenhos do Coliseu, a lamparina de ouro e cerca de 60 joias. Em ordem cronológica, o texto da exposição dá ênfase ao cotidiano dasociedade à época, com destaque para os seus principais eventos e personagens, além de descrições de cerimônias do poder e festivais.

Público “O que tivemos de informação aqui foi incrível. Está superdidático. Estive na Itália há 25 anos e vi muita coisa. Agora dá ver as peças com muita calma”, afirma a representante comercial Cláudia Ribeiro, de 48 anos, que conferia a exposição com Naná Araújo, de 73, e Beatriz Balbino, de 46, que também só fizeram elogios à Roma – A vida e os imperadores. “As peças em mármore são maravilhosas”, admira a psicopedagoga Beatriz, enquanto a banqueteira Naná aprova os textos da mostra, para ela de fácil assimilação.

Encantado, o professor Geraldo Soares dos Santos, de 69 anos, veio de Divinópolis. “Assisto muito a documentários sobre o assunto, mas é emocionante estar diante dessas peças, que são de outras eras”. Mesmo sendo conhecedor do tema, achou muito interessante saber, por exemplo, que algumas estátuas de mármore eram pintadas. “Isso é pouco falado”, comenta. Ele avalia como “bom” o trabalho dos monitores que circulam pelas salas nas visitas guiadas.

Aos 14 anos, Natielle Monteiro, estudante da Escola Municipal Anne Frank, em Belo Horizonte, achou muito curioso descobrir que os padrões de beleza da época retratada pela exposição eram, ao que tudo indica, diferentes dos de hoje. Guiada por um dos 30 monitores que atuam no local e acompanhada pelos colegas, apreciou as formas de uma deusa nua e, nas palavras dela, “mais gordinha”. “São coisas que a gente não sabe, pois nossa cultura é diferente”, pondera.

“Amei. Achei um espetáculo essa exposição. Belo Horizonte foi premiada com ela. Faz a gente lembrar as épocas passadas. Fica a memória, a cultura, a sabedoria, e isso passa uma coisa boa para a gente. É interessante ver como eles tinham tanto conhecimento e como nós aproveitamos muito isso”, afirma a decoradora de eventos Cristina Harry, de 59 anos. Para a aposentada Maria Antoinette Gonçalves, de 55, faltaram informações sobre as origens de cada peça nas respectivas placas de identificação: “Para quem já visitou museus no exterior é interessante saber isso”.

Roma – A vida e os imperadores
Exposição, palestras e sessões de cinema. Até dia 18 do mês que vem, na Casa Fiat de Cultura (Rua Jornalista Djalma Andrade, 1.250, Belvedere). Horário de visitação: de terça a sexta, das 10h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 14h às 21h. Entrada e transporte gratuitos (saindo e chegando na Praça da 
Liberdade, no Funcionários). 
Informações: (31) 3289-8900 e www.casafiatdecultura.com.br





Debate e cinema
Paralelamente à exposição, série de palestras temáticas serão realizada a partir do dia. Entre os temas, o apogeu do império romano, arte, política e economia. Especialistas de universidades italianas são alguns dos convidados, incluindo o próprio curador, Guido Clemente. Todas são gratuitas e começam às 19h30. 

Aos sábados e domingos, às 15h, até dia 27 do mês que vem, haverá sessões de 11 filmes que retratam a história de personagens, costumes e tradições do império, como Ben Hur (1959), Gladiador (2000), Cleópatra (1963), Asterix & Obelix contra César (1999) e Júlio César (1953). Também com entrada franca.

Troca necessária
Segundo o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, já foram tomadas providências para reparar os erros (ortografia, pontuação e sintaxe) constatados nos textos da exposição, o que inclui as plotagens nas paredes e placas descritivas, que estão sendo trocadas. O catálogo deverá ganhar segunda edição corrigida.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A liberdade de Jorge Amado sob o olhar juvenil


Filme adapta romance lançado em 1937 sobre um grupo de meninos de rua vivendo de golpes no litoral da Bahia
Publicado no Jornal OTEMPO 


Becos de Salvador se tornam cenário para as estripulias de um grupo de garotos em "Capitães da  Areia"Romance do baiano Jorge Amado (1912-2001) lançado em 1937, "Capitães da Areia" ganha sua primeira versão cinematográfica brasileira. O livro já havia sido levado às telas numa produção estrangeira em 1971.

Desta vez, quem comanda a empreitada é Cecilia Amado, neta do escritor e cuja experiência audiovisual se deu na série de TV "Cidade dos Homens", como assistente de direção.

Há relações entre uma coisa e outra. "Capitães da Areia" acompanha o cotidiano de um grupo de meninos de rua vivendo de golpes, furtos e camaradagem na Salvador dos anos 1930. Liderada pelo impetuoso Pedro Bala e tendo uma galeria marcada por garotos chamados de Sem-pernas, Professor, Gato, Querido de Deus e Boa Vida, a turma mora num trapiche abandonado à beira da praia - a representação máxima da liberdade e falta de limites dos jovens rapazes.

O filme se sustenta em imagens de tom exageradamente publicitário a momentos de genuína emoção, a maior parte deles ancorada no talento dos atores, todos sem experiência prévia no ofício.

Nisso, "Capitães da Areia" empolga pela criação exemplar de Jorge Amado, que mantém o encanto na transposição e desanima na maneira pouco criativa como o filme desenvolve a narrativa. Nem cabe falar sobre a condensação de elementos-chave do livro, pois escolhas são escolhas. Mas há de se questionar um certo medo que parece pairar de que o filme pudesse, afinal, ser bem mais liberto de quaisquer amarras.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

TIETA: Bafo de Bode X Silas Malafaia

tieta

Olha, é tão atual, mas tão atual que vale a pena ver o que Bafo de Bode tem a dizer sobre as práticas do Pastor Silas Malafaia! Se o povo aprendesse alguma coisa com Jorge Amado (autor da novela), o Brasil seria menos ignorante, e olha que a novela teve audiência massiva, exibida entre 14 de agosto de 1989 e 31 de março de 1990, no horário das 20 horas, pela Rede Globo, mas nosso povo continua estúpido e cego! Confiram o vídeo:

terça-feira, 7 de junho de 2011

Livro retrata autores e poetas que se tornaram ícones gays


Publicado no Jornal OTEMPO


O escritor e dramaturgo irlandês Oscar Wilde (1854-1900) viu o seu livro "O Retrato de Dorian Gray" ser publicado um ano depois de um escândalo que manchou a sua reputação e o levou à ruína em 1895. Parte da trajetória desse artista e de outros personagens que foram cerceados em razão da manifestação da sua homossexualidade é contada pelo historiador Tom Ambrose, no livro recentemente lançado no Brasil "Heróis e Exílios - Ícones Gays através dos Tempos" (ed. Autêntica, 216 págs., R$ 39).

Wilde, como observa o autor, tornou-se o infeliz protagonista de um caso que diz muito sobre o modo como as leis e a justiça da sociedade inglesa, em fins do século XIX, ainda estavam marcadas por uma visão homofóbica. Condenado à prisão, onde permaneceu em regime de trabalho forçado por dois anos, o crime cometido por ele foi ter se relacionado amorosamente com o jovem Alfred Douglas, conhecido como Bosie e filho do marquês de Queensberry.

O relato sobre Oscar Wilde é um ponto relevante do livro porque o seu destino se tornou amplamente conhecido na época. Em contraste com outros que o antecederam ou vieram depois, a sua trajetória se tornou emblemática pela tragédia que declinou um artista talentoso. Ele já se tornava aclamado por suas peças de teatro ou pelo burburinho em torno do romance ("O Retrato de Dorian Gray") que apresentava uma narrativa de contorno homoerótico.

Contemporâneos como o norte-americano Henry James (1843-1916) e o inglês E. M. Forster (1879-1970) sabiam dos perigos de assumir uma experiência homossexual na época em que viveram. E, na esteira de outros, como observa Tom Ambrose, que sentiram necessidade semelhante - A. J. Symonds (1840-1893), Lorde Byron (1788-1824) -, só restava o desafio de lidar com uma realidade que não oferecia muitas escolhas. Ou se optava por uma existência discreta, como o fez Henry James, ou se lançava para o exílio em sociedades afastadas das cidades de origem.

A partir da descrição do percurso de várias outras personalidades, incluídas algumas mulheres, das quais se destaca a escritora Gertrude Stein (1874-1946) - autora de um dos primeiros livros com temática lésbica -, o historiador Tom Ambrose provoca uma reflexão sobre a aceitação da homossexualidade atualmente. Ao recordar os tempos áureos da Grécia antiga, onde o amor entre pessoas do mesmo sexo não tinha um nome exclusivo, pois esse não era estranho, Ambrose questiona se a humanidade caminha a um retorno a esse contexto maior de tolerância.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Vai rolar em BH a Tarde Sobrenatural

Para quem gosta de livros de vampiros e cosplay, é um prato cheio

TVD

Se você gosta de Literatura, não pode perder essa. A Fábrica de Diversão e arte, com o apoio de editoras parceiras, promove eventos para a divulgação de novos livros infanto-juvenis. Desta vez, a Fábrica vai lançar o evento Tarde Sobrenatural.

Obras bem bacanas como Fallen e Diários do Vampiro serão discutidas em um evento aberto para o público, no próximo domingo, 22 de maio. 

A Tarde Sobrenatural vai contar com um bate-papo sobre as séries vampirescas que estão bombando ultimamente, além de um concurso de cosplays e distribuição de prêmios e brindes.

Gostou? É só aparecer na Leitura do Shopping Cidade, no domingo, às 14hs!

Fábrica de Diversão apresenta Tarde Sobrenatural

Domingo, 22 de maio, às 14hs.

Local: Leitura do Shopping Cidade

Fonte:UAI

quarta-feira, 9 de março de 2011

Pastor orienta: “irmãos lavemos o cu!”

anus

Quando vi esse vídeo achei sensacional! Rachei de rir também… Bem, o cara aí é pastor e médico, se não me engano, conhecido como Pastor Jajah, e embora o tema seja inusitado, é muito instrutivo sim! Digamos: uma das poucas coisas boas que já vi em muitas pregações evangélicas por aí!