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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Adão e Ivo, uma variante possível!




O desejo travesti de Adão

por: Renato Hoffmann

Certa vez, eu conversava com um professor de Letras, da UFMG, momento em que me surpreendi com o olhar sobre o personagem Frankenstein, da escritora romântica, inglesa, Mary Shelley. Na ocasião, o professor   relacionou-o como o primeiro travesti da história da literatura. A analogia usada, em tom de poesia, foi muito curiosa, significativa, além de bela e provocativa. De forma contemporânea, claro, sem se dar ao método de uma exposição acadêmica, contudo de uma riqueza inenarrável.

Vez ou outra, escutamos por aí que: “Deus criou Adão e Eva e não Adão e Ivo”, assim sendo, os favoráveis a esse argumento concluem:  “esse mesmo Deus não é a favor da homossexualidade, pois, se fosse, ele teria criado o homem para o homem, a mulher para a mulher e não a mulher para o homem”.
                     
Ora, sabemos que a Bíblia não fala literalmente em um Adão, não o estabelece como um único homem criado. A expressão hebraica para Adão, no sentido amplo, é Adamah: terra, solo, chão fértil e significa, na essência, HUMANIDADE, aquilo que pode ser cultivado, modelado. Há quem diga de solo vermelho. O termo é diferente de eres, que significa terra em oposição ao céu, ao mar, terra matéria, substância, há vários outros sentidos como o político: delimitação de domínio de um clã, de uma tribo, o geográfico: fronteiras, terras delimitadas, regiões.


A narrativa da revelação nos diz que Deus criou o ser humano (´adam) com o solo vermelho, fértil, cultivável (´adamah). Nesse momento não há distinção de gênero; Deus cria a humanidade, ou o ADAMAH.

Filosoficamente o Ser é só, é próprio que o homem viva a solidão, contudo,  ele só se dá conta de sua condição, quando ao seu semelhante percebe e não consegue transpor-se nele, no outro. Assim, o Ser é o que é, e o outro continuará sendo o que é, um sem se transpor no outro, cada um sendo indivíduo de si mesmo. Jean- Paul Sartre dirá nessa perspectiva que o outro é o inferno (o inferno é o outro).

A narrativa bíblica diz que Deus viu que o homem estava só e resolveu criar para ele uma companheira, assim Adão caiu em um profundo sono. Ora, se em um primeiro momento a narrativa fala de uma humanidade, bem certo que os gêneros nela já estejam definidos (mas não distintos), o escritor eloísta, em sua teodiceia, resolve explicar esse sentimento VAZIO do Ser, dando a ele uma companheira. Essa companheira nada mais seria do que o sonho de Adão. Adão sonha consigo mesmo (o sujeito sempre fala de si), Eva, nada mais é do que o desejo de Ser do próprio Adão. Eva é o Adão travestido nas escrituras, é tudo aquilo que o ADÃO não tem coragem de ser, assumindo-se em si mesmo... Eva é a mulher do fruto proibido, da desobediência: é o Adão se libertando do jugo de ser macho e se vendo feminino, percebendo-se delicado, passivo, histérico. Na narrativa ele dorme, enquanto é moldado em si mesmo, enquanto perde a vara, para receber o varão. E nisso Adão se compraz!

Adão e Eva, Ivo e Eva, Adão e Ivo nada mais é, nas escrituras, do que o desejo travesti de Adão.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Heterofobia e moscas albinas



Heterofobia e moscas albinas
Sites brasileiros distorcem estudo produzido nos Estados Unidos

por João Marinho

O que vem a ser homofobia? Atualmente muito popular, a palavra parece ser autoexplicativa para a maioria dos mortais, mas há grupos e "especialistas" que procuram problematizar a questão – quase sempre, em nossa opinião, no intuito de jogar uma cortina de fumaça sobre o preconceito e a discriminação sofridos cotidianamente por gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs).

Em 2007, assisti a uma audiência pública no Senado a respeito do PLC 122/2006 – o projeto de lei que busca criminalizar, no Brasil, precisamente essa prática discriminatória. Lembro-me de que um dos convidados foi o Reverendo Guilhermino Cunha, da Academia Evangélica de Letras do Brasil (AELB), que, durante sua argumentação, tentou desqualificar a palavra homofobia.

Recorrendo aos elementos formadores da palavra – o prefixo homo-, de "igual" ou "semelhante"; e o sufixo -fobia, de "medo" –, Cunha procurou sustentar a impossibilidade de utilizar o termo para descrever o preconceito e a discriminação sofridos por LGBTs. Segundo ele, uma pessoa homofóbica seria alguém que tivesse medo do igual, ou seja, do mesmo sexo. Uma definição em que a maioria dos heterossexuais, e dos evangélicos que se opõem ao PLC, jamais poderia ser encaixada.

Parecia uma explicação plausível, mas aprendi, ao estudar autores como Michel Foucault e Pierre Bourdieu, que o questionamento sobre o que diz um saber especializado normalmente é um dos primeiros e mais necessários passos ao propormos uma sociedade mais libertária e aberta às diferenças. A ciência e os discursos do saber não são, afinal, integralmente neutros – e, aqui e ali, é preciso depurá-los de valores culturais e julgamentos morais que advêm de ideologias a priori e preconceitos históricos prévios.

Não sou linguista, mas, para qualquer pessoa que estude minimamente a língua portuguesa, resulta claro que o processo de formação de palavras pode ser mais livre e espontâneo do que certos etimólogos gostariam, e, nesse processo, nem sempre um prefixo de origem grega ou latina corresponde ao seu significado original na formação de uma palavra. Por vezes, o prefixo assume o sentido global de uma palavra da qual antes era componente, resultando no que se denomina falso prefixo.

Auto- é um dos melhores exemplos. O significado original grego é o de "por si mesmo" ou "próprio", como na palavra automóvel: algo que se move por si mesmo. No entanto, auto- é, por vezes, um falso prefixo, ao assumir, em outras palavras, precisamente o significado de automóvel, carro, e não o de "por si mesmo".

Com efeito, em palavras como autoescola e autovia, qualquer um entende que falamos de uma escola para aprender a dirigir um carro e de uma via em que os carros passam – e não de uma escola ou de um caminho que, magicamente, se movem sozinhos. Aeroporto é outro exemplo, com o falso prefixo aero-: obviamente, falamos de um lugar onde aeronaves pousam, e não de um porto que flutua no ar, que seria o caso se aero- mantivesse seu significado original.

Ora, homo-, de homofobia, deriva de homossexual. É um caso de falso prefixo, em que homo- não é "igual" ou "semelhante": homo- é gay! E fobia? Bom, embora, na psicologia e na psiquiatria, fobia seja quase sempre um medo patológico de alguma coisa, ela também se revestiu de um sentido conotativo ou derivado no uso cotidiano do português, significando aversão ou falta de tolerância. Portanto, como já registram dicionários como o Houaiss, homofobia simplesmente é a "rejeição ou aversão a homossexual e a homossexualidade".

Prova desse uso corrente de -fobia, eu tive em 2010, quando encomendei óculos novos com lentes hidrofóbicas. É óbvio que a vendedora falava de uma tecnologia que permitia às lentes serem à prova d'água e não se mancharem com gotículas – e não de lentes que, ao observarem a chuva chegando, fugissem dela, assustadas e traumatizadas.

Obviamente, conforme a palavra homofobia se populariza, o apelo de argumentos como o do Reverendo Cunha torna-se mais fraco. Gostem ou não, todos hoje têm uma consciência, mesmo parcial, do que é homofobia e do que é ser homófobo, homofóbico.

Foi, então, que os que se opõem aos direitos dos LGBTs lançaram outra ideia: a de heterofobia. Assumindo o uso do falso prefixo e o sentido conotativo ou derivado de fobia, passaram a dizer que gays e afins são heterofóbicos, ou seja, têm aversão a heterossexuais.

Posso admitir que existam pessoas que sejam, por exemplo, machistas – e considerem os homens superiores às mulheres de alguma forma. Pessoas que sejam misóginas – tenham aversão a mulheres; que sejam misândricas – tenham aversão a homens; ou mesmo misantropas, que tenham aversão ao gênero humano.

No entanto, a existência de pessoas que tenham aversão a heterossexuais ou à heterossexualidade especificamente, embora seja teoricamente possível, é bem mais difícil de sustentar. Quando alguém tem aversão a mulheres, por exemplo, normalmente é uma aversão que se dirige a todas, e as lésbicas costumam até mesmo sofrer essa aversão em dose dupla.

Fica até difícil pensar de que maneira a heterofobia se manifestaria. Se gays podem ser xingados de "veados", "bichas", "baitolas"... Como se xingaria alguém por ser hétero? E quantos héteros, no Brasil, são agredidos e mortos por esta razão: o fato único e exclusivo de gostarem do sexo oposto?

No entanto, a oposição aos LGBTs diz ter seus dados. Na internet em língua portuguesa, é repetida à exaustão a existência de um determinado estudo conduzido por Stephen M. White e Louis R. Franzini que indicaria "que há mais sentimentos negativos e heterofobia por parte das pessoas homossexuais, quando comparados com os sentimentos negativos e homofobia por parte das pessoas heterossexuais". Dúvida? Consultem este link: http://tinyurl.com/82mu4q4. A descrição encontra espaço até na Wikipédia, que muitos estudantes utilizam como fonte de pesquisa.

Sabendo que há muitos boatos e informações incorretas na internet, incluindo a Wikipédia – por sinal, chama a atenção que nenhum site indique qual seria esse estudo, onde e quando foi publicado –, procurei saber mais sobre a pesquisa dos Drs. White e Franzini.

Os autores existem, e, após navegar por mares nunca dantes navegados, deparei-me com a existência do estudo Heteronegativism? The attitudes of gay men and lesbians toward heterosexuals, publicado no Journal of Homosexuality, em 1999.

Infelizmente, quase todos os sites que disponibilizavam o estudo cobravam pelo download, e não foi possível obtê-lo na íntegra... Mas, como geralmente ocorre numa pesquisa bem-feita mesmo na internet, acabei por encontrar o contato do Dr. Stephen M. White no The Rainbow Connection, um site dedicado a ajudar pais de crianças homossexuais mantido pelo próprio psicólogo – e que possui o mesmo nome de um livro escrito por ele, sobre o mesmo assunto.

Tomei a liberdade de escrever-lhe pedindo que esclarecesse suas descobertas, informando que o material seria utilizado neste artigo, que vocês ora leem. A reação do Dr. White foi de surpresa. Com todas as palavras, ele me informou que os sites brasileiros – e portugueses – que indicam maior preconceito de gays e lésbicas em relação aos heterossexuais do que o inverso simplesmente dizem o contrário do que o estudo havia descoberto!

White e Franzini, na verdade, descobriram que, apesar de sofrerem muito mais discriminação devido a sua orientação sexual, gays e lésbicas mantinham, em geral, uma atitude extremamente positiva para com os heterossexuais, muito mais do que os heterossexuais dedicam a eles. Meu contato com o Dr. White resultou em uma nota de esclarecimento, assinada por ele, em inglês, e agora disponível no The Rainbow Connection: http://the-rainbow-connection.org/ResearchClarification.html.

Resumo da ópera e lição de jornalismo: não acreditem em tudo que leem; busquem sempre fontes e informações confiáveis e comparem dados; não reproduzam aquilo sobre o que paira dúvida ou não se sabe a origem; e se deem o benefício de questionar e perguntar sempre – e aproveitem agora para, orgulhosos, mandar a cada site que fez um uso incorreto das descobertas dos Drs. White e Franzini a informação fidedigna e desmascarar mais essa mentira que paira sobre os LGBTs.

Para mim, particularmente, o que me resta é dizer que até acredito que exista heterofobia. Também acredito em moscas albinas de olhos azuis – mas, até o momento, não vi nenhuma das duas coisas...



A imagem ilustrativa foi manipulada no software Adobe Photoshop.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Deputado vai apresentar pedido de plebiscito sobre validade da união gay no Brasil




O deputado federal e pastor membro daFrente Evangélica Marco Feliciano conseguiu reunir na Câmara na última quarta-feira (26), as assinaturas necessárias para pedir um plebiscito sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil, reconhecido nesta semana pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).


O plebiscito sobre a união homoafetiva será convocado por meio de Projeto de Decreto Legislativo e vai questionar se a união de pessoas do mesmo sexo é uma entidade familiar ou não. O deputado quer saber a opinião do povo porque acredita que seus colegas não se sentem à vontade sobre o tema.

Fonte Cena G

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Instrutor é demitido após sexo com recepcionista em salto de paraquedas


Alex Torres também trabalha como ator pornô. Departamento de Polícia de Taft abriu investigação.



                            Alex Torres e Hope Howell fizeram sexo durante salto de paraquedas. (Foto: Reprodução)

O ator pornô Alex Torres, que também trabalha como instrutor de paraquedismo, e Hope Howell, recepcionista da escola de paraquedismo, fizeram sexo durante um salto em Taft, nos EUA. O vídeo foi publicado no blog de Torres, segundo reportagem da emissora de TV "KGET".
Torres, que atende pelo apelido de "Vodu", retirou na segunda-feira o vídeo do blog depois que o Departamento de Polícia de Taft abriu uma investigação sobre o caso, já que o salto de paraquedas teria sido realizado próximo a um colégio.
O dono da escola de paraquedismo, Dave Chrouch, disse que não sabia o que tinha acontecido até a chegada da polícia. Chrouch afirmou que o instrutor foi demitido e que pretende conversar com Hope antes de tomar uma decisão. "Isso não deveria ter acontecido", disse ele.

Fonte: G1
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E isso não é nada comparado o modo promíscuo dos heterossexuais se relacionarem, contudo, ainda existe a velha hipocrisia, muitas vezes, inclusive, vestidas pelos próprios homossexuais, de se acusar o universo gay de despudorado, promiscuo e depravado, mas será mesmo? Pelo menos nunca vi um gay fazer sexo soltando de paraquedas! 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sexo sem camisinha está mais frequente entre os jovens, mostra pesquisa



O número de jovens que mantiveram relações sexuais sem o uso de preservativo no Ocidente teve uma forte alta nos últimos dois anos, aponta uma pesquisa da Fundação Parenthood divulgada nesta segunda-feira. O dado preocupa profissionais da área de saúde.
O estudo mostra um aumento do sexo desprotegido principalmente entre adolescentes dos Estados Unidos e da Europa. Entre os americanos, a porcentagem subiu de 38% em 2009 para 53%, enquanto a França registrou um aumento de 19% para 40%.

A pesquisa, realizada por ocasião do Dia Mundial da Contracepção, também aponta a Tailândia como um foco de preocupação, uma vez que 62% dos jovens tailandeses fizeram sexo sem proteção com um novo parceiro. A porcentagem também foi superior a 50% na China, Coreia do Sul, Noruega e Estônia.

O estudo destaca que, em Europa, região Ásia-Pacífico, América Latina e Estados Unidos, o principal motivo para a ausência do preservativo foi não tê-lo disponível no momento da relação sexual.

"Os resultados mostram que muitos jovens têm pouco conhecimento sobre uma vida sexual saudável, têm receio de exigir o uso de preservativo, ou não desenvolveram a habilidade de negociar o uso da camisinha com o parceiro", assinala Jennifer Woodside, da Federação Internacional de Planejamento Familiar.

A pesquisa, patrocinada pela gigante farmacêutica alemã Bayer, ouviu 5.426 jovens de 15 a 30 anos em 26 países, entre abril e maio.

Fonte: Uol

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

POR QUE PEÇO A KASSAB QUE VETE O PROJETO DO DIA DO ORGULHO HÉTERO


por João Marinho
jornalista

É preciso, antes de tudo, deixar claro que gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais não são "heterofóbicos". Nem poderiam, pois é hétero boa parte de seus amigos, de seus familiares e, muito comumente, são héteros seus próprios pais.


No entanto, existem motivos para haver o Dia do Orgulho Gay. O primeiro deles, histórico e datado, refere-se à revolução de Stonewall em 1969, ocorrida no dia 28 de junho em Nova York, quando LGBTs, então discriminados inclusive sob o peso de um Estado autodeclarado democrático, revoltaram-se e exigiram direitos iguais e respeito como cidadãos.

A ideia de "orgulho" aí se insere, e é o segundo motivo, conceitual. Historicamente - e estamos falando de um passado ainda muito recente em dezenas de países e ainda presente em outros tantos - os LGBTs foram/são tratados como cidadãos de segunda, com menos direitos, doentes e até criminosos. Não há dúvidas de que essa realidade causou efeitos à autoestima de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, sendo necessário o resgate dessa autoestima por meio da expressão "orgulho": orgulho de ser o que se é, orgulho de saber que não há nada de errado consigo, orgulho para exigir direitos iguais, orgulho de ser humano e ser um igual em direito.

O orgulho gay, portanto, é um conceito que vem dar algo àqueles que nunca o tiveram antes: orgulho de si e de estarem integrados a uma sociedade que deve respeitá-los tanto quanto eles a respeitam. Nesse sentido, o conceito de orgulho gay, ao concedê-lo a quem não o teve, é um conceito que preza pela igualdade de todos os cidadãos, ao colocá-los no mesmo nível e propiciar o sentimento de pertencimento a um todo maior.

Ora, em que pese os heterossexuais terem direito a ter orgulho de sua própria condição, é fartamente sabido que eles não foram discriminados com base em sua heterossexualidade e, por isso, não precisaram, como os LGBTs, de uma revolta para colocarem na pauta do dia direitos a eles negados. 

É também sabido que os heterossexuais jamais foram constrangidos, criminalizados, presos, torturados, lobotomizados, agredidos por conta de sua heterossexualidade, de maneira a minar sua autoestima. Ao contrário: uma série de costumes, valores, comportamentos e religiões coloca a heterossexualidade acima de todas as coisas, de maneira que nunca foi necessário dar orgulho aos héteros, porque eles sempre o tiveram.

Não obstante, fosse o Dia do Orgulho Hétero restrito ao conceito de orgulho em si, seria menos polêmico. Afinal, como já foi dito, nada impede que heterossexuais tenham orgulho de sua condição. O problema é o argumento utilizado pelo vereador Carlos Apolinário, de São Paulo, na escritura de seu projeto: o resguardo da "moral e dos bons costumes", a ser promovido pela Prefeitura do município.

Ora, em que pese o fato de moral e bons costumes terem um quê relativo e pertencerem, em larga medida, à vida privada, e não à esfera pública - a escolha de quais valores são morais ou não são por parte do poder público, da Prefeitura, é, em si mesma, arriscada -, constrangem-nos ainda as mensagens transmitidas pelo argumento: a de que os LGBTs são incompatíveis com a moral e os bons costumes por conta de sua própria orientação sexual e, de outro lado, a de que o simples fato de alguém se definir como heterossexual torna essa pessoa, automaticamente, moral e boa. Sabemos que a orientação sexual não define essas questões, havendo tanto exemplos de LGBTs e heterossexuais cidadãos de bem e altruístas quanto de heterossexuais e LGBTs entre os piores criminosos.

Essa mensagem, arriscada, ocorre ainda num momento particularmente vulnerável de LGBTs em São Paulo, cidade que tem ganhado os noticiários infelizmente graças aos repetidos casos de agressões a gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, notadamente na região da Rua Augusta/Avenida Paulista.

Qual será o impacto no número de agressões quando o próprio poder público, por meio do projeto de Carlos Apolinário, declara, por vias tortuosas, que a condição de LGBT torna alguém automaticamente imoral e adepto de costumes questionáveis, enquanto automaticamente torna um heterossexual signatário desses valores? Quantas pessoas LGBTs mais serão agredidas diante da mensagem, dada pelo próprio poder público, de que somente a heterossexualidade faz de alguém uma pessoa moral e boa cidadã?


Dito isso, peço ao Prefeito Gilberto Kassab que VETE o projeto de lei aprovado ontem na Câmara. Não para negar aos heterossexuais o seu orgulho, mas para não declarar algo que não compete ao poder público e opor LGBTs e heterossexuais em termos de imorais versus morais, ideologia esta que não encontra fundamento na realidade e muito menos em nossa Constituição Federal, senão nos mais abjetos argumentos preconceituosos.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Anatomia do ciúme

Relacionado ao valor que damos a nós mesmos, o ciúme pode ser um sentimento natural, de proteção do indivíduo e da personalidade, mas está longe de ser o tempero do amor.

por João Marinho>


ciúmeTudo começou quando ele ligou para o namorado pela manhã. “Bom dia, meu amor, tudo bem?”. A resposta veio cortante, afiada: “quem é aquele Walter que escreveu no seu orkut, hein?!”. “Ei, calma! De que Walter você fala?”. “Aquele lá, do ‘adorei te conhecer’”, disse o bravo namorado, resmungando e possivelmente fazendo caretas do outro lado da linha. Bastaram alguns minutos para um bom dia apaixonado se converter em discussão.

Embora com outras cores, a maior parte de vocês, leitores, certamente já esteve em situação semelhante, no telefone, na internet ou ao vivo. Afinal, é muito raro que o amor venha desacompanhado daquilo que alguns dizem ser seu tempero, mas que, em excesso, também pode naufragar um relacionamento: o ciúme.

Pensar sobre o ciúme sempre foi um desafio para mim, pois não sou uma pessoa particularmente ciumenta. Meus amigos diziam, sobre um de meus ex-namorados, que eu “não gostava dele de verdade” por não ser ciumento – coisa que, evidentemente era falsa, como mesmo ele pode atestar.

No entanto, mesmo ele, certa vez, desabafou: “acho um absurdo você não ter ciúmes de mim”. Eu mal pude responder, pois, para mim, tudo se resumia na equação: se ele quiser, vai fazer; se não quiser, não vai – e se fizer, também não é isso que necessariamente vá acabar nossa relação. Fazer o quê? Transar com outra pessoa, claro, ou “trair”, diríamos no senso comum.

Isso nos leva para a primeira conclusão que extraio sobre o ciúme, de uma série de conclusões que este artigo, escrito a partir das reflexões pessoais de um simples jornalista, pretende jogar para a reflexão do leitor: a “traição” é a irmã do ciúme.

Escrevo “traição” assim, entre aspas, porque a definição é aberta. Cada pessoa tem ou pode ter uma noção particular do que é trair. É um assunto a ser conversado em outra oportunidade, mas resta um fato sobre ele: qualquer que seja o conceito que cada um tenha de traição, existe um medo visceral de enfrentá-la – e esse medo é combustível do ciúme.

O ciúme, portanto, não é o “tempero do amor”. Quando falamos de namoro, ou casamento, o verdadeiro combustível do ciúme não é o medo de “perder a pessoa porque se ama”, mas de ser traído por essa pessoa e enfrentar o turbilhão de acontecimentos a partir daí.

Mesmo que eventualmente se perca a pessoa e esse medo apareça, o sentimento que vem em primeiro lugar é o desconforto de poder ser traído em sua confiança, humilhado, de ser ferido/a em seu orgulho, de ser “feito de idiota” ou “passado para trás”. O ciúme tem mais a ver conosco do que com o outro.

Além disso, existe um tipo particular de ciúme que é o ciúme de quem não se ama. É mais raro, mas existe e se realiza no que eu e uma minha amiga certa vez definimos maldosamente como “capacho”.
Certamente, você já viu uma situação de “capachatez”, e, sem querer ser sexista, mas é o que me diz minha experiência cotidiana, me parece mais comum que a mulher submeta um homem a ela.

O “capacho” é aquele rapaz que endeusa uma mulher. Adora mesmo: só falta beijar o chão que ela pisa. Vive cercando a dita-cuja, mendigando migalhas de atenção, tentando conquistá-la e, às vezes, sendo vítima de pequenas humilhações que, para ele, passam (quase) despercebidas.

A mulher em questão usualmente não quer nada com o “capacho”. Ele até a incomoda com seu assédio – mas ela o mantém ali, subserviente, seja porque faz bem para o ego ter alguém que endeuse, seja porque ele faz pequeninas coisas que a ajudam, seja por simples divertimento.

No entanto, chega o dia em que o “capacho” conhece um outro alguém, como diz a música. Ele se apaixona, essa nova mulher lhe dá valor e atenção, e ele deixa sua deusa de lado – e, de repente, vemos essa deusa, que nada queria com ele, muitas vezes não gostava dele e até se incomodava com ele... Enciumada! Troque o sexo, porque existem muitos “capachos” héteros femininos, gays e lésbicos também, mas o fim da história costuma ser idêntico.

O ciúme também se manifesta em relação a coisas. Será que você gosta de ver sua camisa preferida enfeitando o irmão mais novo? Quem não fica incomodado quando pegam “emprestado” aquele livro preferido? Ou deixam empoeirar aquele sapato maravilhoso? Quem não tem uma situação semelhante para contar?

Tudo isso nos leva a um dado sobre o ciúme. Ele não é o tempero do amor, ele também existe em relação a quem não se ama e em relação a objetos – mas ele sempre aparece em relação a algo que se preze.

Mesmo no caso do “capacho”, a deusa, ou o deus, não quer saber do “capacho”, mas existe algo de que ela/ele gosta: toda aquela atenção e dedicação fazem bem. É agradável, é divertido. É algo que se preza.

De fato, não parece ser possível ter ciúmes de algo que nos faz mal, se temos plena consciência desse mal e/ou ele não é compensado por coisas agradáveis. Emprestando uma linguagem da análise do comportamento, o ciúme surge sempre em relação a algo que nos reforça positivamente.

No entanto, aqui é necessário fazer um ajuste. Afinal, não se tem ciúme do “capacho” porque ele vai se relacionar sexualmente com outra pessoa. Como o ciúme também acontece entre amigos, vale a mesma observação, e também não é possível ser “traído” por objetos, ou ainda bichos de estimação. Ainda não. Por isso, eu disse, lá no início, quanto à traição: “quando falamos de namoro ou casamento...”.

Então, qual o verdadeiro combustível do ciúme? A resposta está na intersecção entre o medo da traição do namorado, o desconforto de ter um amigo dando mais atenção a outra pessoa, ou o receio de ver suas coisas manchadas, rasgadas, malcuidadas.

Ciúme tem a ver com receio de sermos atingidos naquilo que prezamos e que se constitui parte de nossa autoimagem e, portanto, de nossa autoestima. Nós construímos nossa autoimagem e nossa autoestima a partir de nossos relacionamentos, da maneira que nos vestimos, das coisas que usamos, dos livros que lemos, das filosofias que adotamos.

Se você pensar bem, é no receio de ser atingido em alguma dessas coisas que você preza que o ciúme se manifesta como estratégia de defesa. E não é para menos: ser traído, ter um amigo que prefere outra companhia, usar um sapato rasgado ou camisa manchada, ver o autor que lhe ensinou a pensar em um livro com páginas a menos são coisas que depõem contra o valor que você dá a si mesmo.

No caso específico dos relacionamentos humanos, é como se o outro fizesse pouco caso de uma parte sua que você considera importante e depositou nele. Como já dito, o ciúme tem mais a ver conosco que com o outro: sua autoimagem, sua autoestima. Você sente ciúme porque se sente, ou tem medo de se sentir, desvalorizado. Não por medo de perder o outro.

Mas será que todo ciúme é igual? Certamente que não. O ciúme tem sempre um combustível, uma motivação fundamental, que acabamos de esclarecer – mas se manifesta de maneiras diversas em relação ao que denomino objeto primário e objeto secundário.

O objeto primário não tem mistério. É aquela pessoa ou objeto que nos traz o que prezamos: o foco do nosso ciúme. E o secundário? Ele se revela quando um terceiro, visto como ameaça, se aproxima.

É aquele ex-namorado do seu namorado, o primo que disputa a atenção da tia predileta, o irmão que usa suas roupas ou o garanhão, ou a gostosa, da balada – e ganha relevância quando uma situação desencadeadora se apresenta.

Com efeito, não é comum sentir ciúme todo o tempo: precisa haver uma situação concreta para ele aparecer a primeira vez pelo menos, uma situação em que se perceba a ameaça, mesmo que seja apenas uma olhadinha por parte da ou para a pessoa amada.

Posteriormente, as contingências de reforço (negativo) – apelando novamente para o linguajar comportamentalista – se encarregam de ver o objeto secundário sempre como ameaça, até o ponto em que a simples presença dele já é suficiente para causar mal-estar. É principalmente nessa fase em que o motivador fundamental do ciúme se mascara. Aí, parece que é o medo de perder a pessoa amada, mas não é bem assim.

Finalmente, o ciúme vai requerer uma punição. É preciso justiça. Alguém tem de pagar. É onde ocorre a explosão que abre este artigo no telefone, a cara fechada de quem engoliu seco a noite toda, o soco no rosto do garanhão abusado.

Motivação fundamental ligada à autoimagem e autoestima, objeto primário, objeto secundário, situação desencadeadora e exigência de punição. Eis a anatomia do ciúme. Você concorda com isso?

Fica aqui mais um item para reflexão. A quem punir? Animais também têm ciúme, o que, para mim, põe o ciúme no âmbito das coisas naturais – e, eu diria, até como estratégia de proteção do indivíduo e da personalidade. Mas, diferentemente deles, que tendem mais a punir o objeto secundário – o outro bichinho que disputa a atenção do dono, por exemplo –, os seres humanos frequentemente punem o objeto primário. Por que será?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Burro, mas macho!

burro

O pai entra no quarto do filho e vê um bilhete em cima da cama, Ele lê o bilhete temendo o pior:

Caro Papai, é com grande pesar que lhe informo que eu estou fugindo com ....meu novo namorado, Juan, um Argentino muito lindo que conheci.
Estou apaixonado por ele. Ele é muito gato, com todos aqueles “piercings”, tatuagens e aquela super moto BMW que tem. Mas não é só por isso, descobri que não gosto de jeito nenhum de mulheres e, como sei que o senhor não vai consentir com isso,decidimos fugir e ser muito felizes no seu “trailer”.

Ele quer adotar filhos comigo, e isso foi tudo que eu sempre quis para mim. Aprendi com ele que maconha é ótima, uma coisa natural, que não faz mal a ninguém, e ele garante que no nosso pequeno lar não vai faltar marijuana. Juan acha que eu, nossos filhos adotivos e os seus colegas 'gays' vamos viver em perfeita harmonia.

Não se preocupe papai, eu já sei me cuidar, apesar dos meus 15 anos já tive várias experiências com outros caras e tenho certeza que Juan é o homem da minha vida.

Um dia eu volto, para que o senhor e a mamãe conheçam os nossos filhos. Um grande abraço e até algum dia.

De seu filho, com amor.

O pai quase desmaiando continua lendo…


PS: Pai, não se assuste, é tudo mentira!!!

Estou na casa da Priscila, nossa vizinha gostosa. Só queria mostrar pro senhor que existem coisas muito piores do que as notas vermelhas do meu boletim, que está na primeira gaveta.


Abraços,

Seu filho, burro, mas macho.

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Embora seja engraçadinha, na vida real não é. E isso acontece todos dos dias, onde é preferível ter um filho morto do que gay, um assassino do que um homossexual. Novamente a heteronormatividade é retratada na imposição do culto ao macho que justifica todas as coisas!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Gays ou Anticristos?

Líder de entidade homofóbica sugere chamar gays de anticristos
O amor dos cristãos é algo que toca à alma

O presidente da entidade americana Jovens Conservadores da Califórnia, sugere que a palavra gay deixe de ser usada.

A identidade gay não existe. Ser homossexual é só um capricho. Temos de parar de usar esse nome. Sugiro mudar o termo. Podemos usar atração pelo mesmo sexo, sodomia, vício não-natural, anticristos”.


Fonte: Cena G 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Escola de samba gay de SP tem público heterossexual

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A maior parte do público da escola de samba gay Arco-Íris, que elegeu neste ano a rainha do Carnaval paulista, é heterossexual, segundo o presidente do grupo, Eduardo Corrêa. O fundador da primeira agremiação homossexual de São Paulo estima que 60% do público que frequenta os eventos da escola é heterossexual.

O primeiro Carnaval de rua promovido pela Arco-Íris aconteceu em 2009, e atraiu, segundo sua diretoria, cerca de 15 mil pessoas para o desfile, no centro de São Paulo. No ano passado, o público cresceu: 20 mil foliões compareceram.

O grupo procura um novo espaço para seus ensaios. Segundo Corrêa, o antigo galpão, que funcionava na Lapa, foi emprestado pela Prefeitura de São Paulo até o primeiro semestre do ano passado, quando começaram as obras para a construção de um Poupatempo.

A Arco-Íris foi fundada em 25 de janeiro de 2008, data do aniversário da cidade. O objetivo, segundo Corrêa, é promover a identidade brasileira sem distinção de classe social, orientação sexual e idade. Ele conta que resolveu fundar a escola porque percebia certo preconceito relação a homossexuais nas escolas de samba tradicionais.

Léo Áquilla é a rainha da bateria da escola neste ano. Celebridades como Celso Kamura e o designer de sapatos Fernando Pires são apoiadores permanentes. Neste ano, o desfile da Arco-Íris deve acontecer uma semana antes dos desfiles oficiais no sambódromo do Anhembi. A data e o local ainda não foram confirmados.

Fonte: CENA G

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Nossa Senhora dos Homossexuais

Artista cria Nossa Senhora dos Homossexuais para homenagear gays mortos

aparecida O artista italiano Raffaele Ciotola criou uma representação da mãe de Jesus que promete causar polêmica. Ele divulgou em seu site o retrato da Nossa Senhora dos Homossexuais, para homenagear gays mortos pelas forças de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

Na pintura, Maria é retratada com um leve sorriso no rosto enquanto carrega o pequeno Jesus em uma das mãos e um globo terrestre na outra. De um lado a moldura da imagem traz símbolos do masculino, enquanto os do feminino ficam do lado oposto. Por trás do quadro está o triângulo rosa, usado pelos nazistas para designar homossexuais.

Estima-se que cerca de 54 mil homossexuais foram condenados pelo Terceiro Reich. Sete mil morreram em campos de concentração.

Fonte: Cena G

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Arnaldo Jabor: Pit-lulus…

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Na noite de quinta-feira (09), o Jornal da Globo apresentou sua habitual sessão com o comentário do cineasta Arnaldo Jabor. Autor de obras-primas do cinema nacional, como as adaptações de Nelson Rodrigues "Toda Nudez Será Castigada" (73) e "O Casamento" (75) e atualmente em cartaz com "A Suprema Felicidade" (2010), Jabor escolheu um tema que está na ponta da língua: a homofobia.

O cineasta disparou, com incrível irreverência, lucidez e senso de realidade, uma saraivada de críticas contra os homofóbicos - sejam eles skinheads, pit boys ou meros playboys. Com suas palavras certeiras, Jabor arrasou com a moral dessa gente.

E foi além: psicologizou e desvendou a razão dos ataques homofóbicos.

"Vocês são bossais que atacam nos homossexuais a miséria sexual que vocês têm dentro", disse Jabor. "Solitários, desamados por homens e mulheres, vocês têm inveja da liberdade dos gays, da coragem que tiveram em assumir sua identidade sexual. Porque vocês não têm identidade alguma!", bradou Jabor.

Arnaldo Jabor é mais uma personalidade que tem a coragem e a dignidade de se manifestar contra a barbárie a que temos assistido nas recentes agressões contra gays em todo o Brasil. Além de um grande cineasta e artista relevante, mostra mais uma vez que é também um formador de opinião indispensável. Palmas, Jabor!


Assista ao vídeo completo a seguir:


 

Fonte: A Capa

sábado, 6 de novembro de 2010

Seminário: Assassinatos de LGBTs

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Caso você precise de um convite personalizado, para fins de dispensa do trabalho etc., ou para conseguir passagens e diárias para ir a Brasília, favor pedir através do e-mail gisele.villasboas@camara.gov.br  ou clp@camara.gov.br

Salientamos que não há passagens ou diárias disponíveis através da organização do evento.

Gostaríamos de esclarecer que este seminário foi uma solicitação que a Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT recebeu, acatou e encaminhou para as devidas Comissões.

Seminário sobre os Assassinatos de LGBT

24 de novembro de 2010, das 13h30 às 17 horas, Plenário 09, Anexo II, Câmara dos Deputados

PROGRAMAÇÃO (em 05/11/2010)

14h – Abertura

- Deputada Iriny Lopes, Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias

- Deputado Paulo Pimenta, Presidente da Comissão de Legislação Participativa

- Deputado Iran Barbosa, Representante da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT

- Ministro Paulo Vannuchi, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

- Sr. Ricardo Balestreri, Secretário Nacional de Segurança Pública, Ministério da Justiça

- Yone Lindgren, Coordenação Política Nacional da Articulação Brasileira de Lésbicas

- Keila Simpson, Vice-Presidente da ABGLT

- Toni Reis, Presidente da ABGLT

14h30 – Aumento dos Assassinatos praticados contra a população LGBT

Osvaldo Francisco Ribas Lobos Fernandez, coordenador da pesquisa Crimes Homofóbicos no Brasil: Panorama e Erradicação de Assassinatos e Violência Contra LGBT

Érico Nascimento, pesquisador do Núcleo de Estudos da Sexualidade da Universidade do Estado da Bahia (Uneb)

Cláudio Nascimento, Superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Governo do Estado do Rio de Janeiro. “Violência contra LGBT no Rio de Janeiro - Relatório de 01 ano de homofobia como motivação de crimes nos Registros de Ocorrências Policiais do Rio”

Luiz Mott, antropólogo, historiador, pesquisador, professor emérito do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fundador do Grupo Gay da Bahia e autor do livro Violação dos Direitos Humanos e Assassinatos de Homossexuais no Brasil

16h30 – debate

17h – Encerramento

Promoção

Comissão de Direitos Humanos e Minorias

Comissão de Legislação Participativa

Apoio

Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT

ABGLT e entidades parceiras

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids - UNAIDS

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cidadania LGBT e as Eleições 2010

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Por:Toni Reis*

Já na primeira semana do segundo turno das eleições presidenciais de 2010, dois Projetos de Lei - da competência do Legislativo Federal – surgiram no debate acerca das candidaturas ao mais alto cargo do Executivo. Nesta confusão entre competências das esferas governamentais, trouxe-se para a arena eleitoral a discussão da cidadania da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), como se a questão dos direitos humanos de determinados setores da sociedade fosse algo que pudesse ser usado para desmerecer uma ou outra candidatura à Presidência da República.

À luz das discussões e declarações feitas aos meios de comunicação na semana passada sobre os Projetos de Lei em questão: o Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 122/2006 e o Projeto de Lei nº 4914/2009; sinto-me obrigado a fazer umas considerações e a reproduzir na íntegra o texto de ambas as proposições, para que – em vez distorções e afirmações inverídicas a seu respeito – os(as) leitores(as) possam conhecer, avaliar e chegar às suas próprias opiniões sobre os mesmos. Recorrendo ao filósofo grego Aristóteles, quando disse “O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”, vamos à reflexão:

O PLC 122/2006 objetiva amparar setores da população que ainda não contam com legislação específica que os garanta a proteção contra a discriminação, criando um paralelo com outras leis já regulamentadas que dispõem sobre crimes de discriminação, como é o caso do racismo. Ademais, o PLC 122/2006 não se restringe somente à proteção da população LGBT, sendo muito mais abrangente do que isso.

Projeto de Lei da Câmara nº 122, de 2006:

(Substitutivo, aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal em 10/11/2009)

Art. 1º A ementa da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.” (NR)

Art. 2º A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.” (NR)

“Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares ou locais semelhantes abertos ao público.

Pena: reclusão de um a três anos.

Parágrafo único: Incide nas mesmas penas aquele que impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público de pessoas com as características previstas no art. 1º desta Lei, sendo estas expressões e manifestações permitidas às demais pessoas.” (NR)

“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.

Pena: reclusão de um a três anos e multa.” (NR)

Art. 3º O § 3º do art. 140 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:

“§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero:

..............................................................................” (NR)

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

No caso especifico da população LGBT, determinados setores no Congresso Nacional têm argumentado desde a Constituinte que basta a disposição generalizada constante do Art. 3º da Constituição Federal, de que não haverá “preconceitos de ... sexo, ... e quaisquer outras formas de discriminação.”

Ora, se fosse assim, não ocorreriam em média 200 assassinatos de pessoas LGBT por ano no Brasil; a impunidade dos autores destes crimes não seria corriqueira; não haveria estudos científicos produzidos por organizações de renome, como a Unesco, e até pelo próprio Ministério da Educação, comprovando inequivocamente a existência de níveis elevados de práticas e atitudes discriminatórias contra pessoas LGBT nas escolas; não haveria estudos da Academia confirmando esta mesma discriminação na sociedade brasileira como um todo. O Governo Federal não teria implantado o Programa Brasil Sem Homofobia, e não estaria implementando o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, se não existissem discriminação e violência contra esta população.

Parte do propósito do PLC 122/2006 é contribuir para reverter este quadro vergonhoso de desrespeito aos direitos humanos básicos da população LGBT no Brasil, como descreveu o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello:

“São 18 milhões de cidadãos considerados de segunda categoria: pagam impostos, votam, sujeitam-se a normas legais, mas, ainda assim, são vítimas de preconceitos, discriminações, insultos e chacotas” ... e que as vítimas dos homicídios ... “foram trucidadas apenas por serem homossexuais”.

O PLC 122/2006 tem sido apelido por determinados setores de “mordaça gay”. Afirmamos que a liberdade de expressão é universal, um direito de todos, inclusive a liberdade de expressão de crença religiosa, conforme garantida constitucionalmente. O projeto não veda que dentro do estabelecimento religioso se manifestem as crenças e se mantenham as posições religiosas, nem existe a possibilidade de padres ou outras autoridades religiosas serem presos por estes motivos e muito menos a Bíblia ou outros livros sagrados serem "modificados". Mas a liberdade de expressão, seja de quem for (das religiões, das pessoas LGBT, de todo mundo), também há de respeitar o próximo, sem discriminá-lo. Isto vale para todos, e não se constitui em uma espécie de penalidade às religiões. É apenas a aplicação do preceito constitucional da universalidade da não discriminação e da não violência.

Ademais, o PLC 122/2006 foi motivo de várias audiências públicas e já sofreu alterações no Senado, visando atender aos anseios acima expostos. Ao terminar sua tramitação no Senado terá que voltar para a Câmara dos Deputados em razão das modificações que sofreu e ainda poderá vir a sofrer. Sempre estivemos abertos ao diálogo com todas as partes interessadas para que a proposição final tenha a melhor redação possível, ao mesmo em que garanta a não discriminação, inclusive das pessoas LGBT.

O outro projeto de lei que teve seu propósito distorcido no debate das eleições presidenciais diz respeito à união estável entre pessoas do mesmo sexo. Reproduzo aqui o texto desta proposição:

Projeto de Lei nº 4914/2009 de 2009:

Art. 1º - Esta lei acrescenta disposições à Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, relativas à união estável de pessoas do mesmo sexo.

Art. 2º - Acrescenta o seguinte art. 1.727 A, à Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil.

Art. nº 1.727 A - São aplicáveis os artigos anteriores do presente Título, com exceção do artigo 1.726, às relações entre pessoas do mesmo sexo, garantidos os direitos e deveres decorrentes.”

Art. 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Como se pode ver, o P/L nº 4914/2009 propõe tão somente o alterar o Código Civil para que reconheça a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Em nenhum momento propõe o casamento, pelo contrário: faz exceção a esta possibilidade.

Cabe indagar, por que tanta polêmica acerca do “casamento gay nas igrejas”. Onde será que está escrito isso no projeto de lei acima?

O P/L nº 4914/2009 visa apenas garantir os direitos civis de pessoas do mesmo sexo que convivem em união estável. Isto porque estudos mostram que, comparando um casal heterossexual com um casal homossexual, este último não tem acesso a pelo menos 78 direitos garantidos ao casal heterossexual, entre eles: não têm reconhecida a união estável; não têm direito à herança; não têm direito à sucessão; não podem ser curadores do parceiro declarado judicialmente incapaz. Em alguns casos essa falta de amparo aos casais do mesmo sexo chega a ser cruel, como no caso da morte de um(a) parceiro(a), onde o(a) parceiro(a) sobrevivente – às vezes depois de muitos anos de convivência – além de perder o(a) parceiro(a), fica sem nenhum bem e nem sem onde morar, porque a família do(a) falecido(a) exerce o direito sobre a propriedade deste(a), enquanto o(a) sobrevivente é desamparado(a) pela lei na forma como está.

Aqui tem-se um caso patente do descumprimento das disposições Constitucionais da igualdade, da não discriminação e da dignidade humano, que o P/L nº 4914/2009 visa corrigir.

Há de se lembrar que tanto o PLC nº 122/2006 como o P/L 4914/2009 tratam de questões de direitos civis. São proposições legislativas fundamentadas na lei maior da nação brasileira, a Constituição Federal.

Ainda, o Brasil é signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e os princípios, direitos e garantias fundamentais de nossa Constituição se baseiam nela. A Declaração é “Universal” porque os direitos humanos são indivisíveis. Ou seja, aplicam-se igualmente a todos os seres humanos, independente de sua nacionalidade, cor, etnia, convicção religiosa, e independente de serem heterossexuais, bissexuais, homossexuais, ou de qualquer outra condição

Outro princípio fundamental que deve ser preservado acima de tudo neste debate é o princípio da laicidade do Estado. Desde a Proclamação da República, em 1889, o Estado brasileiro é laico. Isso quer dizer que no Estado laico não há nenhuma religião oficial, e há separação entre o governo e as religiões. Assim sendo, os cultos, as crenças e outras manifestações religiosas são respeitadas, dentro de suas esferas independentes, da mesma forma que o Estado tem sua independência das religiões.

Creio piamente que os direitos humanos não se barganham, não se negociam, simplesmente se respeitam, e que devemos escolher nossa candidatura pelas propostas que tem pelo país, pela biografia, pela capacidade de governar, e pela capacidade de fazer valer a Constituição Federal, indiscriminadamente.

Como disse Ulisses Tavares precisamos olhar de novo: não existem brancos, não existem amarelos, não existem negros: somos todos arco-íris.

* Toni Reis, Presidente da ABGLT– Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Marcha contra a homofobia

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Brasília - Representantes do movimento de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT) de todo o país se reuniram nesta quarta (19), em Brasília, para a 1ª Marcha Nacional contra a Homofobia. A passeata contou com mais de 2.500 participantes. O objetivo do movimento é reivindicar a garantia de Estado laico (sem interferência religiosa nas decisões públicas), aprovação imediata do Projeto de Lei da Câmara (PLC 122/2006) que torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, e uma decisão favorável da Justiça sobre a união civil entre casais homoafetivos.

A marcha percorreu a Esplanada dos Ministérios liderada por travestis usando roupas pretas em sinal de luto às 238 mortes de travestis registradas no ano passado. Cruzes foram colocadas no gramado em frente ao Congresso Nacional para simbolizar as vítimas do preconceito.

Para o coordenador-geral da marcha, Carlos Magno, o maior entrave para o avanço dos direitos dos homossexuais é o controle exercido pela Igreja em temas que deveriam ser exclusivos do Estado. “Os fundamentalistas religiosos têm interferido no Estado e impedem os avanços de qualquer direito relacionado aos homossexuais, precisamos mudar isso.”

O professor Maurivam Monteiro veio de Pernambuco para participar da marcha. Ele acredita que esse tipo de manifestação abre a discussão sobre a necessidade de se respeitar as diferenças. “Estou aqui para lutar por uma visão social geral ao respeitar as diferenças. Repensar alguns valores e, principalmente, a questão do respeito ao outro”, ressalta o educador.

Membro do movimento estudantil e diretor do movimento LGBT do PCdoB, Paulo Ricardo, afirma que o apoio de parlamentares à causa é fundamental para pressionar o Senado pela aprovação do projeto de Lei.

“Vamos fazer pressão dentro do Congresso. O apoio de parlamentares tem se somado à força do movimento, até para que o projeto seja levado adiante e, principalmente, para mostrar que temos o poder de reivindicar questões do nosso grupo,” disse.

Fonte: UAI

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ricky Martin aparece nu em clipe promocional

Ricky Martin publicou um clipe de divulgação da sua nova turnê, nesta quinta-feira (15), no Twitter. "Dirigido pelo meu amigo Dago Gonzales, para a minha nova turnê Black & White", disse o cantor no microblog.

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No vídeo, chamado "My skin talks", o cantor que recentemente assumiu sua homossexualidade, aparece completamente nu, exibindo sua excelente forma física e, conforme se movimenta, diversas tatuagens aparecem em seu corpo.

Confira o vídeo:

Fonte: Globo.com

terça-feira, 13 de abril de 2010

Cardeal é pressionado a provar suposto elo entre homossexualidade e pedofilia

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Número 2 do Vaticano descartou que abusos tenham relação com celibato.
Especialistas contestaram seus argumentos nesta terça (13).

Autoridades, médicos e movimentos de defesa de grupos homossexuais no Chile pediram ao secretário de estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, que prove as ligações da homossexualidade com a pedofilia, como afirmou na véspera em Santiago.

"Eu não tenho essa opinião, gostaria de conhecer os estudos científicos que ele diz ter. Tenho uma grande estima pelo Cardeal Bertone, mas tenho a sensação que neste caso ele está equivocado", afirmou o senador democrata-cristão Patricio Walker.

Estudei o tema, não sou psiquiatra, mas advogado. No entanto, já apresentei muitos projetos contra a pedofilia, que agora viraram lei. A pedofilia é um transtorno mental de caráter sexual que afeta tanto homossexuais como heterossexuais", comentou.

"Essa ligação foi desacertada. O celibato causa mais danos a um ser humano que a condição de homossexualidade, opção tomada livremente. Estou constrangido com as palavras deste alto dignatário da Igreja", afirmou por sua vez o deputado comunista Hugo Gutiérrez à AFP.

"A gente nunca vai parar de se surpreender com as declarações dessas pessoas. A Igreja deveria ser mais bondosa e caridosa com os homossexuais, em vez de ficar atribuindo pecados a eles", completou.

O líder do Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh), Rolando Jiménez, também exigiu que o cardeal mostrasse provas que justificassem suas afirmações.

Especialistas médicos também descartaram a ideia. "Não me parece possível pensar que haja uma relação direta entre o homossexualidade e a pedofilia", disse a professora da Universidade do Chile Tamara Galleguillos.

Galleguillos afirmou que durante seu trabalho no Serviço Médico Legal do Chile "os heterossexuais pedófilos eram vistos de forma igual aos homossexuais pedófilos, não eram diferenciados".

Na segunda-feira, durante coletiva de imprensa, o número dois do Vaticano afirmou que a pedofilia entre os sacerdotes tem mais a ver com a homossexualidade que com o celibato.

"Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e me disseram recentemente, que há relação entre homossexualidade e pedofilia. Isso é verdade, esse é o problema", completou.

Bertone anunciou que o Vaticano tomará novas iniciativas surpreendentes contra a pedofilia. "Não posso antecipar, mas outras iniciativas estão sendo pensadas", disse o cardeal.

Fonte: Globo.com

LGBT: Repúdio sobre declarações do Vaticano

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NOTA OFICIAL DA ABGLT SOBRE DECLARAÇÕES DO VATICANO REFERENTES À HOMOSSEXUALIDADE

A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – é uma entidade de abrangência nacional, fundada em 1995, que congrega 237 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.

Diante da declaração do Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, que afirmou nesta segunda-feira (12/04/2010) que é o “homossexualismo” (sic), e não o celibato, que deve ser relacionada à pedofilia, a ABGLT vem a público se manifestar:

A ABGLT deixa claro no seu estatuto que é contra a pedofilia, seja ela praticada por pessoas de qualquer orientação sexual ou identidade de gênero, heterossexuais ou homossexuais. A ABGLT, no seu primeiro Congresso, realizado de 20 a 24 de janeiro de 2005, em Curitiba, Paraná, Brasil, deliberou pela defesa e garantia do estado laico e contra a exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes. A ABGLT entende que a pedofilia é um transtorno, conforme a Classificação Internacional de Doenças 10 - F65.4: 302.2, e que o abuso sexual de crianças e adolescentes é crime. A ABGLT mantém uma campanha permanente contra a pedofilia e o abuso sexual de crianças e adolescentes: http://www.abglt.org.br/port/luta_pedofilia.php ;

Diversos estudos sobre a pedofilia e sobre o abuso sexual de crianças e adolescentes apontam que a maioria destes crimes é perpetrada por heterossexuais, sem que isto signifique que a heterossexualidade cause a pedofilia. As questões relacionadas à pedofilia propriamente dita são muita complexas e não podem se reduzir a tão simplista diferenciação baseada na orientação sexual dos agressores. O que surge de fato como tendência nos estudos é que os crimes são praticados especialmente por pessoas que têm proximidade, exercem autoridade e possuem confiança em relação às crianças e aos adolescentes, como pais, familiares, religiosos;

A ABGLT não aceita esta provocação do Vaticano contra as pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT, que não passa de uma tentativa de desviar a atenção do problema maior que se prolifera dentro do seio da Igreja Católica, o qual deve - sim - ser explicado e esclarecido para a sociedade em geral;

A ABGLT defende um Estado Laico e entende que a liberdade religiosa não garante ao Vaticano o direito de julgar com suas próprias leis os seus pares que abusam de crianças e adolescentes. A ABGLT entende que religiosos que cometam crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes, além de ter o devido acompanhamento dos serviços de saúde, devem ser submetidos às penas previstas pela lei secular, assim como o restante da população. Assim, a ABGLT se soma às demais instituições de direitos humanos e pede que o Vaticano se explique sobre estes crimes cometidos por sacerdotes católicos, e que não culpe de forma irresponsável a comunidade LGBT;

A ABGLT, diferente dos setores fundamentalistas religiosos, defende a educação sexual para crianças e adolescentes, de tal modo que aprendam a ter autonomia sobre seu corpo, e a se proteger e denunciar abusos dentro de casa, nas igrejas e em qualquer outro lugar;  

A ABGLT convoca as organizações profissionais, de direitos humanos e LGBT, nacionais e internacionais, a se pronunciarem sobre o assunto;

A ABGLT espera que o Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, tenha o mínimo de respeito para as famílias das crianças abusadas por padres e bispos da Igreja Católica, e que, ao invés de jogar a culpa de seus escândalos para a comunidade homossexual, reflita sobre o passado e o mal que historicamente a Igreja tem feito aos negros, deficientes, mulheres, judeus, ciganos, homossexuais e crianças e adolescentes em todo o mundo. Será que futuramente a Igreja vai pedir perdão também aos homossexuais por mais este erro que está cometendo agora?

Viva o Estado Laico. Pelo direito da Educação Sexual de crianças e adolescentes, pela punição (conforme as leis seculares) de religiosos que abusam sexualmente de crianças e adolescentes, por uma nova Igreja que respeite os direitos humanos de todos os cidadãos e todas as cidadãs, sem distinção de qualquer natureza.

Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Recapitulando o Evangelho Inclusivo

por Tom Mayan

Para se conhecer profundamente o significado de “Evangelho Inclusivo”, é preciso, antes de tudo, tornar-se um verdadeiro Cristão Inclusivo, à moda antiga. Contudo, há muitas intempéries ao longo do caminho. Uma delas é tornar-se o exemplo vivo de Inclusão, acolhendo a todos os assolados e mostrando a esperança diante da aflição que o mundo traz. Esperança esta que só é possível alcançar através da experiência do encontro com o modelo sublime de Inclusão: Cristo Jesus.

Levar o Evangelho Inclusivo não é fácil devido o fato do ser humano estar dotado de uma natureza pecaminosa, carregando consigo muitas vezes, o famoso pré-conceito e a aversão, ou seja, julgamentos pessoais que se mantém entre o “eu” do Cristão e o dever a ele compelido em ser manso e humilde de coração.

Transpor esta barreira se torna um passo importante para obtenção do Evangelho genuíno de amor. Para tanto, é preciso conhecer e saber utilizar a chave correta para abrir o coração e deixar a luz entrar e, assim, modificar o que jaz um coração de pedra. Um coração de pedra pode simbolizar muitas coisas, dentre elas, a ignorância e a intolerância humana, que pode ser encontrada em muitos que, orgulhosamente, se denominam “Cristãos”, mas que nada mais são que meros religiosos legalistas.

Os que se acham justificados, geralmente se baseiam em Mateus 13:11: “Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido”. Dessa maneira, muitos “Cristãos” acreditam estar entre os escolhidos, tornando-se assim, incoerentes ao discurso, pois, são os mesmos que insistentemente tentam mostrar uma “verdade” sobre a homossexualidade aos que – no caso -, não lhes é permitido conhecê-la. Diante disso, apenas perdem seu tempo.

Alcançar a verdadeira compreensão do significado de “Cristianismo” pode ser uma tarefa exaustiva, pois demanda boa vontade e submissão para recapitular diariamente o exemplo de Jesus. Enganam-se os que pensam que, uma vez entendido o evangelho de Cristo, para sempre aprendido está. O Evangelho Inclusivo deve ser encarado como uma santificação diária e constante na vida de nós cristãos.

Nesse contexto, é fácil compreender a reação de pessoas amáveis que, ao tocar em um assunto que lhes causam incômodo - no caso, a Homossexualidade -, dizem coisas cruéis, sem ao menos perceber como estão sendo rudes. Contudo, certas atitudes são inerentes à natureza humana; simplesmente não conseguem enxergar por conta própria.

Entretanto, são reações como essas que disseminam a segregação, como a que por muito tempo tem havido, frente uma cultura cristã milenar. Mas, é diante dessa situação que, provavelmente, Cristo tenha dito: “Eis que vos envio ao mundo como ovelhas em meio de lobos” (Mateus 10:16).

A falta de compreensão e de sentir-se confortável – tão importante aos homossexuais -, torna o processo difícil, longo e doloroso. Muitos homossexuais passam por uma jornada terrível até a própria aceitação, tornando grande parte de suas vidas incompletas psicoemocionalmente. Daí tem-se a importância da sociedade cristã não condicionar as pessoas a pensar a homossexualidade como algo negativo.

Mas, em contraste, muitos “Cristãos”, sem ao menos dizer uma única palavra de condenação, acabam por ferir de maneira mais trágica ainda um homossexual, permanecendo em silêncio diante da condenação social cristã, deixando-o se autopunir, não o ajudando a corrigir as imagens deturpadas formadas em sua mente, e não sendo capaz de ajudá-lo a compreender quem ele (homossexual) é para Deus.

Uma das situações mais solitárias da vida é quando um jovem começa a perceber-se homossexual. Ele não tem idéia alguma da situação que enfrentará, não sabe o que fazer com a situação e, muitas vezes, não tem ao menos um irmão de fé ou pastor com quem possa expressar-se e confiar, sem temer a rejeição ou condenação. Diante disso, ser um adolescente homossexual, na maioria das famílias, significa crescer com muita confusão na mente; é sentir uma extrema contradição de quem ele realmente é; é ter duvida constante em ser amado ou não pelos seus pais e, principalmente, por Deus. Dessa forma, muitos jovens acabam por internalizarem uma inverdade de que nada em sua vida pode fazê-los se sentir íntegros.

Contudo, a partir do momento que um jovem homossexual consegue sobrepor estes vieses, ou seja, as resistências sociais e até mesmo pessoais, ele pode usufruir de um equilíbrio moral completo, conseguindo estar aberto para experienciar verdadeiramente o amor, se permitindo amar a alguém e, dessa maneira, alcançando, pela primeira vez, um sentimento grandioso da presença de Deus em sua vida. Somente assim, o cristão homossexual se torna completo como ser humano e passa a viver de maneira efetiva.

Nesse sentido, torna-se fundamental que todos os “Cristãos” consigam entender esta situação – se é possível que consigam -, tomando consciência de que não devem exigir que homossexuais suprimam sua identidade emocional, e ainda assim, continuem tendo uma vida boa e correta diante de Deus.

É nesse contexto que o Evangelho Inclusivo vem a ser aquele que – sem fazer militância homossexual à Religião –, simplesmente ajuda a muitos que se sentem excluídos do rebanho de Cristo. O Evangelho Inclusivo prega a moralidade no que cerne ser responsável, ter consideração pelo próximo, ser gentil, generoso e bondoso de espírito.

A Inclusão é uma forma re-pensada de rejeitar a tradição Exclusiva e agir ousadamente em prol da pregação do verdadeiro Evangelho de Cristo. Ensina, ainda, que todos enquanto cristãos, possuem dois pontos em comum: o batismo e a obrigação moral aos mandamentos da Lei sob o contexto resumido de Jesus que convida a todos a amar a Deus e ao próximo, reconhecendo o amor humano como um reflexo do amor divino.

Contudo, devemos encarar que os ditos “Cristãos” podem combater ou desafiar essa lógica, resistindo ao apelo Inclusivo, mas a vida de amor incondicional de um verdadeiro cristão é um argumento que não pode ser contradito.

Tom Mayan, 27 anos, Especialista em Ciências da Saúde; É Gay e Cristão, Militante pela Inclusão LGBT no Cristianismo; Escritor sobre Teologia Inclusiva, Fundamentalismo Cristão e Homofobia Religiosa; Colunista do site “Maringay” e autor do livro que retrata a homossexualidade e o Cristianismo chamado “Ser Gay e Cristão é possível!” –

Site do livro: www.sergayecristaoepossivel.com;

Contato: sergayecristaoepossivel@hotmail.com