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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Dia Nacional do Homem



 Dia do Homem


por João Marinho

Hoje, no Brasil, comemora-se o Dia Nacional do Homem, dia criado sobretudo para reforçar o cuidado com a saúde da população masculina... Mas este não é o único dia em que se comemora o Dia do Homem.

Internacionalmente, a data é 19 de novembro e tem como objetivo, segundo seus idealizadores: “um foco na saúde do homem e dos meninos, melhorando as relações de gênero, promovendo a igualdade de gênero e destacando modelos positivos de papéis masculinos. É uma ocasião para os homens celebrarem suas conquistas e contribuições, em particular suas contribuições para a comunidade, a família, o casamento e o cuidado com as crianças enquanto destaca a discriminação contra eles”.

Vê-se, assim, que internacionalmente existe o foco na saúde – homens morrem mais cedo, cuidam menos de sua saúde e são mais vulneráveis a mortes violentas –, mas também há uma preocupação social que não torna o dia 19 de novembro um dia “machista”, como vi erroneamente em posts de mulheres e homens hoje, mas um dia para promover a igualdade de gêneros, destacar a contribuição masculina para a sociedade e a discriminações contra eles.

É, portanto, um dia antimachista, pois, sim, homens são também vítimas de discriminação, muitas das quais relacionadas precisamente ao machismo, que faz mal aos rapazes até no escopo legal. Eu, particularmente, considero entre estas, no Brasil, a aposentadoria mais tardia e a licença-paternidade diferenciada em relação à licença-maternidade, o que, a meu ver, deveria ser substituída por uma licença-parentalidade, que atendesse casos como de pais viúvos, solteiros e gays.

O Dia Nacional Brasileiro, que é hoje, 15 de julho, já tem um foco mais centrado na questão da saúde, mas não me parece mau “pegar emprestados” os outros objetivos propostos internacionalmente.

Portanto, feliz Dia Nacional do Homem: viris ou efeminados; rudes ou delicados; cis ou trans; gays, héteros, bis ou nenhuma das anteriores; fortes, corajosos ou nem tanto; altos, baixos, medianos; musculosos, sarados, comuns, gordos, magricelas; idosos, jovens, adultos, maduros ou meninos, de todas as idades; casados, solteiros, sozinhos, enrolados ou amantes; doentes, saudáveis, deficientes ou não; homens que perdem e que ganham; homens que amam – e os quais eu, homem, escolhi amá-los também. Parabéns pelo 15 de julho e que se cuidem mais, pois somente quem merece deve ter esse cuidado.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Abram passagem!

© Reprodução


DE BOA, EU APOIO OS PROTESTOS EM SP E NO BRASIL CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS DE ÔNIBUS.


por João Marinho

... E digo mais: eu fico besta com a miopia de parte da população paulistana.

Não, eu não sou a favor de depredar o patrimônio público, como estações de metrô em São Paulo – mas sei também que não foram as 5 mil ou 10 mil pessoas que estavam lá e fizeram isso, mas uma minoria, que utiliza o protesto como catapulta.

No entanto, a demanda é mais do que justa. Pode parecer pouco: o aumento da passagem foi de R$ 0,20 em São Paulo (de R$ 3 para R$ 3,20) e foi dentro da inflação.

Ocorre que existem outros dados que maquiam a realidade. Um deles é o fato de que desde que a passagem de ônibus de São Paulo, a segunda mais cara do Brasil, passou de R$ 0,50 para R$ 3,20 nos últimos anos, já superou em muito a inflação do período.

Mais do que isso: o serviço de transporte público na capital e na região metropolitana é deficitário, sobretudo na periferia, e não condizente com o valor que é cobrado.

Some-se a isso o fato de que metrô e CPTM também aumentaram os preços – e que a população que mora na periferia e trabalha na região central usa até 3 conduções de ida e 3 conduções de volta para trabalhar, nem todas elas cobertas pelas empresas.

O Bilhete Único, válido na capital, alivia, mas não resolve (inclusive porque tem prazo de 2 horas para funcionar), e, no limite, as pessoas pagam caro para ficarem em pé, sem conforto, em veículos com falta de manutenção e demorando horas para ir e voltar para casa. Já se preocuparam em contar quantas vezes houve panes no metrô e na CPTM nos últimos tempos?! Além disso, o metrô e a CPTM fazem greves por causa do descaso do governo e prejudicam milhares, em estações lotadas e ônibus piores ainda. A questão gera problemas para as empresas, porque fatalmente as pessoas não podem trabalhar nesses casos.

Resultado: uma hora, tudo isso explode.

De resto, façam uma conta, matemática mesmo. Uma pessoa que é arrimo de uma família de 3 pessoas em que cada uma utiliza 2 conduções para ir e duas para voltar terá gasto cerca de R$ 28,50 por dia com essa despesa (já descontado o Bilhete Único). Multiplicados por 24 dias úteis e 12 meses, dá R$ 8.208 reais por ano.

Com o aumento da tarifa, a mesma pessoa ganharia uma despesa de R$ 30,36 por dia. Ao ano, R$ 8.743,68. É uma diferença de mais de R$ 500. Algo bem superior aos R$ 0,20 que tanto alardeiam. É quase um salário mínimo a mais por ano, considerando que essas pessoas que pagam esse valor não ganham tanto assim também.

Também considero que é preciso lembrar que a PM paulista não é lá muito inocente. O Movimento Passe Livre comenta que os casos de vandalismo começaram após a polícia responder com força excessiva. Bom, ninguém apanha de graça.

E a Polícia não andou agredindo ATÉ JORNALISTAS?! Isso diz muito.

Entendo também que existe muita revolta nessa população que protesta, jovem. Não apenas por causa do serviço deficitário de transporte, mas porque vemos a polícia usando até de helicópteros nessas manifestações, mas totalmente apática tanto no centro quanto na periferia, dos quais os arrastões, os dentistas queimados e as chacinas nos bairros afastados são apenas a ponta do iceberg. Onde fica toda essa força policial, quando os jovens morrem à luz do dia?

Tudo isso também explode.

Então, ainda que eu não concorde com os excessos, parte deles eu entendo – e, ainda que entenda e não apoie esses excessos, a verdade é que as manifestações são legítimas, sim – e é preciso que se proteste e saia da apatia.

E um aviso aos navegantes, que, sempre que ocorrem mobilizações populares, dizem que "há coisas mais importantes para protestar". Considero uma idiotia sem tamanho, porque, para um caso como o que relatei na conta, um salário mínimo a mais por ano (o que, para muitos, equivale a quase 1 mês a mais de trabalho!) já é importante o suficiente para protestar.

Mais do que isso: e onde estão essas pessoas que sempre acham que "tem coisa mais importante" quando essas coisas mais importantes estão em voga? Nada fazem, nunca vão, e só sabem torcer o nariz diante do computador, no conforto de suas casas, enquanto alguns tentam, ainda que apenas pela passagem de ônibus, conter os desmandos que cotidianamente têm lugar no Brasil.

A Prefeitura e o Governo do Estado dizem que não têm dinheiro para pagar as diferenças inflacionárias. Não têm? São os governos que podem reduzir os impostos. São os governos que podem auferir se as empresas de ônibus estão lucrando mais do que determina a lei (em Porto Alegre, o Tribunal de Contas já desconfia que sim) – e, se apenas 1 deputado estadual ou 1 vereador deixar de receber suas benesses, desconfio que, em 1 ano, boa parte do gasto adicional com os subsídios para manter o preço já estaria sanada.