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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ainda falando sobre promiscuidade


Ainda pensando sobre o comportamento sexual, algumas pessoas tendem a confundir a promiscuidade com a prostituição, obviamente, tendo, a partir de uma leitura cristã, os valores elencados.

Essa seria uma discussão exaustiva, caso se fosse aprofundar no mérito, entretanto, pode-se compreender o conceito prostituição dentro da cultura cristã e, para a surpresa de muitos, é mutável , tal conceito, dentro da própria Bíblia. Assim, muitas vezes a prostituição é somente feminina, no caso da mulher pega em flagrante adultério, somente a mulher é levada em julgamento; outras vezes, ela é somente uma questão ritualística, alguém está adorando outros deuses e não Yahweh; outras vezes, adquire um sinônimo abrangente, sendo todo aquele que vive uma vida sem regras, desregrada, entretanto, no caso do Filho Pródigo, que vivia essa vida dissoluta, ele não é acusado de prostituição; ainda há a prostituição cultual, envolvendo homens e mulheres, o sexo ganha a esfera sagrada e, por ser prática dos cananeus que rivalizavam com Israel,  assume o peso da abominação.  

Há ainda o comportamento bíblico, perfeitamente aceitável na cultura hebraica, mas que hoje seria,  para os ocidentais cristãos, atos de prostituição, por exemplo:  Abraão teve mais de uma mulher;  Salomão um harém;  no Novo Testamento há a recomendação apostólica que o bispo seja esposo de apenas uma mulher, tal recomendação revela a prática da poligamia entre os próprios cristãos como algo natural.

Como a questão é cultural, a promiscuidade, muitas vezes levantada contra os homossexuais, é um entendimento que não foge à esfera. Nossa sociedade foi educada, por anos, por séculos, a primar por um comportamento “ideal”: o homem monogâmico e macho, que se casa com uma mulher monogâmica submissa e tem filhos. Os gays não têm espaço nessa construção de mundo, a eles resta apenas à sentença de viverem marcados com a desonra da promiscuidade, dos encontros furtivos, à noite, nos becos, vielas, nos guetos, contraindo todas as espécies de doenças, correndo todos os riscos de mortes imagináveis, vivendo solitários, sem família, destruídos pelo próprio comportamento sexual, marginal.

Obviamente, que o ser humano é capaz de ressignificar o seu espaço, inclusive os espaços de opressão, não sendo diferente com a comunidade homossexual que, através de alguns pensadores ilustres e gays, assumiram o modus vivendi , trouxeram expectativas e chocaram a sociedade conservadora, quando declararam o orgulho de serem gays, e de viverem à moda gay.

A intensificação do discurso da promiscuidade como pecado e a tentativa de se negar os direitos civis aos mesmos, por exemplo, o casamento gay,  são as apelações dos reforços de se deixar na marginalidade aqueles que não se enquadram nos parâmetros heterossexuais cristãos dessa sociedade.  Ou seja, não dar espaços iguais para que o preconceito e a segregação continuem regendo um valor injusto. Aqui, nesse aspecto, tem-se uma questão crucial, como a promiscuidade gay é renegada ao subcomportamento desde o século XIX, e o orgulho gay ser uma novidade do final do século XX, a compreensão de que a promiscuidade seja algo imundo, seja pecado, seja nefasta, é compreensão tácita, o que faz de muitos gays, muitos deles jovens, que vivem às voltas com o mundo, entrarem em verdadeiras crises existenciais por não compreenderem adequadamente o papel social que desempenham e a conformidade de seus desejos e satisfações, enquanto seres humanos.


Nestes aspectos a promiscuidade é tão somente uma questão de leitura a quem serve o discurso e para onde se caminha na construção da identidade gay no século XXI. Tentadora a reflexão, que continuaremos em uma próxima oportunidade.  

terça-feira, 9 de julho de 2013

Nove de Julho em SP



POR QUE 9 DE JULHO É FERIADO NO ESTADO DE SÃO PAULO?

 por João Marinho

Então, você foi à praia e não tem a menor ideia do porquê São Paulo tem esse feriado, que calhou de ser emendado este ano? Então, vamos dar um resumo.

Após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, o Brasil iniciou uma fase conhecida como "República Velha" nos livros de História, marcada, por sua vez, pela Política do Café com Leite.

Essencialmente, essa política dizia respeito ao poderio de Minas Gerais (o "leite") e de São Paulo (o "café") no cenário político nacional, marcando uma alternância de presidentes apoiados por esses estados.

Em 1930, porém, houve um golpe militar que levou Getúlio Vargas ao poder. Getúlio fora derrotado na eleição por Júlio Prestes, indicado sucessor pelo presidente então no poder, Washington Luís.

Apesar de fluminense, Luís subiu à presidência com o apoio político de São Paulo, de maneira que a indicação seguinte, esperava-se, fosse de um político apadrinhado por Minas Gerais. Prestes, porém, era apadrinhado de São Paulo.

Na época, a República Velha já vinha mostrando sinais de desgaste. Havia a mobilização do trabalhador industrial, cada vez mais importante na sociedade brasileira, revoltas de cunho nacionalista-fascista – estamos próximos do período fascista e nazista –, ideologia que deu origem ao "nosso" integralismo, e um aumento cada vez mais importante das dissidências políticas, ameaçando o poder oligárquico rural representado por São Paulo e Minas. A crise de 1929, que impactou o Brasil, apenas piorou a situação.

A indicação de Júlio Prestes levou a um descontentamento de Minas Gerais, que, unida ao Rio Grande do Sul e à Paraíba, com apoio militar, deflagrou o golpe que levou Getúlio ao poder.

O assassinato de João Pessoa, paraibano na chapa de Getúlio, foi o estopim, ainda que hoje se saiba que não o foi por motivos políticos. Um adendo: João Pessoa negou o apoio pedido anteriormente pela chapa de Júlio Prestes, que, mesmo vitorioso nas eleições, nunca assumiu a presidência. Por isso, a Paraíba traz na sua bandeira a palavra NEGO (do verbo NEGAR) e sua capital se chama João Pessoa.

Uma vez no poder e tendo derrubado Washington Luís, Getúlio Vargas acumulou poderes. Cancelou a constituição vigente, de 1891, retirou autonomia dos estados e demorou a convocar uma nova Assembleia Constituinte.

Ao mesmo tempo, a oligarquia de São Paulo ressentia-se da perda de prestígio político, o que, aliado ao fato de que os interventores no estado designados por Vargas não eram benquistos, irradiou insatisfação entre a população também.

Em 1932, no estado, realizavam-se comícios contra o poder central. Essas manifestações resultaram na morte de quatro estudantes em 23 de maio de 1932 - Mário Martins de Almeida (M), Euclides Miragaia (M), Dráusio Marcondes de Sousa (D) e Antônio Camargo de Andrade (C), durante uma repressão por parte das tropas federais. Um quinto estudante, Orlando de Oliveira Alvarenga (A), ferido com os colegas, morreu em agosto.

O evento foi o estopim de uma nova revolução: a REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932, que usou o acrônimo de MMDC em homenagem aos estudantes (hoje, historiadores referem-se ao grupo como MMDCA).

Com a ajuda de representantes do "Estado de Maracaju" – na verdade, separatistas do Mato Grosso, que defendiam a criação do que depois foi o Mato Grosso do Sul – e de membros da Frente Única Gaúcha, São Paulo rebelou-se contra o governo central de Getúlio Vargas e o restante da federação, naquela que acabou conhecida como a maior rebelião na história do estado.

A Revolução Constitucionalista buscava derrubar Getúlio Vargas e forçar a instauração de uma nova Constituição da República. Foi deflagrada em 9 de Julho de 1932, razão pela qual é feriado em São Paulo, mas não foi vitoriosa, tendo sido vencida em outubro de 1932. Mesmo assim, os paulistas conseguiram algumas vitórias.

Segundo o Governo Provisório de Vargas, uma eleição para a Assembleia Constituinte já estava marcada e a Revolução de 1932 não teria sido "necessária".

Segundo os paulistas, no entanto, sem a Revolução de 1932, não teria havido uma redemocratização. Seja como for, uma nova Constituição realmente foi publicada dois anos depois, em 1934, após uma eleição, realizada em 1933, em que as mulheres votaram pela primeira vez. São Paulo passou a receber interventores paulistas, ao gosto da oligarquia.

Foi uma vitória parcial, mas talvez a história dê certa razão aos paulistas, considerando que a nova Constituição esteve vigente por pouco tempo, até Vargas dar um novo golpe de Estado – em si mesmo – e iniciar a ditadura do Estado Novo, em 1937.

Vargas, que, apesar de ter propiciado avanços no Brasil, como a famosa Consolidação das Leis do Trabalho, e de nos ter legado João Goulart e Tancredo Neves – e Brizola, para os que gostam –, tem um lado nada interessante: além de ditador, deixou também "gente do bem" no cenário político nacional, como Eurico Gaspar Dutra e os tenentes que tomaram parte na revolução de 1930 e se tornaram presidentes durante a ditadura militar. Os boníssimos Castelo Branco, Médici e Geisel.

Quanto à Revolução de 1932, ela deixou um saldo de cerca de 2 mil mortos, segundo estatísticas não oficiais (consultar MALUF, Nagiba M. Rezek. Revolução de 32: o que foi, por que foi. São Paulo: Edicon, 1986).

Os restos mortais e as cinzas dos estudantes e de mais de 700 veteranos da Revolução encontram-se "enterrados" no mais alto monumento da capital paulista: o OBELISCO DO PARQUE DO IBIRAPUERA (foto), inaugurado em 9 de julho de 1955 – e que muita gente passa por ele todo dia e não tem ideia de que seja um mausoléu e acha que seja, bem, só um obelisco...

As visitações ao Obelisco foram suspensas em 2002 após serem detectados problemas de conservação e infiltração de água. O Obelisco, porém, ainda recebeu as famílias dos veteranos, novos corpos e é aberto apenas três dias por ano para a visitação. Há um projeto oficial de restaurá-lo.

Também é por isso que, curiosidade, a cidade de São Paulo tem a Avenida Nove de Julho como uma de suas principais. Possui uma Estação Júlio Prestes (que foi governador de São Paulo), mas não possui nenhuma rua, avenida ou praça que homenageie Getúlio Vargas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A liberdade de Jorge Amado sob o olhar juvenil


Filme adapta romance lançado em 1937 sobre um grupo de meninos de rua vivendo de golpes no litoral da Bahia
Publicado no Jornal OTEMPO 


Becos de Salvador se tornam cenário para as estripulias de um grupo de garotos em "Capitães da  Areia"Romance do baiano Jorge Amado (1912-2001) lançado em 1937, "Capitães da Areia" ganha sua primeira versão cinematográfica brasileira. O livro já havia sido levado às telas numa produção estrangeira em 1971.

Desta vez, quem comanda a empreitada é Cecilia Amado, neta do escritor e cuja experiência audiovisual se deu na série de TV "Cidade dos Homens", como assistente de direção.

Há relações entre uma coisa e outra. "Capitães da Areia" acompanha o cotidiano de um grupo de meninos de rua vivendo de golpes, furtos e camaradagem na Salvador dos anos 1930. Liderada pelo impetuoso Pedro Bala e tendo uma galeria marcada por garotos chamados de Sem-pernas, Professor, Gato, Querido de Deus e Boa Vida, a turma mora num trapiche abandonado à beira da praia - a representação máxima da liberdade e falta de limites dos jovens rapazes.

O filme se sustenta em imagens de tom exageradamente publicitário a momentos de genuína emoção, a maior parte deles ancorada no talento dos atores, todos sem experiência prévia no ofício.

Nisso, "Capitães da Areia" empolga pela criação exemplar de Jorge Amado, que mantém o encanto na transposição e desanima na maneira pouco criativa como o filme desenvolve a narrativa. Nem cabe falar sobre a condensação de elementos-chave do livro, pois escolhas são escolhas. Mas há de se questionar um certo medo que parece pairar de que o filme pudesse, afinal, ser bem mais liberto de quaisquer amarras.

domingo, 11 de setembro de 2011

Os terroristas são os outros: 11 de setembro, no Chile e nos EUA

11 diretores foram convidados para fazer um filme sobre a queda das torres gêmeas em 11 de setembro.
Essa é a brilhante contribuição de Ken Loach que traça um paralelo com um outro 11 de setembro, aquele de 1973 no Chile. Este video é um de vários de um documentário que tem outros videos de 11 minutos e nove segundos. Esse fragmento narra o golpe militar no chile em 11 de setembro de 1973... Lembram-se muito dos ataques as torres gêmeas, mas se esquecem dos golpes militares e esse no Chile foi um dos mais sangrentos!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A Abordagem Parcial e Desonesta do Programa da Rede Globo “O Sagrado” sobre a Homossexualidade

 

Rev. Márcio Retamero*

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O cristianismo não nasceu com Jesus Cristo. A Igreja nasceu no dia de Pentecostes, em Jerusalém, conforme narra São Lucas no livro de sua autoria, conhecido como Atos dos Apóstolos, logo no segundo capítulo.

Bem cedo a Igreja Cristã se envolveu em divergências étnicas e culturais e é o mesmo S. Lucas que nos informa sobre isto, no mesmo livro, no capítulo 6, quando narra o problema que estava acontecendo entre as viúvas de origem judia e as viúvas de origem grega, portanto, pagã, na distribuição caritativa de alimentos, feita pela Igreja de Jerusalém. Foi para solucionar este problema que a Igreja institui o diaconato.

O mesmo S. Lucas nos informa que foi em Antioquia, na Síria, portanto, em território não judaico, pagão, que os membros da Igreja Cristã foram chamados, pela primeira vez, cristãos (At 11.26). No capítulo 15 do livro Atos dos Apóstolos, S. Lucas, não pela primeira vez no seu texto quase “jornalístico”, narra uma das divisões da Igreja Cristã infante, talvez a divisão mais importante, o problema maior, relacionado à questão da circuncisão dos gentios (pagãos). Conta o nosso autor que o primeiro concílio da Igreja debateu a questão, chegando a um consenso: os pagãos não necessitavam passar pela circuncisão, mas deveriam observar o regime de alimentos e costumes na área sexual que os judeus já observavam.

O Apóstolo Paulo, o maior missionário da Igreja infante, o que mais plantou Igrejas no Mundo Antigo e espalhou o cristianismo até a Europa, contradiz as informações apaziguadas de S. Lucas, em sua Carta aos Gálatas, que também faz parte do Novo/ Segundo Testamento.

Nesta Carta, Paulo não economiza adjetivos pejorativos e crítica ferozes aos chamados cristãos judaizantes, que atazanavam a vida dos cristãos pagãos, dizendo que, se esses não passassem pela circuncisão, não poderiam ser considerados cristãos e que a salvação deles era uma mentira. A Carta aos Gálatas não é a única que o Apóstolo dos Gentios aponta essa grande divisão na Igreja infante, outros textos de sua autoria, abordam o tema, sempre de maneira contundente, advogando a causa da liberdade dos cristãos pagãos em relação à circuncisão, uma prática do judaísmo.

Conforme a Igreja Cristã foi se espalhando pelo Oriente e Ocidente, aqui e acolá, surgiram diferenças profundas entre as igrejas locais, suas liturgias, doutrinas, interpretações bíblicas e, até mesmo, no cânon bíblico usado por essas comunidades distantes umas das outras. Ou seja, a Igreja Cristã jamais foi um bloco monolítico, uma só voz em pensamento e em opiniões acerca de muitas coisas, a começar, pela Teologia.

Mesmo a Igreja Católica Apostólica Romana, que tem no Sumo Pontífice o sucessor de Pedro e que se gaba de ser “una”, conhece partidos e divisões, opiniões distintas e variadas teologias.

A babel se instala quando se trata da Igreja Cristã Evangélica. Presbiterianos, Metodistas, Anglicanos e Luteranos são pedobatistas, ou seja, admitem o batismo de crianças. Já os pentecostais, neopentecostais e a Igreja Batista não admitem o batismo infantil e isso é só um, dos inúmeros exemplos que posso aqui elencar, das diferenças profundas entre as igrejas cristãs tais como as conhecemos hoje.

Por tudo acima exposto, causou-me indignação a abordagem do programa da Rede Globo de Televisão, chamado “O Sagrado”, sobre a homossexualidade, transmitido no dia 22 de dezembro último. Não é a primeira vez que o programa aborda a questão, inclusive, comentei anteriormente tal abordagem que você pode ler aqui: (http://acapa.virgula.uol.com.br/site/noticia.asp?codigo=9862). A diferença daquele programa e sua abordagem, para este que agora comento, é que o primeiro abordava a questão segundo a religião islâmica e o assunto principal não era a homossexualidade em si, mas as famílias homoparentais.

O grande problema desta abordagem, agora por mim comentada, do programa “O Sagrado” sobre a homossexualidade, é a parcialidade deste, a desonestidade intelectual e a informação equivocada. Explico-me:

O programa em questão apresenta o Pastor Israel Belo de Azevedo, da Igreja Batista de Itacuruçá, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, como o comentador da questão desde uma abordagem evangélica sobre o assunto. O Pr. Israel é taxativo quando afirma que os evangélicos escolhem a Bíblia como regra de fé e conduta de vida e que esta proíbe a prática homossexual. Para o telespectador, então, ao terminar o programa, fica entendido que toda a igreja evangélica e que todos os evangélicos condenam a prática da homossexualidade.

Acontece que isso não é verdade!

Conforme exposto no início deste artigo, a questão homossexualidade e sua prática é entendida de maneiras diferentes pelas diferentes igrejas evangélicas, que, longe de ser um bloco monolítico acerca de crenças e costumes, encontra-se dividida, não apenas em relação à homossexualidade e sua prática, bem como acerca de outras questões sérias, inclusive.

No contexto atual, podemos dividir as igrejas cristãs, de maneira geral, em fundamentalistas não inclusivas e liberais inclusivas. Na prática, isso significa: igrejas que lêem seletivamente ao pé da letra a Bíblia e igrejas que lêem a Bíblia criticamente. As primeiras não aceitam a homossexualidade e até mesmo exclui os integrantes homossexuais de seus quadros. A segunda não somente aceita homossexuais e a prática da homossexualidade, bem como oficializam uniões homoafetivas (nem todas) e ordenam ao ministério pastoral pessoas homoafetivas (nem todas).

Nos EUA e Europa, os Anglicanos, Reformados (presbiterianos), Luteranos e um ramo da Igreja Metodista já adotam o método histórico-crítico de análise das Escrituras e chegaram a conclusão de que a Bíblia não condena a homossexualidade e sua prática e abriram suas portas e seus ministérios às pessoas homossexuais.

A Igreja Episcopal Anglicana nos EUA já possui bispos homossexuais e na Europa já têm pastores e pastoras gays. Os Luteranos, tanto nos EUA quanto na Europa, já tem pastores e pastoras homossexuais, inclusive, bispos que tem autorização da Igreja para residirem com seus respectivos cônjuges nas casas paroquiais.

Alas liberais das Igrejas Reformadas e da Igreja Metodista já avançam para a plena aceitação da homossexualidade em suas agremiações e, desde 1968, o mundo ganhou a primeira igreja evangélica radicalmente inclusiva (aberta aos LGBTs), a Igreja da Comunidade Metropolitana, fundada na Califórnia, na cidade de Los Angeles e atualmente presente em mais de trinta nações da terra, inclusive no Brasil.

No Brasil, a Igreja da Comunidade Metropolitana foi a primeira igreja abertamente inclusiva a se estabelecer e em breve comemorará sua primeira década em solo brasileiro. No rastro dessa, outras igrejas inclusivas nasceram, notadamente de cunho pentecostal, como a Comunidade Cristã Nova Esperança e a Igreja Cristã Contemporânea, dentre outras.

Portanto, a questão da condenação da homossexualidade, entre cristãos, no Brasil, não é uníssona, embora seja, infelizmente, majoritária.

Acontece que um programa de televisão, cuja concessão é pública e que tem função social, deveria informar ao telespectador não apenas uma abordagem, como se única fosse, acerca da homossexualidade, mas todas as abordagens, principalmente a abordagem inclusiva, pois basta as pregações nos programas evangélicos que condenam a homossexualidade, logo, as pessoas homossexuais (mesmo fazendo a tal hipócrita afirmação que amam os homossexuais). As pessoas homossexuais do Brasil não precisam que mais um canal na TV aberta que espalha a homofobia religiosa, já basta os canais evangélicos e os púlpitos das igrejas fundamentalistas que já realizam um “ótimo” trabalho neste sentido.

Concluo que a Rede Globo de Televisão, no programa O Sagrado, não apenas corrobora a homofobia religiosa como a espalha, fomentando a homofobia, filha do fundamentalismo religioso, que se concretiza no sofrimento de milhares de pessoas homossexuais do nosso país: nas escolas, nas famílias, nas igrejas, no trabalho etc. A Rede Globo de Televisão, quando se nega a trazer informação completa aos seus telespectadores sobre a visão religiosa cristã sobre a homossexualidade, contribui para o aumento da homofobia social em nosso país.

Segundo estatísticas colhidas pelo Grupo Gay da Bahia, que pesquisa seriamente o número de assassinatos de homossexuais no Brasil, já contamos, em 2010, o espantoso número de 250 homicídios de homossexuais. Tal número espantoso, “congratula” nosso país como o mais homofóbico do mundo, bem à frente do Irã, que penaliza a homossexualidade com a morte.

A Rede Globo de Televisão com o programa “O Sagrado”, abordando a homossexualidade da maneira que abordou, suja suas mãos no sangue dos homossexuais derramado em nossas terras. Sugiro aos meus leitores que enviem protestos à Rede Globo, informando-a de sua ignorância em relação ao assunto, pedindo, inclusive, que abandonem a má prática de se referir à homossexualidade nos seus programas jornalísticos como homossexualismo.

Nós não podemos nos calar, sob a pena de nos tornarmos cúmplices no sangue de nossos irmãos e irmãs, vítimas da homofobia que nasce da religião que exclui. Jesus Cristo, que sempre escolheu os excluídos e marginalizados, certamente está conosco! Mãos à obra, povo LGBT!

*Márcio Retamero, 35 anos, é teólogo e historiador, mestre em História Moderna pela UFF/Niterói, RJ. É pastor da Comunidade Betel do Rio de Janeiro - uma Igreja Protestante Reformada e Inclusiva - desde o ano de 2006. É, também, militante pela inclusão LGBT na Igreja Cristã e pelos Direitos Humanos. Conferencista sobre Teologia, Reforma Protestante, Inquisição, Igreja Inclusiva e Homofobia Cristã e colunista do Gospel LGBT.

domingo, 19 de dezembro de 2010

BH e seus vitrais

BH guarda vitrais que impressionam pela beleza e apuro técnico

Oriundas da pioneira Casa Conrado, obras de "catecismo visual" seduzem pelo místico encantamento


Walter Sebastião - EM Cultura

Vitral da igreja Nossa Senhora do Carmo- bairro Sion, obra da Casa Conrado

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Cansado da guerra e do espírito bélico alemão, Conrado Sorgenicht (1835-1901) procurava um lugar de clima quente para se livrar das dores do reumatismo. Em 1875, ele chegou ao Brasil, aos 39 anos. Trazia a mulher e os quatro filhos. Sem conseguir trabalho, ficou algum tempo em Cananeia, litoral paulista, até se mudar para São Paulo, onde instalou pequena oficina de pintura decorativa de residências.
Oriundo de uma região de vitralistas, Conrado percebeu a ausência de vitrais no país. Decidiu investir neles: em 1889, inaugurou a Casa Conrado. Sorgenicht nem era artista, fazia vitrais a partir de técnicas que vira em igrejas góticas, seguindo os desenhos de artistas convidados.

Assim começou a história do vitral feito no Brasil. A empreitada do patriarca Sorgenicht teve continuidade com o filho caçula, Conrado Sorgenicht Filho (1869-1935), e o neto Conrado Adalberto Sorgenicht (1902-1994). O primeiro assumiu o ateliê-oficina depois da morte do pai e aprofundou o padrão de excelência, aclamado ainda hoje. O outro cuidou de difundir a respeitada marca pelo país. Vêm da grife Conrado dezenas de conjuntos vitrais que se destacam pela qualidade técnica e artística. Até hoje podem ser admirados em várias cidades brasileiras.

Duvida? São de lá três monumentais patrimônios de Belo Horizonte: os vitrais das igrejas do Carmo, no Bairro Sion; São Francisco de Chagas, no Carlos Prates; e do Santuário São Judas Tadeu, no Bairro da Graça. “Pinturas de luz”, define Regina Lara Silveira Mello, professora de desenho industrial da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, em São Paulo, neta de Conrado Aldaberto Sorgenicht e autora da pesquisa, ainda inédita, Casa Conrado:100 anos do vitral brasileiro, primeira obra sobre o tema.

A marca do ateliê, explica ela, é a combinação harmoniosa de aspectos estéticos e técnicos. Chamam a atenção outras características: o trabalho com vidro, a delicadeza dos desenhos e a valorização da cor. A exuberância do colorido, observa ela, veio do encanto do fundador da Casa Conrado com a luminosidade tropical. Ele encontrou no Brasil a luz que não conhecia na Alemanha, como registrou num diário. “Ele passou esse sentimento nos vitrais”, enfatiza a pesquisadora.

As obras tiveram origem em parcerias da oficina com artistas, trabalhos a pedido deles e encomendas de instituições. A produção segue três linhas: vitrais sacros (maior e mais constante), para residências e para edifícios públicos. “É um trabalho pioneiro no Brasil, que formou a cultura do vitral”, explica Regina Mello. O avô era homem culto. Já idoso, subia nos andaimes das obras. O primeiro Conrado era homem extremamente católico, acreditava que o vitral favorece a oração – arte adequada a ambientes de introspecção e meditação. “Ele via esses trabalhos também como fonte de ensinamento religioso, uma espécie de catecismo”, completa.

A pesquisa, explica Regina Lara Silveira Mello, vem ao encontro do projeto de catalogação e fundamentação de pedidos de tombamento das produções da Casa Conrado. Devido à fragilidade do vidro, muito deve ter se perdido, mas ainda há considerável acervo. Isso, apesar da praga do vandalismo, reclama ela.

A especialista conta que obra importante de Conrado Filho, no Mercado Central de São Paulo, da década de 1920, teve de ser restaurada antes de ser inaugurada, como ironizava o próprio autor. Motivo: o local se tornou trincheira durante a Revolução de 1930, e os militares praticavam tiro ao alvo nos vitrais. Para Regina, só a educação patrimonial combaterá o problema.

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Vitral da igreja São Judas Tadeu, bairro da Graça

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Três grandes conjuntos de vitrais da Casa Conrado estão em Belo Horizonte: na Igreja São Francisco de Chagas, no Carlos Prates, de 1941; na Igreja Nossa Senhora do Carmo, no Sion (1958-1959), e no Santuário de São Judas Tadeu (1985-1992), no Bairro da Graça.

“Conrado Sorgenicht era praticamente o único no Brasil a trabalhar com a técnica medieval”, observa o cônego Pedro Terra Filho, responsável pela campanha que resultou na instalação de vitrais na Igreja São Judas Tadeu. Vinte e um foram instalados lá ao longo de sete anos. O primeiro foi o Divino Espírito Santo, da cúpula, “sinalizando a alma da Igreja, que é o povo unido”, explica.

“Desde a Idade Média, vitral é a Bíblia dos pobres e dos analfabetos, ensina religião por meio de imagens. Cores e figuras falam, têm vida, emocionam até o mais insensível. Criam dentro do templo a atmosfera mística que permite o contato com Deus. É muito diferente de parede nua e até de pinturas, que são opacas”, explica Terra.

Pesquisadores avisam: os vitrais são percebidos com admiração, mas merecem mais atenção do que recebem. “Muitas vezes, a visão é prejudicada por grades, projetos que não valorizam o trabalho e problemas trazidos pelo abandono”, observa Maria Regina Ramos, da Oficina de Restauro. Curtir a beleza do vitral não tem mistério. O essencial, explica ela, é observar o vitral “com a consciência de que não é fácil nem simples criar cenas com vidros”.

O vitral ganha luminosidades distintas dependendo do horário. Há quem garanta que o melhor é quando o sol bate, projetando cores no espaço. Belos vitrais, informa Maria Regina, podem ser vistos na Igreja São José, no Centro da capital. Estão lá os mais antigos da cidade, instalados por volta de 1910. “Não são temáticos, mas exemplos pungentes do gótico”, observa, lembrando que trabalhos mais antigos usam vidros lisos. Ela chama a atenção para os vitrais na Igreja Santa Edwiges (Bairro Bernardo Monteiro), que necessitam de restauro.

Outras belezas são encontradas no Museu de Artes e Ofícios, na sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no Centro e no Colégio Arnaldinum, no Bairro Anchieta.

domingo, 21 de novembro de 2010

O Talibã no Brasil são os cristãos

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O discurso da hipocrisia, disfarçando o ódio como direito de liberdade de se expressar...

Imaginem vocês, caros leitores, se eu fosse um evangelinazista contumaz, talvez eu pudesse, em nome da liberdade de me expressar, congregar, na órbita desse conceito nobre, uma série de acusações contra um grupo qualquer, afinal, em nome do DIREITO DA EXPRESSÃO TODOS OS OUTROS SUCUMBEM, INCLUSIVE, O DA VIDA E O DA DIGNIDADE!

Assim, para exemplificar, deixe-me pegar como exemplo algumas coisas próprias de minha formação. Sou descendente de alemão nato, com italiana nata. Minha pele é branca, meu cabelo é liso, venho da classe média e tenho boa formação. Como direito posso expressar minha fé, e esta vem dos evangélicos, que acreditam, por exemplo, que a marca que Deus colocou em Caím, por ter matado Abel, foi a cor negra. Necessariamente, tal idéia de expressão religiosa foi justificada na escravidão norte-americana, nas colônias do sul. Dessa forma, todo um grupo de pessoas, de pele negra, estão marcados pelo poder da religião e sua interpretação bíblica.

As origens do racismo e do preconceito contra o negro, a religião dos negros e a comida dos negros são bíblicas! E eu posso não concordar com a cultura dos negros e me manifestar contra ela, porque minha fé me dá o direito de assim proceder, e se alguém tentar me contradizer, eu ainda tenho, na Constituição da República, o direito inconfundível, princípio que está acima de todos os princípios, da liberdade de expressão e crença.

Isso pode parecer nojento, hipócrita, abominável, mas é exatamente isso que a Igreja Evangélica fez aos negros nos EUA, e é exatamente isso que a Igreja Cristã faz contra os homossexuais na atualidade.

Semana passada, o pastor presbiteriano e chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Augustus Nicodemus Lopes, trouxe novamente a polêmica sobre a homossexualidade e a homofobia e o direito de se expressar... Para o pastor o PL 122/06 maximiza o direito de um determinado grupo, ao mesmo tempo em que, minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados pela Carta Magna e pela Declaração Universal dos Diretos Humanos.

Engraçado, o Nicodemus deve desconhecer o Código de Defesa do Consumidor, que trata os consumidores de forma a maximizar seus direitos frente os distribuidores e fornecedores numa relação de consumo, com o fim de tratar com igualdade a parte fraca na relação consumerista. Da mesma forma, não deve conhecer o Direito dos Trabalhadores, que maximiza o empregado e seus direitos frente ao poderio do empregador, restabelecendo a igualdade diante da lei dos interesses pretendidos. Deveria perguntar ao Nicodemus de quais direitos os homossexuais gozam para que, em havendo uma lei que proíba o preconceito, ferirá a relação de igualdade entre homossexuais e heterossexuais? E quando o dito pastor se refere a Carta Magna, a que Carta ele está se referindo, a Constituição ou a Bíblia? (isso é válido, pois quando na boca de um fundamentalista está dito a máxima carta ela nunca será a Constituição de qualquer país, antes de ser seu próprio livro sagrado).

Assim, a criminalização do racismo foi exatamente proibir a expressão livre do ódio contra um grupo, por este ter a cor da pele diferente da branca! A criminalização do homicídio é proibir a livre expressão do ódio contra alguém em que pese na eliminação deste da face da terra! A criminalização do roubo e do furto consistem em proibir a livre expressão e manifestação de alguém em saquear qualquer objeto de outrem por meios ardilosos ou pela força! A grave ameaça é a proibição da livre expressão da palavra, gestos e qualquer outro meio que intimide alguém de forma violenta. A criminalização da homofobia será a proibição da livre expressão de alguém difundir seu ódio contra o outro pelo simples fato desse se comportar diferente do que a heteronormatividade impõe.

Desta forma, a liberdade de expressão não é um direito absoluto no ordenamento jurídico, e em vários momentos a liberdade de expressão é e deve ser restringida, caso contrário uma pessoa que no momento da iria expressasse todo seu ódio contra o outro, no mais alto grau, matando-o, não poderia responder por homicídio (art. 121 do CP), pois ela simplesmente estaria usando seu direito absoluto de se expressar e manifestar. A própria constituição entende assim quando diz:

“Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”.

Ou seja, a própria Constituição limitou a liberdade de expressão frente à lei, não sendo tal princípio do Direito encarado de forma plena ou indiscutível. Ainda, dois princípios estão dispostos sobre todos os outros: a VIDA e a DIGNIDADE, e eles sempre se sobressairão em qualquer hermenêutica aplicada na lei para seus efeitos.

Não demorou, e logo um velho conhecido veio se manifestar: JÚLIO SEVERO. Júlio não sustenta nem 1/3 da inteligência que ele adoraria ter, aliás, basta ver seu argumento para que se tenha pena da falta de senso do mesmo. É um asno falante (e que me desculpem os asnos pela ofensa, afinal comparar Júlio Severo a qualquer criatura é demeritório às criaturas a que a ele forem comparadas)! Escarra Júlio:

“os homofascistas nunca trocariam o Mackenzie por uma mesquita como alvo de suas reais manifestações de ódio. Eles tremeriam de medo só de pensar em fazer um protesto na frente da Embaixada do Irã, país que tradicionalmente mata homossexuais!”

Assim, Julio afirma que os homossexuais se aproveitam da, suposta, passividade dos cristãos.

Bem, que passividade cristã é essa? A passividade da inquisição católica, a passividade de João Calvino com Serveto em Genebra, a passividade dos luteranos e de Lutero com camponeses e judeus na Alemanha, ou a passividade de Hitler, cristão católico, e leitor de Lutero, contra os judeus, gays, ciganos etc?

Agora, interessantíssimo, é saber que da passividade evangélica até um exército foi criado: A LIGA DE ESMALCADA, que pretendia lutar contra outro exercito cristão pacífico: a coalizão católica, e que os dois exércitos se uniram para derrotar os turcos seljúcidas: 1531-1538. Ou seja, católicos e protestantes guerreando contra os muçulmanos. E o que dizer da passividade dos irmãos irlandeses católicos e protestantes, armados até os dentes, com milícias terroristas de ambos os lados?

A passividade cristã é assombrosa, e é implícita a apologia à guerra e ao massacre que Júlio Severo faz em seu texto, uma vez em que os cristãos começarem a agredir fisicamente os gays, em semelhança do que acontece com os muçulmanos, os gays não terão coragem de reagir! Essa é a verdadeira imagem de Júlio Severo, um hipócrita talibã de bíblia em punho! ESSA É A FACE DA IGREJA EVANGÉLICA NO BRASIL, UMA IGREJA TALIBÃ, que ameaça tudo e todos que não se submetem aos seus desígnios.

domingo, 6 de dezembro de 2009

O NAZISMO CRISTÃO

Nunca imaginei que chegaria um dia que teria que escrever sobre algo, que muito, torturou milhões de pessoas, e que, na contemporaneidade, tal sentimento do passado, que causou estranheza, medo, revolta e vergonha, não serviu de lição para aqueles que peregrinam, mas, que tão somente, divulgam seus ódios próprios, alienados da história, alienados de suas conseqüências e de suas próprias responsabilidades.

Esse é um quadro cruel, muitas vezes, basta conversar com um alemão, já idoso, para ver nele a dor que é exposta, a vergonha que se faz, por um legado, que nunca se apagará, por conta de 1939- 1945. Foi assim que coloquei fim a um debate contra os homossexuais numa comunidade luterana do Orkut, enquanto muitos ali acusavam os gays, lembrava dos efeitos da guerra, quando Hitler também os acusou, não somente os gays, mas os JUDEUS principalmente. Caro leitor, não sei o que te parece isso, mas, tenho certeza, que os descendentes germanos que leem estas palavras sabem, exatamente do que eu falo. É duro quando pego um diário de um jovem judeu- polonês, que meu avô me deu, para ler, e saber que, o mesmo, morreu aos 18 anos de idade, em plena Segunda Guerra, por ser JUDEU!

Meu avô, quando fiz 18 anos me presenteou com um livro: O diário de Dawid Sierakowiak: A visão do holocausto por um jovem do gueto de Lódz./ editado e traduzido por Alan Adelson, 1996, RJ: Editora Record. Na ocasião, ele queria me ensinar sobre tolerância. Depois de ler o livro ele conversou comigo, e me ensinou que na vida nenhuma idéia vale a dignidade do outro, e que as boas idéias são aquelas que contemplam o espaço de todos, livremente, com dignidade e honra, sempre. O que não é ter que concordar, mas se na discórdia o ódio vir, então, melhor é encerrar a discussão e seguir o seu caminho. Abro o livro de David, seu diário é real, suas páginas, todas elas reais, não é ficção, aquilo de fato aconteceu àquele menino, nos seus 15 aos 18 anos. Um menino que não viu o mundo que nós vemos; um menino que compreendeu o que é homem cristão na sua intolerância cristã, melhor do que todos nós podemos ver, sentir ou imaginar.

Uma de suas anotações sobre a fome que Hitler impôs em Lódz se encontra em Sábado, 7 de junho de 1941:

Vomitei terrivelmente à noite passada e fiquei na cama o dia inteiro, hoje, mais fraco do que antes. Não fiz nenhum dos deveres de casa que marquei para hoje, e mal pude fazer alguma leitura. Não há quase nada para encher esse estômago e, agora, vomitei toda a comida, sem ter feito uso dela. Que desperdício Que isso passe e não acabe sendo alguma coisa pior.


Numa outra passem a que encerra o livro:

À noite, tive que preparar a comida e cozer a ceia, o que me deixou totalmente exausto. Em política não há, em absoluto, nada de novo. Mais uma vez, por incompetência, sinto que estou começando a cair em melancolia. De fato, não há nenhuma saída para nós.


Esta é a anotação final do rapaz de 18 anos em 1943. Pouco tempo depois, o jovem autor morreu de tuberculose, exaustão e INANIÇÃO. A síndrome do holocausto, conhecida como a doença do gueto, onde mais de 60 mil judeus morreram em Lódz, um campo urbano de escravos na Europa cristã nazista.

Foi ouvindo o debate na REDE MELODIA que resolvi me dar essas páginas de reflexão, um pastor enraivecido, enfurecido, esbravejante, gritando, acusando, odiando, vociferando, quase cumprindo o legado de ser pastor (alemão) rosnando. Tão somente, por estar diante de um homossexual... Meu Deus, pensei, que pequenez! Um outro, dizia que se sentia, profundamente, incomodado, por uma minoria, querer dizer a maioria, como eles devem pensar e agir, e que isso era uma ditadura gay. Foi, então, que me lembrei de Hitler dizendo dos judeus: Uma minoria, que quer controlar a Alemanha!

Hitler era cristão... Muitos de seus escritos trazem às marcas de seu compromisso com a fé cristã... E foi usando escritos de Lutero, embora católico, que Hitler, na Segunda Guerra, disseminou o ódio nas praças da Alemanha. De alguns escritos do próprio Hitler podemos extrair:

“Por isso, acredito agora que ajo de acordo com as prescrições do Criador Onipotente. Lutando contra o judaísmo, estou realizando a obra de Deus. O partido evitou combater contra quaisquer organizações representadas pela Igreja, assegurando-se, assim, o apoio dessa poderosa organização. O mundo não foi feito para os povos covardes.”


FONTE: MEIN KAMPF (Minha Luta - Adolf Hitler).

Parte 1, Capítulo 10

Sua vida [do judeu] só se limita a esta terra, e seu espírito conservou-se tão estranho ao verdadeiro Cristianismo quanto a sua mentalidade o foi, há dois mil anos, ao grande fundador da nova doutrina. Verdade é que este não ocultava seus sentimentos relativos ao povo judeu; em certa emergência pegou até no chicote para enxotar do templo de Deus este adversário de todo espírito de humanidade que, outrora, como sempre, na religião, só discernia um veículo para facilitar sua própria existência financeira. Por isso mesmo, aliás, é que Cristo foi crucificado, enquanto nosso atual cristianismo partidário se rebaixa a mendigar votos judeus nas eleições, procurando ajeitar combinações políticas com partidos de judeus ateístas e tudo isso em detrimento do próprio caráter nacional.


FONTE: MEIN KAMPF (Minha Luta - Adolf Hitler)

Parte 1, Capítulo 11

As confissões cristãs, todas duas, estão presenciando indiferentes a essa profanação e destruição de um nobre e incomparável ser presenteado à nossa terra pela graça de Deus. Para o futuro da humanidade, não importa saber se os protestantes vencem os católicos ou os católicos os protestantes, mas sim, se o homem ariano é conservado no mundo ou se desaparece. Apesar disso, essas duas confissões, longe de combaterem o destruidor da espécie, tratam apenas de se aniquilarem mutuamente. Justamente o homem de sentimentos nacionalistas devia ter a sagrada obrigação, cada um dentro do seu próprio credo, de cuidar, não só de falar sempre da vontade de Deus, mas também de cumpri-la, não permitindo que a obra de Deus seja desonrada. A vontade de Deus foi que deu aos homens sua forma exterior, sua natureza e suas faculdades. Aquele que destruir a obra de Deus está desta forma combatendo a obra divina, a vontade divina.


FONTE: MEIN KAMPF (Minha Luta - Adolf Hitler)

Ou quando me lembro do papa Bento XVI dizendo que a questão de se combater a homossexualidade é uma questão ecológica para a própria sobrevivência do homem, ou do pastor na Rede Melodia dizendo que a terra, e a humanidade só se mantiveram até hoje por conta da heterossexualidade, e sendo heterossexual é que o homem chegou aonde chegou...

Lutero reformador protestante uma vez disse, e deixou escrito:

Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas... Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas... Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem (cobrança de juros extorsivos sobre empréstimos)... Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade... Portanto, fora com eles...


Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus.


Ainda, A questão é muito simples. O anti-semitismo — que era praticado por Hitler e seus seguidores, e é por todo o mundo condenado — já foi uma prática comum na História mundial, aceita por (quase) todos, e estimulada pela própria Igreja Católica durante a maior parte da sua história (tendo as relações entre Igreja Católica e judeus sido melhoradas somente durante o papado de João Paulo II, iniciado em 1978).

O próprio Hitler considerou Lutero uma das três maiores figuras da Alemanha, juntamente com Frederico, "o Grande", e Richard Wagner. Ao executarem seu primeiro massacre em larga escala, em 9 de novembro de 1938, no qual destruíram quase todas as sinagogas da Alemanha e assassinaram trinta e cinco judeus, os nazistas anunciaram que a perseguição era uma homenagem ao aniversário de Martim Lutero.

Hoje, os gays estão sendo considerados como a minoria que quer mandar no país, como os judeus eram a minoria que queriam mandar na Alemanha, os gays têm que ser purificados, ou então são dignos de morte, como leu em alto e bom tom Silas Malafaia: D I G N O S D E M O R T E! Os cristãos nazistas começam a sua guerra de purificação da raça no Brasil!