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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ricky Martin: Sua paixão brasileira

Em 1999, Ricky Martin concedeu uma entrevista a Renata Ceribelli, no “Fantástico”, em que revelava ter vivido uma grande paixão, três anos antes, no Brasil. “Aconteceu no carnaval. Foi uma menina, uma história de amor que me fez louco com seu jeito de dançar...”, disse, em seu “portunhol”. No entanto, não tratava-se de uma moça, mas sim de um rapaz que conhecera na quadra da Portela. Na época, André Santos tinha 23 anos e era ritmista da escola de Madureira.

Fotos de Arquivo Pessoal

Inicialmente, Ricky pediu para que o rapaz levasse fãs para uma festinha no Copacabana Palace regada a muito champanhe. No meio da noite, o cantor se declarou para André. E o jovem, que morava em Olaria, subúrbio da Leopoldina, passou a viver dias de luxo e riqueza na suíte do hotel mais tradicional da cidade.

Quando deixou o Brasil, Ricky prometeu levá-lo para os Estados Unidos. Dito e feito. Foram mais de 10 viagens internacionais. André registrou alguns momentos da viagem posando ao lado de uma das limousines do cantor. “Quando saíamos, íamos em limousines separadas”. André pode conviver com um Ricky que poucos conhecem. “Ele é bem simples, alegre, brincalhão, passava boa parte do tempo vendo desenho animado e jogando video-game”

André ao lado de uma das limousines do astro e na frente da mansão de Ricky

Depois de alguns anos, o afastamento foi inevitável. Principalmente por conta do medo de uma exposição pública de sua vida particular. “Ainda hoje nos falamos por telefone. Eu ligo pro celular dele a cobrar. Ficou uma grande amizade”, disse. Com o tempo, a vida de André seguiu novos rumos. Hoje ele é casado com uma mulher.

O vídeo de Ricky Martin no "Fantástico" aparece a partir de 1:34 segundos do vídeo


Fonte: Globo.com

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Triste Ratinho e a polêmica do de Pádua

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Condenado a 19 anos e nove meses de prisão pelo assassinato de Daniella Perez, ocorrido em 1992, Guilherme de Pádua afirmou nessa quinta-feira (8), em entrevista ao apresentador Ratinho, que gostaria de pedir perdão à novelista Glória Perez, mãe da vítima. "O que eu mais desejo é a felicidade das pessoas a quem causei dor. Mas eu acho que ela (Glória) não quer me ouvir", afirmou Guilherme no Programa do Ratinho.

Durante a entrevista, ao vivo, Guilherme não quis contar o que aconteceu na noite do assassinato. Na quarta-feira (7), Glória Perez escreveu no Twitter que ia processar Guilherme se ele fizesse "qualquer referência mentirosa" a Daniella. Irritado por Guilherme não falar sobre o crime, Ratinho terminou o programa dizendo que o entrevistado era um ator e que, se estivesse no lugar de Glória Perez, não o perdoaria.

Na conversa com Ratinho, Guilherme disse que a justiça foi feita. "Estraguei a minha vida. Deus tem feito coisas maravilhosas por uma pessoa que não merece. Fui condenado no natural, mas não no sobrenatural. Deus transformou minha vida", garantiu ele, que agora é evangélico.

Segundo o ex-ator, sua versão e a de sua ex-mulher, Paula Thomaz, também condenada pelo assassinato de Daniella, nunca foram divulgadas. "Ninguém sabe a minha versão da história. Já cuspiram em mim no shopping. As pessoas adoram chutar cachorro morto, principalmente se for alguém pacato como eu. Precisam de Deus", disse ele, sem contar a sua versão.

Após a entrevista, Glória Perez postou vídeo de Guilherme no Twitter e escreveu: "Esse é o psicopata". Em seu blog, ela criticou Ratinho por entrevistá-lo. "A iniciativa do programa foi um insulto a mim e a todas as mães de filhos assassinados. Se deu algum ibope, Sr. Ratinho, que o lucro lhe seja leve!", escreveu.

Processo como resposta
Após saber da entrevista que Guilherme de Pádua daria no Programa do Ratinho, quarta-feira, Glória Perez usou seu perfil no Twitter para protestar. "Advogados acionados! O assassino não está mais sob proteção da lei que garante ao acusado o direito de mentir e denegrir a vítima para se safar. Portanto, qualquer referência mentirosa à minha filha terá como resposta medidas judiciais cabíveis! O recado foi dado! Que o assassino fale de si: qualquer versão fantasiosa envolvendo minha filha, processo neles! Criminal e cível", escreveu.

Glória Perez e Ratinho: farpas pela internet
Glória Perez também usou o Twitter na quarta-feira para criticar Ratinho. "Lastimável a atitude do Ratinho de levar o psicopata ao seu programa. Um psicopata que embosca e mata colega de trabalho por causa de papel e ainda vai dar pêsames à família já não disse a que veio?", escreveu.

O apresentador não ficou calado e deu sua reposta também pelo Twitter: "Essa matéria é para saber, perante a opinião pública, se estes crimes hediondos já foram esquecidos ou ainda estão vivos na memória. Tenho 3 filhos e três netas. A história triste, o crime bárbaro, nada apaga a dor da perda de um filho".

Durante o programa, Ratinho se defendeu. "A Globo também mostrou entrevista de Glória Maria com Guilherme, logo depois do crime. Então, não vem me cobrar. Não sou funcionário deles, sou do SBT. Sou dono do programa. Só se o Silvio Santos ligar, não coloco no ar. Gente de fora não. Meu direito. Isso é censura. Eu não estou aqui para apoiar o Guilherme. Vou conversar com ele, faz 18 anos que ele não toca no assunto", disse.

Relembre o caso
A atriz Daniella Perez foi assassinada aos 22 anos, com 18 golpes de tesoura, no dia 28 de dezembro de 1992. Na época, ela vivia a personagem Yasmin em De Corpo e Alma, trama escrita por sua mãe, Glória Perez. A atriz, que era casada com o ator Raul Gazolla, foi assassinada na noite do dia 28 de dezembro de 1992, por volta das 21h30, logo após ter deixado os estúdios da Globo, depois de mais um dia de gravação. Seu corpo foi encontrado em um matagal da Barra da Tijuca.

Logo após a confissão dos assassinos - o ator Guilherme de Pádua e sua mulher na época, Paula Thomaz -, começaram a circular várias versões que tentavam explicar o ocorrido. Entre elas, a de que Guilherme estaria confundindo a ficção com a vida real e que estaria apaixonado por Daniella Perez. Foi cogitado, inclusive, que os dois estariam vivendo um romance fora das telas, história totalmente negada por todos os colegas de elenco.

Em janeiro de 1997, o juiz José Geraldo Antônio condenou Guilherme a 19 anos de prisão pela morte da atriz. No dia 16 de maio daquele ano, após 44 horas de julgamento, o mesmo juiz condenou também Paula a 18 anos e meio, pela sua participação no assassinato. A decisão foi comemorada pelo público presente com uma salva de palmas.



Fonte: TERRA

segunda-feira, 5 de abril de 2010

As maravilhas de Dubai

Beijo pode levar casal de ingleses para prisão em Dubai

Charlotte Adams, 25, e Ayman Najafi, 24 anos, trocaram um beijo e um carinho às 2h da manhã em um restaurante de Dubai, nos Emirados Árabes. Foi o suficiente para que eles fossem retidos no país e julgados por ato sexual em público.

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O casal de ingleses permanece em território árabe e será julgado em até dois meses. Num primeiro momento, eles alegaram que o beijo foi no rosto, mas o juiz não aceitou a explicação. Agora, podem pegar até 30 dias de prisão. As leis do país são bastante severas quanto à troca de carinho em público.

Najafi e Charlotte ficarão em Dubai até que uma nova audiência seja convocada para decisão final do caso. "Espero ir para a cadeia, assim cumpro meus 30 dias de prisão e depois retomo a minha vida", desabafou a corretora de imóveis ao tabloide "The Sun".

O jovem casal ainda foi multado em 200 libras por beber álcool.

Fonte: Globo.com

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cultura de massa e sexualidade

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Ao ser perguntado por um dos participantes do Big Brother Brasil sobre o que representavam os 77 milhões de votos da eliminação do programa de 23/02/2010 – em que estavam “no paredão” um gay, uma lésbica e um homem heterossexual machista – o jornalista Pedro Bial, apresentador da atração, respondeu: “Eu não sei”. O Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM) buscou conversar com diferentes pessoas – pesquisadores, militantes e telespectadores do programa – para entender como o programa mobilizou tão amplamente a sociedade nesse episódio que excedeu outras eliminações.

Na análise de muitos, o resultado – a saída de Angélica, a protagonista lésbica –reafirmou a vigência de valores conservadores acerca da sexualidade entre o público que assiste o programa da TV Globo. Certamente deu pano para a manga e rendeu diversas manifestações

A escolha dos participantes desta décima edição do BBB, iniciado em janeiro, por si só já apontou para uma intensa polarização entre visões de mundo, ao juntar um gay “mais feminino”, uma drag queen, uma jovem lésbica assumida, um homem heterossexual já conhecido do público como misógino e homofóbico, mulheres heterossexuais sensuais, uma intelectual que se afirmava discrepante do modelo hegemônico de beleza magra e um negro de cabelos afro-étnicos. A separação destes em “grupos” (“coloridos”, “sarados”, “belos” e “ligados”) de antemão prenunciava o tipo de polarização a ser estimulada. A nova lógica implementada cumpre o papel de estratégia para ampliar os índices de audiência, objetivo último de um produto midiático comercial.

Contudo, o “paredão”, formado pela tríade de elementos tão diversos, provocou polêmicas que captaram a imaginação do público e levantou diversas questões. Este paredão, que logo vai ser esquecido pelo de hoje à noite (02/03/2010), confrontou a possibilidade de permanência no jogo de uma mulher lésbica (eliminada com 55% dos votos) com a do jogador cuja personalidade vem expressando uma performance agressiva e ambiguamente discriminatória – veja-se a interdição de se conversar sobre certos assuntos no horário das refeições em troca do rapaz (chamado Dourado) se refrear na emissão de arrotos. A “pequena ética” do grupo, como afirmou Pedro Bial em uma de suas aparições, parece agradar a uma enorme variedade de fãs que resolveram dar um basta ao respeito à diversidade sexual. Dourado parece emergir como modelo do machão heterossexual, destemido, “autêntico”, que “não leva desaforo para casa”.

Em e-mails e telefonemas, o CLAM buscou entender o que parte da audiência entende ou o que se pode ler entre imagens, votos e falas:

Uma editora carioca, assídua telespectadora do programa, afirmou não ter visto qualquer manifestação de homofobia na decisão do público. Afinal, segundo ela, a votação do gay também “emparedado” foi muito baixa e a polarização mostrou que havia muita gente disposta a “detonar” a participação de Dourado. A telespectadora atribui o resultado final ao fato de Angélica ter se envolvido em fofocas de “leva e traz”, o que comprometeu sua popularidade.

Para muitas ativistas lésbicas, porém, o que está por trás da saída da moça é, sim, a lesbofobia. Segundo essas vozes, o problema da personagem foi demonstrar o desejo por outra mulher em pleno programa (outra participante), causando um incômodo no público, o qual tem sido mascarado por outras críticas a ela, como a chamar de “fofoqueira” ou “encrenqueira”. “Ela desafiou a virilidade masculina do homem brasileiro, ao tentar se ‘intrometer’ em uma relação heterossexual, expressando seu desejo pela namorada de um outro participante. Vivemos em uma sociedade androcêntrica e, por conseguinte, falocêntrica”, avalia Jandira Queiroz, assistente de projetos do Observatório de Sexualidade e Política (SPW).

Na análise de Jandira, a moça desafiou a heteronormatividade e o patriarcado, especialmente por encarnar um tipo de lésbica não masculinizada, mas extremamente feminina. “A lésbica bonita e feminina incomoda muito mais. O homem heterossexual ainda entende a lésbica masculinizada, sem entender como ela se construiu ou o quanto esta imagem foi construída como uma forma defensiva de se colocar no mundo”, alinhava a ativista Gilza Rodrigues, presidente do Grupo de Conscientização Homossexual Arco-Íris, entidade responsável pela Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro, segunda maior do mundo em número de participantes.

Para muitas das pessoas ouvidas, o resultado era esperado, considerando o padrão brasileiro de uma sociedade repleta de preconceitos. “A maneira que a homossexualidade feminina veio sendo tratada no programa – referida através de estereótipos masculinos, com a clara intenção de ridicularizar a sua orientação sexual, reforçando as concepções tradicionais de gênero e sexualidade – denota o quanto a questão de gênero perpassa a orientação sexual na experiência cotidiana dos sujeitos.
Com base nessas premissas, sua exclusão do programa leva, sim, a que se possa pensá-la como produto da dominação simbólica. Sua eliminação reforça a idéia de que a mulher não pode impunemente violar as regras de seu estilo de gênero tradicional, tampouco a orientação heterossexual. As lésbicas, mais ainda do que as mulheres heterossexuais, ‘precisam saber o seu lugar’, parece ser a mensagem transmitida com a eliminação da moça”, analisa a historiadora e mestre em Política Social Rita Colaço, responsável pelo blog “Comer de Matula”, dirigido a lésbicas, gays, travestis e transexuais.

Porém, se a eliminação da participante lésbica era esperada, como explicar a permanência de alguém que se assume como “o machão da casa”, afirma que homens heterossexuais não contraem HIV e diz que homossexualidade é opção? Na opinião da psicóloga Vanessa Leite, pesquisadora do CLAM, o relativo sucesso do personagem se ancora na saudade de uma “masculinidade perdida”. “Não existem outros homens heterossexuais que se posicionem como ele no programa. Ele ocupa um lugar no imaginário social do “macho ideal”: autoritário, homofóbico e misógino”, diz ela.

“Ele é um exemplo do machismo no Brasil, mas é apenas a ponta de um iceberg que ainda associa os homossexuais à Aids e que trata a mulher como objeto. A suástica que ele carrega tatuada no corpo já demonstra o que ele pensa em relação à diversidade. Sua manutenção no programa sinaliza que, em parte, a sociedade comunga com as suas opiniões. Isso é preocupante, uma vez que pode vir a prejudicar o trabalho de visualização de direitos e de cidadania realizado por diversas organizações da sociedade civil brasileira”, afirma o ativista Cláudio Nascimento, Superintendente de Direitos Coletivos, Individuais e Difusos da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro.

Outras vozes fazem coro com Nascimento. “Por sua elevadíssima audiência, o programa pode tanto contribuir para o esclarecimento a respeito de visões preconceituosas e estigmatizadoras, quanto para contribuir justamente para o seu reforço, estimulando personalidades violentas e com dificuldades em se relacionar com a alteridade, como está parecendo ser o caso nesta versão do programa”, salienta Rita Colaço.

“Programas como o Big Brother Brasil, como qualquer cultura de massa, formam opinião, podendo trazer conseqüências tanto positivas quanto negativas. As discussões que são geradas pelas atitudes das pessoas podem tanto diminuir quanto reforçar preconceitos”, diz a jornalista Daniela Novais, que se define como lesbofeminista e atua como articuladora e mobilizadora política no LesBiBahia, articulação autonomista de lésbicas e mulheres bissexuais baianas que discute agenda política e demandas para o movimento em prol dos direitos das lésbicas.

Segundo o jornalista paulista João Marinho, administrador do blog “Gospel LGBT: homossexualidade sem preconceito”, o problema é que, “desde o começo, a emissora ‘marcou’ a sexualidade dos ‘coloridos’ como sua principal característica e diferencial de ‘grupo’. Os grupos da casa não foram formados naturalmente, foram ‘impostos’ pela produção por características que esta considerara como diferenciais. Por esse motivo, quaisquer outras características individuais dos participantes foi ‘mascarada’ – e parece que quase tudo que acontece com eles se remete àquele diferencial. No caso dos coloridos, a sexualidade. Com isso, a emissora gera polêmica e audiência, mas não é possível apontar que a homossexualidade tenha sido o motivador principal da eliminação da moça, especialmente num programa que já teve um homossexual como vencedor”.

O gay em questão foi o professor universitário Jean Wyllys, vencedor da quinta edição do programa. Porém, parece que gays discretos (como Jean) ou menos discretos e mais femininos (como dois dos atuais participantes, que demonstram bons índices de “aceitação” junto ao público) ganham mais facilmente a empatia do público, razão apontada por muitos como um dos motivos da vitória de Wyllys, que se “assumiu” dentro da casa. Por sua vez, João Marinho particularmente não vê como positiva a exposição dos homossexuais nesta edição em particular.

“Seria interessante se a emissora tivesse incluído participantes assumidos, mas não interferisse diretamente na formação dos grupos dentro da casa. Isso, sim, discutiria o preconceito de forma positiva. Não foi o que aconteceu. De certa forma, os ‘coloridos’ – e não apenas eles, mas todos os demais – foram ‘segregados’, ‘marcados’ por uma característica sua, e isso começou a pautar os diálogos, as manifestações de preconceito por parte de outros participantes, e a visão de que somos ‘seres à parte’. Por que uma pessoa não pode ser, por exemplo, ao mesmo tempo ‘sarada’ – um outro ‘grupo’ da casa – e ‘colorida’? Ao evidenciar a sexualidade como característica tão diferencial, talvez com a justificativa de trazer o diálogo, a emissora, na verdade, acaba por reforçar gays e lésbicas como pessoas ‘não-pertencentes’, excluídas de outros grupos por sua sexualidade. Isso é bem negativo”, conclui o jornalista.

Nessa busca de opiniões acerca dos participantes, o comentário da antropóloga Paula Lacerda centra-se na análise da dinâmica do programa – muito intensa – o que faz com que vários episódios façam, desfaçam e reconstruam a imagem dos candidatos: “No início do programa, Dourado compartilhou, com um outro participante, a encarnação do ‘forte e rude’. No entanto, só este último não foi estigmatizado e objeto de discriminação pelo grupo trancafiado na casa”, diz. Ela não entende por que Dourado encarne o signo pleno da discriminação contra a diversidade sexual dentro do BBB10. Para a antropóloga, a cena armada por outro participante depois que a namorada (aquela, por quem a participante lésbica se sentiu atraída) supostamente o chamou de gay (ou bissexual?) foi a grande homofobia desse programa. “Não bastasse a revolta desencadeada com a brincadeira, ele considerou um problema adicional o fato da namorada ter conversado sobre isso justamente com um dos colegas gays”.

Há um outro tipo de público que acompanha as vicissitudes do programa sem necessariamente assisti-lo: são os fãs dos blogs e comentários on line. Segundo a antropóloga e professora do Museu Nacional Adriana Vianna, o que parece estar havendo é a vitória da "tosquice" e uma reação das pessoas a não torcer pelos participantes "só" pela sua orientação sexual, antepondo-se ao que parece “politicamente correto”.

Não resta dúvida, as cenas de homofobia se inserem em muitos planos e cenas do programa e a magia dessa discriminação, tal e qual outras formas de preconceito, é fazer parecer que elas não são efeito de uma moralidade heteronormativa, mas sim de características dos indivíduos. Como a de Marcelo Dourado, que ressalta a máxima cavalheiresca de que ele não bate em mulher. A questão, assinala um fisioterapeuta gay, é que “ele não deveria bater em ninguém – nem homem, mulher, cachorrinho etc...”

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quarta-feira, 25 de março de 2009

Bluetooth para pegação gay

Sexo ao ar livre

Tecnologia de celular ajuda a encontrar parceiros
sexuais em locais públicos

por Erik Galdino

Uns três anos atrás, eu tinha ouvido falar que, na Europa, as pessoas estavam usando Bluetooth para fazer "pegação" nos parques e shoppings – mas por aqui, na época, poucos celulares tinham a tecnologia, e, por isso, eu não entendia bem como seria o funcionamento desse sistema ultramoderno de encontrar sexo.


De lá para cá, os preços dos celulares caí­ram e as tecnologias foram incorporadas de modo que câmera, MP3 e transferência de arquivo passassem a ser comuns em todos os aparelhos. Foi aí que os brazucas, muito criativos, resolveram aderir à forma europeia de encontrar sexo rápido em local público – e sem medo dos seguranças nos banheiros!


Túnel do prazer

Em São Paulo, o metrô é um dos points dessa nova moda. Para conferir, segui a indicação de um amigo, daqueles que adoram pegar o metrô lotado, na hora do rush, só para ser encoxado – e constatei: sim, dá pra encontrar sexo usando o celular!


No primeiro dia, peguei o metrô paulistano na Linha 2 - Verde e segui, sentido Centro, até uma estação de integração. O basfond acontece principalmente em estações desse tipo, que interligam linhas diferentes do sistema, por possuírem um fluxo maior de pas­sageiros.


Eram quase 19h quando chegamos. Ativei o serviço e mandei buscar outros celulares com Bluetooth funcionando. Na primeira tentativa, já apareceram "mlk 22anos" e "a fim 19cm". Pronto, era tudo verdade!


No entanto, como eu não estava preparado para consumar a "caça", desliguei o celular e fui embora, prometendo a mim mesmo que, no dia seguinte, iria um pouco mais fundo na investigação.


Dito e feito. No outro dia, lá estava eu, na mesma estação. Liguei o celular, alterei minha identificação para "24a vers agora" e ativei o Bluetooth. O resultado não tardou: deixei alguns trens passarem e fiquei na plataforma por cerca de 15 minutos.


Foi o suficiente para receber nada menos que três solicitações de troca de arquivos. Aceitei todas. A primeira, vinda do "teen19pass", mostrava uma bunda lisinha e, confesso, bem interessante.


O segundo arquivo, em contraste, mostrava um pau enorme, que devia ter 21 cm! A origem, o "dotado itaq", certamente alguém que mora em Itaquera, bairro da zona leste de Sampa. Por fim, veio a requisição de "Moto K1" – alguém que não tinha trocado o nome do celular, mas enviou a foto de um abdômen de tirar o fôlego!


Em todo lugar

Não enviei arquivo para ninguém. Afinal, meu interesse era jornalístico: apurar se tudo não era uma "lenda urbana". No entanto, eu queria saber se as pessoas vão realmente "até o fim", em vez de ficar só na troca de arquivos. Pois bem. Encontrei duas fontes que, além de preferirem se identificar só pelos nomes de seus celulares no Bluetooth, dizem que chegam à reta final sempre que dá.


"Outro dia, estava aqui [NR: na estação em que fiz meus testes] e recebi a foto do pinto de um cara. Gostei e enviei uma foto da minha bunda, porque sou passivo. Ele retornou com uma foto do rosto. Achei razoável e enviei a minha. Depois de alguns minutos olhando em volta, eu o vi, já pegando no pinto e olhando pra mim. Pegamos o metrô, e ele foi comigo até minha casa", conta "Br21aPS", veterano no assunto, apesar da idade expressa no nick.


"Algumas vezes, acontece só um sarro dentro do próprio metrô. Você vê a pessoa, entra no vagão, e um vai encoxando o outro. Isso acontece muito", diz "gris 41 at". "Mas já me dei bem", continua ele. "Uma vez, um cara bem gostosinho, todo surfista, trocou mensagem comigo, mandou fotos e até um vídeo dele se masturbando. Como eu curti, mandei minhas coisas, e, no final, ele enviou uma foto, que, na verdade, era uma imagem em que estava escrito ‘me add no msn’ e o e-mail dele. Eu o adicionei e marcamos uma foda depois. Na verdade, nos encontramos duas vezes".


"Eu ia trabalhar, era de tarde, e o ônibus estava vazio. Recebi a mensagem de que alguém queria me mandar um arquivo e recebi. Era um pau [...]. Logo depois, um cara, sentado no banco ao lado do meu, pegou no cacete e olhou pra mim, convidativo", conta Felipe, ou "fezinho", rapaz bonito, loiro e alto que comprova que a "caça" não está restrita aos subterrâneos do metrô.


Praia e aeroporto

A "caçação" por Bluetooth tampouco é uma particularidade de São Paulo. Nas praias do Rio de Janeiro e em aeroportos como os de Brasília e Salvador, as pessoas também já estão ligadas.


Estive em Salvador e, enquanto aguardava meu voo para São Paulo, resolvi ligar o aparelho e ver se aparecia alguma coisa. A maioria era de nomes das pessoas e dos aparelhos – mas, em uma das tentativas, apareceu o "afimdesexohxh".


Já em Brasília, durante a espera de uma conexão pra Goiânia, encontrei, perto dos banheiros, o "mecomeAJU", certamente algum passivo de Aracaju, e o "19cmpravc".


No Rio, a orla, especialmente na área conhecida como "Farme", é outro ponto forte de troca de arquivos. "Um dia, me fa­laram disso, e resolvi ver qual era – e tem mesmo gente com nome de putaria", conta o carioca "sa­rado27nocelular". Como di­ria um antigo comercial: não é feitiçaria, é tecnologia!


Importante: a reportagem acima, escrita em estilo jornalismo gonzo pertence à revista Sex Boys 58. A revista ainda não foi publicada, mas está no prelo e será exatamente esse texto abaixo que vai sair. Daí, peço que citem a fonte ao reproduzi-lo (Sex Boys 58). Meus parabéns públicos ao Erik.