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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Abram passagem!

© Reprodução


DE BOA, EU APOIO OS PROTESTOS EM SP E NO BRASIL CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS DE ÔNIBUS.


por João Marinho

... E digo mais: eu fico besta com a miopia de parte da população paulistana.

Não, eu não sou a favor de depredar o patrimônio público, como estações de metrô em São Paulo – mas sei também que não foram as 5 mil ou 10 mil pessoas que estavam lá e fizeram isso, mas uma minoria, que utiliza o protesto como catapulta.

No entanto, a demanda é mais do que justa. Pode parecer pouco: o aumento da passagem foi de R$ 0,20 em São Paulo (de R$ 3 para R$ 3,20) e foi dentro da inflação.

Ocorre que existem outros dados que maquiam a realidade. Um deles é o fato de que desde que a passagem de ônibus de São Paulo, a segunda mais cara do Brasil, passou de R$ 0,50 para R$ 3,20 nos últimos anos, já superou em muito a inflação do período.

Mais do que isso: o serviço de transporte público na capital e na região metropolitana é deficitário, sobretudo na periferia, e não condizente com o valor que é cobrado.

Some-se a isso o fato de que metrô e CPTM também aumentaram os preços – e que a população que mora na periferia e trabalha na região central usa até 3 conduções de ida e 3 conduções de volta para trabalhar, nem todas elas cobertas pelas empresas.

O Bilhete Único, válido na capital, alivia, mas não resolve (inclusive porque tem prazo de 2 horas para funcionar), e, no limite, as pessoas pagam caro para ficarem em pé, sem conforto, em veículos com falta de manutenção e demorando horas para ir e voltar para casa. Já se preocuparam em contar quantas vezes houve panes no metrô e na CPTM nos últimos tempos?! Além disso, o metrô e a CPTM fazem greves por causa do descaso do governo e prejudicam milhares, em estações lotadas e ônibus piores ainda. A questão gera problemas para as empresas, porque fatalmente as pessoas não podem trabalhar nesses casos.

Resultado: uma hora, tudo isso explode.

De resto, façam uma conta, matemática mesmo. Uma pessoa que é arrimo de uma família de 3 pessoas em que cada uma utiliza 2 conduções para ir e duas para voltar terá gasto cerca de R$ 28,50 por dia com essa despesa (já descontado o Bilhete Único). Multiplicados por 24 dias úteis e 12 meses, dá R$ 8.208 reais por ano.

Com o aumento da tarifa, a mesma pessoa ganharia uma despesa de R$ 30,36 por dia. Ao ano, R$ 8.743,68. É uma diferença de mais de R$ 500. Algo bem superior aos R$ 0,20 que tanto alardeiam. É quase um salário mínimo a mais por ano, considerando que essas pessoas que pagam esse valor não ganham tanto assim também.

Também considero que é preciso lembrar que a PM paulista não é lá muito inocente. O Movimento Passe Livre comenta que os casos de vandalismo começaram após a polícia responder com força excessiva. Bom, ninguém apanha de graça.

E a Polícia não andou agredindo ATÉ JORNALISTAS?! Isso diz muito.

Entendo também que existe muita revolta nessa população que protesta, jovem. Não apenas por causa do serviço deficitário de transporte, mas porque vemos a polícia usando até de helicópteros nessas manifestações, mas totalmente apática tanto no centro quanto na periferia, dos quais os arrastões, os dentistas queimados e as chacinas nos bairros afastados são apenas a ponta do iceberg. Onde fica toda essa força policial, quando os jovens morrem à luz do dia?

Tudo isso também explode.

Então, ainda que eu não concorde com os excessos, parte deles eu entendo – e, ainda que entenda e não apoie esses excessos, a verdade é que as manifestações são legítimas, sim – e é preciso que se proteste e saia da apatia.

E um aviso aos navegantes, que, sempre que ocorrem mobilizações populares, dizem que "há coisas mais importantes para protestar". Considero uma idiotia sem tamanho, porque, para um caso como o que relatei na conta, um salário mínimo a mais por ano (o que, para muitos, equivale a quase 1 mês a mais de trabalho!) já é importante o suficiente para protestar.

Mais do que isso: e onde estão essas pessoas que sempre acham que "tem coisa mais importante" quando essas coisas mais importantes estão em voga? Nada fazem, nunca vão, e só sabem torcer o nariz diante do computador, no conforto de suas casas, enquanto alguns tentam, ainda que apenas pela passagem de ônibus, conter os desmandos que cotidianamente têm lugar no Brasil.

A Prefeitura e o Governo do Estado dizem que não têm dinheiro para pagar as diferenças inflacionárias. Não têm? São os governos que podem reduzir os impostos. São os governos que podem auferir se as empresas de ônibus estão lucrando mais do que determina a lei (em Porto Alegre, o Tribunal de Contas já desconfia que sim) – e, se apenas 1 deputado estadual ou 1 vereador deixar de receber suas benesses, desconfio que, em 1 ano, boa parte do gasto adicional com os subsídios para manter o preço já estaria sanada.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Bluetooth para pegação gay

Sexo ao ar livre

Tecnologia de celular ajuda a encontrar parceiros
sexuais em locais públicos

por Erik Galdino

Uns três anos atrás, eu tinha ouvido falar que, na Europa, as pessoas estavam usando Bluetooth para fazer "pegação" nos parques e shoppings – mas por aqui, na época, poucos celulares tinham a tecnologia, e, por isso, eu não entendia bem como seria o funcionamento desse sistema ultramoderno de encontrar sexo.


De lá para cá, os preços dos celulares caí­ram e as tecnologias foram incorporadas de modo que câmera, MP3 e transferência de arquivo passassem a ser comuns em todos os aparelhos. Foi aí que os brazucas, muito criativos, resolveram aderir à forma europeia de encontrar sexo rápido em local público – e sem medo dos seguranças nos banheiros!


Túnel do prazer

Em São Paulo, o metrô é um dos points dessa nova moda. Para conferir, segui a indicação de um amigo, daqueles que adoram pegar o metrô lotado, na hora do rush, só para ser encoxado – e constatei: sim, dá pra encontrar sexo usando o celular!


No primeiro dia, peguei o metrô paulistano na Linha 2 - Verde e segui, sentido Centro, até uma estação de integração. O basfond acontece principalmente em estações desse tipo, que interligam linhas diferentes do sistema, por possuírem um fluxo maior de pas­sageiros.


Eram quase 19h quando chegamos. Ativei o serviço e mandei buscar outros celulares com Bluetooth funcionando. Na primeira tentativa, já apareceram "mlk 22anos" e "a fim 19cm". Pronto, era tudo verdade!


No entanto, como eu não estava preparado para consumar a "caça", desliguei o celular e fui embora, prometendo a mim mesmo que, no dia seguinte, iria um pouco mais fundo na investigação.


Dito e feito. No outro dia, lá estava eu, na mesma estação. Liguei o celular, alterei minha identificação para "24a vers agora" e ativei o Bluetooth. O resultado não tardou: deixei alguns trens passarem e fiquei na plataforma por cerca de 15 minutos.


Foi o suficiente para receber nada menos que três solicitações de troca de arquivos. Aceitei todas. A primeira, vinda do "teen19pass", mostrava uma bunda lisinha e, confesso, bem interessante.


O segundo arquivo, em contraste, mostrava um pau enorme, que devia ter 21 cm! A origem, o "dotado itaq", certamente alguém que mora em Itaquera, bairro da zona leste de Sampa. Por fim, veio a requisição de "Moto K1" – alguém que não tinha trocado o nome do celular, mas enviou a foto de um abdômen de tirar o fôlego!


Em todo lugar

Não enviei arquivo para ninguém. Afinal, meu interesse era jornalístico: apurar se tudo não era uma "lenda urbana". No entanto, eu queria saber se as pessoas vão realmente "até o fim", em vez de ficar só na troca de arquivos. Pois bem. Encontrei duas fontes que, além de preferirem se identificar só pelos nomes de seus celulares no Bluetooth, dizem que chegam à reta final sempre que dá.


"Outro dia, estava aqui [NR: na estação em que fiz meus testes] e recebi a foto do pinto de um cara. Gostei e enviei uma foto da minha bunda, porque sou passivo. Ele retornou com uma foto do rosto. Achei razoável e enviei a minha. Depois de alguns minutos olhando em volta, eu o vi, já pegando no pinto e olhando pra mim. Pegamos o metrô, e ele foi comigo até minha casa", conta "Br21aPS", veterano no assunto, apesar da idade expressa no nick.


"Algumas vezes, acontece só um sarro dentro do próprio metrô. Você vê a pessoa, entra no vagão, e um vai encoxando o outro. Isso acontece muito", diz "gris 41 at". "Mas já me dei bem", continua ele. "Uma vez, um cara bem gostosinho, todo surfista, trocou mensagem comigo, mandou fotos e até um vídeo dele se masturbando. Como eu curti, mandei minhas coisas, e, no final, ele enviou uma foto, que, na verdade, era uma imagem em que estava escrito ‘me add no msn’ e o e-mail dele. Eu o adicionei e marcamos uma foda depois. Na verdade, nos encontramos duas vezes".


"Eu ia trabalhar, era de tarde, e o ônibus estava vazio. Recebi a mensagem de que alguém queria me mandar um arquivo e recebi. Era um pau [...]. Logo depois, um cara, sentado no banco ao lado do meu, pegou no cacete e olhou pra mim, convidativo", conta Felipe, ou "fezinho", rapaz bonito, loiro e alto que comprova que a "caça" não está restrita aos subterrâneos do metrô.


Praia e aeroporto

A "caçação" por Bluetooth tampouco é uma particularidade de São Paulo. Nas praias do Rio de Janeiro e em aeroportos como os de Brasília e Salvador, as pessoas também já estão ligadas.


Estive em Salvador e, enquanto aguardava meu voo para São Paulo, resolvi ligar o aparelho e ver se aparecia alguma coisa. A maioria era de nomes das pessoas e dos aparelhos – mas, em uma das tentativas, apareceu o "afimdesexohxh".


Já em Brasília, durante a espera de uma conexão pra Goiânia, encontrei, perto dos banheiros, o "mecomeAJU", certamente algum passivo de Aracaju, e o "19cmpravc".


No Rio, a orla, especialmente na área conhecida como "Farme", é outro ponto forte de troca de arquivos. "Um dia, me fa­laram disso, e resolvi ver qual era – e tem mesmo gente com nome de putaria", conta o carioca "sa­rado27nocelular". Como di­ria um antigo comercial: não é feitiçaria, é tecnologia!


Importante: a reportagem acima, escrita em estilo jornalismo gonzo pertence à revista Sex Boys 58. A revista ainda não foi publicada, mas está no prelo e será exatamente esse texto abaixo que vai sair. Daí, peço que citem a fonte ao reproduzi-lo (Sex Boys 58). Meus parabéns públicos ao Erik.