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sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

O EXTREMISMO DE BOLSONARO E A IDIOSSINCRASIA GAY (LGBT)




A figura do Messias (aqui, uma polissemia para além do nome do presidente), que se formou sobretudo dentro dos templos evangélicos e, para esse público aí, como a primeira possibilidade de uma liderança que comungasse dos valores extremistas das denominações que lideram o ranking de maiores igrejas do Brasil, traz, em si, um choque, mediante a todo retrocesso que representa, aos valores mais igualitários pautados nos últimos 14 anos, em nossa sociedade.

Embora carregado do símbolo e declaradamente representante deste retrocesso supramencionado, a comunidade LGBT mitigou a imagem dele, classificando-a como uma representação de bravatas. Bolsonaro jamais (no imaginário LGBT) cumpriria a cabo suas ameaças, seus medievalismos, tudo isso era só um marketing para ganhar as eleições.

A idiossincrasia do comportamento gay é algo que deve ser estudado de forma profunda e determinante. Parece-me assemelhar ao comportamento dos indivíduos esquizofrênicos (em que as identidades não se comunicam). Essa ruptura epistemológica vai para além da identidade pós-moderna e eu explico o porquê.

Na pós-modernidade, há o afastamento das grandes narrativas totalizantes, ela é marcada pela substituição de valores axiomáticos por valores menos fechados e/ou categorizantes. Como explicar à comunidade LGBT, que se funda nos valores da pós-modernidade (a multiplicidade, a fragmentação, a desreferencialização e a entropia - que, com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturas), que Bolsonaro, com seu extremismo cristão, é a antítese dessa postura?

Aliás, não apenas antítese (que não teria algum mal fazer a crítica em determinados pontos, sendo até um contrapeso), mas a sentença paradigmática, assinada pela igreja evangélica, encarnada por Bolsonaro, que a cultura LGBT tem que ser dizimada. Não parece sensato, aliás, é totalmente insano, é como se houvesse uma chave que liga o comportamento gay para a pegação, sauna, bares, cinemas, teatros, etc. e desliga o comportamento gay para uma moral austera, religiosa, preconceituosa, em que uma realidade não lembra da outra e nem com ela se comunica, tudo associado em um mesmo indivíduo, grupo de indivíduos.

É diferente, por exemplo, do Clodovil, que era assumidamente gay, mas nunca foi adepto à comunidade gay. Aliás, ele era um gay de valores heterossexuais. Aqui, nessa histrionia LGBT, o gay é gay, adepto da comunidade gay, dos valores gays, mas vota em Bolsonaro que carrega o cheque em branco das denominações evangélicas para a destruição dessa cultura gay, ou seja, o LGBT ora é adepto da inclusão de todas as culturas, ora é adepto da dizimação de sua própria cultura.

Basta olhar, no governo do Messias, o que foi feito em prol da comunidade LGBT? Entretanto, está tudo certo, o Grindr continua com seus usuários! O discurso em que ele se elegeu presidente, per si, era para ser rechaçado no meio gay, mas não foi... não é. Não é só a questão de se mitigar, é a questão de não ver problema onde existe problema.

Vive-se uma identidade de imbecis, consagrando a dissociação do estilo de vida X política, do nicho pessoal X do social. No passado recente, gritamos contra a então presidente Dilma que afirmou em seu governo não haveria lobby gay, para agradar os representantes da bancada evangélica e hoje somos a própria Dilma em afirmamos abaixo o lobby gay. PASME, ELEGEMOS BOLSONARO!

Há uma lacuna estrutural na sociedade e ela é de epistemologia identitária. Ou você é gay ou você será destruído pelos evangélicos. Idiossincrasias à parte, há coisas bem mais sérias a se olhar do que retirar o PT do poder.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

... E você? Tem preconceito contra passivos?



por João Marinho
*

A questão do preconceito contra a passividade passa, a meu ver, por um machismo e misoginia que é ancestral.

Ele remete a épocas imemoriais – ou não tão imemoriais assim –, quando o ser humano mulher era considerado inferior, incapaz de gerir a si próprio e parcialmente ou totalmente dependente do homem. O sexo frágil, em oposição ao sexo forte.

Povos antigos, como os egípcios, costumavam estuprar os soldados perdedores nas diferentes guerras como forma de humilhá-los, "tratando-os como mulheres".

Essa forma de ver penetrou (sem trocadilhos rsrsrs) duas das culturas que mais influenciaram o pensamento ocidental.

Uma foi a Grécia Clássica. Excetuando-se casos como Esparta, a rigor, as mulheres gregas – sobretudo em Atenas – eram subjugadas e, assim, o papel típico atribuído a elas era igualmente típico de pessoas com menos poder ou mais vulneráveis.

Assim, era bastante sintomático que, na Grécia, ser penetrado era um papel justamente de "inferiores" ou "mais frágeis" – a mulher ou o efebo, jovem em processo de amadurecimento, que, uma vez tornado homem completo, precisava optar pela atividade e pelo papel de reprodutor.

Diferentes autores, incluindo Colin Spencer, se não me falhe a memória, concordam que a manutenção da passividade na vida adulta era malvista.

É possível perceber isso até em escritos filosóficos ou relatos que nos chegaram da época grega: o homem passivo adulto era alguém que "não cresceu", não amadureceu, não cumpriu seu papel de homem.

Embora eu já tenha lido relatos de que havia prostitutos passivos que faziam a vida atendendo homens ativos, eles, porém, sofriam os preconceitos sociais tal como as prostitutas hoje em dia no Ocidente – e a eles eram dirigidas expressões nada elogiosas.

Em Roma, a situação era ainda pior. Se, na Grécia, ainda havia o elemento do aprendizado – fenômeno que surgiu até no Japão dos samurais –, em Roma, tudo se resumia ao poder, ainda que, em média, as mulheres romanas fossem mais livres.

O homem romano, o pater, dono da casa, podia tomar e usar os corpos de todos em seu domínio, mas ser penetrado era motivo de desonra. Esse papel era reservado aos dominados, os mais jovens, as mulheres, os escravos da casa.

Já li teóricos que consideram que essa forma romana de pensar influenciou a cultura de todos os lugares dominados pelos latinos, daí ser a razão que, da América Latina, fruto da colonização lusoespanhola, ao Mundo Árabe, ser passivo, ser penetrado é ser inferior, menos homem, dominado... Recusar a masculinidade, com todo o simbolismo de poderio e força que ela carrega.

Daí, surge o preconceito contra os passivos e o próprio autopreconceito. Tenho uma anedota que sempre se mostra verdadeira. Se o cara é ativo, ele declara isso com certo orgulho. Se ele diz "não sei", "depende...", "entre quatro paredes, vale tudo"... Ele dá rs.

É difícil encontrar passivos como eu, que o são com orgulho e não têm medo de dizê-lo, embora eu deva admitir que isso também foi um aprendizado.

No começo da minha vida gay, aculturado ao machismo brasileiro, também tive dificuldades de aceitar e publicizar minha própria passividade.

Lembro-me de ter me estressado com meu ex-marido quando ele me contou que, logo que nos conhecemos, percebeu que eu era passivo.

Foi um insulto, algo que imediatamente relacionei com a efeminação, até ele dizer "por que você está bravo? Se eu não tivesse percebido, não tinha cantado você". Os questionamentos e a experiência de vida me fizeram deixar de considerar assumir a passividade um problema e a efeminação também.

Existe, porém, uma outra questão que acaba sendo tão deletéria quanto este preconceito a que me referi e que, infelizmente, tem sido muito comum entre militantes gays. Eu costumo chamar de "ditadura da versatilidade". O problema é que ela parte de um diagnóstico correto para propor um remédio incorreto.

O diagnóstico correto diz respeito a avaliar de forma certeira a dicotomia de valoração ativo x passivo, ou do bofe x bicha, um sendo "superior" ao outro, como fruto da heteronormatividade e do machismo/misoginia.

O problema está na solução apresentada.

Em vez de propor um questionamento dessa valoração diferenciada, em que penetrar "é melhor" do que ser penetrado, os militantes propõem como saída a versatilidade total e irrestrita – e passam a considerar, em artigos e discursos, os "exclusivos" (ativos e passivos restritos) como gays "capengas", necessariamente "heteronormativos", "preconceituosos", "reprodutores do discurso machista".

O discurso entra nas camadas mais populares dos gays e eu, como passivo, sou obrigado a escutar que "sou muito restrito" e faço "sexo pela metade".

Pobres passivos – do lado dos machistas, são inferiores. E do lado dos militantes, são "involuídos". Me pergunto: em que isso ajuda?

Esses militantes não têm se dado conta de que a opção pela atividade ou passividade comporta um elemento de prazer – que pode, até mesmo, ter origem nos papéis tradicionais em certos casos, por que não?

Limites na cama, todos temos. Eu, como passivo, faço uma série de práticas que muitos versáteis jamais pensariam em fazer por considerarem extremas. Então, a questão é de gosto – e se a pessoa se sente realizada na dicotomia "bofe x bicha" (não é meu caso: sem problemas em fica com um feminino, desde que ele seja ativo rsrs), por que isso não deveria ser igualmente respeitado?

O que se deve questionar é a questão da valoração, que eu tangenciei mais atrás. É empoderar os passivos, para que não admitam ser tratados como inferiores nem se verem como inferiores por extraírem dessa prática o seu prazer pessoal – e que nem por ser passivo isso significa abrir mãos de seus direitos e respeito como cidadão, como homem, como gay, como adulto, como ser humano. Mesmo naqueles que adotam a dicotomia "bofe x bicha", a bicha precisa estar ciente de que é uma bee belíssima e poderosa – e tudo se resolve.

Se a passividade masculina sempre esteve ligada ao inferior, ao "menos homem", ao ser "como mulher", é importante que, à medida que combatemos a heteronormatividade e advoguemos a libertação feminina, também libertemos a passividade como uma forma legítima de prazer que, por sinal, em nada identifica características psicológicas de seus praticantes.

Infelizmente, porém, nem todas as mulheres estão a par disso – e "zoam" os homens passivos por serem passivos sem se darem conta de que a origem desse preconceito é a própria cultura patriarcal de inferiorizar o feminino e a tudo que a ele se atribui como fútil, fraco, menos importante.

* Passivo assumido, que não vai mudar, já experimentou ser ativo, não gosta e não vê sentido em "virar versátil" só para agradar pessoas que não estão na minha cama e nem me proporcionam prazer, hehehe.

Um artigo de Gésner Braga sobre a questão: http://www.institutoadediversidade.com.br/comportamento/por-que-a-passividade-e-tomada-como-uma-condicao-humilhante

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Já que é pra falar a verdade. Eu não quero ter um filho gay!




Sou mulher, humana! Ser humano e tenho dois filhos (meninos), mas. Eu, dentro em mim, jamais queria que fossem homossexuais! NÃO, eu não quero! Tenho que dizer a verdade! Ah! Mas, não tenho como escolher, como optar e nem orientar, isto está além de meu alcance de mãe, e muito além do direito de escolha deles! Porque não se escolhe ser, apenas se é! Somente isso. Nascem assim, são assim. A mim, resta apenas o amor de mãe; um amor inesgotável o amor feminino de Deus.

Se um de meus filhos fosse (ou for) gay, será que eu amaria mais a um que outro? Não! Mas, ao mesmo tempo, contradigo-me, e penso que talvez sim! Talvez dispensasse maior amor ao filho gay, por sua fragilidade, sensibilidade e pior, pelo preconceito sofrido por ter nascido gay, em um país onde a homofobia impera, onde pastores vão a todas as mídias condena-los (aos gays), onde cinco truculentos mastodontes se sentem no direito de espanca-los  apenas por ele serem gays, por serem diferentes deles, por conta da orientação sexual  e, assim, representarem uma ameaça a espécie humana[sic]. Onde pastores entram em blogs LGBT e ofendem, agridem em "nome de deus". Um Deus que é só amor!

Não! Eu não quero. Clamo ao Senhor, mas, contudo aceito sua vontade! Quero um filho que seja humano. Que respeite seu próximo e não o julgue pela cor da pele, religião, classe social e principalmente pela sua orientação sexual. Quero que meu filho seja o presente de Deus para minha vida! Seja ele homo ou hétero. Apenas irei ama-lo, ama-lo e ama-lo!

 Não nos cabe escolher sobre a sexualidade de nossos filhos, só nos cabe aceitar, porque esta foi a vontade de Deus. Mas eu não queria um filho gay, porque sei que ele sofreria demais nas mãos de pastores, padres, e da maioria da sociedade, que por sua vez, não aceita a homossexualidade como natural. E de fato não é! A homossexualidade é "SUPERNATURAL".

 E é só este o motivo de não querer um filho gay, pois, qual a mãe que amando seu filho iria querer vê-lo sendo agredido, ofendido e, quem sabe, até morto pelo simples fato de ser gay? Basta-nos lembrar a recente e trágica história de Alexandre Ivo (sei que muitos nem se lembrarão, mas a mãe dele com certeza ainda chora a morte de seu filho, que aos 14 anos foi espancado até a morte por ser gay!). Ponho-me a imaginar a dor desta mãe que não teve como proteger seu filho, não teve e nem pode! Mas se pudesse ela estaria lá e morreria tentando defende-lo! NÃO! EU NÃO QUERO TER UM FILHO GAY! Por medo de, tão precocemente ter que enterra-lo, morto por homofóbicos ou ainda pior, que ele mesmo tire sua própria vida por não suportar a dor do preconceito sofrido! Mas eu quero um filho, aliás, já tenho e, como já disse dois. E a mim não importa que sejam ou não gays. Apenas vou ama-los com todo meu coração de mãe. Vou ama-los. Eu os amo!


Um diálogo foi estabelecido com esse texto, na seguinte matéria: 

Por que Claudia Leitte, e não Edmundo? Afinal, que querem os gays?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Adoção e o direito da verdade sobre a origem biológica

Lei que deu a filho adotivo direito de conhecer origem biológica melhora adaptação



Especialistas defendem confiança na relação


A nutricionista Ester Gonçalves (nome fictício), de 44 anos, sente-se como se fosse personagem de uma novela, só que na vida real. Ela sempre soube que era adotada, mas ninguém contava a ela a história verdadeira. Nas visitas recebidas em casa, as pessoas trocavam olhares entre si e a mãe adotiva distribuía cotoveladas quando alguém ameaçava tocar no assunto proibido. Para evitar mais constrangimentos, Ester fingia não saber de nada. Desde os 4 anos, porém, descobriu o fio da meada com a chegada do irmão mais novo, também adotado. “Perguntei à mamãe porque a barriga dela não tinha crescido. Ela inventou uma história e disse que havia usado uma cinta durante a gravidez. Era o começo de uma vida de mentiras. Eu me sentia enganada o tempo todo”, afirma.

Se o processo de adoção de Ester tivesse ocorrido nos dias de hoje, ela teria direito a saber, desde criança, que é adotada, não apenas por uma mudança de comportamento em relação à adoção no país, mas também por força de lei. A partir da Lei Nacional da Adoção (12.010/09), o direito a conhecer a origem biológica passou a fazer parte do artigo 48 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Acolhida por um casal de advogados de renome de Belo Horizonte, Ester seria criada dentro dos novos termos da lei, o que evitaria problemas futuros. “Quando chegavam visitas, eu me trancava no quarto. Meu maior trauma era ter de fingir para todo mundo da família que eu não sabia a verdade”, completa.

Trauma

Só descobre que foi adotado quem nunca ficou sabendo a verdade desde criança. Segundo juristas, assistentes sociais e psicólogos, a revelação tardia da adoção é o principal motivo que pode prejudicar o sucesso de um processo de adoção, levando muitas vezes à revolta contra os pais adotivos. Ester não chegou a esse ponto, mas só se casou mais tarde, aos 38 anos, e nunca quis ter filhos. “Quando tinha 20 e poucos anos, eu e meu irmão fomos à casa da mulher de um senador, que havia facilitado a transação. Ele nem abriu a porta. Pela janela do casarão, disse que nem que enfiassem uma faca no seu peito ela iria contar a verdade. Parecia uma cena de novela, que ficou gravada na minha memória”, revela.

Com a lei, o momento de contar a verdade tem se tornado cada vez menos traumático para a criança e também para os pais. Se quiser saber toda a verdade sobre seus pais biológicos, o filho adotivo terá acesso irrestrito aos detalhes do seu processo de adoção. Basta procurar o Juizado da Infância e da Juventude. A revelação da origem biológica poderá ser feita após ele completar 18 anos ou até antes disso. Se for menor de idade, terá de obter a autorização do juiz, que vai designar um psicólogo e um advogado para acompanhar o caso.

Processo aberto

Segundo o juiz Marcos Padula, titular do Juizado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, a requisição da pasta de adoção em nome da criança independe de autorização dos pais. “O jovem vem aqui e pede para ter acesso a seu processo, que será entregue em mãos. Se tiver interesse, ele pode ter acesso aos nomes dos pais biológicos e, na maioria dos casos, ao endereço da mãe e também de algum familiar biológico, além do estudo psicossocial que levou à entrega do filho para adoção”, explica. Para que isso ocorra, porém, o processo terá de ser feito sob a barra dos tribunais.

A revelação tardia para o filho é o maior fator de insucesso no processo da adoção, alerta a psicóloga Lídia Weber, da Universidade Federal do Paraná. Ela mediu práticas parentais de 600 crianças, jovens e adultos brasileiros, adotados ou não. “Ficamos sabendo de histórias mágicas de adoções interraciais, de adoções tardias (de filhos mais velhos), de grupos de irmãos. Todas elas deram certo. Tiveram adaptação mais demorada ou mais rápida, dependendo da família. Já a revelação tardia mostrou ser um sério fator de risco”, compara.

O que diz a lei


A Lei Nacional da Adoção, nº 12.010/2009, incluiu o direito à revelação da origem biológica no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90). Artigo 48: “O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 anos”. Parágrafo único: “O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica”.

Revelação tardia é traumática

Adotado aos 13 anos, o escritor e contador de histórias Roberto Carlos Ramos, de 47 anos, parte do princípio de que “não existe verdade que não deva ser falada”. Com a revelação imediata, é possível evitar choques futuros ou a busca desesperada pelos pais biológicos. “Quando se descobre de forma tardia, todos os desesperos da adolescência e a rebeldia passa a ter uma causa. Essa situação poderia ser evitada”, afirma o escritor, que já adotou 14 filhos.

Segundo ele, quando o jovem se sente abraçado como se fizesse parte da família e está bem estruturado, ele nem sente a necessidade de reencontrar os pais biológicos. Ex-menino de rua em Belo Horizonte, Roberto Ramos foi adotado em 1979 pela pesquisadora francesa Margherit Duvas, que o conheceu na antiga Febem. Sua história inspirou o diretor Luiz Villaça no filme O contador de histórias.

“Tudo conversado é resolvido”, afirma o percussionista, Marcelo Adalton, de 36. Desde que se entende por gente ele sabe que é adotado. Ele afirma que, aos 11 anos, foi forçado pela família adotiva a conhecer a mãe biológica. “Foi um baque. Antes de ir já não queria e depois nunca mais procurei. Não quero misturar as coisas. Para mim, é como se nunca tivesse existido a outra família e sinto que esse sentimento é recíproco da parte dos meus pais”, afirma.

Segundo Marcelo, hoje ele até se esquece de contar a história da adoção. O segredo ficou em segundo plano. “Quando conto para alguém, a pessoa geralmente não acredita, pois me pareço muito com as pessoas daqui de casa”, afirma. Solteiro, ele faz companhia para a mãe, a dona de casa Mariza de Sousa Freitas, de 66, no Bairro Nova Vista, em BH. 

Sucesso em acolhida temporária

A recomendação da advogada carioca Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional da Adoção pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFam), é contar a verdade desde o primeiro contato da família adotiva com a criança ou adolescente. “Desde o momento em que a criança chega em casa, mesmo que não tenha idade para perceber tudo, ela tem de ter noção de que é uma criança escolhida pelos pais. Tem de saber que não veio da barriga da mãe. A base de um relacionamento é a confiança”, lembra.

Nem todos os casais que adotam, porém, estão totalmente preparados para receber uma criança e muito menos para contar a verdade ao filho. “Atendo uma família em que a menina já tem 7 anos e o casal está em pânico para contar a adoção. Geralmente, quem esconde a verdade tem medo de ser rejeitado pela criança, mas ela não faz isso nunca com os pais adotivos, pois está louca para ganhar um lar; os pais é que são inseguros”, afirma Sandra Amaral, coordenadora do grupo de apoio à adoção De Volta para Casa, de Divinópolis. Segundo ela, o casal chegou a simular uma foto da mãe grávida, como forma de sustentar a mentira até chegar a hora de abrir o jogo.

Para Sandra, antes de partir para a adoção, que é irreversível segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, os casais deveriam passar pela experiência de se tornar família acolhedora, de forma temporária e por prazo determinado. “É uma forma sutil e delicada de o juiz da infância mostrar ao casal que ele não está pronto para adotar uma criança. Muitos desistiram de adotar ao descobrir que a criança chora à noite e precisa de trocar fralda”, explica.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Abordagem homossexual de peças divide opiniões

Teatro.Temática homoerótica da Campanha de Popularização é analisada em pesquisa


JULIA GUIMARÃES                                                                      Publicado no Jornal OTEMPO em 14/01/2012

Comédia. Espetáculo "O Nome dela É Valdemar" foi analisado na pesquisa "O Riso e a (in)Visibilidade" do grupo Gudds


Entre as comédias em cartaz na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, um elemento é recorrente: muitos são os espetáculos a abordarem o riso a partir da representação do homossexual. Os contornos dessa representação, porém, costumam gerar opiniões e análises distintas. 

Se, por um lado, há quem veja a construção de uma identidade estereotipada e limitadora do gay nas montagens, por outro existe também a defesa de que tal visibilidade ajudaria a reduzir preconceitos.

Recentemente, o assunto foi tema de uma pesquisa realizada pelo Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (Gudds), intitulada "O Riso e a (in)Visibilidade", que analisou a temática homoerótica nos espetáculos da 36ª Campanha, realizada em 2009. A pesquisa selecionou peças cuja sinopse evidenciasse a abordagem do tema, somando 11 espetáculos.

A primeira constatação foi de que apenas uma das montagens não estava circunscrita no campo da comédia. O riso foi então um dos princípios da análise, identificado como elemento regulador do convívio social. "Usamos a definição do riso de Bergson, como algo que reprime as excentricidades. Mas não realizamos uma pesquisa de recepção para entender do que exatamente as pessoas riem. Também percebemos que, nas encenações, o importante era a performance do ator pautada pelo estereótipo, mais do que a trama", diz Igor Leal, ator e integrante da pesquisa.

O estudo também constatou que as peças utilizam referências disseminadas socialmente. "Elas constroem a homossexualidade com os mesmos parâmetros do senso comum, por isso funcionam tanto", diz Leal.

Para Luiz Fernando Duarte, que produz duas peças de temática gay nesta Campanha ("O Nome dela É Valdemar" e "Uma Empregada Quase Perfeita"), a intenção de suas comédias é rir de situações presentes no cotidiano de um homossexual. 

"A gente recebe muita crítica por acharem que o gay é alvo de riso, mas nossa intenção é apenas a de narrar situações engraçadas", defende. "Não acho que os personagens sejam estereótipos pois existem vários tipos de gays retratados nas peças. A gente busca passar o que é real".

A pesquisa conclui, porém, que as comédias abordadas não podem ser encaixadas no conceito de homoerotismo, por adotar uma perspectiva limitadora sobre as relações homossexuais. "Elas não problematizam nem levantam as diferentes possibilidades afetivas de relacionamento gay", aponta Igor Leal.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Novelas e o beijo gay, o que muda no pensamento social?



Esta é uma entrevista que concedi aos estudantes de jornalismo da Universidade Nove de Julho, para uma publicação de circulação interna da universidade, não sei se foi publicada, mas agora vocês podem conferir aqui:

Você acredita que a imagem do homossexual é muito estereotipada nas novelas? Por quê? 


Sim, há um estereótipo forte e contumaz, contudo, ele retrata, ou melhor, ele satisfaz, plenamente, à proposta última desse movimento cultural, filosófico, literário das denominadas novelas. Acontece que esse estilo vem de forma imediata do movimento Romântico (séc. XIX, Inglaterra, Alemanha e França) e o mesmo não era um movimento de ruptura social, pelo contrário, era um movimento burguês de escapismo, utopia, subjetivismo, fantasia, individualismo. A "idealização" do ideal burguês faz parte disso; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal: a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor é quase sempre espiritual e inalcançável; o homossexual, nesse período, é encarado como um doente, uma caricatura, um mal que deve ser combatido. Sem embargo, o Romance projeta o gosto do público burguês; os primeiros romances editados no Brasil, ainda na década de 1830, marcam-se pelo aspecto do folhetinesco. O folhetim, publicado com periodicidade regular pela imprensa, equivale as atuais novelas de televisão e confina com a subliteratura.



A abordagem do homossexualismo nas novelas ajuda a combater o preconceito ainda existente? 


Vamos corrigir primeiro um termo: homossexualismo. Vamos chamar de homossexualidade. “Ismos” têm ligações com partidos políticos e movimentos religiosos, filosóficos, práticas ideológicas, etc; “idade” como sufixo, na língua portuguesa, é forma de substantivos a partir de adjetivos, que expressam caráter, qualidade, atributo daquilo que é próprio de algo ou alguém, modo de ser, estado, admiração e pluralidade. Assim “idade” retrata melhor o homossexual naquilo que ele é, ou seja, seu modo de ser, existir.

Nessa pergunta dois há um paradoxo, por conta de uma fenomenologia social; a abordagem da homossexualidade nas novelas, em princípio, não ajuda a combater nada, afinal, não há uma proposta de quebra de paradigma sociocultural, politizada, uma ideia de ruptura com as estruturas de poder. Não é a proposta do movimento Romântico, não é a proposta de uma novela. Contudo, em contrapartida, existe o marketing, e, sendo ele positivo ou negativo, real ou “caricaturado”, ele traz a figura do gay para dentro da casa de pessoas, fazendo com que este se torne familiar ao ambiente, mais perto da realidade daquele núcleo, que antes fechava tal possibilidade, é algo extremamente ambíguo, afinal, as pessoas que estão nesse ciclo passam a admitir a possibilidade do gay, desde que este esteja na casa do vizinho, nunca na casa deles mesmos. O homossexual nessa perspectiva seria admitido desde que ele seja: o filho do meu amigo, o colega de trabalho, escola, alguém na casa do vizinho ao lado, nunca no meu núcleo, NUNCA MEU FILHO.

Então respondendo diretamente a pergunta, óbvio, que dentro desse contexto fundamentado, a novela ajuda a popularizar uma imagem distorcida de um homossexual, mas não combate a homofobia, ela traz a possibilidade do gay como algo comum (ainda que um bobo da corte, afetado), mas o preconceito continua lá, silencioso, tácito. Entretanto, como ele passa a ser uma realidade presente e possível, torna-se mais fácil discutir o tema HOMOSSEXUALIDADE dentro da coletividade, pois ele passa a ocupar a agenda do dia, mas a novela em si mesma só popularizou algo, a redução do preconceito se da efetivamente no combate da militância e das políticas públicas.

Toda a divulgação realizada pela mídia se torna positiva?

Depende, vários fatores, mas, enquanto tornar comum o homossexual, sim, é positivo esse aspecto.


A visão homossexual demonstrada nas novelas está longe da realidade? Por quê? 

Sinceramente, eu acredito que esteja sim. Em Ti-Ti-Ti, eu cheguei a ficar arrepiado com o Thales e o Julinho. Julinho foi retratado como um “gay de família”, praticamente uma donzela incauta, pura, quase virgem, esperando ser assumido por seu “príncipe encantado”! Na verdade, o que se tem é uma leitura de um romance heterossexual, sendo escrito para homossexuais vivenciarem. Em outras palavras, há um óculo heterossexual na leitura do que seria um romance gay, então o romance gay da novela é escrito de forma a abordar os ideais da heteronormatividade para o casal gay em si. Algo, que em meu entender é incompatível com o universo da homossexualidade em si.

Penso que o homossexual não pode, e nem deve querer, ser retratado dessa forma. O homossexual deve valorizar seu jeito de ser gay, criar seu universo, e se orgulhar dele, e não ficar mendigando a vivência das marcas estabelecidas do que se tem e se acha, por isso, algo “natural”. Queremos nosso Direito Civil pleno, mas o enquadramento ao estilo hetero de ser não, caso fosse assim, seria melhor transarmos também com pessoas do sexo oposto.

Ser homossexual é algo muito além de curtir o sexo com iguais, mas é ter identidade própria, uma ontologia própria. O homossexual tem uma forma própria de se relacionar, de se estabelecer e se articular. O homossexualidade não é uma forma de desejo (anormal para o heterossexual), não pode ser reduzida a isso, mas é algo desejável, que cada gay deve se orgulhar.

Ser homossexual é ser envolto em implicações históricas; por muito tempo as sociedades heteronormativas condicionaram o comportamento gay às relações casuais, ao desejo, à libido. A imagem de rapazes transando, sem vínculos, apenas guiados a uma satisfação imediata, responderia aos ditames sociais severos, assim, tranquilizaria o senso comum às caricaturas preconcebidas (prostitutos, promíscuos, lascivos, doentes, invertidos, histriônicos). Mas estarrece, quando a homossexualidade passa ser desejada por seus atores, muito mais do que um conformismo, passivo, inexpressivo. Agora ela é bem mais do que mero sexo, ela forma comportamento, modo de vida homossexual. Contudo, esse modo de vida é muito diferente do casal Julinho e Thales em Ti-Ti-Ti, porque esse modo de vida é ideal de uma cultura normativa, diferente daquela que o homossexual, de fato, preconiza, estabelece.

Assim, penso que há um erro de leitura. O gay sendo retratado como um casal tipo hetero é um demérito, um contrassenso, ao estilo de vida gay. A questão não é a caricatura, que é uma forma de deboche, mas também não é o enquadramento de um estilo próprio dos heterossexuais. O estilo gay é próprio, é de identidade, é ontológico, e se estabelece no ORGULHO disso, e não vislumbrei tal feito sendo retratado nas novelas.     

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

CURSO INTENSIVO DE FLORA PASSIVA - III


O fim do ano está chegando, mas, para a Mama, não tem descanso. Afinal, tudo que é duro dói, mas tem de continuar, rsrs...!

Por isso, antes que 2011 dê um tchauzinho de miss e 2012 ADENTRE nossas vidas, fizemos uma edição especial do nosso Curso Intensivo de Flora Passiva e demos em dobro (ui!), catalogando nada mais, nada menos que quatro novos tipos!


5. AS AMÉLIAS

As que são mais maduras, como Mama, lembrarão daquela famosa música que diz que a “Amélia é que era mulher de verdade... Amélia não tinha a menor vaidade”.

A palavra virou sinônimo daquelas rachas que ficam em casa e fazem de tuuudo pro bofe que chega do trabalho cheirando a cerveja (“hora extra”, claro...) no fim do dia.

Pois bem: é exatamente o que as bees amélias fazem – e vale dizer que esse tipo foi sugerido por alguém especial, sinal de que está funcionando pedir ajuda para catalogarmos todas nós!

Tradicionalistas e conservadoras, as amélias sonham com um marido para chamar de seu e querem ter uma casinha no mais puro esquema mamãe-papai.

Seu objetivo é serem sustentadas, fazer o café da manhã, preparar o jantar, limpar o banheiro e perfumar a cama onde, idilicamente, serão abatidas à noite – ah, e o bofe, nem pensar de dar uma de delicado! Tem de ser macho-cho, com todos os vícios e, hummm, durezas a que tem direito!

Vale dizer, porém, que existe hoje um novo tipo de amélia. Sim, meu bem: elas se dividiram em duas cepas. Hoje, as mais modernosas é que saem pra trabalhar e deixam o bofe em casa – mas ainda dão conta do jantar quando voltam e não descuidam da chuca, no melhor esquema multitarefa e autolimpante. Não é raro que até sustentem o ocó!

Mama sabe que existem diferentes tipos de arranjo de namoro e casamento, mas não pode dizer que deixe de se preocupar com as duas amélias.

Afinal, quando as rachas fizeram sua revolução e cometeram o pecado de queimar sutiãs Victoria’s Secret em praça pública, du-vi-do que estivessem pensando que algumas bibas assumiriam, orgulhosas, seu lugar – e a mama da Mama, a Abuela, já ensinava que, se for para sustentar macho, que seja em cima de mim, porque, para f*der a conta corrente, já tem gerente de banco e cartão de crédito, right?


6. AS FLEX DE MEIA-TIGELA

Na primeira aula de nosso curso, falamos das falsas ativas, lembra, bee? Aquelas que “só dão para um pau maior que o delas”? Mas, como a evolução é uma regra da natureza, elas deram origem a uma subespécie: as flex de meia-tigela. Essas representantes da flora passiva são a razão por que recai sobre as versáteis verdadeiras a alcunha de dadeiras não assumidas.

Diferentemente das falsas ativas, elas não escondem que gostam de ser devoradas e, embora sejam também adeptas do ditado popular que diz: “tudo vale a pena se a vara não é pequena” (aimmmm... Não é esse?! Mais um que Mama erra rsrs), a verdade nua e crua é que topam as mais diferentes opções de comprimento e largura.

O problema é que elas dizem permanecer com um lado ativo, embora tudo não passe de uma jogada de marketing para ganhar terreno no mercado do sexo.

O discurso tradicional é falar que são “totalflex” – mas de “total”, elas nada têm, gata: rodam 90% no álcool e só 10% na gasolina. Resumindo: elas até comem... Mas só quando não têm nenhuma outra opção, o que pode ser um problema se a senhora não está interessada em entrar numa de Marisa e ficar “de mulher pra mulher”.

Infelizmente, Mama ainda não descobriu como separar facilmente essas passivas das verdadeiras versáteis. Parece que a evolução as dotou de uma camuflagem de última geração.

O único jeito é fazer uma análise minuciosa enquanto conversam, no MSN, nos sites de relacionamento ou antes de ir pro motel. Se ela for uma rosa vermelha, em algum momento, a senhora sentirá o cheiro...


7. AS VAMPIRAS

Tudo bem. Mama sabe que, por incrível que pareça, está assim, ó, de ativas por aí que mais parecem homem hétero machista e chato: elas se perturbam se descobrem que a senhora tem um laaaaargo currículo (sem trocadilhos...), ficam estupefatas ao saber que a senhora já fez caridade e deu tudo que é seu e arrepiam o púbis de ciúme antes de levá-la ao altar de véu, grinalda e sem calcinha – mas, verdade seja dita, isso, por si só, não justifica a existência dessa categoria de passivas, que adoooram gongar as amigas à luz do dia, chamando-as pejorativamente de “promíscuas”.

Não se conforme com isso, gata. Essas santinhas não são nem do pau oco, porque o único pau que querem é o dos ocós!

Elas se fazem de puras, castas e casamenteiras, mas é só dar uma passadinha no darkroom da buátchy mais próxima ou no cinemón da vizinhança para vê-las mostrando a verdadeira face e toda a capacidade de seus orifícios – sem falar que você também pode topar com uma delas no bosque à noite, na praça com iluminação quebrada ou naquela ruazinha escura ali, ó, onde a senhora sabe que acontece de tudo: de bandidos comedores a sexo sobre quatro rodas.

Aliás, é por isso que elas são vampiras: quanto mais escuro o lugar, melhor. É só aí, certas de que ninguém vai reconhecê-las, que colocam as presas tratadas com clareamento dental de fora e buscam aquilo que verdadeiramente querem: um banquete de carne de homem!

Como a senhora já deve ter aquendado se viu a aula anterior, as vampiras são muito similares às egípcias na hora do sexo e, por isso, podem se combinar com elas, gerando híbridos espetacularmente desinteressantes...

Para combater esse tipo, é muito simples. É só jogar um foco de luz ou ameaçar com uma câmera na “hora H”. Ao verem o próprio reflexo com a boca cheia, elas se enrolam e desaparecem, assustadas, como o Mumm-Ra dos ThunderCats. Ainda bem que, como a famosa múmia e os vampiros de verdade, elas não têm vida eterna, rsrsrs...


8. AS GUZULAS

Quem aqui viveu nos anos 70 ou curte desenhos animados clássicos vai se lembrar do Guzula, um monstro gordinho que comia metal e cuspia fogo e cujo chavão era “Guzula está aqui. Guzula tá com fome de ferro!”.

Bom, meus amores, agora já cantamos a bola (as duas!) para esse tipo especial de passiva, que Mama confessa admirar: as guzulas, gordinhas ou magrinhas, também estão sempre com fome e sempre querendo FERRO rsrs!

Esse tipo particular de passiva dá em todo lugar – e nos dois sentidos da expressão. Não apenas se reproduzem e invadem os espaços, como são, errrrr, invadidas em todos eles. Gulosas, para elas, não tem tempo ruim: é só “cair na gandaia e entrar nessa festa”. Claro, quem entra são sempre os bofes...

O bom das guzulas é que elas são divertidíssimas e assumidíssimas. Extremamente caridosas, elas não dão: distribuem, divulgam, publicizam, compartilham – e, convictas, nem sonham em dizer que gostam de outra coisa.

Embora eventualmente assustem as ativas mais caretas, a verdade é que é muito mais fácil lidar com elas. Sem falar que têm a vantagem de serem inimigas naturais das vampiras e das egípcias, que as acusam de ser verdadeiras “manchas” e lhes dedicam aquele olhar de azedume de quem furou a dieta e está com refluxo.

Assim, a senhora pode ter as amigas guzulas como amuletos. Além de não fazerem questão nenhuma de pouca luz – o que é útil para quem faz a voyeur –, elas ainda pegam todos os bofes que as outras desdenham ou fingem desdenhar, deixando a senhora literalmente mais... Aberta... Às possibilidades se as acompanhar em suas caçadas incessantes...

Mais:
Curso Intensivo de Flora Passiva - II

Curso Intensivo de Flora Passiva - I

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Gays pensam mais em suicídio do que os heteros



Na França, 12,5% dos gays já pensaram em suicídio. Dentre bissexuais masculinos, o número é 10,1%.
 
A taxa dentre a população masculinaheterossexual é de 3,2%. Portanto, os números são até quatro vezes superioresdentre gays e bissexuais!
 
A gravidade da situação é a mesma no caso das mulheres. Dentre lésbicas, o número é10,8%; dentre as bissexuais10,2%. Dentre heterossexuais femininas o índice é de 4,9%.
 
Os dados foram fornecidos pelo governo federal francês.


Fonte Cena G

domingo, 11 de dezembro de 2011

CURSO INTENSIVO DE FLORA PASSIVA - II


Nosso curso de flora passiva está bombando, gatas! Dessa vez, batemos o nosso recóóórde e recebemos o incrível retorno de 1 mail e meio – porque o segundo veio truncado...

Em homenagem a esse retumbante sucesso, Mama resolveu continuar o curso, depois de uma semana regada a antidepressivos e calcinhas usadas por não saber se haveria novas inscritas.

Felizmente, a curiosidade pela tipologia passiva é única no Brasil. Afinal, ninguém quer levar gato por Mulher Melancia pra casa, não é? Então, vamos em frente que atrás vem gente... E bem fundo! Ui!

 

3. AS EGÍPCIAS

Antes de tudo, Mama precisa dizer que não tem absolutamente nada contra nossas amigas que são mais donzelas. Nem poderia, já que eu mesma sou uma, right?

Então, se estamos todas de mãos dadas na nobre causa de DAR alento aos pobres bofes carentes de, digamos... Expressão oral... Não será o fato de que algumas de nós gostam de levar sua mulher interior para passear algumas vezes – 7 dias por semana – que romperá as algemas cor-de-rosa e emplumadas que nos mantêm unidas.

No entanto, é verdade que é sobretudo entre as damas que encontramos este que é um dos tipos mais odiados entre as passivas. Numa flora habitada por rosas, orquídeas, tulipas, azaleias, margaridas e petúnias, elas estão mais para um jarro-titã (http://tinyurl.com/d9kwayr): são chatas, presunçosas, perturbam o ambiente, cobrem as fragrâncias das demais e ainda depõem contra o nosso lindo jardim. Estou falando das egípcias.

Se, como a Mama, você está acostumada ao jargão gay, já entendeu o que elas fazem. “Fazer a egípcia”, nós sabemos, é dar carão. É isso que elas fazem: viram o pescoço como as gravuras das pirâmides, olhando com desdém para as demais, sem o mínimo de comprometimento com a união pela nobre causa.

Na sauna, são as que entram de sunga e camiseta e fazem cara de azedo para qualquer um que cruze seu caminho, as sobrancelhas arqueadas como numa aplicação de botox. Nervosas, não conseguem parar no lugar e não param de abrir as portas procurando um príncipe que nunca chega – e tornando os exercícios das demais menos... Quentes.

Na buátchy, são as que se unem para criticar o modelito e o excesso de gostosura da colega ao lado, enquanto se esforçam para dançar com o bumbum arrebitado e as mãos delicadas em garra, fazendo um uso invejável do músculo adicional e flexível no pescoço, que as faz bater cabelo mesmo quando não os têm. No sex club e no cinemão, são as que entram com cara de nojinho (by Pôneis Malditos) e destratam, inclusive, os ocós que, tomados de coragem, delas se aproximam.

Mama nunca entendeu o porquê desse comportamento de desprezo, mas observou duas verdades incontestes sobre as egípcias. A primeira é que elas são, como os jarros-titã, inflorescências: andam sempre juntas, em grupo, e não se separam nem nas raras horas de caçar, no melhor estilo “pague uma, leve duas”. A segunda é que, ao contrário das famílias dos verdadeiros faraós, são absolutamente contra prestar uma mãozinha amiga às irmãs, e, assim, perto do fim da festa, lançam-se sedentas aos darkrooms e outros lugares escuros, deixando de lado a nobreza e se dedicando a uma autêntica democracia, onde ENTRA qualquer um. Afinal, como diz o ditado, a boca mama aquilo de que está cheio o coração (ah, não é esse o ditado?! Bobage!).

Por isso, dica da Mama: femininas, sim. Egípcias, nunca. Por que não se mirar nos exemplos das gregas, romanas e babilônias? Vênus ou Afrodite tinha filhos e sexo com bofescândalos e era uma deusa voluptuosa do amor – nasceu até de um “leite tipo P”, lançado ao mar, olha que delícia. Ishtar era a deusa da fertilidade, tinha prostitutas sagradas – nossas ancestrais! – como sacerdotisas e ganhou até um portão que era um luxo! Mas a Ísis egípcia, tadinha, vivia chorando o marido esquartejado...

 

4. OS BOFES-PANQUECA

As mais desavisadas entre nós confundirão essa espécie com as falsas ativas, mas abra o olho, meu bem, porque a diferença é sutil como uma trama de tule ou organza. Ao contrário das falsas ativas, os bofes-panqueca não têm a pretensão de se passarem pelo que não são.

O problema é que eles são, à primeira vista, bofes. Aí, já viu o doce, né? A senhora vai bunita caçar um deles e, como é uma moça de família quase boa, fica com receio de perguntar o que eles verdadeiramente curtem – bom, mas eles são tão másculos, fortes, têm a voz tão grossa e macia, as mãos grandes e um pernil suculento que não resta dúvida: só podem ser como os guerreiros vikings, loucos para COMER carne.

E eles estão mesmo, gata – mas o bife que eles buscam é o mesmo que a senhora, e naquela grelha só entra coxão DURO. O pior é que a senhora geralmente descobre isso da pior forma: quando sai do banheiro do motel, depois de retocar a maquiagem, dá de cara com o “ex-bofe” já devidamente virado na panqueca – bateu na cama, virou! –, nua, com a bundinha pra cima, pronta para envolver o que a senhora usa pra fazer xixi (afinal, nós, que somos phynas, não “mijamos”, né...).

Tsc-tsc...

Aí, não adianta reclamar, querida: ou a senhora comparece, ou fica malfalada. Por isso, dica da Mama: não se engane com qualquer bofe achando que, por parecer bofe, só por isso vai penetrar o seu... Errr... Âmago.

Pergunte, ou procure saber de forma indireta, mas procure saber. Há muitas bees femininas que são ativas e dominadoras! E, caso se depare com um bofe-panqueca na catalogação e a senhora for passiva convicta, seja educada e dê a entender, phynamente, que não come panqueca no jantar porque está de dieta para manter o shape...

Mais: Curso Intensivo de Flora Passiva - I

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pastora evangélica faz culto em boate gay

Carol Pires
De Buenos Aires
A pastora Mabel Gebel abre o culto evangélico no Moulin Bleu (Foto: Divulgação)


Na avenida Corrientes, entre letreiros em neon, fotos de mulheres semi-nuas nas propagandas dos musicais em cartaz, bares e livrarias que viram a noite, está o teatro Moulin Bleu. A entrada é uma pequena porta na esquina da rua Rodriguez Peña onde um senhor anuncia que é de graça a entrada nas segundas-feiras à noite. É um teatro? Não, é um culto evangélico. Ou melhor: um show de talentos evangélico.
O teatro fica no segundo andar do prédio. A meia luz, famílias inteiras, prostitutas e travestis aguardam enquanto crianças e garçons circulam pelos corredores. Durante toda a noite é possível comprar vinho, cerveja e whisky e pedir uma pizza. Uma ajudante passa distribuindo folhetos entre as mesas com as informações sobre o culto, que é chamado "Predicando entre Plumas y Strass".
O culto no Moulin Bleu começou há seis anos com o pastor Diego Gebel. Ele morreu em maio do ano passado, aos 47 anos, depois de ter uma parada respiratória enquanto se recuperava de um cateterismo. Quem assumiu a condução do culto foi a viúva dele, Mabel.
É Mabel Gebel, cabelos loiríssimos, vestido preto e capa cintilante, quem abre o culto, às 22h. Ela explica o conceito da noite para os estreantes: Deus ama a todos sem distinção e por isso ela discorda dos evangélicos que têm preconceito contra travestis, prostitutas e homossexuais. No "Predicando entre Plumas y Strass", entra quem quer, se apresenta quem quer.
Mariana A, uma travesti de vestido longo, entra em seguida para fazer um show caribenho acompanhada de dois dançarinos de short curto e sem camisa. Ao longo da apresentação, o vestido é arrancado e ela fica com a bunda à mostra. Os seios em algum momento também vem à público.
Uma senhora ao meu lado, chamada Juana, contou que assiste ao culto toda semana há seis meses, desde que precisou fazer uma cirurgia no joelho e veio morar em Buenos Aires com o filho mais novo. Ele trabalha como ator, visita hospitais infantis da cidade fazendo apresentações circenses e nas segundas-feiras se apresenta no Moulin Bleu.
A noite segue com uma das filhas da pastora cantando uma música evangélica e outra filha fazendo um esquete de humor com um homem que, na verdade, era o porteiro do começo da noite. Mariana A. e outra travesti mais velha, loira, são as que mais fazem apresentações, quase sempre começando deslumbrantes e terminando semi-nuas. Entre um e outro, entra a pastora Mabel para pregar. No discurso mais longo da noite ela contou a história de Davi e Golias. Depois anunciou que mais tarde iria levar a palavra do senhor a um cabaré.
Duas horas depois, o show chegando ao final, chega a vez do filho da Juana. Ele entra no palco fantasiado de Evita Perón, vestido longo, maquiagem pesada e peruca loira. Com caras e bocas, cantou "Don't cry for me, Argentina". Juana não chorou, mas ficou emocionada.

Fonte: Terra