sexta-feira, 18 de junho de 2004

Igreja nega hóstia a gays e ativistas pregam que Jesus era gay


No fim deste mês alguns gays não puderam recebera hóstia das mãos do sacerdote romano na Catedral de Chicago. Isso porque os gays estavam visivelmente gays, ou seja, usavam artigos "arco-íris" que descreviam que eram de fato homossexuais. Talvez, se eles estivessem mais camuflados, ou hipocritamente escondidos, passariam despercebidos, já que tantos passam em suas fileiras, vivendo dupla moral.

Bem, claro que os católicos gays sabem da postura nada invisível da instituição chefiada pelo bispo de Roma, conhecido com Papa, ou "pai"...bem, ele não tem demonstrado ser muito um pai, nem a instituição que representa uma mãe, já que praticantes de tais e outros atos extremos...

Outro dia, pesquisando na Internet, pude achar um site de uma Igreja Batista dos E.U.A. que colocava a foto daquele rapaz morto por extremistas, Matthew Sheppard entre chamas, dando a entender que ele está neste momento no inferno e que os gays precisam se "regenerar" para não irem para lá também.

Esse lenga-lenga por parte dos religiosos é antiga, podemos perceber que esses atos extremos procedem justamente dos nichos religiosos mais fanatizados, ou seja, há um componente muito peculiar entre fanatismo e intolerância. O fanático é um deslumbrado da fé, e coloca todas as outras formas de conhecimento e ciência em descrédito perante sua "superioridade" sobre "todos" os assuntos. Fazem o malabarismo de tentar explicar aquilo que é inexplicável, apoiando-se na fé tão somente. São esses tipos que jogam aviões em prédios e ditam normas de seus tronos de ouro para a perseguição indiscriminada aos direitos dos homossexuais.

O melhor antídoto para o fanatismo e a intolerância é o bom-senso. Alguém me disse que isso é um privilégio de poucos, será?

Bem, atos extremos e radicais mostram muitas vezes como as pessoas e as instituições primam pela lei da força do que pela lei do amor. Não vemos atos extremistas nas instituições religiosas apenas, mas também no campo ideológico e político-social, por exemplo aquela história de que "Jesus era gay" que vez por vez algum ativista gay solta na mídia.

Acho que é uma postura extrema também e desnecessária, que não leva alugar e não gera fruto nenhum, apenas ódio e hostilidade maior para nós, gays.

Terrence McNally estava com uma peça teatral na Broadway, "Corpus Christi", que aludia Jesus com 12 apóstolos como sendo todos gays. A peça polemizou muito e levantou muitas pessoas indignadas contra ela. A mídia gosta muito de explorar esse tema, é predadora por natureza de tudo aquilo que cheira a transgressão e irreverência e que envolva o tema "homossexualismo" para atiçar a atitude das massas. Precisou que se levantasse um fanático líder muçulmano para dissuadir o diretor teatral de continuar sua loucura, traçando um "fatwa", ou seja, uma "condenação à morte" se tal diretor continuasse com sua peça blasfema. Deve ser duro aprender do mais pequeno...

Atitudes como essa, ou até mesmo a foto que ilustra o nosso texto, a "Ceia Gay", exposição Ecce Homo de Outubro de 98 em Uppsala-Suécia, que também foi originada no meio gay justamente para polemizar e provocar, são exemplos de atitudes que precisam ser erradicadas, pois ninguém ganha nada ofendendo, pelo contrário, atrai mais hostilidade para si. Não se ganha nada para a causa mostrando um Jesus de saltos.

Como exigirmos o respeito das pessoas se as desrespeitamos?
Não será com atitudes que procuram "chocar"a sociedade que conquistaremos o respeito. Estaremos agindo igualmente como os radicais religiosos com esse tipo de "ativismo", que está mais para non-sense.

Não estávamos na Parada apenas para fazermos um folclore ou carnaval como a mídia aludia, mas existia uma Causa que transparecia sobre a caricatura e as caricatas. A Causa suprema de que queremos respeito e igualdade civil.

Acredito que devemos sempre estar pautados no bom-senso, respeito e tolerância, já que é isso que queremos dos outros, um "Quiprocó" ...como disse Jesus, "é dando que se recebe".

Que sejamos de fato pacificadores e promotores da coexistência pacífica entre todas as pessoas, tornando sem efeito atos de extremismo e segregação. Realmente tolerantes, possamos ser referenciais. Que esteja em nós o antídoto para todo o veneno do fanatismo e loucura.



Victor Orellana
Pastor, fundador da Igreja Acalanto

quarta-feira, 16 de junho de 2004

Bush pede a João Paulo II ajuda contra casamento


Segundo nota da revista americana "National Catholic Reporter", George W. Bush pediu a João Paulo II uma "forcinha" contra o casamento gay.

Em conversa com o papa, o presidente dos Estados Unidos teria pedido que a autoridade máxima da Igreja Católica incentivasse os bispos americanos a expressar mais veementemente sua oposição ao casamento homossexual.

O Vaticano não negou nem confirmou a informação: limitou-se apenas a dizer que Bush conversou sim recentemente com a cúpula da Igreja. Mas não sobre o quê.

1,5 milhão de pessoas na Parada de SP


A Polícia Militar de São Paulo confirmou nessa segunda-feira, dia 14, o número que já vem sendo divulgado pela mídia desde o término da 8ª Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, no domingo. Segundo a estimativa da PM, participaram da manifestação 1,5 milhão de pessoas.

A Parada de São Paulo confirma-se assim como a maior do mundo, superando as de São Francisco e Nova York, nos Estados Unidos e Toronto, no Canadá, que, no ano passado, não ultrapassaram a marca de 1 milhão de participantes.

Mais ainda: reafirma o evento, perante a cena mundial, como importante data do calendário global do Orgulho Gay. O que gera, para o próximo ano, a expectativa de um crescimento expressivo de turistas estrangeiros, atraídos pelo mega-evento e as festas e demais atividades que giram ao seu redor.

segunda-feira, 14 de junho de 2004

Diferentes Imprimindo Diferença


"Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados, sustentaste grande luta e sofrimentos; ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio quanto de tribulações, ora tornando-vos co-participantes com aqueles que por este modo foram tratados. Porque não somente vos compadeceste dos encarcerados, como também aceitaste com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável." (Hebreus 10: 32-34)

A singularidade do Evangelho de Jesus Cristo é percebida na diferença que o sujeito faz em seu ambiente. Jesus nos chama - a todos nós - a fazer esta diferença duas vezes. Nos chama do mundo, a saber: da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida (cf. I João 2: 16); nos chama dos bancos das igrejas para corajosamente assumirmos nossa homossexualidade e vivê-la de forma saudável.

A auto-aceitação da homossexualidade é, na maioria das vezes, um período de dor e angústias. A compreensão de nossos desejos nos atinge, geralmente, na fase de pré-adolescência. Silenciamos. Sofremos amores secretos, assombrados por sonhos e tentamos vivenciar uma heterossexualidade imposta. Vivemos clandestinos, escondidos, fugindo da ira da família, dos amigos e, na concepção de muitos, da ira do próprio Deus.

Atendemos ao primeiro chamado de Deus: separados do mundo - Salvação pela Graça em Cristo Jesus, mas temos enorme dificuldade de atender ao segundo chamado, o chamado para sermos corajosos e imprimirmos a diferença na Igreja de Jesus Cristo.

No texto acima, o autor nos lembra que fomos iluminados. Precisamos reconhecer que Deus nos fez homossexuais, e desta forma buscarmos aceitar e assumir nossa orientação sexual com orgulho e perdoarmos o grande sofrimento pessoal arrastado pela vida, por conta de toda a rejeição sofrida. O texto no diz que somos tidos como espetáculo. As pessoas cochicham, apontam para nós nas ruas, falam de nós em suas reuniões, parecendo não haver assunto mais "intrigante" do que a nossa sexualidade. Neste momento, sentimos a dor de toda uma parcela da população mundial (10% minimamente) que, sem distinção de cor ou credo, sofre perseguição, são atormentados física e emocionalmente, insuflados a viverem uma autonegação (encarcerados). Somos, porém, co-participantes na transformação de nossa sociedade a fim de que, no futuro o amor não se restrinja, mas seja como Jesus pregou "amar o outro como a ti mesmo" sem acepção, percebendo que apesar de diferentes, temos Dele o mesmo amor e salvação.

A responsabilidade individual de cada um de nós, homossexuais não pára quando "saímos do armário". Mesmo que venhamos a sofrer sanções econômicas e sociais, precisamos lembrar que a Verdade de Cristo não pode ficar escondida debaixo da cama. Não pode ser um segredo entre mim e Deus, entre Deus e você. O Evangelho da Salvação não pode ser contido, mas precisa ser anunciado para que cumpra seu propósito. Assim também nós, uma vez salvos (duplamente: do mundo e do medo da própria orientação sexual) não podemos nos calar. Jesus disse certa vez aos fariseus : "Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão". (Lucas 19:40).

O texto bíblico inicial nos fala de vencermos o obstáculo que se levanta contra a fé. A fé que está contemplada no amor de Deus. Fé que Ele nos criou a Sua Imagem e Semelhança. Fé que Deus agiu com perfeição quando nos criou homossexuais. Fé que o Senhor é poderoso para nos guiar e guardar, santificando nossas vidas com a Sua presença. Fé que nosso depósito (galardão) nos aguarda depois que corrermos, com perseverança, a corrida que nos está proposta.

Deus nos chama a imprimir uma diferença na vida de um incontável número de pessoas. Ser luz, na escuridão, é uma grande tarefa. Para desempenhá-la, precisamos deixar o Senhor nos limpar, podar e ensinar a cada dia.

Nosso amor esteja com vocês,

Pra. Susan