Editorial da Sex Boys 20
Pedofilia e homossexualidade
Fundador do GGB - Grupo Gay da Bahia e importante personalidade do movimento homossexual brasileiro, Luiz Mott é também um respeitado antropólogo. Entre suas contribuições, há um estudo de como a Inquisição agiu no Brasil com relação à sodomia (sexo anal), especialmente a praticada entre homens - então considerada o "pecado nefando".
Centenas de anos se passaram, mas manchetes da imprensa têm me levado a pensar que mantivemos o conceito de pecado nefando, posto hoje ocupado pela pedofilia. Claro que não vou defendê-la. Ao contrário da mera prática do sexo anal, a pedofilia tem aspectos e conseqüências cruéis. Chama a atenção, porém, a histeria que ela proporciona.
Sim, devemos nos indignar - mas basta acusar uma pessoa de ser pedófila para haver uma caça às bruxas. Se a inocência é verificada, ainda assim a vida dela fica destruída. Exemplos não faltam. No Brasil, o da Escola Base é o mais notório.
Pior ainda é a tentativa, empreendida por conservadores, de associar pedofilia e homossexualidade. Isso veio à tona nos escândalos com padres norte-americanos e acabou reforçado pelo recente documento do Vaticano sobre o ingresso de homossexuais no clero.
Esse tipo de coisa não ajuda em nada. Pedófilos, além de cometer um crime, são pessoas que precisam de acompanhamento psicológico - e sua condição não é fruto da orientação sexual, qualquer que seja ela (e há pedófilos héteros, gays e bis), mas de uma conjunção de fatores patológicos.
Qualquer tentativa de atrelar a pedofilia à simples existência de uma orientação sexual é apenas uma forma de se aproveitar do sofrimento infantil para reforçar o preconceito contra pessoas já injustamente marginalizadas. No caso, os homossexuais. Isso é desumano, é imoral, e não difere muito do crime de que aquelas crianças foram vítimas.
O Editor
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