Recebi nesses últimos dias uma contestação, de um leitor do blog, em relação à carta aos Romanos, o estudo sobre a questão das paixões infames. Tal contestação não foi subscrita, e o blog nomeou tal assinatura como ANÔNIMA.
Na ocasião respondi, rapidamente, ao texto e reservei o direito de não publicar o comentário. Agi desta maneira pelo fato de postar o que recebi, juntamente, com esse texto... Afinal, quem me conhece, desde muito, da lista de discussões, sabe que não dar respostas, ou fazê-la de forma insólita não é meu feitio.
Na cartinha evangelística que o Anônimo me enviou, ele alegara ter lido todo o texto proposto por nós, do blog, e entendido (o que me faz duvidar), e nos admoestou que éramos incoerentes com a palavra de Deus, que não só condena a homossexualidade em Romanos como também em Coríntios.
Bem, na verdade, a partir daí ele passa a fazer uma série de colocações disformes, e não uníssonas ao texto de Romanos e, embrenha-se por uma temática entre a obra da carne e os frutos do espírito, abrindo um leque gigantesco, aventurando-se a falar sobre o AMOR, contudo, equivocadamente, ele procede.
Sua confusão teológica começa na própria tentativa de expor que a carta de Romanos fala da impiedade e da injustiça aos atos sexuais, que seriam uma tentativa de sustentar um estilo de vida egoísta e impuro (talvez, em relação à homossexualidade- que para ele carrega essa problemática). O que fica claro: ele não leu o texto, onde trabalha a questão que se concentra a impiedade e a injustiça no que Paulo diz à cultura.
Para o Anônimo a verdade escriturística é trocada por uma fantasia, e aqui está seu primeiro erro exegético. Impiedade e injustiça são duas realidades concretas, realidades que ao serem experimentadas substituem o caráter da própria condição humana, deixando este à mercê das próprias paixões, que são desumanas, que trazem a iniqüidade, que subtraem do homem sua dignidade, fazendo com que este se venda e não se respeite. O estatuto da pessoa- tão amplamente trabalhado no texto- é a condição que gera, que é fonte, da impiedade. Imperadores se proclamam deuses, e suas vontades são lei.
Desta feita a prostituição das patentes é comum em Roma, onde homens deixam o uso natural da mulher para servirem na guarda pretoriana, não querem se casar, mas se inflamam mutuamente, prostituem-se em troca da posição social, que obterão a partir da sujeição de suas vontades à vontade dos seus superiores que se dizem divinos.
Assim, para muito longe de ser um mero desejo, uma mera fantasia, a realidade é concreta. Tão concreta, que nessa época Nero, o imperador, saía às ruas de Roma, à noite, com seus amigos, e esfaqueavam quem encontrassem pelo caminho e se recusassem a ser penetrados. Assim, também, tinham homens enjaulados nos jardins, tratados como animais, e que estabeleciam suas funções meramente sexuais. Paulo fala contra esse estatuto da pessoa, e não contra a homossexualidade, Paulo fala contra essa prostituição, devassidão concreta, e não contra um mero desejo, ou uma fantasia.
Assim, o Anônimo quase acerta quando trabalha a questão do egoísmo, mas não consegue sustentar filosófica ou teologicamente sua idéia, e fala de ser cristão como aquele que habitará o céu (isso sim me sugere fantasia), ou que o egoísmo é produzir ídolos, deuses e satisfazer sua própria vontade. Ora, quando comemos satisfazemos nossa própria vontade, quando defecamos partimos do mesmo princípio, quando dormimos, escrevemos, conversamos... Enfim, enquanto vivemos, estamos estabelecendo nossa própria vontade, e não é egoísmo, e não é pecado. Quando transamos estamos nos satisfazendo, seja com homem ou com mulher. A questão é: em tudo que fazemos, somos capazes de desejar ao próximo aquilo que desejaríamos a nós, e nos envolver nisso. Ou apenas sujeitamos tudo e todos como objetos descartáveis de nossa inserção, manipulando e subjugando?
Bem, daí uma frase do Anônimo que me fez pensar muito: “Paulo não está falando de pecados específicos, mas sitando (sic) comportamentos pecaminosos que comprovam a idolatria do ego humano. (Rm 1.22-31)”.
Li essa frase e indaguei profundamente uma questão: Esse cara está tentando me converter ou me desviar? Jesus, Paulo não diz de pecado específico? Como assim, ele fala da origem de todo o pecado- o egoísmo- que no Édem, o homem e a mulher se deixam levar pela possibilidade de serem como Deus. O texto de Romanos começa a se reportar ao tolo que disse em seu coração não haver Deus , e muda a glória do Criador em semelhança à criatura. Pecado, esse, que no capítulo 5 ele volta a tratar, e você diz que não é específico?
Bem, eu jamais faria isso comigo mesmo, jamais me exporia ao ridículo de tentar falar de teologia sem ter conhecimento suficiente ao debate teológico com um teólogo! Você diz que eu distorci a palavra de Deus, e você que distorce toda a história da salvação! Eu lamento, por você, pela pessoa que te doutrinou, e pelas pessoas a quem você doutrina. Chega a ser ridículo, Anônimo, deve ser por esse motivo que você não se apresenta... Infelizmente, não basta boa vontade, disso o inferno está cheio, confere lá: Mt 7. 21-23.
Bem, como se não bastassem os desvios interpretativos, soterológicos, do texto de Romanos, nosso paladino Anônimo, sacando de sua Bíblia foi para a carta de Gálatas, e lá a coisa gritou! O moço resolveu falar do Amor: ágape, filos e eros. Com um minimalismo medonho ele tentou me explicar a condição do eros e do ágape sem ao menos propor uma leitura do eros no contexto grego, da mitologia e filosofia posterior, e ainda, das religiões pagãs, e não se deu o trabalho de demonstrar o eros na teologia cristã. Sabem por quê? Porque nem ele mesmo sabe o que ele estava dizendo, quando propôs à temática. Reproduziu, porcamente, aquilo que aprendeu na EBD (escola bíblica dominical) e achou que estava abafando. Mas antes de entrar especificamente, ainda me resta um comentário em Romanos.
“ Deus é moralmente perfeito e deseja restaurar o pecador e eliminar o pecado, mas só pode fazer isso se o pecador não distorcer ou rejeitar a verdade de forma obstinada, como você está fazendo.”
Deus é moralmente perfeito é uma doxologia, confusa, sofistica, falaciosa. Deus é suficientemente perfeito, Deus é apoditicamente perfeito seriam expressões que vislumbrariam o caráter de se ser perfeito. Quando se faz um corte epistêmico e joga a suficiência ou a necessariedade a uma condição potencial e não essencial, isso gera a deformidade da coisa em si mesmo. Dizer que Deus é moralmente perfeito é abrir possibilidade para que ele não seja perfeito, pois se ele é perfeito, ele só pode ser todo perfeição,não condicionado, não dependente, e não é perfeito por sua capacidade, potencialidade moral.
Desta feita, o Anônimo condiciona a moralidade de Deus não à perfeição própria do Ser, mas para uma condição potencial e subsidiária a outra vontade autônoma. Deus é perfeitamente moral, o homem é imoral, ou imperfeitamente moral, Deus só atua no homem se este aceita sua moral... Como se toda a perfeição divina dependesse dos atos volitivos da humanidade, caso o homem renegue Deus- perfeito- torna-se impotente! Ou submisso em uma condição imperfeita contrariando sua essência perfeita. Enfim, o que é que posso dizer?
Gente, cuidado com o ridículo... Eu tenho medo de crente!
Agora, sim, amor, liberdade e salvação! Vamos ao texto de Gálatas!
Paulo está na carta falando contra os judaizantes que querem que os cristãos sejam circuncidados e guardem as leis judaicas... Isso está gerando contenda na comunidade, e os cristãos estão atacando uns aos outros e o desamor reina. Paulo fala das obras da carne que são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, ciúmes, iras discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes...
Depois ele fala dos frutos do espírito e em momento algum fala da homossexualidade, ou do Eros como sendo um amor carnal, sexual. Até pelo fato do texto não dizer nada sobre o sexo e sim sobre a briga que está havendo na comunidade, onde o próprio apostolo está sendo ridicularizado, em sua cristandade.
A carta de Gálatas é conhecida como o manifesto da liberdade cristã, uma liberdade que se desfaz da vida programada de regras e leis, submetendo ao homem uma atitude infantil diante da própria vida. Ou seja, liberdade para uma vida madura e consciente, graças à responsabilidade dessa liberdade. A vida não pode ser conduzida pelo simples código de leis, mas da intimidade do homem para com Deus. Liberdade que é conduzida do amor a si mesmo, como pelo próximo na mesma proporção ao crescimento mutuo na graça.
Obviamente que a lista que trata das obras da carne é todo o comportamento dos cristãos judaizantes dentro da comunidade. Uma forma de Paulo censurar as ações e desautorizá-los perante toda a comunidade. O chamado dessa carta não é a abnegação da vontade, como você deseja, mas é o aperfeiçoamento da vontade do homem perante Deus em amor uns para com os outros, na liberdade da Graça.
Você me chamou de presunçoso e arrogante, e para mim você não passa de um mau- caráter, que se deu o trabalho de deturpar todo um texto só para falar mal da homossexualidade, em coisas que o próprio texto não diz.
Eros = amor sexual, fora de Deus ou carnal só se for à sua mente apodrecida pelo pecado, e guiada pelos costumes e pala lei, e não pela graça.
O Eros está em Deus como o Ágape é dado aos homens, existe uma relação de unidade entre as duas categorias, expressão do todo que é o amor em si mesmo. Eros fala do amor que busca a fascinação da própria felicidade, inebria-se, intensamente, e está na essência humana. Ágape é o amor que busca pela felicidade do outro, preocupa-se cada vez mais doar-se, e existir para o outro. Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo fala dessa unidade de Eros e Ágape como expressões fundamentais de um único dom: O AMOR.
Assim, nos livros de Ezequiel e Oséias temos um Deus com amor Eros por Israel, na imagem erotizada do noivado e do matrimônio entre Israel e Deus, também da prostituta Israel que ainda sim é amada é erotizada pelo seu Deus.
Em Oséias Israel se prostitui, rompe a aliança. Deus deveria julgá-la, mas ele ama eroticamente sua esposa, e esse amor Eros se faz Ágape no perdão: “Como te abandonarei, ó Efraim, como te entregarei, ó Israel? Meu coração dá voltas dentro de mim (Eros), comove-se a minha compaixão. Não desafogarei o furor de minha cólera, não destruirei Efraim (Os 11. 8-9).
O amor de Deus, apaixonado, pelo homem é ao mesmo tempo Eros e Ágape, sendo tão intenso que vira Deus contra si mesmo, contra a sua própria justiça. Deus perdoa ao invés de fazer na justiça seus desígnios. Isso contraria muito o que você escreveu das Escrituras, seu mau-caráter: “O amor incondicional (obs.: Amar incondicionalmente não nega a justiça e o juízo de Deus contra as pessoas que, voluntaruiamente (sic), escolhem viver uma vida em pecado, porque Deus odeia o pecado mais que qualquer coisa no universo, e por isso ele alerta o homem para que abandone o pecado e se volte para Ele, para que seja capaz de lutar contra as inclinações pecaminosas)”.
Você não sabe nada sobre as Escrituras, você não sabe nada sobre Deus, você não sabe nada sobre o amor. Você é apenas mais um ser que odeia a si mesmo, e busca satisfazer seu ódio na vingança de seus semelhantes, deturpando as Escrituras, fazendo-as dizer o que elas não dizem, manchando a si mesmo. Você, Anônimo, é abominável. Deus te perdoe e te salve!
Não direi mais nada.
Renato
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Li e entendi perfeitamente sua posição. Mas devo alerta-lo que não é nada coerente com a Palavra de Deus.
Não só a carta aos romanos, mas outras passagens bíblicas são claramente contra a prática homossexual (1Co 6. 9-10).
Rm 1.18 - Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.
A Bíblia está sendo clara e afirmando que Deus se ira contra as pessoas que substituem a verdade da Sua Palavra por fantasias, suprimindo a verdade que Deus revelou a fim de crerem e sustentarem qualquer coisa que apóie seu estilo de vida egoísta e impuro.
Deus é moralmente perfeito e deseja restaurar o pecador e eliminar o pecado, mas só pode fazer isso se o pecador não distorcer ou rejeitar a verdade de forma obstinada, como você está fazendo.
A idolatria a qual Paulo está falando é aquela que surge quando o homem rejeita a verdade sobre Deus e, ao invés de procurar o Autor da vida, passam a considerar a si mesmos como o centro do universo. E dessa forma, inventam deusas, ídolos convenientes às suas próprias idéias egoístas. Esses "deuses" são todas as coisas que ocupam o lugar de Deus no centro da nossa vida, no nosso coração. Se você insiste obstinadamente em fazer algo que Deus claramente condena e abomina, você está exaltando sua própria vontade. Mas como você quer poder se chamar cristão, ser salvo e viver no céu ao lado de Deus, fica procurando uma desculpa ou justificativa que torne esse comportamento tolerável diante de Deus.
O homossexualismo, como qualquer outro pecado, tem como centro a satisfação do eu acima do obedecer a vontade de Deus por amor a Ele. É essa a idolatria da qual Paulo fala. Paulo não está falando de pecados específicos, mas sitando comportamentos pecaminosos que comprovam a idolatria do ego humano. (Rm 1.22-31)
O mais interessante é que, em Romanos 1.32 diz que as pessoas que praticam tais coisas, tendo conhecimento de Deus e sabendo que Ele condenará aqueles que tais coisas praticam, não somente praticam tais coisas, mas CONSENTEM aos que as fazem.
Pelo amor que Deus tem pela sua vida, não seja tolo ao ponto de pensar que Ele não condenará essa postura. Converta-se desse caminho de engano e permita que o Espírito Santo renove a sua mente e mude seus caminhos.
Você é muito presunçoso e arrogante ao pensar que tem conhecimento suficiente para sustentar tal tolice. Se você realmente deseja uma vida em intimidade com Deus, então busque a Ele e à Sua vontade. Procure o coração de Deus com relação a isso e peça que lhe mostre a verdade segundo a vontade dEle. Sei que Deus responderá.
Você claramente distorceu a Palavra de Deus.
A Bíblia nos diz em Gálatas 5.13-14 - Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, porém, a liberdade para dar ocasião à carne; mas servi-vos uns aos outros em amor. Toda lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Não devemos dar ocasião à carne através da liberdade. Mas devemos servir em amor e amar uns aos outros.
Talvez você diga "É isso. Você contradisse tudo que falou contra a prática homossexual. Porque Deus não condena o amor.".
Mas veja bem. Existem tres tipos de amor que a Bíblia sita. O amor fraternal (de amigo, irmão, familiar); o amor eros (sexual) e o amor ágape (o amor de Deus).
É claro que o amor homossexual é, basicamente, erótico e sexual. Mas o amor de Deus; o amor da frase "amarás ao próximo como a ti mesmo", é o amor ágape. Esse é o amor que se importa com o outro e o vê como Deus o vê. Esse é o amor que zela e guarda pelo bem do outro. O amor incondicional (obs.: Amar incondicionalmente não nega a justiça e o juízo de Deus contra as pessoas que, voluntaruiamente, escolhem viver uma vida em pecado, porque Deus odeia o pecado mais que qualquer coisa no universo, e por isso ele alerta o homem para que abandone o pecado e se volte para Ele, para que seja capaz de lutar contra as inclinações pecaminosas).
Se você ama alguém com o amor de Deus, então você vai desejar para ela aquilo que Deus deseja para ela. E o que Deus quer, é que o homem se converta dos seus maus caminhos e ande em obediencia à vontade dEle.
Ainda em Gálatas 5, nos versículos 16-18, a Palavra diz: Andai no Espírito Santo, e não satisfareis à concupiscência da carne (os desejos e inclinações carnais). Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito, e o Espírito o que é contrário à carne. Estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas SE sois do ESPÍRITO SANTO, não estais debaixo da lei.
E por que tal pessoa não estará debaixo da lei? Por que o VERDADEIRO CRISTÃO não estará debaixo da lei?
Porque nos versículos seguintes, vemos que "os frutos do Espírito são: amor (ágape), gozo, paz, longaminidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, DOMÍNIO PRÓPRIO. Contra ESTAS COISAS não há LEI. E OS QUE SÃO DE CRISTO CRUCIFICARAM A CARNE COM AS SUAS PAIXÕES E CONCUPICÊNCIAS. Se vivemos no Espírito Santo, andemos também no Espírito Santo." (Gl 5. 22-25)
Portanto amado, nós devemos abrir mão daquilo que alimenta nossa carne, que satisfaz nossos prazeres egoístas. As leis judáicas não são válidas para as pessoas que estão verdadeiramente em Cristo Jesus porque essas pessoas possuem o Espírito Santo de Deus abitando nelas, porque decidiram viver para Deus e como Ele quer que vivam, e o que o Espírito Santo produz honra e agrada o coração de Deus, e tudo que o Espírito produz, seus frutos, não ofendem as leis de Deus. Entende?
Não se engane querido. Não seja tolo. Não viva uma ilusão. Não corra o risco de viver uma vida que desagrada a Deus e levar outros por esse mesmo caminho e, ao chegar no mundo espiritual, descobrir que Deus nunca concordou com isso e que, por teimosia e orgulho, você acabará condenado.
Deus te ama muuuito para ficar quieto diante disso. E a Palavra do Senhor diz que Ele não tem prazer nenhum na morte do pecador, mas tem prazer quando ele se converte dos seus maus caminhos (Ez 33.11).
A Palavra nos diz que devemos buscar ao Senhor, buscar a Sua justiça e a mansidão. Porque no dia da ira e do juízo, essas pessoas serão salvas.
Busque a Deus e a Sua vontade. Ele te ama muito. Que Deus te abençoe abundantemente e faça abrirem-se seus olhos espirituais. Te amo.
Eles sempre são ANONIMOS. Pq será?
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