O Deus Triúno
Quando se fala em trindade, pensa-se em tri- unidade. Para a fé cristã há um só Deus e três pessoas distintas, ou, uma única natureza e três hipóstases , ainda, três sujeitos e uma única substância. Contudo, essa fórmula nunca foi fácil de ser mensurada.
Destarte, a Igreja produziu duas fórmulas teológicas, que são entendidas como as principais, quando se fala em trindade:
- Os teólogos orientais afirmaram que: “O Pai é a origem e fonte de toda a divindade, comunica toda sua substância ao Filho e ao Espírito. Os três são consubstanciais e, por isso, um só Deus.”.
- Os teólogos ocidentais afirmam que: “Deus é um Espírito Absoluto que pensa e ama. A suprema Inteligência de si se chama Filho e o infinito amor, Espírito Santo. Ou seja, Deus é o sumo bem que intrinsecamente se expande. A completa auto-entrega de si designa o Filho e a relação de amor entre o Pai e o Filho significa o Espírito Santo, o elo de união entre ambos.”.
Essas fórmulas, contudo, trazem o risco de, sendo mal interpretadas, ora tenderem ao subordinacionismo (de Ario), seria o caso da expressão oriental- grega. Que daria margem ao entendimento que; o Filho e o Espírito estariam subordinados ao Pai, havendo uma hierarquia desigual entre as pessoas (ou hipóstases). Também, ainda, poderia dar uma interpretação que há uma gênese divina, onde o Pai não sendo causado, é a causa do Filho e procedência do Espírito. Ora tenderem ao modalismo (de Sabélio), em que consiste à expressão ocidental-latina, que; segundo qual, a mesma natureza divina se mostraria sob três modos distintos ou três concretizações diversas, mas único o Espírito Absoluto. Um monoteísmo pré-trinitário.
A pericórese como caminho
As pessoas da Trindade co-existem simultaneamente: Pai, Filho e Espírito não estão separados e depois justapostos, formando um único Deus. Pelo contrário, sempre, mutuamente, interpenetrados e relacionados eles estão. A unidade dos Três consiste na UNIÃO ou comunhão, latim, communio, que significa a comum- união. Ou seja, sob o nome de Deus se entenderá a Tri- unidade, a união do Pai, Filho e Espírito, sendo essa união a própria trindade e própria a ela. A interpenetração permanente, a correlacionalidade eterna, a auto-entrega das pessoas às outras constitui a união trinitária, a união das pessoas. Para expressar essa união, a teologia, a partir do século VI cunhou a expressão grega PERICÓRISE (cada pessoa contém as outras duas, cada uma penetra nas demais e se deixa penetrar). Desta feita, tudo na trindade é pericorético: união, amor, as relações hipostáticas.
Importante é ressaltar que a união dos Três não esgota a diferença dos mesmos, aliás, a união supõe a própria diferença, ou seja, são pessoas distintas: O Pai não é o Filho e nem o Espírito, e é Deus; O Filho não é o Pai, e nem o Espírito, e é Deus; O Espírito não é o Pai e nem o Filho, e é Deus. Outrossim, o Pai traz o Filho e o Espírito sempre, desde a eternidade com ele; O Filho traz o Pai e o Espírito, desde a eternidade com ele; o Espírito traz o Pai e o Filho, desde a eternidade com ele.
O risco de um triteísmo é evitado pela pericórese. Afinal, não se deve pensar que primeiro existiam os três, um separado do outro, e quem em um dado momento se uniram formando Deus, essa representação é equivocada e colocaria a união como resultado posterior e não como a essência do que se é. As pessoas são intrinsecamente, e desde toda a eternidade, e sem princípio entrelaçadas umas com as outras. Elas sempre co-existiram, e NUNCA existiram separadas.
Por causa da coexistência tudo na trindade é comum, ainda que sejam ações próprias das pessoas, elas são comuns. Assim o Pai cria pelo Filho, na inspiração do Espírito. O Filho se encarna, enviado pelo Pai na virtude do Espírito, O Espírito vivifica, santifica, enviado pelo Pai, a pedido do Filho. Nessa relação comum cada pessoa traz em si as outras, isso é Deus Triúno!
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