quarta-feira, 15 de setembro de 2010

André Arteche diz: 'Beijaria outro ator na TV'

 

André Arteche posa para revista GLS e diz: 'Beijaria outro ator na TV' - Patrícia Kogut: O Globo

 

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André Arteche, o Julinho de "Ti-ti-ti", posou para a revista "Junior" (voltada ao público GLS) deste mês, com um visual bem diferente do cabeleireiro que interpreta na novela das 19h. Ao blog, o ator contou que apesar de não ter dado o primeiro beijo gay na TV, se fosse preciso ele e Gustavo Leão (Osmar, que morreu na trama) estavam preparados para a cena.

- Beijaria ele na boa, claro. E sinto que as pessoas que falam comigo na rua estão preparadas para ver um beijo entre dois homens - avalia Arteche, que fez o Indra de "Caminho das Índias".

O ator falou também que Julinho caiu nas graças do telespectador porque é um "personagem elegante, sem afetação".

- Um  cabeleireiro gay numa novela das 19h, que tem sempre muito humor, poderia cair no esteriótipo. Eu e o Jorge (Fernando, diretor) conversamos muito para isso não acontecer. A história de amor deles foi natural, bonita...

Aos 26 anos, Arteche namora há dois a estilista Trasila Takahashi. E avisa: jamais posaria nu para uma revista GLS.

- Tenho que defender o personagem na TV, mas aí tirar a roupa é demais - conta ele, que, na novela de Maria Adelaide Amaral sofrerá uma decepção amorosa.

- Ele também ainda não conseguiu esquecer o Osmar.E isso não será fácil para ele.

Confira outras fotos do ator na "Junior"

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domingo, 12 de setembro de 2010

Londres: Igreja católica lança missa para gays

Às vésperas da visita de Bento 16, prevista para acontecer entre 16 e 19 de setembro, britânicos se dividem em relação à novidade

BBC Brasil | 10/09/2010

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Enquanto o Reino Unido se prepara para a primeira visita do papa Bento 16 - líder de uma igreja que para muitos é tida como intolerante em relação aos homossexuais -, os católicos de Londres já podem assistir a uma "missa gay", realizada com o aval do Vaticano.

Paul Brown não ia à igreja desde o funeral de sua mãe, em 2002. Agora ele está de volta ao templo, graças à missa para fieis homossexuais, a única do gênero no país. ”Eu procurei uma missa com uma mensagem positiva sobre coisa que as pessoas devem fazer, e não alguém me dizendo coisas que eu não devo", diz.

Usando uma jaqueta de motoqueiro de couro preto, Brown é um fieis que mudaram a cara da igreja Our Lady of the Assumption and St. Gregory (Nossa Senhora da Assunção e São Gregório), em Soho, na região central de Londres. Lá, os fieis cantam hinos com toda a força de suas vozes. Muitos têm menos de 30 anos, e alguns têm os cabelos pintados. De uma hora para outra, o catolicismo parece estar na moda nesta área de Londres.

Se você acha isso um pouco estranho - bem, é mesmo. Afinal, a orientação da Igreja Católica para homossexuais é rígida. Gays e lésbicas são chamados à castidade. Além disso, a única expressão sexual permitida pelo Vaticano é "casamento", na qual todos os atos são dirigidos para a transmissão de uma nova vida, ou seja, para a proibição da contracepção artificial.

Então, como pôde surgir uma "missa gay" (Embora ela seja aberta a todos, foi assim que ela acabou sendo chamada)? "As pessoas estavam acostumadas a se encontrar na igreja anglicana de St. Anne, que é próxima, e havia o sentimento de que era a hora de encontrar um local católico", diz o monsenhor Seamus O'Boyle, o padre da paróquia.

Por meio de esboços de documentos, cardeais da arquidiocese católica de Westminster e autoridades do Vaticano negociaram para chegar a um acordo sobre algumas regras básicas da missa gay.

O que o Vaticano queria era a garantia de que as missas não se tornariam uma plataforma para se contestar os preceitos católicos. Assim, um dos "princípios básicos" desses serviços religiosos é: "Informações sobre a missa devem respeitar o fato de que a sua celebração não deve ser usada para promover qualquer mudança ou ambiguidade em relação aos ensinamentos da Igreja".

Estilo de vida

Os integrantes do Conselho Pastoral de Missas de Soho, que organiza os serviços religiosos, não têm problemas em aceitar estas condições. "Este não é um lugar que oferece uma plataforma para se criticar a doutrina da Igreja", diz o presidente do conselho, Joe Stanley.

"A ênfase é no cuidado com os fieis. Às vezes, as pessoas chegam aqui com lágrimas nos olhos, porque, pela primeira vez, duas partes realmente importantes das suas vidas se encontraram: sua fé católica e sua identidade sexual", diz.

"Minha vida sem a missa em Soho seria mais desanimada, solitária e menos alegre", diz a fiel Renate Rothwell.

Questionado pela BBC se há alguma razão que impeça a realização de missas semelhantes em outras partes do Reino Unido, o arcebispo Vincent Nichols, líder da Igreja Católica na Inglaterra e no País de Gales, diz: "Acho que esta é uma decisão a ser tomada por um bispo, e é uma decisão em resposta a uma necessidade dos fieis". Em outras palavras, se outros católicos gays pedirem pelo mesmo em outras regiões do país, isto pode ser levado em consideração.

Mas nem todos estão felizes no seio da família católica. Duas vezes por mês, um pequeno grupo de tradicionalistas se reúnem do outro lado da rua da igreja. Eles rezam com o rosário em suas mãos, cantam hinos e já pediram à arquidiocese de Westminster para acabar com a missa gay. Eles são apoiados por um ex-editor do jornal Catholic Herald, William Oddie, que acusa líderes da Igreja de defenderem pessoas engajadas no que ele chama de "estilo de vida homossexual".

"A ficção que justifica o apoio da arquidiocese para as missas do Soho é que elas são celebradas em benefício de gays que aceitam os ensinamentos da Igreja e, portanto, se afastam de qualquer forma de atividade sexual", escreveu Oddie em seu blog.

Transformação

No entanto, o arcebispo Nichols diz que continuará a apoiar a missa. "Esta é uma missa paroquial para a qual todos estão convidados, mas ela tem um apelo particular a pessoas de uma mesma orientação sexual - não para distingui-las do resto da congregação, mas para dizer que elas podem se sentir em casa aqui", afirma.

"Eu acho que esta é a coisa certa, porque ela oferece lentamente, e isto é lento, uma chance para aqueles que se sentem sob uma grande pressão de identidade a talvez relaxar um pouco e dizer 'não, antes de tudo eu sou um católico e, como um católico, eu quero ir à missa'", diz o arcebispo.

Em uma resposta dura aos críticos da missa gay, ele diz que "qualquer pessoa que tente julgar as pessoas que se apresentam para a comunhão realmente deve aprender a ficar quieta".

Em 1982, na última visita papal ao Reino Unido, uma missa desse tipo só poderia existir no mundo da fantasia. No entanto, desde então, a Igreja Católica britânica passou por uma transformação bastante abrangente.

Seja a imigração do Leste Europeu, a onda crescente do secularismo, a imagem pública de padres e da hierarquia depois dos escândalos de pedofila ou a aceitação de anglicanos casados entre as fileiras do clero: isto é uma comunidade de fieis que faz parte de um grande caldeirão religioso.

Alguns veem isto como uma oportunidade, enquanto outros resistem a mudanças. Às vésperas da visita de Bento 16 (entre 16 e 19 de setembro), é isto que faz os 4,5 milhões de católicos britânicos serem tão fascinantes.

ASSISTA AO VÍDEO:

 

sábado, 11 de setembro de 2010

ENTRE HOMENS 13/09- BDSM

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BDSM gay

Sexo, dor, prazer, dominação. Senhores, servos, sádicos, masoquistas. Gozo, humilhação, tesão, segurança.

Compareça ao próximo ENTRE HOMENS e descubra o mundo das sensações intensas que só o BDSM pode proporcionar!

 

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O prazer mesclado à dor, envolto em camadas de couro, correntes e velas. É assim que muitos imaginam que sejam as práticas de BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo), especialmente entre homens gays – mas qual a verdade universo populado por dominadores e submissos, sádicos e masoquistas, mestres e escravos?
Venha descobrir com a gente, participando de uma roda de conversa animada e franca sobre a história, conceitos, regras e costumes, comentados por pessoas que praticam e curtem um prazer mais... Temperado, no qual as formas de relacionamentos ganham dimensões amplas e exploram cada parte dos corpos dos envolvidos – e traga seu instrumento favorito (cordas, palmatórias, correntes, velas, coturnos, etc..) por que a noite promete!

Convidado especial:

HEITOR WERNECK, criador da Escola de Divinos e do Projeto Luxúria (www.projetoluxuria.com.br), cuja próxima edição se realizará neste sábado, 11/09!

 

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Convidado especial:

HEITOR WERNECK, criador da Escola de Divinos e do Projeto Luxúria

(www.projetoluxuria.com.br), cuja próxima edição se realizará neste sábado, 11/09!

QUANDO
Segunda-feira, 13/09/10, 19h30

QUEM
Submissos, escravos, dominadores, mestres ou simplesmente curiosos, de todos os sexos!

ONDE

up

Rua Santa Isabel, 198 - São Paulo, SP, perto do Metrô República.
Travessa da Amaral Gurgel, uma depois da Marquês de Itu
Telefone: (11) 3337-2028. Mapa e mais sobre o clube: www.upgradeclub.com.br

* tocar a campainha para entrar | o bar estará aberto para os presentes

Sobre o Entre Homens
Gerenciado por Murilo Sarno, o Projeto Entre Homens visa a refletir, numa roda de conversa livre e espontânea, temas relacionados ao universo gay masculino.
Contato para a imprensa:
João Marinho - MTB 42048/SP
Tels.: +55 11 9775-8893, 3217-2640
jm@joaomarinho.jor.br

Fique de olho nas próximas reuniões!
27/09: Eleições e o voto gay

18/10: Idosos gays

08/11: Machismo gay.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Por que o sexo é reprimido?

Fonte: IG

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Regina Navarro Lins: O objetivo da repressão sexual é fabricar indivíduos adaptados para a sociedade autoritária

Selma tem 57 anos. Recatada, por conta da rígida educação religiosa que teve, o sexo nunca foi uma coisa simples para ela. Muito dedicada aos filhos e ao marido, teve uma grande surpresa quando ele, após 37 anos de casamento, lhe comunicou que desejava se separar e saiu de casa. O ex-marido, feliz com a nova mulher, passou a evitar contatos com ela. “Sofri demais, por muito tempo, cheguei a pensar em suicídio. Quando estava um pouco melhor, conheci um novo vizinho. É um viúvo, gentil e carinhoso. Gostou de mim e saímos algumas vezes. Fiz muitas fantasias de reconstruir a minha vida, mas quando sugeriu que fôssemos à sua casa, o mundo desabou. Fiquei achando que ele estava me confundindo com uma mulher fácil. A partir de então, achei melhor me afastar.”
Muitos, ao lerem o caso de Selma, dirão que isso não existe mais, que atualmente ninguém se comporta dessa forma. Não sei não. Você acredita mesmo que hoje exista liberdade sexual? Que as pessoas busquem desenvolver ao máximo o prazer? Apesar de um grande número de homens e mulheres buscar relações sexuais mais livres, respeitando os próprios desejos, uma grande parcela da população ainda se submete a valores morais anacrônicos, sem nenhum questionamento.

O sexo é ainda tão reprimido, tão cheio de tabus e preconceitos, que a maioria não sabe diferenciar o que realmente deseja do que aprendeu a desejar. Quantas vezes você ouviu uma amiga afirmar, após ter ficado de carícias e beijos a noite inteira com um homem, que não foi ao motel porque não sentiu vontade? Ou um amigo dizer que não está a fim de sair com determinada mulher, quando no fundo o medo é de falhar a ereção?

A repressão sexual é um conjunto de interdições, valores e regras estabelecidas pelo social para controlar a sexualidade das pessoas. O maior perigo da repressão sexual é quando, de tão bem-sucedida, não se percebe sua existência. Por meio da educação, os valores e as proibições sociais são assimilados de tal maneira que, depois de internalizados, se expressam sob a forma de culpa e vergonha. E a ideia de que há no sexo algo de pecaminoso é absurda, causando sofrimentos que se iniciam na infância e continuam pela vida afora. Desde cedo, as crianças aprendem a associar sexo a algo sujo, perigoso. E dentro das famílias essa ideia ainda ganha um reforço. Por conta de todos os preconceitos, se vive como se sexo não existisse, e ninguém fala com tranquilidade sobre o assunto.

Na verdade, a repressão sexual é um enigma estranho e paradoxal. Se todo ser humano sente prazer com estímulos sexuais, por que então, o tempo todo e em toda parte, sempre existe alguém tentando restringir a liberdade sexual das pessoas? Uma explicação possível está no fato de que, quanto mais se amplia, aprofunda e diversifica a vida sexual, com mais coragem, vontade e decisão se vai vivendo. Transgredir e contestar as regras impostas pode, portanto, tornar as pessoas “perigosas”.

W. Reich, profundo estudioso da sexualidade humana na primeira metade do século XX, vai mais longe ainda. Ele afirma que a repressão sexual da criança torna-a apreensiva, tímida, obediente, “simpática” e “bem comportada”, produzindo indivíduos submissos, com medo da autoridade. O recalcamento — resultado da interiorização da repressão sexual — enfraquece o ‘Eu’ porque a pessoa, tendo que constantemente investir energia para impedir a expressão dos seus desejos sexuais, priva-se de parte de suas potencialidades.

Portanto, conclui Reich, o objetivo da repressão sexual consiste em fabricar indivíduos para se adaptar à sociedade autoritária, se submetendo a ela e temendo a liberdade, apesar de todo o sofrimento e humilhação de que são vítimas. James W. Prescott, respeitado neuropsicólogo e pesquisador americano, concluiu que uma personalidade orientada para o prazer raramente exibe condutas violentas ou agressivas e que uma personalidade violenta tem pouca capacidade para tolerar, experimentar ou desfrutar atividades sexualmente prazerosas.

Ao contrário de outras culturas, em que alcançar o máximo de satisfação no sexo é importante, a nossa cultura judaico-cristã valoriza mais o sofrimento, considerando-o uma virtude. O prazer é visto com maus olhos. Se você quiser comprovar, basta fazer uma experiência. Quando chegar amanhã ao trabalho, conte uma desgraça, daquelas bem cabeludas. Diga como está sofrendo e como viver é difícil. Garanto que todos vão se mobilizar, ficar ao seu lado, tentando ajudar de todas as maneiras. Daqui a uma semana, faça o oposto. Conte como está feliz, diga que teve uma noite maravilhosa, de intenso prazer sexual. Mas se prepare. Seus colegas vão tentar disfarçar, mas se afastarão com risinhos irônicos e passarão a te olhar diferente, de um jeito meio crítico.

Não é de admirar, portanto, que tanta gente renuncie à sexualidade ou que a atividade sexual que se exerce na nossa cultura seja de tão baixa qualidade. Na maioria das vezes ela é praticada como uma ação mecânica, rotineira, desprovida de emoção, com o único objetivo de atingir o orgasmo o mais rápido possível. Resulta daí ser o desempenho bastante ansioso, podendo levar a um bloqueio emocional e a vários tipos de disfunção, como impotência, ejaculação precoce, ausência de desejo e de orgasmo, sem falar nos casos mais graves de enfermidades psíquicas. É preciso descomplicar o sexo.

Há algum tempo, perguntei a diversas pessoas o que elas pensavam a respeito da repressão sexual. Aí vão algumas respostas.

João Ubaldo Ribeiro (escritor)
Ainda existe muita repressão. Essa frase do Nelson Rodrigues, muito citada, ilustra bem isso: “Se todo mundo soubesse da vida sexual de todo mundo, ninguém se dava com ninguém.” O grau de repressão é altíssimo, inclusive da pessoa com ela mesma.

Elza Soares (cantora)
Fui muito atacada durante a minha relação com o Garrincha, mas não me arrependi de estar amando, não. Mas eu fazia comparações. As sociedade foi muito preconceituosa por eu ser mulher, negra e pobre, e denunciar a hipocrisia.

Lula Vieira (publicitário)
O sexo é reprimidíssimo, por ser uma coisa muito libertária. As religiões e os poderosos acham que sem reprimir o sexo não há possibilidade de domínio político ou social. A primeira preocupação de qualquer religioso é cuidar do sexo. A repressão sexual é uma forma de dominar.

Luiz Mott (antropólogo, fundador do Grupo Gay da Bahia)
Há pesquisas rigorosas que comprovam grandes semelhanças psicológicas entre pessoas racistas, machistas e homofóbicas. Todas ostentam personalidade do tipo autoritária, com graves dificuldades em conviver com a "alteridade". Em termos de religião, via de regra tendem ao fanatismo; em política são fascistóides. O Brasil é o campeão mundial em assassinatos de homossexuais!
José Ângelo Gaiarsa (psicoterapeuta e escritor)
Bom, a pedra de toque na repressão sexual é: “mãe não tem xoxota”. Veja bem, fala-se em liberação sexual, mas mãe não tem xoxota.

união Igreja evangélica realiza casamento de duas mulheres

Fonte: GLOBO.COM

casa Cercada por polêmicas envolvendo outdoors da Igreja Cristã Contemporânea, a dupla Anne Flores, de 31 anos, e Kédma Costa, de 33, cumpre os últimos preparativos para o casamento gay, marcado para esta terça-feira, mesma data em que a igreja comemora quatro anos de existência. A cerimônia está prevista para começar às 18h, e deve receber mais de mil convidados, em caravanas vindas de Minas Gerais, São Paulo e do interior do Rio. De acordo com Anne, que trabalha como consultora comercial, as duas estão ansiosas para o evento.

— Já está quase tudo pronto, mas queremos mesmo a benção de Deus. Nós duas estaremos com vestidos de noiva. O meu será um tomara-que-caia e o dela, que tem um estilo um pouco mais esportivo, será um pouco mais fechado.

A recepção será mais reservada, apenas para convidados mais íntimos, no terceito andar do Clube Monte Líbano, no Leblon.

Anne e Kédma se conheceram em uma igreja evangélica no Mato Grosso do Sul, onde nasceram, e estão juntas há sete anos. Elas eram amigas e o primeiro beijo aconteceu em uma noite em que estavam lendo a Bíblia.

Por causa da repulsa das religiões com gays, a dupla passou por vários templos. Anne conta que, após um culto evangélico no Rio, a pastora orientou que as duas se separassem:

— Ela disse que nós estávamos endemoniadas e precisávamos de libertação.

Dificuldades e tentativa de suicídio
As duas chegaram a se separar por um tempo devido aos conflitos internos e também envolvendo familiares, que não aceitavam a relação. Em um desses momentos, Kédma, que trabalha como técnica em informática e veio de uma família de pastores do interior do Mato Grosso do Sul, conta que tentou acabar com a própria vida.

— Eu chamei a Anne no meio da noite para tirar da minha frente um canivete que estava no banheiro. Depois que ela me disse que eu a afastava de Deus, fiquei louca — lamentou Kédma.

Foi depois que Anne descobriu, na internet, um site da Igreja Contemporânea, que tem como representantes os pastores casados Fábio Inácio e Marcos Gladstone, que as duas decidiram oficializar a união. Kédma e Anne estão fazendo um curso para pastoras, para que uma nova sede seja aberta em Niterói.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tv francesa estreará reality show gay

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O canal de TV francês PinkTV vai lançar o reality show gay produzido e dirigido pelo estúdio de sexo pornô Menoboy. O programa, chamado Zhoom, estreia no dia 09 de outubro e contará com nove atores. Segundo o diretor do programa Carlo Satã, os atores serão divididos em duas casas, e vão competir entre si em jogos de agilidade, velocidade e até de conhecimentos gerais. O Zhoom terá oito episódios com duração de 50 minutos e será exibido às 23h. Os episódios também estarão no site do reality show. No entanto, a parte mais quente da convivência dos nove gays só será exibido na íntegra no canal Pink X, a partir do dia 27 de novembro e à meia-noite.

Sociedade: Bafafá no Paulistano

cap Depois de dez meses de análises, conselho do clube recusa incluir companheiro de sócio como dependente

O burburinho tomou conta das piscinas, do bar e dos restaurantes do elegante, fechado e quatrocentão Clube Athletico Paulistano, no Jardim América. Há dez meses, um pedido incomum pairava sobre a mesa da diretoria. O médico infectologista Ricardo Tapajós, de 45 anos, queria incluir como seu dependente o cirurgião plástico Mário Jorge Warde, 39, com quem vive desde 2004. "Ele frequenta o Paulistano como visitante, mas gostaria de tê-lo ao meu lado na qualidade de companheiro, como eu poderia fazer caso fosse casado com uma mulher", afirma Tapajós.

No último dia 26, o Conselho Deliberativo do Paulistano recusou a solicitação. Os diretores entenderam que tanto o estatuto da agremiação quanto o Novo Código Civil Brasileiro só reconhecem a união estável entre homem e mulher. "As exigências são iguais para todos e não queríamos abrir exceção", diz o diretor de comunicação, Celso Vergueiro. "O clube tem 110 anos de história e nunca viveu casos de preconceito."

Tapajós frequenta o Paulistano desde pequeno. Todos os domingos, ele almoça lá com seus pais, suas irmãs e os maridos delas, além dos sobrinhos e dos filhos. Warde paga uma taxa diária de 62 reais para participar da reunião. Não pode entrar na área da piscina nem no cinema, por exemplo.

Os diretores sugeriram que Warde comprasse um título – o que sairia por 5 000 reais mais 180 000 reais de transferência. Entrar no Paulistano não é para qualquer um. O aspirante deve ser indicado por dois membros com mais de dez anos de casa e ter referências favoráveis de outros cinco. Depois, precisa passar pelo crivo da diretoria. Com a bênção do presidente da entidade, Antonio Carlos Vasconcellos Salem, o jogador Ronaldo Fenômeno, do Corinthians, pleiteia a compra de um título.

O que deixou Tapajós mais inconformado é o fato de, há quinze anos, quando vivia com uma mulher, mãe de seus dois filhos, ele ter pedido para que ela fosse incluída como sua dependente e a solicitação ter sido aceita em uma semana.

A advogada do casal, Isabella Pereira, acompanhou a reunião do conselho que apreciou o assunto. "Há uma omissão no estatuto", afirma ela. "Não se tratava de decidir se determinada pessoa poderia ou não se associar, mas o que fazer em casos assim." Tapajós e Warde garantem que, mesmo com a recusa, continuarão a frequentar o Paulistano juntos. "Queremos que essa decisão seja reconsiderada", diz Warde. Os burburinhos não vão parar tão cedo.

Isabella Villalba

Fonte: revista VEJA SÃO PAULO, ano 43, nº 36, 8 de setembro de 2010, pág 42.

Barreiras caem à medida que a sociedade muda na China

Fonte: UOL

Howard W. French
Em Xangai (China)

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  • "A China é o cenário da mudança mais rápida e transformadora do que qualquer país grande do mundo hoje"

O aperto da hora do rush simplesmente diminuiu naquela sufocante noite de verão quando entrei no vagão de metrô da linha circular, que serve o centro da cidade, e faz parte do brilhante sistema de transporte público que Xangai construiu do dia para a noite.

Com calor e cansado depois de horas fotografando nas ruas, fiquei aliviado ao encontrar um assento vago perto da porta e logo me sentei, aproveitando a brisa refrescante do ar condicionado.

Um momento se passou antes que eu olhasse para cima e prestasse atenção aos outros passageiros. Como estrangeiro solitário em situações como esta, eu havia me acostumado durante minha estadia na cidade a ver todos os olhos focados em mim. Desta vez, entretanto, os passageiros tinham uma coisa muito diferente das situações cotidianas de suas viagens para olhar, em vez de mim.

Sentadas à minha frente, duas garotas adolescentes se beijavam de forma muito romântica. Elas não pareciam ter mais de 17 anos. Uma delas, mais forte e com cabelo curto, tinha roupas e corte de cabelo em estilo masculino. Sua companheira de cabelos longos, que estava vestida com uma bonita saia pastel, era o retrato de uma adolescente clássica de antigamente.

Tentei fazer o que percebi imediatamente que poucos dos meus companheiros de viagem eram capazes de fazer: não olhar. Mas enquanto as observava de tempos em tempos, percebi que entre outras coisas, entre os toques e trocas de carícias constantes, havia uma provocação intencional, mesmo que leve, acontecendo diante dos meus olhos.

A atitude delas parecia dizer: “Esta é uma nova época, e as pessoas de nossa geração são livres para fazer o que quiserem em suas vidas amorosas, então acostumem-se.”

Se tornou um truísmo dizer que a China contemporânea é o cenário da mudança mais rápida e transformadora do que qualquer país grande do mundo hoje. Normalmente, a discussão se concentra na indústria e no comércio, ou na conquista chinesa de novos mercados em regiões longínquas, ou talvez no tema mais comum de todos, na impressionante entrega de obras de infraestrutura, como o metrô em que eu estava, que faz com que o antigo e pioneiro metrô de Nova York, onde eu moro, passe vergonha.

A cena diante de mim é foi um chacoalhão para lembrar que a transformação material da China é a menor de todas. À medida que a sociedade enriquece rapidamente, seu tecido social e sua moral vem mudando de forma bem mais dramática do que o cenário material, e a escolha sexual e a expressão talvez estejam na liderança dessa mudança brusca.

Lugares como Xangai, uma ilha de certa afluência, fornecem uma visão privilegiada das mudanças que estão acontecendo. Quando morei aqui entre 2003 e 2008, a surgimento público dos homens gays se tornaram uma fato cada vez mais evidente na vida cotidiana. Na maioria das vezes, pelo menos até onde as histórias cotidianas podem confirmar, o número de relacionamentos entre mulheres estava bem atrás.

Voltar a Xangai todo verão desde então fez com que minha percepção da mudança social ficasse mais aguçada. No ano passado, observei pela primeira vez o que aparentemente eram casais de lésbicas, em um número considerável. Tenho memórias vívidas, em particular, de um jantar uma noite num dos meus restaurantes favoritos, onde duas mulheres de quase trinta anos, vestidas como executivas, começaram a se abraçar de forma cada vez mais apaixonada.

Houve outras cenas como esta que eu guardei na memória e não pensei muito até voltar para a cidade em junho e começar a encontrar exemplos de intimidade entre mulheres em público. Também comecei a perceber uma predominância bem maior do que eu achava que era um estilo masculino para as mulheres, o que alguns amigos chineses dizem que encontra um paralelo no surgimento de um estilo unissex que se tornou muito popular entre os homens jovens.

Será que houve uma grande mudança aqui num período tão curto de tempo? “Durante os últimos dez anos vimos uma abertura para muitas vozes que antes eram proibidas ou reprimidas em torno da sexualidade, e a homossexualidade é uma delas”, diz Lucetta Kam, professora associada da Universidade Shantou, especializada em estudos de gênero. Como causa ela cita a influência da internet, que “aumentou a conexão em redes sociais de pessoas com experiências, aspirações e modo de pensar semelhante.”

Kam também citou a atenuação das “restrições ideológicas”, que se seguiu ao rápido declínio da ideologia em quase todos os aspectos da vida chinesa. Mais interessante para mim, entretanto, foi ela mencionar a “repentina exposição midiática de gays e lésbicas” no horário nobre da televisão da China.

De acordo com Feng Hui, estudante de 18 anos que se diz lésbica, a quem eu conheci num shopping center, houve uma ruptura fundamental em 2005 com a vitória de Li Yuchun, a vencedora de 21 anos do concurso “Super Girl” chinês, um programa de talentos como o “American Idol”, mas sem continuação. Durante todo o programa Li, que evitou questões sobre sua sexualidade, usou cabelo curto e se vestia com roupas masculinas. Além disso, ela venceu cantando músicas de amor escritas para homens sobre mulheres.

“Super Girl” teve mais de 400 milhões de espectadores, e a votação foi o maior exercício de voto já feito na China. Depois da vitória de Li, as autoridades classificaram o programa como vulgar, mas ela continuou desempenhando papeis importantes na propaganda e no cinema aqui, e continuou fiel ao seu estilo.

“Li Yuchun é a mãe da China unissex, e o fato de ela estar confortável consigo mesma inspirou toda uma geração de mulheres como eu”, disse Feng.

Outra pesquisadora da sexualidade daqui, Zhu Jianfeng, da Universidade Fudan, é mais reservada quanto ao papel de Li Yuchun, mas concorda que as coisas estão mudando rápido. “A sociedade se tornou muito mais tolerante do que no passado, e menos pessoas irão confrontá-lo e dizer: 'Como você pode viver desse jeito?'”

A última barreira continua sendo a família, diz ela. “As pessoas podem ser abertas quanto à sua sexualidade com os amigos, mas dentro da família ainda é incomum.”

Tradução: Eloise De Vylder