Fonte: O Tempo
Com apenas 12 anos, adolescente cozinha, cuida da irmã mais nova e da casa.
O pai é alcoólatra, a mãe sofre com os sintomas da depressão. É início da tarde, mas ambos já dormem no quarto do casal, resignados. No precário cômodo ao lado, no barracão em Ribeirão das Neves, o filho de 12 anos chora enquanto sua irmã de 3 anos brinca no velotrol. Ainda tão pequena, ela já entende o contexto familiar: "Meu pai está bêbado e mamãe, doente", diz a caçula.
Sentado num sofá surrado e com preocupações de gente grande, o adolescente resolveu apelar para Papai Noel. Com vergonha da letra que considera feia, o garoto pediu para a tia Marilene da Costa Moreira escrever uma carta endereçada ao bom velhinho. No texto, ditado, ele pede a solução para os problemas da família: tratamento médico para os pais. "Sinto falta de amor e de carinho."
Segundo Marilene, com as doenças e consequente ausência dos pais, é comum ver o menino fazendo comida e arrumando casa. Quando não está no trabalho, a tia ajuda a cuidar dos dois sobrinhos, que vivem com os pais em um barracão no bairro Sevilha B. "Fico muito triste. Gostaria mesmo é de brincar mais, como as outras crianças. Jogar bola, andar de bicicleta e jogar videogame", diz.
Para o menino, um tratamento de saúde para os pais traria mais felicidade do que qualquer outro presente. "Meu sonho é ver meu pai sem beber. Espero que eu consiga isso com a carta", diz o menino, aos prantos.
Na casa, não falta alimentos, mas a família não tem condições financeiras para custear tratamento médico, conforme informa a tia. É o adolescente quem entrega nas mãos da mãe o remédio antidepressivo que ela precisa tomar e também cuida da casa na falta de outro responsável.
"Ele já teve que implorar ao pai que fosse ao mercado fazer compra", conta a tia, indignada com a postura do próprio irmão. "Ele não está tendo vida de criança e está com notas fracas na escola. Passa o tempo cuidando dos pais, tenho medo que ele pule etapas", desabafa.
Traumas. Tanto a tia quanto o menino afirmam que o pai é trabalhador - ganha a vida construindo piscinas -, mas tem problemas constantes com álcool. "Bebe até no trabalho", diz Marilene. Mesmo jovem, o garoto explica o motivo da tormenta pela qual seu pai passa. "O pai dele, meu avô, foi assassinado há quase vinte anos. Me contaram que, desde então, meu pai ficou uma pessoa triste. Começou a beber e não parou mais".
Solução
Tia procura um padrinho para ajudar adolescente
7[NORMAL_A]O">O garoto que pediu ajuda para o Papai Noel para tratar os pais não conseguiu participar da campanha de apadrinhamento dos Correios. Neste ano, a empresa só recebeu cartas de crianças carentes por intermédio de escolas, abrigos e creches.
A carta ainda está com a tia paterna do menino, Marilene da Costa Moreira, que tentaria levar o pedido do sobrinho aos Correios. Segundo Marilene, o garoto tem uma rotina diferente de outras crianças e, por isso, tornou-se triste e calado.
"Nossa família viveu um trauma. Mas meu irmão teve dificuldade de superar. Há 19 anos, após uma briga por disputa de herança, nosso pai foi assassinado pelo próprio cunhado. Pouco tempo depois, nossa mãe também morreu, o que piorou ainda mais as coisas. Meu irmão acabou se entregando ao vício do álcool", emenda a tia. (RRo)
Quem quiser ajudar a família do adolescente de Ribeirão das Neves pode fazer contato pelo telefone (31) 9806-8836
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