terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Devo chorar a morte de RobinsonCavalcanti?


Robinson Cavalcanti é morto, e eu com isso?



É inegável: não dá para ficar neutro frente essa notícia. Ontem, quando abri meus e-mails, lá estava: “Renato, olha o site aqui, mataram Robinson Cavalcanti!”. Estranheza, eu confesso ter sentido e, logo, fui verificar as informações...

Não consegui sentir pena de Robinson Cavalcanti, não consegui me comover com sua morte, nem, tampouco, lamentá-la por um segundo sequer! Embora considere trágicos os fatos, e como humanista, nunca desejo tal destino a quem for, ainda sim, não lamento; não sinto; não me compadeço!

RobinsonCavalcanti, durante sua vida, empenhou-se numa INQUISIÇÃO voraz contra os gays, e a despeito de sua morte, tão violenta, e paradoxal, esse bispo incentivou, com seu discurso raivoso, o preconceito e o extermínio de milhares de gays nordestinos e brasileiros, como um todo.  E, não é sem razão, que o mesmo bispo é lembrado entre aqueles que lamentam sofregamente sua morte, como viúvas eternas de uma tragédia anunciada (afinal quem colhe vento, semeia tempestade, quem prega o ódio e o desamor, colhe violência e guerra) como: “aquela voz firme contra a avalanche do movimento gay hedonista!” (nota do Reverendo Digão, comentando o trágico). Ou ainda, o defensor da ORTODOXIA  da igreja...

 Também, é lembrado, no passado, por seu envolvimento com a Fraternidade Teológica Latino-Americana, com o Congresso de Lausane, em que, rendeu-lhe  à imagem de um homem que lutava pelo social, pelos mais fracos e pobres, um quase São Francisco de Assis... Entretanto, ele morava em uma casa confortável em Olinda, e manteve, por anos, seus filhos, confortavelmente, nos EUA. Interessante, que sempre entre essas histórias de se defender os pobres, algo contra a miséria e a exclusão, as pessoas que saem na defesa dos deserdados da sorte, enriquecem-se enquanto os pobres continuam pobres!

O problema desse religioso é o problema da maioria dos religiosos: sede de poder! E foi por conta dessa sede, que ele foi EXCOMUNGADO DA COMUNHÃO DA IEAB (Igreja Evangélica Anglicana do Brasil), mas ele não poderia confirmar isso e, logo, tacou no colo do movimento LGBT a conta por sua exclusão! À época, entretanto, não foi o que alegou a sentença prolatada do tribunal eclesiástico, que considerou sua culpa por comportamento destrutivo, difamatório e porfioso :

"Tendo em vista os fatos, e que o Tribunal Superior Eclesiástico, por unanimidade de seus membros, reconhece a culpabilidade do Bispo Dom Edward Robinson de Barros Cavalcanti, o Bispo Primaz decreta, na forma do Capítulo IV, Cânon 4, Artigo 1º, alínea D, dos Cânones Gerais da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a sua deposição do exercício do ministério ordenado desta Igreja. Em decorrência do que cessam todos os seus vínculos canônicos, sacramentais, pastorais e litúrgicos, bem assim com seus direitos, prerrogativas e deveres do ministério ordenado da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.”.

RobinsonCavalcanti vinha querendo derrubar o bispo primaz da comunhão anglicana do Brasil de suas funções e, assim, assumi-la, por diversas vezes intentou contra o bispo primaz e difamou a IEAB em mídia nacional, quando recebeu a excomunhão, ele (Robinson Cavalcanti) quis se fazer de vítima, dizendo estar a sofrer perseguições por ser contra a causa gay, o que o próprio Bispo da diocese do Rio de Janeiro, Revmo. Filadelfo Oliveira Neto denunciou:

Afirmar que a saída de Robinson Cavalcanti foi por causa da sagração do bispo homossexual, é sem dúvida querer esconder os verdadeiros motivos, basta observar as acusações pelas quais ele foi julgado no tribunal eclesiástico da IEAB e perceber que os motivos foram disciplinares. Embora a imagem de conflito e de perseguição tenha sido amplamente divulgada, não corresponde à realidade. Existem clérigos e leigos de tendência evangélica em toda a Província (entenda-se contra os gays), nem por isso estão sendo perseguidos. Quanto à sagração de bispos gays, em momento algum concordei com o que aconteceu, nem por isso fui discriminado ou sofri qualquer tipo de retaliação na IEAB, afinal, o pensar diferente não é razão para que alguém seja excluído, é possível manter o diálogo mesmo tendo ideias contrárias. Mesmo antes da instalação do processo eclesiástico, ele já vinha expondo a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, basta observar muitos dos textos que eram amplamente divulgados. Neles a IEAB era qualificada com uma igreja apóstata que pregava práticas anti-bíblicas e conseguintemente havia se desviado da fé. Creio que quando um líder da Igreja se insurge contra ela desta maneira, já tornou sua imagem bastante negativa”.

Robinson Cavalcanti era um doente oportunista, homofóbico, intolerante. Da época do julgamento das uniões estáveis homossexuais no STF, esse bispo foi incentivar a UNIÃO DA BANCADA EVANGÉLICA POR UMA AGENDA DE COMBATE GAY NO CONGRESSO NACIONAL, sendo que ele mesmo admitiu esse fato em uma entrevista concedida ao site Exibir Gospel:

Exibir Gospel: O fato de o casamento gay constar na pauta política nacional faz essa tensão se manter?

Dom Robinson - Sim. Por exemplo, em decisão recente, o Supremo Tribunal Federal (STF) estendeu aos homossexuais o instituto das uniões estáveis. O bispo primaz da IEAB foi o único líder evangélico que saudou a resolução do STF. Enquanto isso, nós da Diocese do Recife fomos a público lamentar a decisão. Entendemos que houve uma extrapolação do Poder Judiciário, mais um choque entre o Estado e a Nação, que foi agredida nos seus valores e na sua história. No Brasil, o Poder Legislativo é o que menos legisla, o que na prática é feito pelo Poder Executivo, por meio de Medidas Provisórias, e pelo Poder Judiciário, por meio das suas interpretações questionáveis. Eu entendo que houve a legalização da imoralidade.

Quando da decisão do STF, em 05 de maio de 2011, ele declarou: 

“Tivemos representantes da Igreja Católica da CNBB e embora você tenha uma Aliança Evangélica em formação, você não tinha uma voz evangélica no tribunal,” disse ele ao The Christian Post nesta segunda-feira.

Agora, a questão é simples, frente a tudo isso exposto, eu devo questionar: Mataram Saddam Hussein  e o mundo sorriu e se alegrou, mataram Osama Bin Laden e o mundo sorriu, fez festa, alegrou-se, por que eu tenho que chorar, então, a morte de RobinsonCavalcanti? Bispo que afirmou: “os homossexuais são DOENTES! “. 

19 comentários:

  1. Apenas corrijam o nome, porque tá escrito "Robson" no lugar do nome correto, Robinson, várias vezes no texto.

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  2. Perfeito! Fiz essa mesma pergunta ontem e hoje em outro post e fui massacrado, inclusive por pessoas de igrejas inclusivas. Ah, estão negando que o filho dele, o que matou, seja gay. Engraçado como o que o filho fez cabe julgamentos, mas o pai homofóbico e cruel, este si um verdadeiro assassino, não cabe... que horror essa hipocrisia! Caso continue, vou também me afastar de amigos LGBT's que tenho nas igrejas inclusivas.
    Beijos,
    Ricardo Aguieiras
    aguieiras2002@yahoo.com.br

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    1. Ricardo, você sabe o que eu penso disso! Ele podia, nós não.... Isso é uma barbárie que nos submetem todos os dias, mas estou contigo nessa! Vamos em frente!

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  3. Concordo com cada vírgula! Quantos foram/são agredidos e mortos por conta de declarações como a dessa criatura? Também não me compadeço, simples assim!

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    1. Julio, não dá pra fingir que o comportamento dele era NORMAL, ele nos prestou um grande desserviço e engrossou as vozes da ala homofóbica do cristianismo contra nós! Hitler não teria feito melhor!

      Obrigado por seu apoio e manifestação solidária, grande abraço querido!

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  4. Luto pelo respeito dos crentes com os gays, mas confesso que fiquei decepcionado com com o texto, desconhecia a postura de Robinson Cavalcanti, mas achei a postura nada cristã em retribuir um momento de lamento e pesar pela violência no mundo e destruição de uma familia com palavras de desprezo.

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  5. Tipo assim, Leandro, embora possa existir decepção, em relação a nossa postura, ainda sim, não posso me comocionar, nem dizer que lamento a morte de Robinson. Não desejo isso para ninguém, não desejei a ele destino tal cruel, tão trágico, tão perverso... Entretanto, em cada palavra de ódio e rancor dele contra a população LGBT, ele assim nos desejou... Como doentes, imorais, imundos, desrespeitosos, abomináveis...

    Robinson Cavalcante foi aos EUA, para manifestar contra a ordenação de seu par epíscopo, Gene Robinson, sem autorização do prelado brasileiro... Desafiando a todos, fomentando o ódio...

    Não sou hipócrita para dizer que me compadeço, não desejei isso a ele, a despeito de tudo, mas não me comovo 1 átomo, sequer, para dizer: "tadinho"... Ele apenas colheu o próprio remédio que durante todo seu ministério ele fomentou. A ele foi retornado todo o ódio que ele ensinou suas ovelhas a ter... E com isso, eu passei, anos a fio, desde 2003, lamentando-me por vítimas espalhadas pelo Brasil, torturadas, mortas, chacinadas por conta do discurso desse senhor! A família dele foi destruída, não tenho dúvidas, e nunca desejei que isso viesse acontecer, mas em igualdade, idêntica de violência, ele contribuiu com a destruição de inúmeras famílias, quando se colocou no DIREITO E RAZÃO de dizer que os homossexuais são imorais, perversos e abomináveis, e que necessitam de cura.

    Como disse: o mundo não chorou por Bin Laden, nem por Saddam, seria demais, a mim, que me pedissem: Chore por Cavalcanti!

    Obrigado pelo comentário, e pela boa educação em discordar com elegância polidez, geralmente, isso é raro por aqui! :)

    Renato

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  6. infeliz essa postura de vcs. Falam tanto em tolerancia e não são nem um pouco tolerantes.

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    1. Isso não se trata de tolerar nada, apenas, não somos obrigados a sentir compaixão para com aquele que nos perseguia... O que dizer? Ohhhhh que pena! Não, não mesmo! Agora, Oh, que tragédia, sim! De fato, uma tragédia, mas não lamento e não compadeço!

      Hipócrita eu não sou!

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    2. Não se tolera o nazismo! Não se tolera o fundamentalismo. Não se tolera um hitler disfarçado que falava em nome de deus. Quantos morreram por causa do ódio hediondo que esse monstro apregoava?? quantos? Ele colheu o que plantou. Isso nunca foi "intolerância", ao contrário, é a mais pura lucidez! Hipocrisia é para a banda de lá!
      Ricardo Aguieiras
      aguieiras2002@yahoo.com.br

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  7. Lamentável! Pregar a tolerância com a intolerância é mais baixa hipocrisia em ação. Será que as pessoas que mantém esse blog sabem o que significa a palavra 'gospel'?
    Obviamente ninguém é obrigado a sentir compaixão. Agora, comemorar a morte, a tragédia e depois querer se dizer pacifista, humanista e coisa do gênero!? Com que autoridade!
    Triste!

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    1. Ninguém aqui está comemorando nada, agora, a despeito de qualquer coisa, só está se falando que, também, não estamos chorando, e divulgamos isso!

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    2. Pastores homofóbicos e seus fariseus comemoram a morte de cada gay ou LGBT, incentivam-na, como o que faz o Silas Malafaia e como o que fez o Robinson Cavalcanti. Isso, sim, é lamentável, é medonho e extremamente grave, isso sim!!

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  8. O salário é mais alto e os benefícios sociais idem para quem é hipócrita? Principalmente hipócrita em nome de deus?.... deve ser, por que proliferam tanto...

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  9. Tudo passa, tudo passará, mas há uma eternidade, há um Deus que julga, julga retamente. Todos um dia vão passar pelo tribunal de Cristo (há céu e inferno, ambos existem). Todos nós fomos criados para fazer Deus feliz, o problema é que queremos ser felizes, dizemos que Deus nos quer feliz e aí preferimos ser felizes a fazer Feliz. De modo algum um cristão e/ou uma pessoa que pregra e vive o amor ensinado por Jesus pode aceitar ou incentivar a morte de quem quer que seja, muito menos expressar sua opinião de forma demagógica como por exemplo: Eu não sou fofoqueiro, apenas estou "comentando"! O comentário já é fofoca, então parem de celebrar e preparem-se para o tribunal, acreditando ou não ele está perto!

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  10. É incrível como os evangélicos tradicionalistas vêm aqui fazer suas costumeiras distorções. Existe uma distância enorme entre não lamentar e celebrar a morte do bispo homofóbico Robinson Cavalcanti.

    Creio que ninguém, em são consciência, celebraria a morte violenta de outrem, da forma como aconteceu com Cavalcanti. Essa é a postura do GospelGay não apenas em relação ao bispo anglicano, mas principalmente em relação às centenas de homossexuais que, com sua pregação, ele tb ajudou a matar e a destruir.

    Agora, se, por um lado, não celebramos, por outro, também não lamentamos. Lamentar a morte de alguém que levou a vida que ele levou, perseguindo nossos irmãos de maneira maligna e contumaz, seria hipócrita.

    Não celebro a morte como sobreveio a Cavalcanti. Mas tampouco por ele derramarei lágrimas. Essa história de "oito ou oitenta" só existe na cabeça evangélica tradicionalista. O caminho do meio é, por vezes, a melhor opção, como já nos ensinaram sábios como Aristóteles.

    Sobre tolerância, é preciso deixar algo claro desde já: tolerância requer tolerância. Tolerar o intolerante é um paradoxo, um oximoro, que joga por terra a própria noção de tolerância. O objetivo da tolerância é a convivência mútua e pacífica. Como é possível, a partir desse objetivo, "tolerar o intolerante" e permitir que ele mate, puna, agrida e se levante contra segmentos da população?

    Portanto, se alguém quer receber tolerância, é preciso ser tolerante em primeiro lugar. Cavalcanti nunca foi tolerante. Portanto, mesmo que fôssemos intolerantes com ele, ainda assim, seria justo. E, a bem da verdade, concedemos à tragédia que se abateu sobre sua família muito mais respeito do que ele concedeu às milhares de tragédias que se abateram contra homossexuais com o seu apoio inegável em vida.

    Portanto, não tem motivo algum para alguém vir aqui nos criticar por essa postura: justa, equilibrada e, de verdade, muito mais benevolente do que Cavalcanti jamais mereceu.

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  11. Monstro é alguém que escreve um texto destes. Intolerante é pensar desta forma. Isso sim é não saber o que é amar ao próximo. Parabéns pela total falta de solidariedade. Uma vergonha alguém ter coragem de postar algo assim.

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  12. que vocês não se compadecem é direito de vocês, mas não deviam sair postando sobre um homem que acabou de morrer. Há famílias inteiras em luto por causa disso, e devia haver um pouco de respeito. Se eu falo mal de Hitler agora, as chances de alguém se doer com o que falo são mínimas, mas falar de alguém que acabou de morrer é insensibilidade. Não interessa se ele gostava de gays ou não, essa é a maneira que a maioria dos crentes pensa, e nem por isso vou celebrar quando um morrer. Não se doam tanto com a escolha sexual de vocês, quem sabe assim o mundo os respeite mais.

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