sábado, 23 de setembro de 2017

O novo método dos evangélicos de evangelizar os gays e destruir direitos civis


Engana-se quem pensa que o ataque da senhora Rozângela Justino é algo isolado, ou uma tentativa apática, desesperada, sem fundamentos, para tentar validar sua profissão e sua fé.

Evangélicos começaram atacar massivamente as questões de conteúdo sexual. Eles se mobilizarão em todos os lugares: escolas, igrejas, mídia, judiciário, legislativo e executivo. Eles possuem um discurso, um método e uma meta.

O discurso

Você não ouvirá que ser gay é uma doença, eles não dirão isso a você! Eles concordarão com a ciência que diz que ser homossexual não é portar em si uma patologia. Acusarão a mídia de ser sensacionalista e espalhar essa falsa ideia de que eles consideram ser gay um fator doentio.

Eles dirão que querem o desenvolvimento científico, por prezarem tal desenvolvimento, acreditam que os estudos sobre a sexualidade não devam ser impedidos; que terapias de ORIENTAÇÃO sexual devam ser difundidas pela psicologia.

Eles não usarão em seu discurso o termo (RE)orientar, mas defenderão que qualquer pessoa deva ter o direito à orientação sexual que bem desejar. Afinal, para eles não é doença ser gay, mas uma OPÇÃO, UMA ESCOLHA que o indivíduo faz por ser depravado, imoral e viver em pecado.

No discurso você também não escutará esses termos: pecado, safadeza, imoralidade, mas, com certeza, escutará o termo DIREITO DE ORIENTAÇÃO DA SEXUALIDADE que, em suma, na boca de um evangélico, é ESCOLHA, OPÇÃO.

Eles defenderão isso, em que o direito à orientação sexual é desejar deixar de ser gay e, em nome da liberdade científica, tal processo é passível de realização, é uma escolha pessoal e individual, legítima de qualquer um. Com isso, o termo opção sexual será mitigado para desejo legítimo de uma assistência em que a pessoa se oriente e se aceite não gay.



O método

Não haverá discursos religiosos, não será usado o nome de Jesus, nem a bíblia. Tudo será feito através do direito da pessoa possuir a liberdade de uma orientação sexual que não lhe traga constrangimento.

O orgulho gay será colocado em cheque, não o atacarão, mas dirão que nem todas as pessoas sentem-se bem sendo homossexuais e elas têm o direito de tentar algo para ser felizes.

Farão esse discurso chegar ao judiciário, ao legislativo, ao executivo. O método não é o confronto direto, não é o combate agressivo, mas o indireto. Aquele que se mostra não combater, mas só advogar outra possibilidade, advogar uma “liberdade aparente de orientação” que, no fundo, não passa de terapia de reversão.

Concentrarão esforços para minimizar o orgulho gay, que chamarão de lobby , de propaganda de uma suposta felicidade que retira o direto de pessoas tentarem se rever e, quem sabe, aceitarem- se diferentes (ou seja, escolhendo, por exemplo, serem heterossexuais e não homossexuais).

A meta

Eles têm como meta sufocar o avanço da “agenda gay”, sufocar o direitos dos homossexuais casarem, adotarem filhos, terem direito à herança, pensão, ou seja, a meta é acabar com o direito civil dos homossexuais e voltar a renegá-los à esfera da margem social.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Juiz da "cura gay" diz ter sido mal interpretado. Gospel LGBT insiste que o magistrado está equivocado



Não precisamos de sutilizas, elas nunca foram a nosso favor. Sutilezas nos colocaram em armários, nos negaram casamento, adoção, herança, fizeram-nos histriônicos, tomaram-nos o afeto em público: carícias, andar de mãos dadas, beijos, enfim, não gostamos de sutilizas, porque somos gays com muita honra!

A única interpretação equivocada, excelentíssimo doutor juiz, foi a sua em possibilitar que psicólogos possam tratar a homossexualidade como doença e revertê-la em heterossexualidade, como se essa heteronormatividade fosse o padrão único de perfeição metafísica capaz de trazer dignidade ao homem.

Afinal de contas: NENHUM PSICÓLOGO NESSE PAÍS É PROIBIDO DE TRATAR A HOMOSSEXUALIDADE, então a liminar, aqui, é sutil e equivocada. O que se é proibido pelo CFP é o psicólogo tratar a homossexualidade como DOENÇA. Aliás, isso o senhor não diz em sua liminar.

Nenhum psicólogo é proibido de estudar a sexualidade nesse país, mas não me parece prudente que psicólogos transformem as clínicas de psicologia em laboratórios de estudos científicos e façam com seres humanos aquilo que se faz com ratos e camundongos.

Portanto, nesse sentido, sua liminar sutil iguala a clínica psicológica à psicologia clínica, coisas distintas, e que não podem ser confundidas pelo juiz, pelo psicólogo ou por qualquer pessoa minimamente honesta em suas arguições e questionamentos.

Hoje, uma sentença, uma liminar, uma decisão, seja qual for, pela nova redação do CPC, deve ser embasada pela motivação das provas. Elas têm que ser enfrentadas, pois o livre convencimento, ainda mais nesse quesito, não é bem-vindo, pois traz dor e oportunismos.

Rozângela Justino nunca teve o interesse científico sobre  a questão. A única razão de terem promovido o pleito é a afronta ao CFP; a turma de Rozângela advoga o direito de banalizar a psicologia se proclamando psicólogos cristãos. Isso não existe. Psicologia não é religião e não deve ser pautada pelos dogmas da fé. Através desse dogma, esses psicólogos têm dito que ser homossexual é errado e promoveram terapias de reversão sexual em suas clínicas, prática essa não permitida pelo CFP.

Entretanto, o  Conselho Federal jamais disse que um homossexual não possa ser submetido a muitas das terapias científicas em voga. O profissional o ajuda, colabora, questiona para que cada homossexual se entenda mais e a sua orientação sexual. Em nenhum momento cabe ao psicólogo dizer que é errado ou despertar a ideia de que seja possível mudar uma identidade sexual.

Então, esse blog volta a afirmar que quem se equivoca na decisão é o senhor ao dizer: “o objetivo seria não privar o psicólogo de estudar ou atender a pessoas que voluntariamente venham em busca de orientação acerca de sua sexualidade”.

Equivoca-se o magistrado, pois o Conselho Federal nunca proibiu, restringiu ou interferiu no estudo e no atendimento do psicólogo quanto à orientação sexual das pessoas. Sua sutileza, caríssimo magistrado, a nós não é bem-vinda, afinal, de boas intenções o inferno está cheio.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Juiz erra em decisão liminar: clínica psicológica não é laboratório de experiências científicas


Uma decisão sutil de efeitos nefastos, em caráter liminar, claro, assim pode-se mensurar o barulho que causará na sociedade civil organizada. Uma decisão de foro íntimo, de juízo personalíssimo, e convicções metafísicas, afinal, não se sustenta nos autos sob provas e demonstrações científicas que tal caminho é o correto a ser seguido.
Parece-me que o princípio do livre convencimento motivado ficou meio embaçado, quando a despeito de toda a orientação cientifica, médica e psicológica sobre terapias sexuais, o juiz sentencia mediante sua mera opinião (até aqui tudo bem, a mera opinião do juiz pode no livre convencimento). O que não ficou evidente, entretanto, foi à exposição das razões para o seu convencimento.
Meu Deus, para tudo! Lembrei-me, mudou-se o artigo, mudou-se o código de processo e há nova redação...
O artigo 371 do Novo Código de Processo Civil estabelece que “o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação do seu convencimento”. A palavra “livremente” foi subtraída do diploma legal. Enquanto na lei anterior dizia “apreciar livremente a prova”, a legislação atual, VIGENTE, diz que o juiz apreciará a prova. Parece-me que a mera opinião não pode mais, aliás, vamos falar isso em termos jurídicos: a valoração da prova não pode ser feita pelo juiz de forma discricionária, como o sistema anterior estabelecia.
O que isso implica diretamente é que a decisão deve ser discutida e embasada em cima das provas apresentadas, justificando seu convencimento acerca da veracidade das alegações, e indicando os motivos pelos quais acolhe-se ou rejeita-se cada elemento do conjunto probatório.
Em suma: o juiz, mediante a alteração do dispositivo legal, não pode mais emitir, na sentença, sua mera opinião, desculpe, voltemos aos termos jurídicos, o juiz não pode mais, na sentença, examinar as provas de acordo com a sua livre motivação: não pode valorar questões que não estejam nos autos ou que não são objetos da ação; não haverá mais o julgamento conforme a consciência do juiz de forma livre, como se deseja, porque desejam assim.
Agora, falando da liminar, amigo psicólogo, parece-me que o juiz, que ganha pouco, algo em torno de 30 mil reais mensais ou um pouquinho acima disso, salário de fome, de miséria, quer, na decisão, preservar seu caráter de cientista: “a resolução não pode privar o psicólogo de estudar ou atender aqueles que, voluntariamente, venham em busca de orientação acerca de sua sexualidade, sem qualquer forma de censura, preconceito ou discriminação”.
Também entendo que os LGBT(s), nessa liminar, são os novos camundongos e que as clinicas de psicologia viraram laboratórios experimentais. Técnicas pavlovianas promissoras poderão ser admitidas juntas com os conceitos comportamentais de reforço de Skinner, maravilha de ciência! Contudo acho que merecia um embargo de declarações, pois gostaria de entender a liminar nesse ponto específico, pois ficou meio eclipsado o conceito para mim. Também, ganhando tão pouco por mês, algo um pouquinho acima de 30 mil reais, não poderíamos esperar um primor de decisão do magistrado, né? Afinal, ele não ganha bem para isso.

domingo, 10 de setembro de 2017

A opinião de Aguinaldo Silva te incomoda? Ela é mais comum do que se possa imaginar.



Não é de hoje que vejo, com pesar, manifestações que agridem valores, que lutamos para construir, na boca de pessoas assumidamente gays, mas que não se incomodam de tê-las, pois foram "criadas" assim.

Para exemplificar bem o que digo, nada melhor que tomar de exemplo Clodovil Hernandes. Gay, assumidamente gay, que se orgulhava de reproduzir falas da sociedade heteronormativa, momento do qual ele se via aceito ou próximo de uma “normalidade”, em última análise, sendo ele o próprio culpado por toda rejeição social contra a sua sexualidade.

Vimos Ney Matogrosso declarar que gay é o caralho, que ele se recusa a pegar essa bandeira, pois sua defesa é mais abrangente, envolve índios, negros etc.

Aguinaldo Silva uma vez disse que em suas novelas não teria o beijo gay, pois o grande público não queria ver, pois estavam reunidos com suas famílias. Assim, a mensagem que essas personalidades passam, tacitamente, reproduz que o gay aceito é aquele que não faz “bichices” em público ou na presença da família.

Pode parecer estranho, quando isso vem de personalidades com grande alcance. Na verdade, o que elas fazem é repetir o ódio que nunca morre, disfarçando em sutilezas, justificando-o em maquiagens que o amenizam, mas o ódio é eterno.

Ódios sempre são alimentados, por isso o racismo ainda hoje existe, por isso que a homofobia sempre vai existir, o ódio é o sentimento mais fiel do mundo. Em um relacionamento em que houve ressentimento de um, o ex será permanente, nunca passará, a velha história de que: “é meu ex, não podemos ser amigos!”.  

Quando os famosos reproduzem a homofobia, o impacto é imediato; acontece, entretanto, que somos submetidos ao rancor homofóbico todos os dias e, às vezes, nem percebemos. A internet deu voz aos idiotas, dizia Umberto Eco... Ontem, por exemplo, observava pelo Facebook homossexuais discutindo, em que gays negros humilhavam os gays “padrõezinhos”, o motivo: eram padrõezinhos, entretanto, as agressões iam muito além disso. Gays estavam humilhando gays por serem gays. Ser padrãozinho era a maquiagem que disfarçava a homofobia internalizada.

Outro dia assistia, pelo You Tube, Academia de Drags, em que uma das provas era “gongar o outro” Travestis humilhavam-se mutuamente, disparando frases que retomavam a cultura heteronormativa, que inseria rancor e depreciação, mas era para ser engraçado. Às vezes, a maquiagem do ódio é a piada.

A opinião de Aguinaldo Silva te incomoda? Mas ela é corriqueira, é mais comum do que se possa imaginar. De fato, o repórter foi direto, acontece que Aguinaldo Silva foi tão sutil quanto Bolsonaro e essa sutileza está dentro das representações LGBT(s), todos os dias, pois o ódio em que fomos criados não morre. 

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Deus ama ao que dá com alegria



Pode parecer piada, pode ser provocador, pode até tirar a seriedade de nossa proposta inicial, mas não vamos deixar de usar o versículo bíblico que tem causado polêmicas neste blog. Não faremos por uma razão muito simples: a maldade da interpretação não é nossa! Ninguém nos perguntou a intenção primeira, ninguém quis saber, minimamente, o nosso posicionamento, todos já tinham ou têm em mente suas próprias conclusões. Fato que não nos surpreendem as opiniões nem os conceitos aduzidos da maldade estampada em vocês que nos leem, não em nós que criamos o slogan.

A verdade é que nem as intenções mais polidas estão livres da perversidade de nos julgar com o peso da moral austera e conservadora, que vem através dos milênios, causando tanta dor quando o assunto é sexualidade.

Há aqueles, prezando pelo bom nome das escrituras e a complacência da sociedade heteronormativa, que querem nos ensinar a “hermenêutica correta do texto”, o que me leva a perguntar: por que não agem assim, quando a interpretação recai em textos que supostamente condenam a homossexualidade? Por que efeminados, sodomitas e outros não podem ter contexto, sendo que a interpretação é imediata e “dar com alegria” tem que ter?

Aliás, muito oportuno dizer que: os capítulos 8 e 9 da segunda carta de Paulo aos coríntios dizem de uma vivência integral, plena, verdadeira, completa, em que os irmãos dividem tudo com todos, os mais abundantes e os menos abundantes, não havendo desigualdades entre eles. Isso culmina no capítulo 9, versículo 7, quando Paulo afirma que a contribuição deve ser feita de acordo com a consciência, com a vontade, com a liberdade e isso (consciência do que se faz, vontade de fazer e liberdade no que faz) gera a alegria que é amada por Deus.

Desta feita, quando usamos o final do versículo “Deus ama ao que dá com alegria”, fizemos no sentido de dizer que: tudo que é feito com liberdade, prazer e consciência; tudo aquilo que não é pecado e que promove a si e o outro em dignidade, igualdade, fraternidade, é amado por Deus. Sim, Deus ama quem dá com alegria, quem mergulha por completo, por inteiro, em uma causa não se entristecendo, com pesar ou servidão, mas por liberdade de ser o que se é e fazer o que se faz.

Assim, por sermos homossexuais e nos orgulharmos, nos envolvemos nessa causa, certamente, podemos dizer que Deus ama quem dá com alegria, ou seja: aquele que vive sua sexualidade, sem desigualdade ou pesar, com consciência e liberdade, amando, vivendo, aprendendo, respeitando e lutando para que o mundo seja um lugar melhor para todos nós, integralmente nessa causa. Nisso somos amados por Deus.

Respondendo a um comentário em relação do que o meio inclusivo precisa ou deixou de precisar: nunca o Gospel LGBT voltou suas ações para as “igrejas inclusivas”, aliás, muitas vezes discordamos das abordagens inclusivas de um evangelho heteronormativo e opressor vivido dentro dessas comunidades. Não é por que se usa do álibi de ser inclusivo que se é livre de homofobias e preconceitos. Ao contrário, alguns editores deste blog já travaram as mais duras oposições, da mais sórdida homofobia, vindas das igrejas que incluem LGBT(s). Ao que nos parece, essas igrejas incluem tudo, inclusive, a homofobia contra seus adeptos.


Portanto, este blog segue sua independência interpretativa teológica, não sendo prisioneiro de nenhum conceito denominacional. Assim, continuaremos a promover uma espiritualidade livre que reflita a ética de ser homoafetivo e cristão.