terça-feira, 7 de outubro de 2008

Representatividade evangélica na política nacional

Políticos evangélicos estão dispersos em diversos partidos

As eleições municipais deste ano mostraram, mais uma vez, a representatividade de políticos evangélicos nas disputas por cargos públicos importantes. No Rio de Janeiro, por exemplo, o senador e bispo Marcelo Crivella ficou em terceiro lugar na corrida pela prefeitura da cidade. O estado, inclusive, já foi governado por evangélicos como Antony Garotinho, sua esposa Rosinha e Benedita da Silva. No entanto, mesmo sendo um grupo numeroso na política nacional, os evangélicos não formam um partido próprio, nem se posicionam em uma agremiação já existente. Essa é a constatação de um estudo realizado pelo cientista político Tiago Borges, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

Borges analisou o comportamento de eleitores e deputados evangélicos, entre 2002 e 2007, em temas de debate político e verificou que, mesmo com um vínculo religioso em comum, suas posições sobre outros assuntos são divergentes. O cientista político acredita que a diversidade de idéias, aliada ao que ele chama de “caótico” sistema partidário brasileiro, desfavoreceu a formação de um partido evangélico no Brasil. “Há uma fragilidade política de vínculos no país. O sistema eleitoral personalista de votação que existe no Brasil permite isso”, afirma.

“A pesquisa mostra que há duas explicações para que não tenha se formado um partido específico. A primeira é que a identidade evangélica se restringiu ao vínculo religioso. Os evangélicos não têm uma orientação política e econômica alinhada, eles não se alinham com uma visão comum. Mas muitas vezes algumas lideranças mobilizam os eleitores por motivos diversos. A unificação do grupo é em torno da religião. Vários temas, como o de intervenção do Estado na economia, por exemplo, recebe opiniões diversas”, afirma.

Segundo ele, com a redução do número de católicos no Brasil, que caiu de 90% do total de brasileiros em 1970 para 74% no ano 2000, também aumentou a representatividade dos eleitores evangélicos no País e, conseqüentemente, a quantidade de políticos ligados à religião. Mesmo assim um partido evangélico não se formou. “Também não há uma necessidade para se formar um partido específico, até porque os políticos evangélicos têm bom trânsito entre as agremiações. Não há restrições nos partidos quanto à religião”, acredita.

De acordo com Borges, as lideranças do setor são dispersas. O cientista político lembra que os evangélicos se reúnem em grupos em diferentes áreas - Universal, Assembléia de Deus, Quadrangular, Batista, entre outras – ao contrário do que ocorre com os católicos, que se reúnem basicamente em volta de uma única igreja. Borges também explica que algumas igrejas evangélicas adotam posições políticas definidas, mas nem sempre os fiéis mudam automaticamente. “Pode haver um atraso. A relação entre pastor e fiel existe, mas não é imediata. Os fiéis não votam de uma maneira cega com o pastor” conclui.

Eleições de 2002 e 2006

O cientista político da Universidade de São Paulo também comparou as eleições presidenciais de 2002 e 2006. Segundo ele, a candidatura de Anthony Garotinho, do PSB do Rio de Janeiro, resultou em um caso interessante, pois se obteve um apoio evangélico muito significativo. “No segundo turno, sem a presença dele, o voto evangélico se dispersou, acontecendo o mesmo nos dois turnos das eleições de 2006, quando Garotinho não disputou a Presidência”, lembra. Borges afirma que o candidato à Prefeitura do Rio Marcelo Crivella também mobilizou o eleitorado evangélico nas eleições deste ano.

Leandro Kleber
Do Contas Abertas

4 comentários:

  1. representantes que são o que há de pior entre os evangélicos. postei sobre os dois, crivella e magno malta, dois oportunistas de quinta categoria. crivella, nas eleições de domingo, foi enxotado. de garotinho e rosinha tudo já foi dito, mesmo assim, infelizmente, ela foi eleita prefeita de uma pequena cidade onde o número de votos nulos foi de 41%.

    beijão

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  2. Concordo Mara! Na verdade me assusta em pensar na representatividade evangélica.

    Gosto do Estado Laico, e sou contra essa papagaiada toda. Entretanto, os evangélicos querem o poder. Exemplo disso é a Igreja nos EUA, de onde o Brasil gospel importa seus ideais. Por lá é vedada a participação de instituições que tenham isenção de impostos em assuntos políticos. Mesmo assim as igrejas da liga bíblica do sul pedem para seus fiéis não votarem em Obhama.

    Enfim MORRO DE MEDO DESTE ESTADO RELIGIOSO.

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  3. Sabemos o que pode a religião fazer quando domina o Estado, que o digam os que foram queimados e 'purificados' pela 'santa' fogueira da inquisição...aliás o atual chefe da igreja católica, a exemplo do anterior, que 'perdoou' Galileu, só agora aceitou a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies. Eu estudei em colégio de freiras, Darwin era uma abominação sem tamanho e Cristo nos era apresentado como loiro de olhos azuis. Por eles, a Terra ainda era plana e carregada por uma gigantesca tartaruga. Um absurdo sem tamanho.

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  4. Homens e mulheres de Deus que representam o povo evangélico na política, que lutam pela ética cristã e familiar, que lutam por nossos valores e pela nossa dignidade perante a sociedade, parabéns!!!

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