quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL- GOSPEL LGBT

O mais humano entre os homens

É Natal, data festiva religiosa, que celebra o nascimento de Jesus, essa pessoa ímpar, mas neste momento gostaria de propor falarmos dele sem todas as imaginações ou construções teológicas que ao longo dos tempos se produziram ao seu respeito.

Sabemos que a religião e as igrejas fizeram de Jesus uma religião, mas, qual era a religião de Jesus ? Com certeza a mensagem dele está muito além daquilo que a Cristandade propala; Jesus nasceu num contexto histórico propício, como judeu e amante da tradição do mesmo povo. Ele se desenvolveu como qualquer pessoa humana, com aspirações pessoais e sociais, sabemos que foi humilde e herdou de seu pai uma profissão simples, aprendeu a amar a Deus e a procurar viver o bem sempre, como norteava a prática religiosa judaica.

Mas o seu povo sofria, era humilhado pela mão opressora do invasor romano, e de muitas formas o fardo que colocavam sobre aquele povo era duro, o povo queria um alívio, um bálsamo, e suplicavam a Deus por ele, como seria bom se de Deus viesse o Messias, que era uma espécie de libertador social que o povo judeu esperava, muitos diziam que ele viria do céu como se fosse um anjo, outros diziam que esse libertador viria das próprias fileiras de homens comuns da nação judaica. Houve muitos que se levantaram com esse ímpeto, movidos com ardor nacionalista, impulsionados por esse desejo de tornar a vida de seus irmãos mais fácil e feliz e que foram massacrados pelo invasor romano, com certeza o império romano não iria querer entregar facilmente essa parcela do seu domínio.

Jesus aparece nesse mesmo contexto, crescendo em meio às pessoas que se lamentavam do jugo e queriam uma libertação, Jesus não poderia ser insensível a dor que o rodeava e, com certeza, chegou a compreensão que talvez poderia fazer algo por aqueles que sofriam, o messias poderia ser qualquer pessoa, até mesmo ele.

Desejoso desse alívio social para seu povo iniciou sua caminhada, pois ele se preocupava muito com o bem-estar do seu próximo, e ali o vemos, nos lugares ermos, nas favelas, nas aldeias, estava sempre ao lado de quem mais precisava dele. Como ser apático a dor ? Se era tanto o amor que tinha e que o impulsionava como um sentimento de dever, ele sentia que tinha esse dever a cumprir. Mas seus próprios compatriotas, movidos por inveja e por mesquinhez, o entregam à morte, a maldade humana é capaz de fazer isso, de insensibilizar as consciências e fazer com que as pessoas cuspam no prato em que comem, ou mordam a mão estendida.

Da mesma forma, muitos outros não podiam ser indiferentes a dor que os cercava, como Martin Luther King ou Mohandas Gandhi, todos foram impulsionados pelo mesmo espírito e senso de dever, e tantos outros que ousaram se levantar contra o poder estabelecido, como Che Guevara, Oscar Romero, movidos por um grande ideal de bem para todos, a concretização do reino de Deus sobre a terra, poderiam ter renunciado a esse ideal, sabendo dos riscos que corriam, mas o viver sem um sentido não é morte em vida ? Foi por esse motivo que na cruz Jesus morre com um sentimento de dever cumprido, a sua parte Ele fizera, o que lhe dava uma satisfação na alma, uma ressurreição.


Henry Van Dyke foi um teólogo presbiteriano, escreveu um livro famoso, onde ele descreve as andanças de um possível quarto mago que chega atrasado ao encontro com o messias recém-nascido, e desejoso de dar os presentes que tinha, acaba sempre socorrendo com eles pessoas necessitadas que encontrava em seu caminho de procura, ficando sem nenhum, depois de tantos desencontros, fica sabendo que o messias morre na cruz, o que o desaponta, mas eis que o ressuscitado lhe aparece dizendo que recebera todos os presentes, este se surpreende por não entender, quando Jesus lhe diz que toda vez que tinha socorrido alguém, a Ele o fizera.

Jesus era cheio de amor, Deus é amor, logo Jesus é Deus. Neste mundo individualista que desumaniza, é muito bom recordar-nos sempre deste símbolo maior, e como símbolo, que é a prova de reconhecimento entre dois, nos permitirmos humanizar por seu exemplo de amor e consideração pelos demais. Quanto mais amor alguém tem, mais perto está da divindade. Jesus pela verdadeira humanidade que teve, se tornou divino. “Você está disposto a acreditar que o amor é a coisa mais importante do mundo – mais forte que o ódio, mais forte que o mal, mais forte que a morte – e que a vida abençoada que iniciou em Belém 1900 anos atrás é a imagem e brilho do Amor Eterno ? Então você pode manter o Natal”, disse Henry Van Dyke.

Que Jesus nasça em nossos corações para que vivamos essa ressurreição, essa novidade de vivermos pelo nosso próximo, dando mais sentido às nossas vidas, e lembremo-nos, mormente nesta data, que às vezes podemos ferir e matar quem mais quer o nosso bem.

Feliz Natal

Pr Victor Orellana

outrasovelhas@hotmail.com

Um comentário:

  1. Obrigada querido Renato, pela visita e elogios, você é um grande amigo. Valeu a intenção sim! De desejar-me um feliz Natal, apesar de eu ser atéia. Jesus Cristo é um homem da História, tanto que ele a dividiu em antes e depois dele. É inegável a importância das suas mensagens, apesar de sua vida como homem ter sido envolta em tantos mistérios e o primeiro relato, mais abrangente, sobre a sua vida aparecer nos escritos de Marcos somente depois de 40 anos da sua morte. Infelizmente o aniversariante foi ofuscado por um velhinho de barbas brancas, vestido com roupas vermelhas, voando pelo espaço, e transformado no símbolo da festa e atração principal no aniversário que nem sequer é dele. A data, para a maioria, é somente um período de festas e uma exaustiva ida aos shoppings para as compras de presente. Poucos se lembram da atração principal, o aniversariante, e das suas mensagens e ensinamentos. Obrigada Renato e feliz data para você e à todos do Gospel.

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