terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O meu reino não é deste mundo

Não é apenas uma questão de fé, para algo muito distante da fé, evangélicos desejam dominar o Brasil, não apenas em números de fiéis, mas na representação política e social desta nação. O evangelicalismo, que no discurso de perseguidos, sofredores e mui amados por Cristo, em prol do Reino, entrou na disputa do controle do poder, bem como sua manutenção na mão da igreja denominacional.

O misto de fé e política vem crescendo a cada eleição, e a cada novo convertido às causas da igreja, eles sonham em catequizar a política brasileira em favor de suas ideologias. Entretanto, o projeto evangelicalista não tem um plano social elaborado, pelo contrário, há ausência da fé em ações de combate à fome, de combate à pobreza e à exclusão. O plano evangelicalista está calcado na classe média. Assim, todo tema relevante  dessa classe é refletido pelas igrejas que compõe esse sistema nacional: homossexualidade, aborto, violência, educação etc. Estão na pauta de discussões.

Não se pode mensurar, entretanto, como seria essa participação de forma efetiva. Mas, pensar, ou avaliar, algo semelhante à Igreja Católica é destoante à inserção prática proposta por este movimento religioso (evangelicalista).

Jô Soares ao conversar com o Senador e bispo da Igreja Universal, Marcelo Crivella, não consegue obter, satisfatoriamente, uma resposta simples à pergunta quanto a homossexualidade: Por que se deixar discriminar o homossexual em sua homossexualidade, sendo essa passível de crítica?

Não se tem respostas, que não seja a manutenção do status quo, ou de uma postura conservadora em busca do alcance do poder, sem contudo, alterar sua esfera ideológica, mas, tão somente, sua administração. Em outras palavras, O Brasil do Senhor Jesus será um Brasil de desigualdades e preconceitos, um Brasil de violência e oportunismos, sem nada alterar o quadro que se tem hoje para melhorá-lo, mas, só então, agravá-lo.

O reino do Cristo não é deste mundo, e sua política desconhece o que se é praticado hoje, ela não se faz em cima de estruturas ou domínios, mas de uma profunda consciência pessoal e renovada pela ação do Espírito Santo, sendo isso fruto do sobrenatural, da graça, da redenção. Somente o homem livre de si mesmo, e de sua alienação pode chamar para si, e se responsabilizar por tal chamamento, o compromisso da comunhão com Deus e com o outro, na inteira e completa doação ao outro, sem se perder, mas se reconhecendo nisso.

Portanto, cuidado com o plano de transformar um Brasil político de Cristo, pois o próprio Cristo desconhece tal ação e sua legitimidade. Cuidado com os evangélicos que assumem as cadeiras públicas em nome de uma transformação radical contra o pecado. Ou das dicotomias da fé, entre o puro e o bom, e o mau e o impuro. Um gesto, de cada vez, de amor e carinho são suficientes, à uma vida inteira, à quem se é praticado.

Os lobos travestidos de ovelhas não se diferenciam no meio, afinal, estão disfarçados, não têm opiniões divergentes; falam a mesma língua, mas no final dilaceram as almas.
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2 comentários:

  1. Amado, fico jubiloso em ver o quanto és inteligente. Como escreve bem!!! Parabéns !! E em nome dessa inteligência que chamo a atenção para alguns aspectos. Não há problema algum expormos a nossa opinião, criticarmos os outros, etc. Mas o que não podemos é generalizarmos essa nossa opinião. Quando dizemos para tomarmos cuidado com os evangélicos, porque são assim e são assados, mostramos a nossa DISCRIMINAÇÃO, mostramos a nossa irracionalidade , tolisse. Discriminar uma pessoa em nome da religião não me parece coerente a um grupo de pessoas que sabe muito bem o que é perseguição. Por exemplo no meio dos Espíritas, Umbandistas, Kardecistas, Budistas há ladrões, assaltantes, traficantes, corruptos, tanto quanto nos Evangélicos. É a Bíblia que afirma que há "Joio" em meio ao "Trigo". Devemos "criticar", "opinar" a respeito de pessoas, do trabalho dela, das ações dela quanto parlamentar. O que não podemos é falar sobre um movimento, sobre a religião, porque é ai que geram os conflitos. Ninguém sabe qual era a Religião dos maiores fraudadores do INSS, ninguém sabe qual era a religião do Silverinha, do Collor, Mas quando um indivíduo fantasiad de cristão erra, todos apontam para a Religião e não para o errado.
    Deixemos de lado a ignorância e aprendamos com Jesus, que andou em meio à prostitutas, ladrões, corruptos e nem por isso os acusou de nada. Apenas os mostrou que o amor é capaz de tudo.
    Um abraço e continue escrevendo dessa maneira, mas sem expor ou apontar as religiões, quaisquer que ela seja.

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  2. Eu não sou evangelica [alias não frequento religião nenhuma], mas respeito muito os conceitos, pois parte de minha familia é evangelica e minha mãe me educou em alguns conceitos. Acho que, se a grande maioria dos cristãos seguissem ao maximo as leis de Jesus e respeitassem a Deus, o mundo seria com certeza muito melhor... É triste ver pessoas indo à uma religião e maldizendo pessoas de seu convívio, muitas vezes daquele mesmo grupo religioso. Jesus quando veio à Terra, nos ensino o quão errado era desrespeitar nossos irmãos, sejam eles de outra religião, cultura, etnia ou até mesmo a orientação sexual. Jesus nos ensinou o Amor, e não a violência. Falta deixarmos o Amor entrar em nossos corações e em nossas vidas e seguirmos Jesus sempre.

    Parabens pelo blog, acho muito importante a iniciativa.
    Continue.

    Abraços e fique com Deus...

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