quarta-feira, 1 de abril de 2009

Amore incancellabile amore

Não sei se quero postar estas páginas que, agora, escrevo. Apenas sinto a necessidade de produzi-las, de rabiscá-las. Mas não sei se as quero compartilhar, fato, esse, que terei que decidir ao final de tudo.

Penso que sou um inveterado romântico, mas que nunca gostou de estar apaixonado. Nunca consegui me reformar nisso, e sofri! Por tantos amores; às vezes criados, apenas eu sabia que amava... Eram figuras platônicas, antes mesmo deu saber da existência de tal figuração lingüística. Às vezes por amores reais, correspondidos, mas não assumidos, e foi assim que me deparei com o vazio conceitual, que os meros mortais arrazoam... Sentimentos, que diabos são?

Dois grandes amores me marcaram, e espero que alguém não leia essas linhas, seria inevitável não haver discussões sobre tal propositura. O primeiro amor foi cruel, e não estava preparado para ele, em nada... O segundo amor foi venenoso, penso que de ambos os lados, sem chances, impiedoso, mas os dois figurantes vacinados na história. O que não foi suficiente para evitar a dor da separação.

Entre a crueldade de um e o veneno do outro recolhi meus cacos, mas não apaguei as cicatrizes. E nunca se apagarão... Por isso, que vez, ou outra, vou procurar às lembranças que me constituem, enfim, lembranças constituem a todos nós. Como diz o profeta: “Desejo buscar à memória, aquilo que me cerca de esperança.”. E foi desta busca que encontrei um suspiro, um pedido, talvez um clamor, com certeza uma súplica: por onde você anda, onde você está?

Nunca achei, ou pensei assim, mas o amor cruel me ensinou a lição do silêncio, da ausência fria e total, sim, hoje por mim reproduzida... Mas como disse: sou irreconciliável, e como gostaria de quebrar tal lição, anarquizar minha própria razão, experimentar em mim tudo de novo e, ao final do dia, não poder dizer que não vivi, ou não fui feliz!

Mas, novamente, os sentimentos, e dessa vez travestido de medo, medo de reencontrar, medo de me perder, de ofender e de ser ofendido, medo de viver e ser feliz, tão somente vivendo. Sim, fecho-me dentro de mim mesmo, e fico, solitário, aguardando, quem sabe, o doce amor renascer.

Um comentário:

  1. Dois amores? Sempre ficam cicatrizes mesmo, mas com o tempo elas já não incomodam mais. Eu fico pensando nessas pessoas que vivem muitos anos junto de alguém, uns 20 anos por exemplo. Se o relacionamento acaba, por mais que não haja mais amor, haverá sempre uma marca, como passar pelos mesmos lugares e não lembrar? E as músicas então? Elas sempre fazem a memória retroceder, mesmo que já se esteja em outra.
    Muito bonito o que você escreveu porque foi escrito com o coração.
    Abraços!

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