terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Latter Days- Nesse eu chorei!




As lágrimas vieram, foi inevitável, e com elas um suspiro profundo, de um sentimento inexplicável que, no silêncio do coração, diz muito mais de tudo que se sabe de si mesmo, daquilo que se possa imaginar, daquilo que realmente é.

Estava diante de um símbolo, sensibilizado pela profundeza do que foi em mim construído, e não se perdeu, ainda que latente, lá estava e bastou ser invocado para a identidade dizer: “ei-lo aqui, este é você!”. Um sentimento de se pertencer também àquela história, de uma forma ou outra, de algo que agrega a muitos pelo mundo a fora. Somos cristãos, e independente da denominação: católicos, luteranos, anglicanos, metodistas, presbiterianos, congressionalistas, mórmons , todos passamos por esse mesmo sentimento, e nossas vozes ali estavam, esvanecendo, numa luta interior, para tão somente, permanecermos.

Aaron David foi pego pelos amigos de missão, sim, ele é gay! Não há como negar, não há como fugir, houve o flagra. A missão saberá, seus pais saberão... A desonra, a infâmia, o vexame, a excreção. Mas, Christian o procura, ele ainda está no aeroporto, não embarcou, do lado de fora, na neve, ele pensa na vida, triste, talvez assustado, sua vida está se perdendo, sua identidade sucumbindo. Christian o encontra, diz que o ama, Christian odeia neve (e há uma razão para isso, um símbolo também), Christian não se importa, procura-o, ele tem que dizer, ele precisa!

Aaron diz: “você não faz ideia do que eu estaria abrindo mão.”. Christian contra argumenta, e uma decisão é tomada, acho que pela maioria de nós. Um dia nos permitimos ser àquilo que está na essência, e não será modificado, nem mesmo por uma identidade conflitante, que não se apagará, mas ficará em latência. Aaron se deixa levar por aquilo que é maior do que ele, Aaron se entrega, mas logo, no silêncio, vai-se! Christian o procura, desesperadamente, mas, talvez, o conflito de duas coisas que se é e não se tem como fugir seja demais, Aaron corta os pulsos!

Christian procura a família de Aaron, e entrega o relógio de seu amado à sua mãe, e o símbolo vem à tona! A música Fica comigo é entoada no momento em que Christian está de pé, na porta da casa de Aaron, entregando o objeto à mãe do garoto, e as lagrimas rolaram de minha face. Cristão e gay, num conflito sem precedentes, na luta, de muitos hoje, de se manter digno e íntegro, convivendo com a fé, esse sentimento, convivendo com sexualidade.

Você não faz ideia do que abrimos mão, assumir uma parte de nós mesmo, é colocar em hibernação outra. Deve ser por esse mesmo sentimento, que na comunidade ex-evangélicos, no Orkut, um fórum foi criado relembrando, quando na igreja, participavam ativamente...

E hoje, alternativamente, tentamos vivenciar as duas maneiras de se ser, nas comunidades inclusivas. Ainda execrados, ainda mal vistos, ainda debatendo... Meu Deus, quantos se perdem no caminho, quantos se destroem ou se aniquilam...

Sim, o filme é bonito, sim o filme tem aqueles reforços punitivos, do superego, sim o filme não sabe se desvencilhar de alguns temas tabus propondo releituras. Mas é bom, e talvez eu diga isso pela melodia da música Abide With me, que tantas vezes cantei, no bom português, no coral da Igreja Luterana, como tenor que sou, à versão LOUVOR AO DEUS TRIÚNO. Esse é o poder de um signo, de um símbolo, que nos faz mergulhar dentro de nós mesmos, e nos redescobrir.

Sinopse:

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    Christian tem 20 e poucos anos, vive em um condomínio em Los Angeles e adora curtir a noite. Suas conquistas sexuais são apenas para uma noitada. Elder Aaron Davis chega à cidade com mais 3 missionários mórmons para se hospedar no mesmo condomínio de Chris. Esses mundos antagônicos irão se chocar trazendo graves conseqüências para ambos.

    Confira o filme no blog do Jean e faça o download

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