sexta-feira, 29 de março de 2013

DESCORTINANDO O CRISTIANISMO (EVANGÉLICO)

Por João Marinho 

Resposta à questão, surgida em uma lista de discussão: "Eu não consigo entender um povo preocupado com a intimidade de outras pessoas... Eu não consigo entender como uma religião pregando o que Deus gosta e não gosta sem qualquer argumento pode colar"


Eu consigo entender.

Vou fazer aqui uma reflexão que não necessariamente deverá resultar em estratégia política, mas uma coisa que me chamou a atenção nessa e em outras lutas que travamos contra os fundamentalistas religiosos é sempre, de nossa parte, a tentativa de separar criatura e criador.

Resumindo: atacamos Marcos Feliciano, mas sempre procuramos deixar claro que "respeitamos a religião e não estamos dizendo que temos ódio dela". Às vezes, me pergunto se essa é a única forma que resta para combater o fundamentalismo, porque a verdade nua e crua é que a religião é, sim, culpada. Não são apenas as pessoas que "fazem mau uso da fé".

Qualquer um que tenha se debruçado sobre a teologia cristã com sinceridade e sobre a história dessa religião reconhecerá que o cristianismo possui um DNA beligerante em sua gênese, que hoje se manifesta até no vocabulário dos fiéis. É a guerra espiritual, a marcha por Jesus, o exército de Deus e por aí vai.

E isso não é por acaso.

Desde que me tornei ex-evangélico, sempre argumento que, sobretudo para o cristianismo protestante, o Diabo é que é, na verdade, sua estrutura – não Jesus.

Essa afirmação, que pode parecer chocante, ocorre pela constatação de que "para funcionar", o cristianismo, e boa parte dos cristãos, precisam acreditar que estão em guerra contra os "poderes deste mundo". Precisa haver um inimigo. Precisa haver algo com que "se preocupar". Precisa haver algo contra o que guerrear. Precisa haver algo ameaçando a integridade humana, um mal, espreitando, para ser combatido em nome de Deus.

Judeus no nazismo, bruxas na Inquisição, os infiéis muçulmanos nas Cruzadas, nós agora. Pegue qualquer tempo histórico e, sempre que o cristianismo prevalece, é preciso haver um bode expiatório que representa o exército de Satã a ser combatido em nome da "verdade" bíblica. Uma ameaça, a ser debelada em nome de Deus-Pai, com as armas do Espírito Santo, travestido do amor que (supostamente) o Filho dedicou à raça humana.

Se é verdade que há cristãos que assim não procedem, é verdade também que esse tipo de argumento ecoa fundo no coração de muitos outros, até por pertencer, sim, a uma tradição teológica e de práxis cristã, que conta aí com alguns milhares de anos.

A questão não é eles estarem preocupados com a "intimidade das pessoas". A questão é ver os (supostos) "sinais" de que o mundo "jaz no maligno", como reporta sua Bíblia, e resistir a ele "em nome de Deus", "combatendo o bom combate" contra o "príncipe desse mundo", Satanás.

Simplesmente, os gays foram alçados, sob os argumentos de pastores, prelados e teólogos protestantes e católicos, como a mais recente "ameaça" oriunda desse poder maligno, visando a destruir a "obra de Deus", manifesta no suposto risco que representam para a "família" (ela mesma de origem divina, segundo a Bíblia) e uma suposta perseguição aos cristãos e seus valores, o que também ecoa fundo na teologia e espírito dos fiéis, dado o histórico de perseguição movido pelo Império Romano e outros agentes ao longo da história e mesmo agora. Toca-se também em outra fibra nevrálgica: o "Ide", a ordem de Cristo para pregar a palavra a "todas as nações".

Resumindo, não é verdade que o problema são as pessoas, apenas. Não é verdade que são todas elas "exploradas e enganadas por pastores malfazejos". Não é verdade que o problema seja o fundamentalismo, apenas. Não é verdade que a religião cristã prega o amor entre todos, centrada no exemplo de Cristo. A religião, ela-mesma, é parte, sim, do problema. É ela que provê o que temos visto agora. Ao menos em parte, o cristianismo é, sim, arrogante, beligerante, intolerante.

Para o evangélico médio, a igreja católica é a prostituta da Babilônia e apóstata. Os espíritas são hereges. Candomblecistas e umbandistas são manipulados pelos demônios, que são quem realmente se manifesta em suas rodas. Budistas, muçulmanos, judeus e membros de qualquer outra religião, além dos ateus, têm como destino final o inferno, por não terem aceitado "Jesus como seu único, legítimo e suficiente salvador". Esse é o lado obscuro do cristianismo, notadamente o evangélico, que é importante que vocês conheçam. Eu sei. Eu já fui evangélico – e não se enganem: isso se ensina dentro dos templos, nas escolas dominicais, nos púlpitos e nos sermões.

Embora isso que estou dizendo talvez não possa se consolidar em uma estratégia política, espero pelo dia em que movimentos afins possam descortinar esse lado que eles tão bem fazem questão de manter escondido. Que os católicos que apoiam os evangélicos em suas demandas saibam que, no fundo, aquele pastor do lado acredita que ele irá ao inferno por apostasia e heresia, destino não muito diferente do que, segundo eles, espera nós outros, gays.

E que, um dia, paremos de dizer que a religião "não tem culpa alguma" e passemos a tratá-la da forma como eles nos tratam, baseando-se nela. Que, se, com base nesse sistema de fé, se veem eles no direito de não aceitar nossa sexualidade (da qual, diferentemente do que fazemos em relação à sua religião, se esforçam em jogar na lama na primeira oportunidade e tachá-la de maligna e desviante), nós também temos o direito de não aceitar sua fé – e muito menos qualquer imposição que venha desse sistema do qual, segundo a tradição, enfim, já estamos, desde sempre, excluídos.

Não é hora de repensar alguns discursos? Mostrar que defender o direito gay é defender também as famílias, das quais gays não apenas participam, mas também formam? Chamar para um diálogo os cristãos que escaparam dessa armadilha teológica? Retomar os valores humanistas e iluministas de que religião é foro privado, em vez de isentarmos a mesma de toda e qualquer culpa? A se pensar.

Abraços
João Marinho

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sessão Pipoca: Shank





Este é um filme de temática pesada, envolve cenas de nudez, sexo e violência, entretanto, retrata bem os quadros de homofobia internalizada... É polêmico, mas vale a pena assistir... Não sei por quanto tempo ficará disponível esse filme no site, espero que fique disponível! No mais, pipocas na mesa, bom filme!


sábado, 2 de março de 2013

O PT trai novamente a comunidade gay



O Partido dos Trabalhadores vem fazendo uma política desastrosa em relação às demandas gays. Óbvio que para o partido, hoje, o apoio dos evangélicos parece seduzir e para se ter a convergência cristã,  ele tem que  crucificar o direito dos gays.

Nada, entretanto, dificultoso para o PT, que quando precisou usar os LGBT(s) como moeda de troca  para blindar o então ministro da casa civil, Palocci, não hesitou... e, na voz da presidente Dilma,  declarou: 

“Não aceito propaganda de opções sexuais. Não podemos intervir na vida privada das pessoas”.

 Tal declaração foi feita pela presidente em convergência aos interesses da bancada evangélica, que ameaçava assinar um pedido de CPI, contra o ministro Antônio Palocci, caso o Kit anti-homofobia não fosse suspenso. 

Dilma foi mais além, nomeou o bispo Marcelo Crivella como ministro em seu governo, suspendeu os vídeos de campanha de preservação contra o vírus HIV, que abordavam o relacionamento homossexual, por vídeos que não polemizassem, ou não trouxessem desgostos aos evangélicos.  Secretarias ligadas aos LGBT(s) reclamam de parcos recursos para sua atuação efetiva e, como se não bastasse, em mais uma manobra política, o PT deixa a Comissão de Direitos Humanos nas mãos do PSC, que colocará o pastor Marco Feliciano à frente, na presidência da comissão.  Esse último feito, depois de Dilma lançar sua pré-campanha à presidência em 2014.

Meu compromisso com esse quadro social, que aí está, chegou ao fim! Se Dilma e o PT podem trair a confiança de quem os apoiou, então Dilma e o PT já não são dignos de representar os LGBTs. E acho estranho, por exemplo, que petistas venham com um discurso manso, falando das décadas de 1960-80, período da ditadura militar, querendo evocar certo heroísmo a um passado de militância às causas sociais de Dilma, como se esse passado bastasse no presente, como se aquilo que foi feito no passado desse o direito da traição presente. Ora, lutar por lutar Fernando Henrique Cardoso lutou, José Serra idem... Militantes do PT pensam que estão lidando com quem?

Para muitos, dentro do PT, crítica válida é a crítica de se fazer barulho nas ruas em manifestações e ser torturado pelo governo militar, fora dessa época nada é válido, a internet não presta, qualquer outra crítica não traz fidedignidade. Enquanto os mesmos usam de todo o expediente virtual para sabotar o PSDB, por exemplo, e quando fazem isso, encontram razão plausível, aceita, bem-vinda! Hipocrisia? O PT se acostumou a ela...

Um militante do PT, raivoso por eu ter escrito que Dilma é uma presideANTA, afirmou em um debate para mim, que comunidade é coisa de Lecy Brandão e que, provavelmente, o meu contexto é permanecer em guetos, isolados. Discordo do fato simplório do militante, herói da bomba, conceituar a comunidade como coisa de Lecy Brandão, há um quê de preconceito e racismo aqui! Mas concordo com ele, quando afirma meu contexto de gueto, Dilma, a presideANTA, não está dando chances a comunidade LGBT, e meu contexto é de isolamento, pois o governo da presideANTA empurra às margens a comunidade gay com políticas pró-cristãs. Nesse aspecto, acertou Paulo Rezende, meu contexto é de gueto, pois a presideANTA do Brasil está nos empurrando às mazelas da mediocridade e da segregação por não tolerar direitos iguais à comunidade gay.

Sendo assim, rompi mesmo com o PT: #foraDilma!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Hipocrisia de Renato Vargens sobe ao trono de Deus



Eita, que não demorou e o Renato Vargens, que tem como ídolo o Silas Malafaia, mostrou suas asas gospel...

Dando uma de desentendido, bobinho, o lobo travestido de pastor saiu em defesa da psicóloga Maria Lobo, são membros da mesma alcateia, e disse que teme pelo conselho punir a referida psicóloga...
 É seu Renato, quem diria, deixando sua hipocrisia fétida de pastor desocupado tomar conta de suas emoções! Soli Deo gloria!

Confira aqui a postagem do Renato, hipocritamente, dando uma de desentendido, querendo fazer com que a questão vire perseguição religiosa, e não punição pelas práticas que o conselho veta, por exemplo, falar mal de homossexual enquanto psicólogo: 

CARTA AO CONSELHO DE PSICOLOGOS DO BRASIL SOBRE MARISA LOBO (SIC)

Prezados senhores,

Há pouco fiquei sabendo que o presidente do sindicato dos psicólogos de Manaus fala abertamente nas redes sociais sobre sua sua fé no candomblé, ( o que é um direito dele). O referido senhor também deixa para todos quanto puder, que é psicologo ( o que também é um direito que lhe assiste). 

Pois bem,  a psicologa Marisa Lobo, também publicamente tem manifestado sou crença em Deus e no cristianismo, contudo diferentemente do presidente do CPM, tem sido perseguida simplesmente pelo fato de  considerar-se cristã. Ora, vamos combinar uma coisa? Dois pesos, duas medidas? Persegue-se um em nome do laicismo e se faz vista grossa para outro? Psicólogos de outras religiões podem expressar publicamente sua fé em diversas divindades e crenças, sem maiores consequências e psicologos cristãos não?

Diante do exposto, manifesto publicamente minha preocupação quanto à possibilidade deste conselho em punir a psicologa Marisa Lobo. Ouso afirmar que atitudes deste nipe apontam de forma categórica para uma perseguição religiosa. 

Porventura Marisa não tem o direito de ser dizer cristã?

Prezados senhores a Carta Magna assegura a garantia dos direitos constitucionais conforme os termos dos Arts. 3º, IV; 4º, II; e 5º, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XIII, XIV, XV, XVI, XVII, XVIII da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, que nos assegura o direito de:a) PENSAR (liberdade de consciência);b) EXPOR NOSSAS IDÉIAS (liberdade de expressão, intelectual e científica).

Sendo assim, manifesto meu repúdio a possibilidade de qualquer tipo de punição a psicóloga Marisa Lobo, como também a proibição deste respeitado órgão em não permitir que seus afiliados exerçam liberdade de crença, de pensamento, e expressão.

Atenciosamente,

Renato Vargens

Levítico 18,22. 20,13



Será que estas duas passagens realmente condenam a homossexualidade? Se olharmos para as Escrituras em hebraico, veremos uma condenação diferente. Em parte de Levítico 20:13, lê-se o seguinte: "E quando um homem se deita com um macho assim como alguém se deita com uma mulher (...)". Se o escritor pretendesse dizer que a homossexualidade estava aqui a ser condenada, ele provavelmente preferiria utilizar a palavra hebraica 'iysh, que significa "homem", ou mais precisamente, "pessoa do sexo masculino". Ao invés, o autor utiliza uma palavra hebraica muito mais complicada, zakar, que traduzida literalmente significa "uma pessoa digna de reconhecimento".

Esta palavra era usada para designar os altos sacerdotes das religiões idólatras ao redor de Israel. As pessoas acreditavam que, se prestassem favores sexuais ao alto sacerdote (um ritual de fertilidade), era-lhes garantida a abundância de filhos e de colheitas. Então, se virmos o texto de Levítico 18:22 atendendo ao seu próprio contexto, teremos também que levar em conta o versículo 21, que lhe antecede: "E não deves permitir que alguém da tua descendência seja devotado a Moloque". O que temos aqui, na verdade, são avisos feitos aos israelitas para que eles não se envolvessem nos rituais de fertilidade dos adoradores de Moloque, que frequentemente requeriam a prestação de favores sexuais ao sacerdote. Se esta fosse uma mera condenação dos homossexuais, o escritor teria empregue uma linguagem mais clara.

Confira no estudo abaixo:
Estudo retirado do Site da  Comunidade Betel

HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
(Apostila IV)

Autora Revda Yvette Dube

Igreja da Comunidade Metropolitana

www.icmbrasil.com

(Tradução livre de José Luiz V. Silva) *

LEVÍTICO
Levítico 18,22 – Versão Sociedade Bíblica do Brasil – SBB:
“Com homem não te deitarás, como se fosse mulher, é abominação”.
Levítico 18,22 – Versão Nova Versão Internacional - NVI:
“Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher: é repugnante”.
Levítico 20,13 – SBB:
“Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles”.
Levítico 20,13 - NVI
“Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte”.
Levítico 20,13 – Versão Editora Ave Maria – EAM:
“Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometeram uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa”.

Algum tempo atrás circulava na Internet uma “carta-aberta” dirigida à locutora de um programa de rádio conhecido por ser conservadora e homofóbica. Essa locutora usava essas passagens bíblicas do livro de Levítico para apoiar a sua condenação à homossexualidade. A carta-aberta, que surgiu em resposta às acusações, utiliza-se de passagens do mesmo livro do Levítico, e estabelece questões como as que se seguem:
·      “Eu sei que quando eu queimo um bezerro no altar, como um sacrifício, o odor que se desprende é cheiro suave e agradável ao Senhor. (Levítico 1,5-9) O problema são meus vizinhos. Eles dizem que o odor não é nada agradável e ameaçam chamar a Saúde Pública, que também não gosta do odor. Que devo fazer?
·      Levítico 11,7-8, diz que ao tocar o cadáver de um porco me torna impuro. Poderei praticar algum esporte com bola feita de pele de porco, caso use luvas?
·      Levítico 11,12 diz que comer marisco é abominação. É uma abominação maior ou menor do que a homossexualidade?
·      Eu sei que não devo ter contacto com uma mulher durante o seu período menstrual (Levítico 18,19). O problema é; como saber? Sempre que pergunto a maioria das mulheres se sente ofendida.
·      Levítico 19,19 me diz que não posso plantar tipos diferentes de sementes no mesmo campo, e nem usar roupas feitas de dois tipos diferentes de material. Devo concluir que serei condenado se tiver uma pequena horta no fundo do quintal com alguns vegetais e temperos, ou se usar uma camisetinha básica, de algodão e poliéster.
·      A maioria das pessoas que conheço corta o cabelo de vez em quando, apesar de que isso é expressamente proibido em Levítico 19,27. Estaremos todos condenados?
·      Levítico 21,16-20 declara que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver um defeito físico. Eu uso óculos. Será que Deus faz “vista-grossa” para este pequeno detalhe?
·      Levítico 25,44 declara que eu posso possuir escravos ou escravas desde que tenham sido comprados em um dos países vizinhos. Um amigo meu insiste que essa regra se aplica a Argentinos e Paraguaios mas não a Uruguaios. Poderia me orientar? Por que não me é permitido possuir escravos uruguaios?”
Parece muito claro a percepção de que é muito incoerente e até inconveniente tirar alguns versículos das Escrituras de seu contexto e tentar aplicá-los no mundo de hoje. Podemos também questionar a validade de se aplicar algumas passagens da Bíblia a um determinado grupo de pessoas e simplesmente ignorar o resto. Nos parece ridículo tentar aplicar nos dias de hoje as passagens do Levítico 1,5-9; 11,7-8; 11,12; 18,19; 19,19; 19,27; 21,16-20; 25,44, isto para mencionar apenas algumas passagens. Nesse caso o que justifica então os versículos 18,22 ou 20,13? Enquanto não podemos simplesmente “jogar fora o bebê junto com a água da banheira”, nós podemos ter os Dez Mandamentos como nosso referencial no Antigo Testamento, e os mandamentos de Jesus, na era Cristã. Jesus nos disse que a Lei Hebraica e os ensinamentos dos Profetas poderiam ser incorporados na Lei do Amor - amor a Deus, amor ao próximo, e amor-próprio (Amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo). Obviamente relações incestuosas e adúlteras, bem como molestar crianças viola a Lei do Amor, mas não o amor sincero e compartilhado entre duas pessoas que, por acaso, são do mesmo sexo. Tão simples assim.
Mas por outro lado: Será tão simples assim??? Está bem claro na Bíblia: “um homem não se deitará com outro homem como se fosse com uma mulher porque isto é uma abominação”, ou “repugnante”, conforme outra versão... Se isso não for uma condenação à homossexualidade o que é isto? E porque está lá então? Nós queremos que este estudo seja completo, sem deixar áreas nebulosas, com dúvidas. Apesar de que está claro, que não podemos pinçar umas passagens e aplicá-las nos dias de hoje, a pergunta então é: quando e a quem esta passagem foi dirigida? Se é que foi, algum dia. Será que essa passagem foi dirigida a algum grupo de homossexuais da Antiguidade? Para respondermos a tais questões, precisamos observar esses versículos dentro de seu contexto. Como veremos, sempre que ocorre uma discussão sobre o significado de determinadas passagens da Bíblia, os pesquisadores assumem diferentes abordagens para chegar a um ponto de entendimento sobre o que eles pensam que as Escrituras dizem. Tentaremos mostrar as várias percepções, de acordo com o nosso entendimento delas.
Primeiramente devemos entender que naquela época as pessoas não tinham a concepção de homossexualidade como nós temos hoje em dia. Tratava-se de uma sociedade patriarcal, gerida e administrada pelos homens, na qual as mulheres eram consideradas propriedades dos homens. Naquela época, sexo geralmente não tinha muito a ver com amor e muito menos com carinho. Sexo era meio de procriação e, de prazer para os homens, mas o sexo também era sinal de dominação. Após as batalhas, era comum que os vitoriosos praticassem sexo forçado com os derrotados, a fim de humilhá-los. Proprietários de escravos podiam normalmente praticar sexo forçado com estes como uma atitude de dominação, ou para seu prazer. Para um homem livre, deitar-se com outro homem livre da mesma tribo ou comunidade, significaria uma dominação; seria comparável a reduzi-lo ao “status” de uma mulher, isso o desonraria. Por isso era proibido, ou expressamente desaconselhável.
A segunda coisa que precisamos estar atentos é, que durante o êxodo Moisés designou à tribo de Levi a atribuição de atuar como sacerdotes para o povo de Israel (Êxodo 32,29), e o livro do Levítico foi escrito como que “instruções” ou um “código de conduta” para os sacerdotes. De acordo com o Manual Bíblico de Abbington, o livro do Levítico:
"…refere-se às atividades dos sacerdotes Levitas, que dirigiam o povo de Deus, durante os cultos e cerimônias de adoração. Os capítulos 17 até 26 faziam parte de um documento independente mais antigo chamado de Código de Santidade. Muitas das leis deste código e o restante do Levítico são da antiguidade, alguns provavelmente tirados da prática dos cananeus e adaptados nesta nova circunstância. Este conjunto de leis e ritos serviu como modelo ritualístico e sacerdotal no templo durante o pós-exílio”  (p. 101).
Os primeiros três versículos do Capítulo 18 nos diz: “Falou mais o Senhor Deus a Moisés, dizendo: “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Eu sou o Senhor vosso Deus. Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual vos levo, nem andareis nos seus estatutos." Os versículos 6 até o 18 enumeram uma série de proibições acerca de relações sexuais entre membros da família, e o versículo 19 instrui os homens a não terem relações sexuais com mulheres durante o seu período menstrual, enquanto que o versículo 20 proíbe relações sexuais com a mulher do próximo.
Entretanto parece que há uma mudança de assunto a partir do versículo 21, mudando da proibição de relações sexuais com parentes próximos para a idolatria, incluindo os versículos 22 e 23, que diz o seguinte:
Levítico 18,21-23 (SBB)
21 “E da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; e não profanarás o nome do Senhor teu Deus. Eu sou o Senhor.
22 Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;
23 Nem te deitará com um animal para te contaminares com ele, nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele, confusão é”.
Levítico 18,21-23 (Versão Bíblia Eletrônica)
21 "Não oferecerás a Moloque nenhum dos teus filhos, fazendo-o passar pelo fogo; nem profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o “Senhor”.
22 “Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação”.
23 Nem te deitarás com animal algum, contaminando-te com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; é confusão“.
Quem era Moloque? Em Levítico, capítulo 20, versículos 1 a 5 lemos:
1 “Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Também dirás aos filhos de Israel: qualquer dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros peregrinos em Israel, que der de seus filhos a Moloque, certamente será morto; o povo da terra o apedrejará.
3 Eu porei o meu rosto contra esse homem, e o extirparei do meio do seu povo; porquanto eu de seus filhos a Moloque, assim contaminando o meu santuário e profanando o meu santo nome.
4 E, se o povo da terra de alguma maneira esconder os olhos para não ver esse homem, quando der de seus filhos a Moloque, e não matar,
5 eu porei o meu rosto contra esse homem, e contra a sua família, e o extirparei do meio do seu povo, bem como a todos os que forem após ele, prostituindo-se após Moloque".
Quem era Moloque? Moloque era o deus amonita do fogo. Muito popular e muito colorido. Seguidores de Moloque muitas vezes pintavam o seu corpo com chamas (Note que o capítulo 19,28, instrui aos israelitas não fazerem marcas no corpo). Muitos homens costumavam fazer suas barbas desenhadas, de maneira que essas representassem chamas de fogo, (capítulo 19, 27 instrui os homens a não cortarem os cabelos ou suas barbas de maneira arredondadas).
Moloque era um deus muito exigente, e uma de suas exigências era o sacrifício de crianças. A fim de saciar e acalmar Moloque, uma criança tinha que, de tempos em tempos, ser queimada até a morte. Era comum que deuses pagãos exigissem sacrifício humano. Mas a religião hebraica era muito diferente. Deus chamou as pessoas para separá-las, para fazê-las diferentes de seus vizinhos. Enquanto os deuses pagãos exigiam sacrifícios humanos, na religião hebraica era exatamente o contrário: Deus seria sacrificado pelo homem (Isaías 53).
Lembre-se que o primeiro mandamento, e de acordo com Jesus o maior deles, diz: “Ouça ó Israel, O Senhor é o teu Deus, O Senhor é o teu único Deus!” Se este é o maior mandamento conseqüentemente o maior pecado é a idolatria. Não se deve desonrar Deus, então oferecer sacrifícios para Moloque evocaria pena de morte. Apesar de que possa parecer triste e até mesmo absurdo nos dias atuais, o pecado não era o sacrifício de crianças, mas a idolatria que era considerada o verdadeiro mal, como vemos na última linha acima, aqueles que se prostituem seguindo Moloque.
Mantendo a temática na idolatria, em respeito ao versículo 22, note a instrução no versículo 3, de não fazer como os moradores de Canaã. Lembre-se que os hebreus eram um povo nômade, enquanto os cananeus eram um povo agrícola. A religião cananéia gravitava em torno da fertilidade da terra e das pessoas. A expressão desta fertilidade inserida na religião era demonstrada através das visitas aos templos do(a/s) deus(a/s) e envolvimento em relações sexuais, geralmente do mesmo sexo, com os sacerdotes ou sacerdotisas disponíveis no templo. Então o versículo 22 instrui os hebreus a não se deitarem com um homem, como se fosse uma mulher em um sentido ritualístico, por causa de sua toebah, sua abominação, isto é, suaidolatria.
Da mesma maneira, o versículo 23 instrui as pessoas, e especialmente as mulheres, a não se envolverem em sexo com animais, porque isso era considerado uma forma de idolatria. A Enciclopédia Bíblica Padronizada Internacionalconsidera:
“Estas proibições referentes às relações com animais podem ter sido formuladas com a finalidade de distinguir os israelitas dos cananeus, pois estes últimos eram considerados por alguns estudiosos como praticantes costumeiros de práticas ritualísticas de cópula com animais” (Vol. 1, pp. 443).
Um outro ponto a se considerar é que a SBB traduz como confusão a palavra hebraica tebel, que significa mistura, mescla, antinatural, anormal. Como vemos no estudo de Judas/Sodoma, o pecado envolve a mistura de espécies diferentes.

Irmãs acusam pastor evangélico de abuso sexual

Pai das meninas diz que ‘perdeu o chão’ e ‘ficou louco’


Duas irmãs de 12 e 15 anos, moradoras do Jardim Higienópolis, acusam um pastor de abuso sexual. O caso foi denunciado na tarde desta segunda-feira na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Franca. Segundo as menores, o pastor se chamaria José Elias e seria o responsável pela Igreja Evangélica Paz no Vale, no Jardim Redentor. Os ataques teriam começado há nove meses. A primeira a sofrer os abusos seria a menina de 12 anos. “A primeira vez que ele fez isso, a gente estava na casa dele com um grupo de jovens. Ele começou as orações e me pediu para ir para o quarto. Lá, ele fez essas coisas comigo. Disse que estava me libertando e pediu para não falar para ninguém porque se não Deus iria se voltar contra mim”, conta a menor.

Os supostos abusos só foram descobertos porque na última sexta-feira o pastor teria resolvido atacar a irmã mais velha, de 15 anos. “Ele foi almoçar em casa. Depois, quando eu e a minha mulher estávamos saindo para o trabalho, perguntou se podia ficar mais um pouco para benzer a casa. Eu deixei. Não imaginei que ele fosse fazer o que fez”, disse o pai das meninas.

Segundo o relato da garota de 15 anos, assim que seus pais saíram, José Elias a teria levado até um quarto, onde teria praticado os abusos. “Ela conta que ele acariciou seus seios, passou a mão e introduziu o dedo em sua vagina e no seu ânus”, disse a delegada Graciela Ambrósio, responsável pelas investigações.

Com medo e vergonha, a irmã mais velha se recusou a voltar à igreja, o que despertou a desconfiança de seu pai. “Eu estranhei e comecei a perguntar. No começo ela disse que não era nada. Como insisti, hoje [ontem] na hora do almoço, ela chorou muito e me contou o que aconteceu”, disse o pai.

Ele resolveu também questionar sua filha mais nova, que, para seu desespero, disse que vinha sofrendo abusos há nove meses. “Perdi o chão. Fiquei louco. Minha vontade era matá-lo, mas pensei na minha família e vim denunciar.”

A delegada Graciela Ambrósio disse que os relatos das vítimas são muito contundentes. “Elas narram praticamente as mesmas coisas.”

Segundo a delegada, para convencer as vítimas a consentirem o abuso, José Elias dizia que as jovens precisavam ser purificadas. “Ele as convencia de que elas precisavam passar pelo processo de libertação do espírito da sensualidade e de demônios. Então, dizia estar com o Espírito Santo e ungia as partes íntimas delas. Aproveitava para passar a mão nos seios e introduzir seus dedos na vagina e no ânus”, disse Graciela. A delegada informou que as vítimas disseram que não houve relação sexual com penetração.

Segundo a delegada, os ataques aconteciam na residência das vítimas e na casa do pastor. “Ele era tido pela família como alguém de confiança, por isso os pais permitiam que as meninas fossem à casa dele e que ele as visitasse em casa.”

INVESTIGAÇÕES

A delegada acredita que o número de possíveis vítimas do pastor possa ser muito maior. “Pelo que já colhemos de depoimentos, pelo menos, mais duas meninas teriam sido abusadas. Inclusive, há testemunha que presenciou os fatos. Também já tivemos notícias de outras meninas com as quais ele agia da mesma forma. Estamos investigando e vamos ouvir todos os envolvidos.”

Ontem mesmo a delegada já tinha iniciado as investigações e ouvido uma testemunha. No final da tarde de ontem, ela apresentaria à Justiça o pedido de prisão preventiva do acusado. “Esse é um caso sério, preocupante. Temos que agir.”

Graciela informou ainda que o pastor deve responder por dois crimes: estupro (para as vítimas menores de 13 anos) e posse sexual mediante fraude (para as maiores de 13 anos).

O pastor, segundo as vítimas, teria cerca de 50 anos, seria casado e teria uma filha de 17 anos. Sua mulher e esta filha viveriam em Itaú de Minas (MG), onde existiria outra filial da igreja. José Elias se dividia entre a unidade de Franca e a mineira. Ele teria aberto a igreja no Redentor há cerca de um ano. O templo era frequentado por cerca de 100 fiéis, a grande maioria jovens. Ontem a reportagem esteve no local, que está fechado. Não há sequer uma indicação de que no prédio funcionaria uma igreja. Vizinhos disseram que os cultos ocorriam sempre depois das 19 horas e que a última movimentação foi no domingo.

A reportagem também tentou entrar em contato com José Elias por meio de um número celular informado por fiéis, mas ninguém atendeu ao telefone.

Mãe chora ao saber que filhas foram estupradas: 'A gente confiava nele'

Informações de GCN: http://www.gcn.net.br/jornal/index.php?codigo=202692&codigo_categoria=21