2014 e uma discussão
antiga volta com os ares de novidade. Não consigo compreender bem, mas parece-me
que existem algumas pessoas, mal-intencionadas,
que fazem do discurso do gay promiscuo, causador dos males da humanidade, um
movimento sádico, silencioso, capaz de infringir culpa e reprovação em um
número enorme de pessoas mal resolvidas, enquanto os propagadores desse
discurso do “gay-família”, monogâmico, seguem em suas orgias, fugidas dos
olhares dos pobres coitados, que compram tais ideais por terem verdadeiras
patologias psíquicas em questão.
Para mim, e isso é muito
singular, tais pessoas agem assim como uma forma de compensar o lado promiscuo
do caráter com uma reprovação conceitual, algo que possa valer um “mea culpa”
até o próximo bacanal sem camisinha, e todos os atos sórdidos e picantes que
você possa imaginar. Não obstante, que sempre nas reprovações de condutas, lucubradas
em gabinetes, a temática das DSTs vem à tona, o uso da camisinha sempre é
insuficiente para salvar os seres sexuados do sexo, sendo as relações
monogâmicas e estáveis o sinônimo da garantia da vida segura e quase eterna.
O problema que vejo nesse
movimento, que estou percebendo, não é a promiscuidade em si, não são os atos
seguros ou inseguros em si, mas a hipocrisia. Os primeiros a atirarem as
pedras, são também os primeiros a praticarem as orgias e pasmem: na maioria das vezes são os primeiros a transmitirem
as DSTs, ou seja, pregam um comportamento de gabinete extremamente conservador,
mas escondidos fazem o contrário daquele que divulgam.
Assim, longe de ser
preconceituoso, mas é estranho uma pessoa, por exemplo, ir para as redes
sociais, envolver-se em brigas de opiniões estrondosas em relação à promiscuidade,
enquanto, ao fim do dia, faz sexo sem camisinha com 08-10 pessoas, sendo a
mesma portadora do vírus HIV. Por isso, digo que o problema reside na hipocrisia. Primeiro,
a pessoa que divulga um discurso, deveria ser a primeira a vivenciá-lo (isso
não só parece ser óbvio, mas é o que se espera). Segundo, se a pessoa é
portadora de um comportamento de risco e que deseja se envolver com outra pessoa sexualmente, é de bom tom que as
coisas sejam esclarecidas entre as partes, para que todos tenham a chance de
praticarem seus atos sabendo, de fato, o risco envolvido no mesmo. Terceiro,
melhor que fazer “mea culpa” na internet é jogar limpo com os parceiros
sexuais, não tendo um comportamento predador, sendo honesto em relação à
situação específica.
Doenças se pegam pelo ar,
pela mão, pela comida, pelo sexo, enfim, basta estar vivo para se adoecer,
agora fazer o terrorismo, dizendo que a camisinha não é suficiente para a
prevenção das DSTs, que só o abandonar da promiscuidade será capaz de nos
conduzir a uma vida saudável, enquanto nos bastidores se vive uma vida
promiscua e sem regras é desumano... É
querer colocar limite no outro sem ser verdadeiro com o mesmo; uma forma
de disfarçar a covardia de se dizer quem é, ou em que estado se encontra,
tentando livrar o maior número de pessoas possíveis de serem vítimas da própria
torpeza em que se encontra assentado.
Em 2014, viva o ânus,
viva o cu, faça os testes de DSTs, transe bastante (com segurança, com camisinha),
e se em alguma situação as coisas tiverem que ser melhor esclarecidas, seja
verdadeiro, melhor do que vir para internet falar asneiras, aliás, que nem mesmo do
próprio discurso se coloca em prática.
2014 mais amor e menos
cinismo.
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