quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A culpa é da promiscuidade: um erro conceitual


Alguns argumentos trazidos em termos de apologética, em questão da promiscuidade ser um mal em si mesmo, tentam sair do viés moral-religioso para o viés cientifico,  sem, contudo, serem bem sucedidos no feito.  Afinal, dizem os profetas da desgraça alheia: “transar com camisinha não é 100% de garantia de que não se contrairá uma DST, como, por exemplo, o HPV e isso cientificamente comprovado”.

Para tais pessoas do argumento retromencionado, o jeito eficaz para  não se contrair doenças sexualmente transmissíveis é não ser promíscuo nunca, afinal, a doença reside na promiscuidade de per si. Ou seja, se seguíssemos essa lógica nem respirarmos mais poderíamos. Imaginem que a “Gripe Suína- H1N1”- matou em 2009, segundo dados da OMS (organização Mundial da Saúde), uma média estimada em 570 mil pessoas (NewScientist). A saber, uma das formas de transmissão da doença é se respirar o ar  do mesmo ambiente infectado pelo vírus.

Se em contra partida, tomando por base os dados da Gripe Suína, que em sua forma epidêmica foi fatal, compararmos o número de óbitos causados por câncer de colo de útero, HPV transmitido por relações sexuais, em Brasília, no ano de 2012, concluiremos que o monstro não é tão feio como se querem pintar, uma vez que 84 mulheres faleceram vítimas do mal, em uma população de 2.648.532 habitantes.

Poderíamos pensar na Dengue, doença comum no Brasil, por exemplo, mata mais que o HPV e não deixa muito tempo para o paciente ser tratado. E agora, diante do exposto, a quem deveríamos culpar por essas moléstias? A questão é muito óbvia, trabalha-se um conceito a partir de uma premissa falsa: A promiscuidade é a fonte da doença. Enquanto, na verdade, o mau uso do corpo é a causa.

Ir ao médico regularmente, fazer os exames de rotina, cuidar do corpo, da saúde, é um dever de quem quer viver bem. Fatalmente, vamos contrair doenças, não estamos livres delas, mas se tivermos o diagnostico precoce das mesmas, em muitos casos. elas são inofensivas como, por exemplo, o diagnostico eficaz do câncer de colo de útero em seu estágio inicial.

Ninguém morre por fazer sexo; as pessoas morrem por não se tratarem, por não procurarem o médico, por acharem que tudo está bem. Jogar a culpa do descuido pessoal no comportamento sexual, chamando-o  de promiscuidade e elaborar conceitos morais religiosos, querendo dá-los  o ar de cientificidade, é uma estupidez que camufla o preconceito e  a ignorância e nada contribui para uma melhor qualidade de vida.

Gays são promíscuos? E quem não é?


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