quinta-feira, 22 de abril de 2004



Da Argentina para ONU
''Nem religiões fundamentalistas, doutrinas e politicas podem apoiar a infâmia da desigualdade que sofrem as pessoas por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero.''

Pedro Anibal Paradiso Sottile e Cesar Cigliutti(CHA - Argentina) fizeram um discurso na 60ª sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU. (artigo 14: Grupos vulneráveis)



Senhor Presidente, distintos membros da Comissão de Direitos Humanos,

Como membro da Assembléia Permamente pelo Direitos Humanos e ativista da Comunidade Homossexual Argentina e da Associação Internacional de Gays e Lésbicas, venho denunciar a violação dos direitos humanos que vivemos por nossa orientação sexual e identidade de gênero.

Muitas nações do mundo estão igualando os direitos das pessoas homossexuais aos do resto da sociedade. Contudo, em alguns países, ser gay, lésbica, bissexual, travesti, ou transexual significa sofrer discriminação.

Esta discriminação para nossa comunidade se manifesta em insulto, na invisibilidade, na perseguição e assassinato. A intolerância para nós chega até negar-nos o direito à saúde, à moradia, à educação e ao trabalho.

Necessitamos declarações e leis de proteção para evitar esses abusos e para que não exista impunidade.

O reconhecimento de nossos direitos é só uma questão de tempo. Não existe religiões, nem fundamentalismos, nao existe doutrina, não existe política, que possam apoiar a infâmia da desigualdade das pessoas por conta de sua orientação sexual e identidade de gênero.

É importante que a Comissão de Direitos Humanos afirme a universalidade destes direitos reconhecendo às pessoas adultas o direito de sermos nós mesmos e de querer-nos livremente...

Este ano está presente em Genebra, uma numerosa e diversa delegação de todo o mundo integrada pela Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), uma federação de 400 organizações de mais de 90 países e também outros organismos internacionais. Somos de todas as raças, classes sociais, culturas e religiões. Temos o direito de ser protegidos e protegidas contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero na mesma medida em que seríamos se fossemos discriminados e discriminadas por nossa raça, opinião e religião.

Na Argentina, o Presidente da Nação apoia o reconhecimento dos direitos humanos de todas as pessoas, respeitando a orientação sexual e identidade de gênero. Também o acompanha a sociedade civil argentina, através das mais importantes organizações de direitos humanos, sociais e sindicais.

Vocês, que foram eleitos para integrar esta Comissão de Direitos Humanos de todo o mundo têm o poder de mudar e melhorar nossa situação e a história. A igualdade, a justiça e a liberdade são valores que não devem ser negociados. Milhões de pessoas no mundo esperam este ato de justiça.

Somente a educação e o respeito à diversidade garantem a dignidade de todas as pessoas e de todas as civilizações: na origem da luta das pessoas gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais está o desejo de todas as liberdades.

Na origem de nossa luta está o desejo de todas as liberdades.

Muito obrigado senhor Presidente.


Intervenção de Pedro Paradiso Sottile y Cesar Cigliutti
Assembléia Permanente pelos Direitos Humanos
(APDH)

Genebra, Abril de 2004

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