Ao falar sobre o seu levantamento anual de quantos homossexuais foram vitimas fatais de homofobia, ele foi enfático ao dizer que o Brasil Sem Homofobia "não funciona" e que as 500 propostas tiradas da Conferência Nacional LGBT "não têm diminuído a morte de homossexuais e travestis". Por conta disso, o professor afirmou ser necessário uma mudança de postura. "Se na próxima pesquisa esse numero aumentar, nós temos que radicalizar. E para isso vamos fazer uma campanha onde diremos 'Mate em legitima defesa, se proteja'", declarou o ativista. Vale lembrar que o relatório do antropólogo divulgado na semana passada, registrou em 2008 um aumento de 55% no número de mortes de gays em relação a 2007.
A declaração de Mott causou mal estar e dividiu opiniões. Algumas pessoas da plateia o chamaram de "terrorista". Outros disseram que ele "arrasou" com a ideia. Claudio Nascimento, do grupo Arco Íris, disse que o levantamento de Mott é "fundamental" e o único feito no pais, mas ameaçou "solicitar ao congresso que intervenha" se o antropólogo realmente levar a ideia adiante, ou apresentar algum tipo projeto. "Não é esse o caminho", afirmou Nascimento.
Caio Varela, assessor parlamentar da senadora Fátima Cleide (PT-RO) também discordou da ideia do professor Mott. "Ele não entende que amanhã uma bicha lá do fim do mundo pode ler isso em algum site ou jornal e cometer um crime", declarou. Também disse que tal colocação é "capitalista e individualista". "O que eles querem? Uma polícia específica para LGBT? Segurança pública tem que contemplar a todos. Acredito que o Mott está querendo chamar a atenção", analisou. Para concluir Caio disse que se existisse pena de morte em nosso país "os LGBTs seriam os primeiros a serem executados". "Imagina, você chegar em uma travesti e dizer, 'se sentiu ameaçada? Vai la e mata'", finalizou o assessor.
Eduardo Barbosa, do programa nacional de DST/Aids disse que a proposta é "totalmente descabida" e "contraria qualquer tipo de política publica voltada para os direitos humanos". Toni Reis, presidente da ABGLT, acredita que "isso é um factoide baratíssimo". "A ABGLT é contra esse tipo de proposta, somos pró-vida e pró Direitos Humanos", afirmou. Nascimento voltou a criticar a campanha de Mott, ao afirmar que a sugestão é "panfletaria e sem valor".
Fonte: A Capa
COMENTÁRIO SOBRE A NOTÍCIA
Bem, se a intenção era gerar polêmica, perfeito! Ela foi gerada, ainda, se é gerar o debate, não vejo outra forma melhor para fazê-lo, e mais, se foi protestar, ainda que em uma inversão da lógica, o protesto foi PRÁTICO!
Vou explicar o porquê de minha conclusão sobre as declarações do antropólogo Mott: a sociedade civil, brasileira, organizada e instituída não tem leis de prevenções, que, de fato, garantam o direito das minorias serem livres e se expressarem. Assim, nos são vedadas às uniões homo- afetivas, nos são vedados Direitos individuais e constitucionais, não há políticas públicas, que garantam espaços sadios e de boa convivência societária à prática do namoro entre iguais e cultura comum, uma vez que o homossexual é discriminado, sendo jogado para os guetos e parques escuros, submetidos ao total descaso e violência, martírio e morte.
Destarte, a visão heterossexualizada do comportamento normativo dissemina, pela falta de políticas de conscientização, a violência tácita contra os gays, os diferentes, os desiguais. Enquanto, a própria sociedade civil finge não ver o que está acontecendo, pois não é importante, não interessa, no fundo, no fundo... O preconceito se faz também na negligência da falta de políticas sociais.
Quando Mott diz da legitima defesa dos gays, aquilo que é tácito, e latente, vem à luz de forma recriminadora! Afinal, não acontece a mesma coisa, no Congresso Nacional, ao acusarem o PLC 122/06 de ditadura gay? Ou seja, é inadmissível pensar que um homossexual pode se tornar agressivo, mesmo que seja para se defender! Os gays têm que continuar passivos... E, passivos, aqui, com todo o preconceito e subjugo que o termo traz em si mesmo.
Obviamente, que não há um incentivo à prática da violência, a provocação é antropológica e reveladora, ao mostrar que o preconceito é tão profundo e amalgamado, que ele encontra meios de rejeitar qualquer direito, por mais legítimo que esse seja, quando se faz presente na órbita homossexual.
Lembro-me, agora, dos gays que foram espancados num shopping em Santo André-SP(ABC), na época, eu entrei em contato com uma vereadora do PDT, parabenizando-a pela atitude, que interveio e cobrou das autoridades às devidas providências, pois, até, o direito de representatividade junto às autoridades policias deles foram exauridos , quando a polícia se negou a fazer o TCO, alegando que as vítimas da rixa não eram vítimas... Nem, sequer, prestaram- se às investigações que estavam expostas nas páginas do Orkut, onde a gangue convocava seus militantes para a ação. Ou seja: apologia ao crime, formação de quadrilha, perturbação da ordem pública, e a rixa (Clique aqui para ler a notícia exposta nesse blog à época)!
Portanto, vejo mais as declarações de Mott como um fator de denúncia provocativa à realidade última que nos atinge todos os dias, algo para se pensar, refletir e debater... Não apenas encarar como uma ação imediata, ou um dizer a se cumprir, mas refletir tal fato na esfera social, psicológica e antropológica, e por que não, política?
Apoiadissimo o nosso UNICO e SUFICIENTE representante, Luis Mott!!!
ResponderExcluirDe onde a besta do Sr. Caio Varela tirou a idéia de que legítima defesa é crime?