A banda O Teatro Mágico investe em parcerias musicais no terceiro álbum: sons colaborativos marcam o terceiro trabalho
Fenômeno da internet com 5 milhões de transmissões de músicas dos discos Entrada para raros (2003) e Segundo ato (2008), 6 milhões de downloads e 300 mil álbuns vendidos, o grupo O Teatro Mágico completa oito anos de estrada e lança o último trabalho da trilogia: A sociedade do espetáculo. Com 19 faixas, o disco bebe na fonte de sons nordestinos em Nosso pequeno castelo, passa pela guarania gaúcha na Canção da terra, e chega até a batida do funk carioca de Novo testamento.
Inspirado no livro do francês Guy Debord, o título já diz, na capa, a que veio: reflexão sobre os tempos modernos. Desenhos lembram ilustres conhecidos, como Nelson Mandela, Fidel Castro, Karl Marx e Chapolin Colorado. “Algumas ilustrações realmente são aquilo que você está vendo, outras são só sugestões. A ideia é justamente essa: confundir. Elas representam a sociedade do espetáculo que, na verdade, somos todos nós”, explica Fernando Anitelli, vocalista e mentor da banda que, mais uma vez, traz composições engajadas.
Na canção Esse mundo não vale o mundo, a letra “essa hetero intolerância branca te faz refém” critica, no mesmo verso, a homofobia e o racismo. Na música O que se perde quando os olhos piscam (“Pronde vai... a culpa da cópia!? Pronde foi… a versão original!?), a referência é a Creative Commons, licença que flexibiliza os direitos autorais, utilizada pelo O Teatro Mágico. Amanhã…será? fala das revoluções populares e do uso da internet. Quem diz que a revolução está saindo da internet está enganado, ela ainda vem do povo, a rede é só uma ferramenta. A insurreição está em nós e a primavera árabe traduziu isso muito bem” diz Anitelli sobre a terceira faixa do CD.
Parcerias
“Esse é um álbum que consolida as questões da pluralidade, das parcerias e do colaborativo”, sintetiza Fernando Anitelli sobre as participações especiais em A sociedade do espetáculo. O disco contou com a presença de Sérgio Vaz (Felicidade?), Pedro Munhoz (Canção da terra), Alessandro Kramer (Eu não sei na verdade quem eu sou), Nô Stopa (Folia no quarto), Leoni e do saxofonista da Dave Matthews Band, Jeff Coffin.
“A construção da música que fizemos com o Leoni foi toda virtual. Gravei um pedaço da melodia, ele colocou a letra, troquei umas palavras e a gente mudou o tom. Depois, ele colocou a voz, mixamos e Nas margens de mim estava pronta. Tudo pela internet. Mas hoje, esse comportamento é muito comum. Com o Jeff também foi assim. Ele mandou Transição por e-mail, colocamos no CD e a participação dele estava pronta”, revela o músico. Com os fãs, Anitelli compôs (também pela web) O que se perde quando os olhos piscam.
Além do produtor Daniel Santiago, outras duas crias do cerrado completam a lista dos ecléticos convidados do terceiro disco do grupo paulista: o gaitista Gabriel Grossi (Até quando…) e o baterista Rafael dos Santos, novo integrante da trupe. “Conhecemos Santiago pelo Hamilton de Holanda e, quando chegou a oportunidade de gravar o CD, não pensamos duas vezes em chamá-lo para produzir nosso novo trabalho. Rafael e Grossi também vieram pelo Hamilton e foi ótimo, pois todos são músicos virtuosos que ajudaram a amadurecer nosso trabalho”, finaliza.
Os saltimbancos
» Daniel Santiago (voz)
» Fernando Anitelli (voz)
» Fernando Rosa (baixo)
» Galldino (violino)
» Guilherme Ribeiro (teclado)
» Gustavo Anitelli (voz)
» Ivan Parente (vocal)
» Rafael dos Santos (bateria)
» Silvio de Pieri (flauta e saxofone)
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