terça-feira, 29 de julho de 2008

Militância, por que te incomodas?


Por Renato Hoffmann




Tenho sentido, ultimamente, uma forte inclinação, por parte de certos grupos intelectualizados, contra a militância gay. Interessante, que toda espécie de militância, que não seja militância do senso comum, incomode. Obviamente, a questão da militância não é separada da esfera do poder, seu axioma se configura nessa esfera e, jamais, será compreendido fora dela.

Assim, militar é atuar, é praticar algo, em nome de alguma coisa, em concordância de alguma idéia ou significado. Destarte, ser militante é ser inserido em alguma organização, sendo as mais comuns- políticas. Mas, não só às políticas, como também, às que se movem em atmosferas de camaradagem, cumplicidade num mesmo ideal. O que significa, intrinsecamente, que toda militância é militância de uma ideologia; sua prática, sua ação. Assim, mesmo sem estar inserido formalmente num grupo, aquele que porta à mensagem comum desse grupo, do seu ideal e defesa, é um militante de uma causa comum, pois se insere, em último, no discurso da ideologia, ou no próprio ideal.

A militância gay vem incomodando certos seguimentos da sociedade brasileira, por conta de um fator dominante dentro da concepção do poder. Acontece que a classe média é conservadora em seus princípios ideológicos. A construção da chamada sexualidade se dá, basicamente, ligada à moral cristã que, em qualquer das vertentes: católica ou evangelicalista, é imperativa, legalista, sexista.

Na sociedade burguesa, o heterossexual é o normal, foi eleito no discurso como a única forma sadia de sexualidade, e foi ligado ao culto viril do homem vitoriano. O poder de submeter e se impor são presentes nesse discurso, que logo foi rejeitado pelas feministas, ainda que heterossexuais, mas que não concordavam da submissão ao macho pelo seu culto.

Acontece, que como ideologia dominante, o heterossexualismo passou a ridicularizar toda forma de oposição a ele. A questão do poder, do espaço, da disputa, foi internalizada de forma agressiva e cega. Carrega, tal discurso, uma militância de potência, austera. O bem sucedido é o que tem família, um emprego que lhe dê boas condições financeiras, e, sobre tudo, sustente em si mesmo o ícone do ser macho, nobre, e de caráter ilibado.

Do outro lado da moeda, os homossexuais passaram a ser interpretados como caricaturas; um deboche irônico, vulgar, mesquinho, jocoso. Aqueles que não podem ser levados a sério. Suas aspirações foram condenadas à marginalidade. Em tudo, o gay era vislumbrado como escória. Pífios, suas relações eram putrefatas, anômalas. O homossexual era um puto, doente e condenado em toda sua existência.

Não havia espaço para uma ontologia gay. Estes eram simplesmente uns engôdos, que não contentes, e por suas doenças, buscavam se assemelhar ao feminino, efeminando-se, imitando o comportamento das mulheres. Buscando, em seus próprios corpos, toda espécie de depravações possíveis. O histrionismo era o marco da supremacia heterossexual contra os homossexuais.

Da imagem de putos, de prostitutos, nunca se cogitou uma forma existencial aos gays, afinal, estes, obstinando-se, assumiam a caricatura, ou a imposição do preconceito, na leitura da realidade última, dos atores, nessa representação. Portando, o relacionamento casual, da famosa trepadinha sem compromisso, que ainda reflete o maior obstáculo a ser superado. Isso, pois, o homossexual se acostumou, com o falso conceito, que ele é gay porque deseja o mesmo sexo. Nesta atitude, a homossexualidade era assumida com todo peso da leitura heterossexual. O gay não desejava ser homossexual, ele apenas se resignava a isso.

Não há, até aqui, que se falar de uma militância gay... Entretanto, Foucault pensou em uma. A mudança de paradigma se daria, exatamente, quando o homossexual passasse não mais se enxergar com os óculos do heterossexualismo. Mas sim, começasse a construir, para si mesmo, uma identidade. Por esse prisma, qual tipo de relação poderia ser estabelecida, inventada, articulada? Também, não mais o segredo do desejo, ou da indagação sobre o que se é. Até mesmo, pelo simples fato daquilo que é, ser! Então a necessidade é totalmente outra, ela caminha pelo reconhecimento pleno do devir: o esforço apodítico de se tornar um homossexual. Para o heterossexualismo, a homossexualidade seria uma forma de desejo anormal, contudo, para o gay, jamais poderia ser reduzida a uma forma de desejo, mas, sim, algo desejável.

Então, a distância se dá no pensamento, na atitude, na postura e no próprio desejo; a questão não é mais desejar um rapaz do mesmo sexo, agora, desejar relação com rapaz! Aqui não é só trepar, mas é se desnudar por completo, dividindo alegrias, tristezas, tempos, quartos, lazeres, saberes, confidências, carícias, fidelidades, etc. Esse modo de vida homossexual, construído na amizade, nas alianças é, para Foucault, temerário da sociedade.


Tal sociedade, na sua forma do heterossexualismo condicionou o comportamento gay às relações casuais. A imagem de rapazes transando, sem vínculos, apenas guiados a uma satisfação imediata, responde aos ditames sociais severos, assim, tranquiliza o senso comum às caricaturas preconcebidas. Mas estarrece, quando a homossexualidade passa ser desejada por seus atores, muito mais do que um conformismo, passivo, inexpressivo. Agora ela é bem mais do que mero sexo, ela forma comportamento, modo de vida homossexual. Em outras palavras, o ato sexual que não está conforme a lei da natureza (segundo o heterossexualismo), não inquieta as pessoas, mas os vínculos afetivos, os laços de amizade e amor, sacodem, perturbam as instituições estabelecidas.


Em último, não seria descobrir uma maneira de ser homossexual, mas inventar tal maneira. Até mesmo, respondendo a sua ascese, e não importando, a mesma, de categorias já existentes. "Ser gay é não se identificar aos traços psicológicos e às máscaras visíveis do homossexual, mas buscar definir e desenvolver um modo de vida" (Michel Foucault).

Hoje, o ataque à militância gay tem sido feito por uma leitura heterossexualizada da realidade. Seja ela em trabalhos acadêmicos, ou seja em sites religiosos, o paradigma para a construção da crítica é o modo de vida heterossexual. Que faz a crítica se perder no seu próprio etnocentrismo, não sendo legítima. Pois, a mesma não tem autoridade para falar do modo vida homossexual, pois deveria partir deste, para criticá-lo. Destarte, é piegas, e um insulto a inteligência à proposta celibatária aos homossexuais. E, do mesmo modo, é mesquinho os rótulos atribuídos aos gays, pois são simplistas, irracionais, irrefletidos e, nada mudarão a realidade última, que é apresentada como proposta pela militância gay.

domingo, 27 de julho de 2008

Homossexualidade, militância e fé

Muitos e-mails chegaram à minha caixa de entrada com artigos de figuras conhecidas no mundo evangélico (Júlio Severo e Caio Fábio). Geralmente, as pessoas que entraram em contato, pediram-me comentários ou postagens abordando os temas, que tais pessoas (Júlio e Caio) abordaram.
  • Júlio Severo
Bem, o que pensa Júlio Severo? Aliás, o que ele não pensa! Julinho tem o coração aflito, cheio de ódio, dotado de sentimento perverso, malicioso, contenda, crueldade. Pensando- se astuto, fez-se louco. Ele trabalha em prol de suas frustrações, de seu severo castigo, de sua severa prisão. Júlio vive à mortificação mais severa; sua alma foi aprisionada, e sua prisão não tem muros... Daí, o que ele não pensa, ele dá descarga. O moço vive a mais nobre expressão da verborréia.

Há quem tenha comparado o coração dele como o coração de um pit bull. Eu discordo, não aceito tal comparação. Para mim ele tem o cérebro de um pit bull, não o coração! Julinho quer engolir alguém vivo! Como os injuriadores, murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus...

O que dizer de Julinho?
  1. Ele não pensa!
  2. Júlio é Severo, Deus é amor...
  3. O amor é indulgente, o Severo não. Aliás ele não ama, ele não pensa. Ele vive preso na sua própria aversão.
  • Caio Fábio
Foi sofrível ler os artigos postados por ele, em seu site, diferenciando homossexualidade de homossexualismo. Para o reverendo a militância gay é como qualquer outra ideologia, e por isso, não digna de crédito ou valor por parte do Evangelho. Sendo assim, o PL 122/06 deveria ser discutido pelos que estão mortos! E se enterrarão: homofóbicos e heterofóbicos .

O homossexualismo, para Caio Fábio, é tipicamente papel representado pelos militantes de causa LGBT, sendo tão inflexível e severo, quanto o próprio Severo! Ou seja, fundamentalista, ideológico e opressor. Já a homossexualidade seria diferente, entretanto não definido em suas linhas argumentativas, ou pelo menos, não foi nos textos que li.

Qualquer coisa que abarca a cultura é ideológica de per si. Seja a crença, o Evangelho de Cristo, as relações sociais, as construções, a minha casa, a sua casa , a casa de qualquer um, o ensino, o teatro, o cinema, esse blog, qualquer blog! O passeio na praça à tarde de domingo, enfim, tudo tem abraçado, no fim último, à ideologia que move o ser humano em prol dessas realizações. Sendo assim, foi muito simplista a colocação do reverendo- "vivo o Evangelho e isso me basta!" Enfim, o silogismo não é verdadeiro. E as colocações continuam contendo caráter contrário às conquistas homossexuais. Entretanto, o pastor não é, de fato, homofóbico. E isso eu respeito!

Quero dizer que: por mais que Caio Fábio possa não concordar com a militância gay, sua crítica a ela não é a mesma carregada de ódio, sangue e condenação. Enfim, cada um tem direito à sua opinião, o que não podemos admitir é essa opinião rompendo a barreira da liberdade do outro, agredindo-o na sua individualidade, em nome da mesma livre expressão! De fato, isso não vi nos textos de Caio Fábio.

Contudo, a militância não é apenas importante, como é fundamental, inclusive para os gays cristãos que queiram formar vínculos de fé, nas comunidades de origem, sendo respeitados como são! O falar de um Evangelho desprovido de ideologias é ingênuo, é utópico. Falar de um Reino de Deus que se estabelece pacificamente, sem confronto de ideais não é crido nem pelos próprios evangelistas, que na boca do Cristo proclamam: "O reino de Deus é tomado à força!" Como Caio Fábio não é ingênuo, fico imaginando onde ele quer chegar... Enfim, ideologias ele tem, basta ver como trata a temática dos Direitos fundamentais, excluindo a orientação sexual porque, para ele, a orientação sexual é diferente da etnia, raça e cor, pois essas têm propriedades intrínsecas e objetivas. A orientação sexual não! Portanto, eis a ideologia evocada!

Se acabar com o preconceito é ter que amordaçar quem o pratica, se tem que ser feito, então qual é o problema? Afinal, para corrigir o ladrão, prende-se o ladrão, para corrigir o assassino, prende-se o assassino, para corrigir aquele que evoca ódio, a dor, a mazela e desgraça alheia não poderá se punir? É amordaçar? Não! É corrigir aquele que não quer ser corrigido, é educar aquele que não quer ser educado! Para acabar com o crime de dirigir alcoolizado veio a lei seca, isso foi amordaçar quem gosta de beber? Ou foi salvar a vida dos que não beberam e seriam acidentados pelos irresponsáveis que se propunham dirigir bêbados? Assim
será com os gays; não é amordaçar a sociedade, mas é punir quem levanta a bandeira da morte contra o próximo.

Contudo a fé é no Cristo que continua amando a humanidade, e recepcionando em seu reino aqueles que são seus amigos, e que o receberam como salvador, independente de orientação sexual e identidade de gênero.


quarta-feira, 23 de julho de 2008

Considerações sobre a homossexualidade e a religiosidade católica

Olá pessoal meu nome é Anderson, tenho 17 anos e gostaria de contar-lhes a minha história.

Por volta dos dos 10 ou 11 anos eu percebi que algo era diferente em mim. Passei a notar que eu sentia algo incomum por outros meninos mas não entendia o que era. Fui crescendo e lá pelos meus 12 anos eu entendi: eu sentia atração por outros meninos. E, pensando em como isso era julgado pelas pessoas, me senti muito mal. Tentei esconder de mim mesmo, me condenando pelos meus pensamentos, achava que o que eu sentia era uma coisa horrível, que me condenava. Sentia que eu pecava tanto por isso que eu seria condenado a não merecer o reino dos céus.

O tempo passava e eu ficava mais angustiado pois cada vez mais eu percebia essa atração pelo mesmo sexo. Foi então que entrei para a igreja católica, a fim de tentar me modificar e me redimir por esse pecado.

Em um momento, próximo à cerimônia de recebimento da Crisma, nós formandos do curso do Crisma tínhamos que nos confessar com o padre, para estarmos no dia seguinte prontos para crismar. Resolvi contar minha situação para o padre. Era a primeira vez que eu falava com alguém, sobre o que sentia.

Contando ao padre, ele então me disse: "Deus tem um plano para cada um de nós. Você deve se aceitar como é, não deve ficar se martirizando. Seja o que você sentir que é. Se você não se aceitar quem vai te aceitar?"

Essa lição, meus amigos, eu aprendi do fundo do meu coração e digo a vocês: aceitem-se do jeito que são, só assim serão felizes. Hoje eu me aceitei - mais ainda, me compreendi, e sou feliz!

Um abraços para todos

Anderson

Fonte: e-jovens.com


Recebi alguns e-mails de católicos, que acessam o conteúdo deste blog, e que se diziam meio chateados pelos ataques ao Papa e a Igreja de uma forma geral. Coloquei, então, esse testemunho de vida pessoal de um jovem que diz ter encontrado forças para caminhar, sendo o que é, dentro da Igreja Católica, por um conselho de um sacerdote, que o acolheu em sua dor, e o recepcionou no amor de Cristo, na construção do Reino de Deus. Isto é fantástico! Conheço muitos padres, e sou amigo de muitos católicos. Sou ecumênico, e digo que é mais fácil isso acontecer dentro do catolicismo, do que dentro de uma igreja evangélica, que não tenha simpatia a causa LGBT.

Portanto, gostaria de fazer algumas distinções. Não ataco a fé católica, nem tenho motivos para isso. Ataco a hipocrisia de alguns líderes católicos, como em um artigo escrito por mim, que tendem a camuflar à realidade das coisas. Líderes, como tantos evangélicos também, que não têm responsabilidades com o social, com a ética e com os valores da construção de um mundo em que a agressividade, por conta da diferença, seja minimizada. Antes, esses mesmos líderes tentam reforçar, ideologicamente, tais diferenças porque lucram financeiramente nelas.

No artigo específico: Quem são os discriminados? Um diálogo inusitado... Cito o Papa e os gastos oriundos de sua visita, bem como argumento sobre à questão do trabalho, como uma forma de demonstrar a capacidade desses líderes que suscitaram os protestos dos gays a Bento XVI, no Brasil, como desrespeito. Que no caso não foi; uma vez que teve dinheiro público envolvido, qualquer cidadão, que paga impostos, poderia se manifestar (como resposta ao artigo do bispo). E falo do trabalho, também como resposta, pois dizem eles, que os gays estão controlando a política no Brasil. Caso isso fosse verdade, duvido que o papa viria com financiamento público nessa visita. Daí falar dos favores e, na verdade, das doações que sustentam a Igreja, diferenciando os gays, que não sobrevivem das mesmas, mas do trabalho.

Então, assim, encaminhando o artigo ao e-mail de alguns bispos da CNBB, quis dizer a eles que: camuflagens, manipulações, maquiagens de fatos, querendo fazer os mais fracos e perseguidos como fortes e perseguidores, invertendo à lógica para, que, eles, os líderes, continuem cometendo atrocidades e desrespeitos em troca do poder, prestigio e dinheiro, não adiantarão. A cidadania e o Direito social e, fundamental, pertencem a todos. E não será o grito desta ou daquela instituição que mudará essa consciência ou a luta por ela.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pesquisa do DataSenado revela que 70% aprovam a criminalização da homofobia


Agência Senado

Pesquisa feita pelo serviço DataSenado revelou que 70% dos entrevistados querem que a lei torne crime a discriminação contra homossexuais. A elevada aprovação se repetiu em quase todas as faixas da população, com pouca variação de acordo com região, sexo e idade.

A criminalização da homofobia é objeto do Projeto de Lei da Câmara 122/06, em tramitação no Congresso. O maior índice de concordância com a proposta foi apresentado pelos entrevistados da Região Sul (73%), com nível superior (78%) e idade entre 16 e 29 anos (76%).

No que se refere à religião, a criminalização de atos de preconceito contra homossexuais é defendida por 55% dos evangélicos, enquanto 39% deles querem a rejeição do projeto de lei. Entre os entrevistados de outras religiões, o que inclui a católica, mais de 70% defendem a aprovação da proposta. Ainda de acordo com a pesquisa, 79% dos brasileiros que se declaram ateus aprovam a criminalização da homofobia.

A proposta é de autoria da deputada Iara Bernardi e tem a senadora Fátima Cleide (PT-RO) como relatora tanto na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde está tramitando, como na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

O DataSenado realizou a investigação após aumento expressivo de telefonemas registrado pelo serviço de atendimento Alô Senado com comentários sobre o assunto - no último ano, o Alô Senado recebeu 140 mil manifestações, número recorde desde 2003.

A pesquisa foi realizada por meio de telefone entre os dias 6 e 16 deste mês, entrevistou 1.122 pessoas maiores de 16 anos, com acesso a telefone fixo e residentes em capitais brasileiras. A maioria dos entrevistados é do sexo feminino (54%), reside na Região Sudeste (48%), possui o nível médio (51%), está na faixa etária entre 20 e 29 anos (24%) e tem renda familiar entre dois e cinco salários mínimos.

O PLC 122/06 altera a Lei 7.716/99 e também prevê mudanças no Código Penal e na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). O projeto determina prisão de até cinco anos para quem discriminar gays.

Segundo os organizadores- Cellos- parada gay reúne mais de 150 mil em BH

A 11ª Parada LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) de Belo Horizonte levantou a bandeira da luta contra a homofobia. Mais de 40 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, foram as ruas e fizeram festa, ao som de cinco trios elétricos. A concentração foi na Praça da Estação, de onde a manifestação prosseguiu pela Rua da Bahia e pela Avenida Afonso Pena. Entretanto, segundo os organizadores, a parada contabilizou mais de 150 mil pessoas.

O tema da Parada LGBT deste ano foi “Quem defende a vida, criminaliza a homofobia”. Durante o evento foram distribuídos cerca de 20 mil preservativos e 10 mil embalagens com gel lubrificante.

Pressão política

Os organizadores da Parada Gay conclamaram os participantes a pressionar os parlamentares mineiros em Brasília para a aprovação do Projeto de Lei que inclui a homossexualidade na norma que considera o racismo crime. O Projeto é de autoria da senadora Fátima Cleide, do PT de Rondônia.

O dia do orgulho gay é comemorado desde 1969 e teve início em Nova York, onde ativistas gays se confrontaram com a polícia após serem agredidos em um bar. Em Belo Horizonte, é comemorado desde 1998.

Direitos civis

Qualquer cidadão que se sentir discriminado ou sofrer algum tipo de agressão em Belo Horizonte pode procurar o Centro de Referência pelos Direitos Humanos e Cidadania de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT), da Secretaria de Direitos de Cidadania. O órgão funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, na Rua Espírito Santo, 505, 11º andar, no Centro de Belo Horizonte.




Fonte: Globo Minas.com

domingo, 20 de julho de 2008

Quem são os discriminados? Um diálogo inusitado...

Não queria ter que expor conceitos, aqui, que são ofensivos. Mas alguns fatos dizem por si só àquilo que são. E se pensarmos bem, a verdade sempre ofende... Ninguém se ofenderia com uma falsa afirmação, seria ela engraçada, curiosa, rentável (à medida do devido processo por danos), mas ofensa que dói na alma só a verdade que se quer esconder, sendo exposta, pode causar. Talvez por isso o adágio: "a verdade dói".

Também a verdade é construída, daí existem verdades e verdades! Cada qual com sua lógica, cada qual com suas próprias convicções, mas cada qual, também, com sua epistemologia... E é, exatamente, aqui que os fatos mostram quem é quem nesse mundinho de verdades construídas e escondidas.

Para o bispo de Dourados- MS, dom Redovino Rizzardo a verdade basilar é aquela que aceita o status quo da dominação ideológica de classe, de cor e de gênero. Não fosse assim, ele não teria levantado o argumento de autoridade em que cita o professor Ives Gandra da Silva Martins, na seguinte proposição: "...Hoje, tenho eu a impressão de que o 'cidadão comum e branco' é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se auto-declarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.".

Na fala, de sua excelência reverendíssima, o mundo está virado, como dizia sua vovó, por tais preconceitos não serem admissíveis hoje! O que é errado (ser negro, índio, pobre e homossexual) ficou certo, e o bispo se sente perseguido por não poder discriminar, perseguir e inquerir... Daí, agora os oprimidos viraram opressores, pois eles têm direitos, e esses direitos têm que ser respeitados. Um insulto ao preconceito tácito, mas exposto nas palavras do santo homem de Deus.

A realidade fática que cerca a Igreja Católica é camuflagem. Por exemplo, em nota do Vaticano, indignados pela futilidade de uma matéria, que dizia dos sapatos Prada de Bento XVI, a Igreja atacou os gostos errados da modernidade, vazios e sem sentido. Entretanto, a Igreja não se manifestou nos gastos homéricos da vinda do Papa ao Brasil. Onde uma só almofada de encosto de nuca, uma única, não sairia por menos de 1.500 reais. Cozinheiros franceses, objetos importados, cálices de ouro no valor de 3.500 reais, gastos em reformas à infra-estrutura de prédios, sem falar na alimentação exótica com vinhos custando 350 reais (por garrafa) e pratos os mais refinados (e caros, obviamente): eis a marca maior deixada pelo papa no Brasil. Segundo o jornal Tribuna da Imprensa, até os primeiros dias de sua visita foram gastos 19,9 milhões de reais dos cofres públicos municipais, estaduais e federais.

Quando eles, os líderes católicos, pronunciam-se , falam da opção preferencial pelos pobres , do amor aos oprimidos , da caridade cristã , mas não falam da vidinha luxuosa que levam nos palácios episcopais.

Assim, o bispo de Dourados-MS, indigna-se, ofendido por não poder mais adestrar seus fiéis, caso a PL 122/06 seja aprovada, ao preconceito, ódio e ideologia fascista contra o pobre, negro, índio e gay. Na ofensa da minoria submetida exigir seus Direitos anda machucando os bispos católicos. Afinal, em nome da defesa da família e dos bons- costumes a Igreja mobilizou políticos a financiarem seus projetos, sua vidinha mansa, afinal, o clero não trabalha, vive de doações. Portanto, não é legitima a acusação vinda da Igreja que diz que os gays querem poderes acima dos que um cidadão comum tem.

Os gays TRABALHAM, não vivem como o clero romano, pagam impostos de seus bens, a Igreja paga imposto? E como um cidadão brasileiro, que paga suas contas, com o dinheiro do suor de suas atividades, não de esmolas, nem de favores políticos, querem ser respeitados, por aquilo que são. E se no Brasil, alguém que vive de preconceitos, ódios próprios de vagabundos, que não fazem nada o dia todo, e representam aos fins de semana um teatrinho vulgar, quiser discriminar, então tem mais do que ir pra cadeia mesmo. E sem choro. Acabou a inquisição, a Igreja que se renove.


Papa Bento XVI afirma que Igreja e mundo precisam de renovação

De fato, o anúncio foi feito na jornada da juventude, que ele (o papa) participa. Entretanto, tal apelo de renovação, que vem junto da convicção da crise do cristianismo ocidental, traz, por Bento XVI, o incentivo à juventude aderir ao sacerdócio.

Até aí tudo bem, uma mensagem normal, religiosa e crítica da modernidade- linha que adota os dois últimos pontífices da Igreja. O que é de se estranhar, é que tal renovação passa da ideologia da mocidade, de sua força e vigor, ao submetimento dos mesmos jovens às estruturas mofadas e preconceituosas da própria cristandade. De fato, o apelo de renovação seria no fundo um apelo de conversão, de adestramento do jovem, de sua ideologia, ao "amor" cristão.

Ora, é de se estranhar essa mesma Igreja que fala de amor e de renovação ao amor, com tanto ódio para ser dilacerado pelo mundo. E, mais estranho ainda é ver em um site evangélico mensagens de Bispos católicos- CNBB- como referência ao expurgo da PL 122/06.

Não era a tão, enorme, Igreja Batista da Lagoinha uma igreja anti-ecumênica, fundamentalista de linha pentecostal a neopentecostal? Não é essa mesma igreja que diz que o que vem dos católicos é contaminado por satanás? Oras, mas artigos produzidos pelos mesmos que servem de apoio à denominada, então merecem destaques no site da instituição... Hipocrisia, hipocrisia, hipocrisia, quando os cristãos deixarão de ser farisaístas e de fato abraçarão ao Cristo?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Brasil campeão mundial de paradas LGBT

País realiza 127 paradas em 2008


O Brasil é líder no ranking de Paradas do Orgulho LGBT em 2008. Os dados brasileiros são da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Além das 127 paradas, outros 23 eventos culturais brasileiros alusivas à celebração do orgulho LGBT também foram registrados (relação abaixo).


Já a InterPride, uma associação internacional de coordenadores de eventos do Orgulho LGBT, registrou 98 Paradas nos Estados Unidos, seguido de Canadá (20 paradas), Alemanha (6) e o Reino Unido (6).


O estado de Minas Gerais é campeão 21 paradas, seguido de São Paulo com 12.

No Brasil, o Governo Federal também promove esforços no combate à homofobia e na promoção dos direitos humanos e da saúde da população LGBT. Através de editais públicos de seleção de projetos, o Ministério da Cultural está apoiando 21 dos eventos. Mais 92 eventos receberão o apoio do Programa Nacional de DST e AIDS do Ministério as Saúde.


Toni Reis, presidente da ABGLT comemora , “Embora ainda haja muita discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, o Brasil dá uma resposta clara contra a homofobia com tantas paradas de mobilização e visibilidade massiva. Esperamos concretamente que o Senado escute a voz de cerca de 18 milhões de cidadãos e cidadãs brasileiros(as) que pedem igualdade de direitos e a criminalização da discriminação homofobia, e que os(as) senadores(as) aprovem o PLC 122/2006.”


Reis relembra também que de 5 a 8 de junho de 2008, 1.000 pessoas participaram da I Conferência Nacional LGBT, convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual foram aprovadas 559 propostas para políticas públicas para LGBT.


Através da Portaria nº 432, de 2 de julho, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos já convocou 18 ministérios para formar uma comissão técnica interministerial para, com base nas propostas da Conferência, elaborar o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT. A Comissão terá 90 dias partir de sua instalação produzir a proposta de Plano. “É fundamental neste momento que fiquemos atentos para, em parceira com o governo, colocar em prática o Plano Nacional,” disse o presidente da ABGLT.



Fontes: www.abglt.org.br / Paradas / 2008

www.interpride.org / Global Calendar / 2008

Informações adicionais:

Toni Reis: Presidente da ABGLT e Diretor da Região 17 da Interpride

terça-feira, 15 de julho de 2008

Travesti ganha acesso ao banheiro feminino na UERJ

Desde o fim de maio, a estudante de direito Adrielly Vanportt, de 32 anos, não corre mais o risco de ser chamada por um nome masculino – que ela não gosta de revelar -, mesmo com a aparência de mulher. Aluna da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ela comemora as medidas adotadas pela universidade em prol da sociedade homossexual. Entre elas, a adoção do nome social de travestis e transexuais na lista de chamada das aulas.

A decisão veio depois da 1ª Conferência Estadual de Políticas Públicas para GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis), em que a universidade se comprometeu a liberar o acesso de travestis e transexuais a banheiros femininos, além de garantir aos homossexuais que seus parceiros os acompanhem em consultas, exames e internações no Hospital Universitário Pedro Ernesto.

"Isso tem um impacto importante na auto-estima e no reconhecimento da identidade desses indivíduos", pondera Claudio Nascimento, superintendente de direitos individuais, coletivos e difusos da Secretaria de Assistência social e Direitos Humanos do estado e presidente do Grupo Arco-Íris.

“Você é claramente uma figura feminina e é chamada com nome masculino. É constrangedor”, reclama Adrielly, que há dois anos fez a cirurgia de troca de sexo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Só agora, no entanto, ela entrou com o pedido para a troca de nome nos documentos.

'Era constrangedor', conta transexual
A novidade vale não só para alunos, mas para servidores, usuários e funcionários terceirizados. De acordo com o Claudio, a idéia é que a medida seja adotada por repartições e instalações públicas da rede estadual.

“Não achei que ia ser tão fácil. É constrangedor ir ao toalete feminino,você é uma figura feminina, mas não é biologicamente uma mulher”, tenta explicar Adrielly, casada há 3 anos.

Homofobia pode causar perda de matrícula

Enquanto conquistas maiores como a união civil homossexual não chega, Claudio já prepara uma medida com o reitor da universidade que pode punir com a perda de matrícula, alunos, servidores ou funcionários terceirizados que pratiquem a homofobia.
A lista de ações que resultou da conferência tem ainda apoio à implantação da campanha Rio Sem Homofobia, que prevê a criação de dez centros de referência de combate à homofobia, prestando apoio jurídico, psicológico e assistência social a homossexuais; além de um núcleo de acompanhamento de crimes contra homossexuais.

Parceiros homossexuais em internações

Entre as medidas já em vigor está a que garante que parceiros homossexuais estejam presentes em consultas, exames e internações dos companheiros no Hospital Universitário Pedro Ernesto.

“Tive um companheiro que morreu de Aids e que, antes da morte, sofreu muitas doenças crônicas. Era dificíl acompanhá-lo, o tratamento era diferenciado. Queremos colocar em prática o preceito fundamental da constituição de que todos são iguais perante a lei”, sintetiza Claudio.



Fonte: Globo.com

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Rodrigo Santoro fará par romântico com Jim Carrey em novo filme

O ator Rodrigo Santoro acabou de filmar "I love you Phillip Morris", em que interpreta o amante do astro Jim Carrey. "É uma comédia muito divertida sobre um casal gay cuja relação fica estremecida após o surgimento de um outro homem, um certo Philip Morris, interpretado por Ewan McGregor. O filme é dirigido por Glenn Ficarra e John Requa [dupla de 'Papai Noel às avessas']", revelou o ator brasileiro de 32 anos.

Santoro também declarou, durante o Ischia Global Film & Musical Fest, na Itália, que "Che" -cinebiografia de Che Guevara dividida em duas partes, em que faz o papel de Raúl Castro- já conseguiu uma distribuidora nos Estados Unidos.

"Há três semanas, Steven [Soderbergh, diretor do filme] me deu essa boa notícia. Acredito que os dois filmes sairão em outubro e em datas próximas, como ele sempre imaginou. O filme sobre Guevara representou uma experiência muito intensa, de grande pressão e interesse. Filmávamos em horários e locações impossíveis, mas todos, a começar por Steven e Benicio Del Toro [que faz o papel-título], estavam muito motivados", continou Santoro.

O próximo trabalho do protagonista de "Bicho de sete cabeças" será no Brasil: Santoro interpretará o jogador de futebol Heleno de Freitas, craque do Botafogo, anterior a Pelé e Garrincha, em filme dirigido por José Henrique Fonseca (de "O homem do ano").

Fonte: Globo.com

domingo, 13 de julho de 2008

Agressividade ideológica: o sol que é tampado com peneira

Um tema difícil, mas real; a agressividade no homem é inata e instintiva. O que me faz lembrar um texto a muito lido, na época de minha formação acadêmica, O mal- estar da civilização, de Freud. Lembrei-me disso, e pensei na agressividade religiosa, que é de cunho ideológico e sublimativo , e reflete, como qualquer tipo de agressividade, esse caráter intrínseco da espécie humana. Imagine que a agressividade é a capacidade de alguém se satisfazer à força, atacando, imediatamente, o objeto que inibe o princípio do prazer. Em outras palavras, seria destruir aquilo que causa frustração.

O simbolismo construído sobre os gays na sociedade moderna, e contemporânea, que procura manter a identidade sobre princípios do pátrio poder, é oriundo da concepção judaico- cristã. A ideologia composta, neste pensamento, é de um Deus masculinizado, teocraticamente, governando seu reino. Que tem seus chefes estabelecidos, concretamente, nas mãos masculinas dos sacerdotes, reis e profetas.

Destarte, o papel feminino, na sociedade judaica, era comparado às posses do homem- em muitos textos judeus, nas Escrituras, as mulheres são listadas junto aos bens materiais; bem como os animais- ovelhas, cabras, galinhas, etc.

O mundo judaico-cristão foi estabelecido mediante a submissão do feminino, desde o uso do véu nas assembléias, à proibição do ensino religioso; uma vez que diante dos homens as mulheres deveriam permanecer caladas. Reflexo, imediato, do relacionamento a dois, do qual o marido é o cabeça não sendo questionado por sua esposa.

O gay masculino, ainda que não traga em si às marcas da feminilidade, ao se envolver em relações sexuais homólogas, cumpre, na sua essência, o papel da mulher. O que traz a proibição, no tocante, na esfera do sagrado, pois perturba a própria concepção cosmológica da ordem "natural" dos poderes envolvidos e suas representações. O macho não pode ser submetido, relacionando-se da mesma forma que uma mulher se torna submisso como ela. Desta feita, os textos sagrados punem com a morte tal comportamento dos homens, mas há total ausência no que diz respeito a homossexualidade feminina. Isso acontece, pois a mulher, na cosmologia, já é inferior ao homem e submissa a ele, seu comportamento com outra mulher não atinge o sagrado, nem fala de sua estrutura cosmológica.

A ideologia judaico-cristã chega a contemporaneidade perdendo sua força, mas não totalmente. O fato do homem inverter à ordem do cosmos em si,trocando os papeis de representação social, ainda mexe com a mística burguesa. No período vitoriano, o homem moderno teve sua crise de identidade frente ao papel feminino que ultrapassou às condições de mero coadjuvante, na estrutura da sociedade, quando as mulheres ocuparam posições, outrora, tipicamente, masculinizadas. A ruptura dos papéis representativos jogou o homem burguês- vitoriano- em sua crise da masculinidade. Daí, na história, iniciá-se o culto do homem viril, macho, burguês e destemido. Esse homem tem que ser, necessariamente, oposto de tudo o que é suave ou delicado.

A questão é simples, a mulher não vigora mais como uma subcategoria na esfera metafísica, ela é um ser, independente, livre e não sujeitada. Aquilo que gerava a proibição para o homem, na representação do personagem feminino, já não existe mais... É possível, é real, sem desigualdades dos atores. A mulher está frente-a- frente com o homem pronta para questioná-lo. Ela pode, sem embargo, masculinizar-se, ocupar cargos que os homens ocupam, fazer tarefas que os homens fazem, sem demérito, sem se perder ou banalizar. O inverso, também, é possível. Mas, ao homem à crise, pois desconstruir o mito que se enraizou no imaginário- homem burguês- é tomar-lhe, de assalto, a própria identidade.

Assim, o discurso vitoriano se ligou diretamente dentro das igrejas; sejam elas católicas ou oriundas do cisma do séc XV. Acontece desta feita, pois foi através da própria religião que os papéis do masculino e feminino foram definidos ao longo da história. Hoje, a gritaria evangélica, dizendo contra os gays, reflete essa postura fundamentalista de um masculino, em crise, agredindo ao feminino por sua frustração. A ideologia agressiva de falar mal do homossexual, dizendo ser
este pecador, e condenado ao inferno, é aquela ideologia pronta para tampar o sol com a peneira. Atacam-se o gays, pois eles foram aqueles que, ousadamente, tornaram possíveis os temores do imaginário à atitude concreta.

A velha frase de para-choque de caminhão: "Deus ama o pecador, mas rejeita o pecado", falando dos relacionamentos homossexuais, é agressiva e inútil, e disfarça o verdadeiro temor que os líderes religiosos carregam em si; a possibilidade da feminilidade em seus próprios corpos.

Vários pastores evangélicos que esbravejam uma postura de macho diante de programas televisivos, senadores da república que combatem aquilo que é contrário aos "bons costumes", só fazem assim por temerem em si mesmos aquilo que é oculto do público, mas não deles mesmos. Como aquele pastor Norte-americano que, combatia a homossexualidade com veemência e, foi pego com um garoto de programas... Enquanto mais agressivo na ideologia, mais se percebe a frustração ou aquilo que se quer esconder para deixar o mundinho do "eu" intacto. Mundo construído sobre uma ideologia, que se se perder jogará em crise o próprio ator , nos desejos que este aprendeu a camuflar para manter a ordem de seu ideal perfeita.

Sendo assim, só há combate contra a criminalização da homofobia por parte daquele que não tem certeza, real, sobre sua sexualidade- e orientação.

sábado, 12 de julho de 2008

GO: mulher é presa com base na lei Maria da Penha

Márcio Leijoto
Direto de Goiânia

A empregada doméstica desempregada Alessandra Caetano Almeida, 36 anos, é a primeira mulher a ser presa em Goiás com base na Lei 11.340, a Lei Maria da Penha, criada justamente para proteger o sexo feminino. Ela é acusada de atear fogo na residência de sua ex-companheira, a mecânica Alice Graciele Fernandes Santos, 27 anos, nesta madrugada, no bairro da Vitória, região noroeste de Goiânia.

Alessandra foi presa em flagrante, sentada no meio-fio de uma calçada a poucos metros da casa. Ela teria entrado na residência da vítima pela porta da cozinha e encontrado sua ex-companheira deitada com outra mulher. A doméstica manteve uma relação afetiva com a mecânica por seis anos. Elas haviam se separado há cerca de duas semanas. Uma acusaria a outra de traição.

Alice teria contado aos policiais que acordou assustada quando sua ex-companheira acendeu a luz. A doméstica estaria com uma faca de cozinha na mão. A suposta amante da mecânica correu para fora da casa para chamar a polícia, enquanto as duas teriam começado a brigar. Em seguida, a mecânica também teria saído da casa.

Ainda segundo o depoimento de Alice à polícia, Alessandra teria jogado uma televisão no chão, o que teria provocado uma explosão e um incêndio na casa.

Alessandra teria negado a versão à polícia. Em depoimento, ela teria dito que o incêndio foi um acidente causado pela própria Alice. "Ela se assustou quando me viu na sala e levantou de repente, derrubando a televisão. Tem uma extensão que liga todos os aparelhos eletrônicos e deve ter havido um curto-circuito. Eu nem vi o incêndio. Achei que ela fosse pegar algo para me machucar e sai pulando o muro. Você acha que se eu tivesse colocado fogo lá, ia ficar esperando a polícia fumando um cigarro na calçada?", disse.

A doméstica foi atuada em flagrante por dano ao patrimônio e ficou detida na carceragem da Delegacia da Mulher pelo fato de a vítima ter sido uma mulher e o crime se enquadrar em um caso de violência doméstica. Ela foi solta no final da tarde após pagar fiança de R$ 200.

"Agora quero ir para bem longe daquela casa e tocar minha vida", disse Alessandra, que é mãe de uma criança de 9 anos. "Ela vive com o pai justamente para não assistir às minhas brigas com ela (Alice). Não ia fazer bem para ela", comentou a doméstica.

A delegada Miriam Aparecida Borges de Oliveira, titular da Delegacia da Mulher, informou que é a primeira vez que uma mulher foi presa em flagrante com base na Lei Maria da Penha, que foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto de 2006.


Antes disso, a Delegacia da Mulher de Goiânia registrou apenas uma prisão em flagrante de uma mulher que teria tentado matar sua ex-companheira. Tem sido cada vez mais comum, segundo a delegada, casos de mulheres respondendo a processos com base na lei, mas sem prisão.

Fonte: Terra

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Parada do Orgulho LGBT de Belô será no dia 20 de julho


Evento irá fechar a “Semana BH sem Homofobia” que começa neste domingo

A 11ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte, que será realizada no dia 20 de julho, irá fechar a “Semana BH sem Homofobia”, que começa neste sábado. A programação oficial do evento conta com lançamento de livros, seminário e exibição de filmes.

Este ano, o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) aderiu ao tema do evento. Com o slogan “Quem defende a Vida, criminaliza a Homofobia”, a 11ª Parada do Orgulho LGBT irá se concentrar na Praça da Estação, a partir das 12h.



  • Programação Oficial da 11º Parada do Orgulho LGBT de Belô:

12/07/2008 - LGBT na Praça
Abertura Oficial da “Semana BH sem Homofobia”
Local: Praça do Colégio Arnaldo, A Partir das 13h.

13/07/2008 - Arrastão da Pré-Parada
Mobilização para a Parada nos locais GLS de BH.

14/07/2008 - Lançamento do Livro: “Preconceito contra Homossexualidades – A Hierarquia da Invisibilidade”
Autores: Marco Aurélio Máximo Prado e Frederico Viana Machado
Editora Cortez
Local: Livraria do Psicólogo, 19h
End:Av.Contorno 1390 B:Floresta

14/07 /2008 - Espaço Cultural Cine Les
Filme: Aimée & Jaguar
Horário: 18 h.
Local: Sede da ALEM
End: Rua da Bahia 573 Sala 703- Centro –BH/MG
Contato: ALEM

15/07/2008 - Seminário no Conselho Regional de Psicologia
“ Contribuição da psicologia no enfrentamento à homofobia: Responsabilização, Diversidade Sexual e novas formas de ser família”
‘Local:CRP
End: Rua Timbiras, 1532, 6º andar – Lourdes

15/07 /2008 - Espaço Cultural Cine Les
Filme: Dedo de Veludo
Horário: 18h.
Local: Sede da ALEM
End: Rua da Bahia 573 Sala 703-Centro –BH/MG
Contato: ALEM

16/07/2008 – Mostra de Curta LGBT - Vídeo Pipoca Especial
Local: Rua Espírito Santos, 505, 12 º andar, Centro, 18h

16/07 /2008 - Espaço Cultural Cine Les
‘Filme: Quando a Noite Cai
Horário: 18h.
Local: Sede da ALEM
End: Rua da Bahia 573 Sala 703-Centro –BH/MG
Contato: ALEM


17/07/2008 - Roda de Conversa: Direitos Reprodutivos Um Desafio para a Democracia
Horário: 17 horas
Presença de Dulce Xavier SP – Católicas Pelo Direito de Decidir
Local: SINDREDE
End. Av Amazonas 491 10º andar – Praça Sete
Contato: ALEM

17/07/2008 – “Seminário Feministas Revistando o Patriarcado”
Lançamento do Coletivo de Mulheres Feministas da ABGLT
Local: Conselho Regional de Medicina – CRM
Av. Afonso Pena, 1500 / 8ºandar - Centro - BH – MG, às 19h.

17/07/2008 - Cerimonial de Premiação
IV Prêmio – Amig@s do Movimento LGBT
Local: Conselho Regional de Medicina – CRM
End: Av. Afonso Pena, 1500 / 8ºandar – Centro, às 21h.

18/07/2008 – VI Seminário Construindo e Afirmando a Visibilidade e o Respeito aos Direitos Humanos LGBT
Horário: de 9 às 18h
Local: Auditório da Secretaria de Políticas Sociais,
End: Rua Espírito Santos, 505, 18 º andar, Centro
Contato: ALEM/CELLOS

19/07/2008 - IV Caminhada de Lésbicas e Simpatizantes de Minas Gerais
“Unidas na Luta Pela Livre Expressão do Nosso Amor.
Parceria Civil Já!”
Local: Praça 7
Horário: A partir das 14 horas
Contato: ALEM

19/07/2008 - Encontro “Tudo a Ver” Especial
Local: Auditório da Secretaria de Políticas Sociais, 18h30.
End: Rua Espírito Santos, 505, 18 º andar, Centro.

19/07/2008 - Festa: “Saindo do Armário” – na Gis Clube
Horário: De 19 às 22 horas
Contato: ALÉM

Fonte: portal Globo Minas.com

Pastor denuncia hipocrisia cristã

Um pastor se vestiu como um mendigo e invadiu a missa de sua paróquia, no País de Gales, numa tentativa de dar uma lição sobre "tolerância" aos fiéis. O Reverendo Derek Rigby, da Igreja Metodista Trinity, na cidade de Prestatyn, colocou uma peruca, roupas sujas, não se barbeou por três dias e desenhou algumas tatuagens pelo corpo antes de entrar na igreja com latas de cervejas e seringas.

Rigby, um ex-policial, havia avisado aos fiéis que chegaria atrasado para a missa e contou o plano apenas a um dos funcionários da paróquia, para que ele pudesse interceder caso a congregação resolvesse chamar a polícia. O pastor contou que foi ignorado pela maioria dos fiéis, enquanto alguns pediram que ele se retirasse do lugar.

Rigby permaneceu disfarçado até as crianças irem para a escola dominical antes de andar até o altar e mostrar sua identidade aos fiéis, que se sentiram "envergonhados". "Ninguém ficou irritado comigo, mas ficaram chocados por terem me ignorado da forma como fizeram", afirmou. "Eles podiam ter me dado um copo de café”.

Lição

Segundo Rigby, sua intenção era "transmitir uma mensagem séria sobre tolerância, de uma forma emotiva". Durante o sermão proferido após revelar sua identidade, o pastor citou o exemplo dos discípulos que não reconheceram Jesus na estrada para Emaús depois da ressurreição.

"Eu fiquei surpreso, não desapontado. Algumas pessoas me disseram que se eu estivesse ali, como pastor, saberia o que fazer para lidar com a situação", afirmou o sacerdote.

O Reverendo Derek Rigby conta ainda que já havia feito a mesma coisa em paróquias de Newport e Londres, onde, segundo ele, os fiéis foram mais generosos. "Eu disse à eles que eram mesquinhos porque em outros casos já ganhei dinheiro, um pacote de bolachas e um cobertor. Em Prestatyn, eu não ganhei nada", conta. "No entanto, acho que isso não irá acontecer novamente", finalizou o sacerdote.

Fonte: Portal UAI

terça-feira, 8 de julho de 2008

Justiça determina partilha de bens após término de união homoafetiva

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo obteve nesta segunda-feira (7) decisão na 5ª Vara da Família de Santo Amaro (na Zona Sul da capital) que reconhece e dissolve união entre dois homens que tiveram relacionamento afetivo por 5 anos. A decisão, inédita no Estado, ainda concede a partilha do imóvel construído por eles.

A ação foi proposta em 2006 após Márcio Chaves de Freitas procurar a Defensoria. Ele deixou o imóvel que morava com o companheiro em 2003 e passou a viver em casas de amigos e depois em albergues. Segundo a Defensoria, ele disse que a separação ocorreu em função das constantes brigas.

A juíza de Direito Lidia Maria Andrade Conceição, da 5ª Vara de Família e Sucessões do Foro Regional de Santo Amaro, reconheceu e dissolveu a união dos dois. Ela determinou a partilha dos bens. No entanto, não expediu a carta de sentença para que pudessem ser vendidos imediatamente. A Defensoria informou que recorreu dessa decisão ao Tribunal de Justiça.

FONTE: Globo.com

domingo, 6 de julho de 2008

Romanos 1,18-32





Novamente os textos bíblicos, com suposta condenação à homossexualidade, eclodem no mural de recados do Gospel Gay. Os leitores, aqui, têm um espaço muito bom, mas que não é utilizado, o espaço dos comentários! E, às vezes, eu fico pensando: não é utilizado pelo pouco nível cultural, ou pela crendice cega tupiniquim, que não se presta às pesquisas e repete tudo o que escuta como se verdade fosse, sendo mais fácil deixar versículos do que discutí-los?

Não quero fazer juízo precipitado, pode ser também um pedido de ajuda à compreensão textual e, desta forma, proponho a resposta.

Rm 1, 18-32

A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade. Porquanto o que se pode conhecer de Deus eles o leem em si mesmos, pois Deus lho revelou com evidência.

Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar. Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos. Mudaram a majestade de Deus incorruptível em representações e figuras de homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis.

Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém!

Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno.

São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade. São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais. São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia. Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem.

Entender o que está acontecendo em Roma é primordial para a compreensão do conteúdo da carta. Necessariamente, não foi Paulo que fundou a comunidade de Roma e, quando este escreveu para os mesmos, por volta do ano 58 d.C, estava em Corinto e desejava ir de Jerusalém a Roma, então, para Espanha. 

A carta surge , provavelmente, por relatos de um casal judeu-cristão, que fora expulso de Roma, por edito do imperador Cláudio (52-53 d.C), numa perseguição aos judeus e também aos cristãos.

O problema da comunidade de Romanos é uma mistura, que à época foi uma bomba dentro do cristianismo. Gentios (pagãos) e judeus congregando numa mesma comunidade. Acontece que os judeus queriam impor o judaísmo (circuncisão e observância à lei mosaica para os cristãos) dentro das igrejas. Fato é que nos anos 56, 57, eles atacaram Paulo, que estava em Éfeso e escreve aos gálatas, pois tais judeus, ligados aos círculos hermenêuticos em Jerusalém, dentro das comunidades da Galácia, colocavam em cheque, até mesmo, a autoridade de Paulo, enquanto apostolo.

Sabedor dos judaizantes e de toda a situação romana, saindo de uma discussão semelhante um ano antes, aproximadamente, escrevendo aos Gálatas em Éfeso. Paulo aprofunda suas ideias, que já havia exposto para a Igreja na Galácia. Então, logo de início, o tema recai sobre seu apostolado e sobre a fé que vem através do Evangelho da salvação.

Alguns fatos, aqui, são primordiais:

  • Judeus vivendo em Roma impondo a observância da lei mosaica;
  • Nero é o imperador romano e, já em 55 dC., começa sua onda de assassinatos e desvarios, causando reprovação até mesmo do povo romano.
Bem, a sexualidade em Roma não era bem-vinda ao estilo de vida judeu. Acontece que um cidadão romano poderia manter relações sexuais com jovens escravos, eunucos, prostitutos, escravas, concubinas e prostitutas. Entretanto, um cidadão não poderia manter relação sexual com outro cidadão, pois aquele que fosse penetrado assumiria status servil. Dessa forma, em Roma, a sexualidade era guiada pelo estatuto da pessoa.

O problema disso recaiu quando imperadores proclamaram-se divinos e sujeitaram aos seus desejos outros cidadãos romanos, sendo assim, soldados da guarda pretoriana deixavam-se penetrar por causa das patentes. Nero, p. ex., saia às ruas da capital do império, com seus amigos, violentando os cidadãos, caso recusassem manter relações sexuais com o imperador, eles eram esfaqueados.

As prostitutas e prostitutos cultuais eram outra forma de atividade comum, ligados à adoração da deusa Vênus (a Afrodite dos romanos), mulheres mantinham relações com mulheres e homens com homens, em adorações pagãs, que manifestavam verdadeiras orgias cúlticas.

Paulo conclui que tudo isso acontecia por um único entendimento, simples, prático e verdadeiro... O ESTATUTO DA PESSOA havia trocado a adoração a Deus pela adoração à criatura. Pensando-se sábios cometeram loucuras. Entregaram-se aos desejos (que é muito mais do que desejo sexual, aqui, fala-se do desejo de poder e submissão), cometeram torpezas e venderam-se à prostituição. Toda idolatria, na mente paulina, é prostituição.

Os judeus não são justificados; Paulo diz que se eles acham-se melhores por não viverem ao estilo romano, estão enganados, pois tal como os romanos, eles, os judeus, praticam a mesma prostituição (Rm 2,3). Por quê? Ao imporem os costumes da tradição judaica, também adoram à criatura e desprezam o criador, amontoaram a ira Deus contra si mesmos (Rm 2,5-10).

O texto, nem de longe fala da homossexualidade, pois, o envolvimento que é atacado e condenado por Paulo é o envolvimento em que um cidadão  sujeitava-se por prestigiar o status pessoal de outrem como superior ou divino a ele mesmo, angariando privilégios para si. Ou, no caso dos judaizantes, os versículos 29 e 30, que fazem a transição para o capítulo 2, mostram-se suficientes ao igualarem em toda injustiça as pessoas que preferem adorar homens, leis humanas, vontades humanas, do que se curvarem ao criador. São vítimas em seus próprios corpos (não por causa da homossexualidade), mas porque deixaram o uso natural das coisas, tanto homens como mulheres perderam o uso natural da grandeza de Deus para se cultuarem, entregarem-se a prostituição cúltica ou de posições, cargos e postos, inflamando-se mutuamente, escravizando-se em suas próprias vontades à injustiça.



O problema da terminologia NATURAL


Entretanto, um cristão mais piedoso, descuidado, pode valer-se do versículo 27 do capítulo 1 e dizer: "...largaram o uso NATURAL da mulher para transarem com outros homens e é nisso que consta a condenação, pois Deus fez o homem para mulher, contrariar essa natureza é cometer o pecado exposto em Romanos.".

Bem, então surge um problema gritante para tais indivíduos. Paulo pensava como os judeus, quando ele fala de natural, ele não quer dizer in natura, ou de acordo com curso da natureza . Pelo contrário, ele está dizendo, exatamente, conforme a tradição aceita, independente dela se voltar à criação. P.ex., 1 Co 11,14 diz assim, Paulo, o apostolo: "A própria NATUREZA não ensina que é desonra para o homem portar cabelo comprido?"
Na compreensão moderna, diríamos nós que cortar o cabelo é interferir na dinâmica da natureza. Porém, na compreensão antiga, o cabelo comprido é antinatural para o homem, pois atenta contra uma convenção social estabelecida para diferenciação dos sexos.

Ora, se Paulo está condenando o abandono do uso natural da mulher- simplesmente sexo-, por uma outra forma, que não é natural, assim, o apostolo também estaria condenando-se. Pois, como é sabido, o próprio Paulo havia deixado o uso natural das mulheres para se fazer celibatário (cf I Co 7), atentando assim contra a natureza (à convenção) que diz: "crescei e multiplicai (Gn 1,26-28)". Enfim, qualquer prática que negue a sexualidade em função da procriação era vista pelo judeu como antinatural, à semelhança da homossexualidade, inclusive à prática de Paulo.

Dessa forma, quando ele diz uso natural da mulher, ele está apelando para o entendimento social que dizia do casamento como algo natural, quanto bem sabemos que é uma convenção civil, e não natural. Recriminando, supostamente, as pessoas que preferiam alistar nas legiões romanas, à guarda pretoriana, em troca do poder, status pessoal, envolvendo-se de forma idolátrica nesses meios, ou dos cidadãos livres (homens jovens ou mulheres jovens, entretanto pobres) que, abandonavam suas famílias, às vezes, até incentivados por estas, dirigiam-se aos templos pagãos, ganhando dinheiro como sacerdotisas ou sacerdotes do sexo. A condenação, portanto, não gira na esfera das relações homoafetivas, mas na troca do sexo por divinizar alguém, ou cargo, ou posição social, adorando dessa forma às criaturas ao invés do CRIADOR.

Sendo, assim, os homossexuais evangélicos podem continuar serenos e tranquilos em relação às suas práticas, amores, paixões. Desde que vislumbrem a Cristo em tudo e em todos. Respeitando seus parceiros, honrando-os e buscando o crescimento na graça e na justiça. Pois as Escrituras não condenam o amor entre as pessoas, nem as manifestações desse amor, quando é vivenciada em lealdade de coração um para com o outro e temor a Deus.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Quando um grande amor se vai...

Hoje estive só, e confesso que, por mais rodeado de pessoas que se possa imaginar, estou só. E tem sido assim há um bom tempo! No começo tudo era tão perfeito, por mais imperfeições contidas, um único desejo, ainda que tácito, ou silencioso: ser amado como estava amando. No começo tudo era ilusão. O mundo respirava seu perfume, sua voz era ouvida, mesmo quando somente o olhar dizia...

Estar perto era mágico... Diante de sua presença não havia mais nada, mais nada que pudesse interessar, ou despertar à atenção voltada a uma entrega, pois tudo já era, docemente, ofertado à sua pessoa.

De súbito, a realidade foi se fazendo cruel, ou meramente percebida. Tudo era uma questão de leitura, ou de saber interpretar os fatos. Alguém um dia afirmou: "o amor é cego!", ou cegas seriam as pessoas que dele desfrutam? Sua presença, ainda que desejada, era negada! Conscientemente negada, perversamente proibida a mim. Por mais que se pedisse motivos, a única razão era o silêncio, ou olhar interpretado, erroneamente, cediço.

Desejo proibido, mas quem o tornou defeso? A própria sedução, ou seria o narcisismo? Ainda, o sadismo... Quem poderia intervir para ajudar, o fez, mas não com indulgências, e a única intenção se refletiu na destruição... Quebraram, quebraram, aquilo que não tem conserto! Nem o tempo restaura, às marcas ficam, e as cicatrizes são doloridas. Eis o meu coração, eis o teu coração! (vide cor meum... vide cor tum!).

Foi assim que o perdi... Mas, de fato, pode-se perder algo que não se tem? Pode! Pode se descobrir que não se possui aquilo que se imagina possuir. Eis a perda, a perda de si...

E na noite de 25 de setembro de 2007, com pesar eu o vi se afastar de mim, a alegria se tornará amaríssimo pranto. Amargas foram as lágrimas, lágrimas de um coração ardente, consumido por um silencioso amar...

Veja o meu coração;
Veja o meu coração;
Meu coração...

Assentado chorei, caminhando choro, dormindo derramo meu pranto. Hoje estive só, e confesso que, por mais rodeado de pessoas que se possa imaginar, estou só. Eis o homem quando um grande amor se vai!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Fazendo Estrelas

Quando, na lista Gospel, surgiu a idéia de um blog para o grupo nunca imaginei a dificuldade que seria escrever ao universo feminino.

Sou gay, mas, de fato, não sou mulher! E assim a Gospel tomou corpo, em temas tratados de foma genérica ao público homossexual, entretanto, às vezes, reportando ao gay masculino. Logo as leitoras identificaram essa ausência de temática ao lesbianismo e, cobraram-me por e-mails, de forma muito construtiva, seu espaço no blog!

Foi então que comecei a sentir o desespero de ter que falar para um público, sem saber o que dizer a esse público... Não é fácil, mas nunca esperamos que fosse!

Desta feita, conheci, navegando pela internet, um blog fantástico, com textos inteligentes e, que mergulha nesse universo feminino com maestria, poesia, delicadeza e arte! Falo do blog Fazendo Estrelas. Assim, meio que despudoradamente, entrei em contato com a Mara, autora dos posts e administradora desse maravilhoso blog, a fim de parceria com a Gospel, nas trocas de textos, opiniões e idéias para esse espaço feminino, aqui, tanto cobrado pelas leitoras.

Bem, querida leitora Gospel GLBT, agora temos um blog parceiro, o Fazendo Estrelas. Espero que todas vocês curtam esse espaço como eu curti, e com certeza estaremos aprimorando esse cantinho aqui, unidos nessa parceria, transformando os nossos conceitos contra o preconceito, na inclusão, e militância GLBT.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Religião aumenta agressividade



Estadão

Violência contida em escrituras sagradas e `autorizada´ por Deus pode tornar as pessoas, principalmente pessoas religiosas, mais agressivas, conclui estudo realizado por psicólogos da Universidade de Michigan e que será publicado na edição de março do periódico Psychological Science.

Os autores do trabalho examinaram a interação entre texto sagrado e violência conduzindo experimentos em duas universidades de características religiosas contrastantes: a Brigham Young, nos EUA, onde 99% dos estudantes disseram acreditar em Deus e na Bíblia, e a Vrije Universiteit de Amsterdã, onde apenas 50% disseram acreditar em Deus e 27%, na Bíblia.

Depois de responder a um questionário sobre suas crenças e filiações religiosas, os participantes da pesquisa leram uma parábola adaptada de uma passagem relativamente obscura de uma versão clássica em inglês da Bíblia, descrevendo a tortura e morte de uma mulher, e a vingança do marido. Metade dos participantes foi informada de que a passagem vinha de Juízes, um dos livros do Velho Testamento, e outra metade, que se tratava de um pergaminho descoberto por arqueólogos.

Além da distinção de fonte, metade dos participantes, em ambos os grupos, leu uma versão adaptada da narrativa que incluía o verso: "O Senhor comandou que Israel pegasse em armas contra seus irmãos e os punisse perante o SENHOR".

Os participantes, então, foram agrupados em duplas e instruídos a travar uma competição simples. O vencedor teria o direito de "detonar" seu parceiro com um barulho de até 105 decibéis, o volume aproximado de um alarme de incêndio. O teste foi elaborado para auferir agressividade.

Os estudantes da Brigham Young mostraram-se mais agressivos - isto é, usaram volume mais alto - em suas "detonações" se acreditassem que o que tinham lido era um texto bíblico. Além disso, os participantes foram mais agressivos se o texto contivesse o versículo em que Deus aprova o uso de violência.

Na Vrije Universiteit, os resultados foram surpreendentemente similares. Embora fossem menos influenciados pela atribuição de fonte do material, os voluntários holandeses usaram um som mais forte quando a passagem incluía o versículo extra. Isso se revelou verdade, ainda que numa proporção menor, até mesmo para os estudantes que se descreviam como descrentes.