quinta-feira, 29 de abril de 2004

Qualquer maneira de amor vale a pena



O casamento gay e os direitos dos homossexuais estão no centro dos debates em todo o mundo. Nos EUA, uma corajosa decisão do prefeito de San Francisco levou milhares de homossexuais a procurarem a cidade para legalizar suas uniões estáveis, ao mesmo tempo em que Bush propõe uma emenda à constituição norte-americana vetando expressamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na Espanha, o novo governo social-democrata já anunciou que vai reconhecer a união civil.

Mas em dezenas de países, a homossexualidade ainda é crime. Gays, lésbicas, travestis e transexuais são agredidos, mortos e assassinados todos os dias, inclusive no Brasil. A homofobia, o preconceito, a discriminação, o estranhamento diante do "diferente", tudo isso continua fazendo parte do cotidiano de milhões de homossexuais e transgêneros em todos os lugares do mundo.

Passados mais de dois séculos de Revolução Francesa e de democracias burguesas, uma grande parcela da população ainda não tem os seus direitos civis reconhecidos. Os "direitos dos homens e dos cidadãos" foram, depois de muito luta, estendidos formalmente às mulheres. Já os gays e lésbicas ainda não são considerados cidadãos de primeira classe em nenhum lugar do mundo, a despeito de avanços importantes. Não existe nenhum país onde a igualdade seja plena, ou seja, onde todos os direitos assegurados aos heterossexuais sejam garantidos aos gays e lésbicas.

Caráter revolucionário


Na verdade, a luta pelos direitos civis e contra a homofobia ultrapassa seu caráter meramente liberal e tem um caráter emancipatório e revolucionário. Não alcançaremos a igualdade formal se não alcançarmos a igualdade real. E o preconceito contra gays e lésbicas só será totalmente derrotado numa sociedade que tiver erradicado a opressão de classe, o machismo, o racismo e todas as outras formas de discriminação. Trata-se, portanto, de entender o sentido extremamente avançado da luta pela livre orientação sexual. Combater a discriminação é particularmente importante para os homossexuais das classes trabalhadoras, que sofrem muito mais fortemente o preconceito e a violência nos bairros periféricos das grandes metrópoles. Lésbicas e gays pobres têm muito menos informação, são mais sensíveis à auto-rejeição e à rejeição familiar. São particularmente discriminados no mercado de trabalho, na escola e nas ruas.

Combater a homofobia é especialmente relevante para os negros, vítimas do nosso racismo secular que se vêem muito mais discriminados ao se descobrirem gays. Ou para a mulher negra, sempre na base das pirâmides quando se trata de desigualdade e que carrega estigma multiplicado ao ser enxergada pela sociedade machista e racista como uma sapatão preta. Exigir respeito e igualdade é fundamental para os milhões de jovens, sem acesso a educação, esporte, cultura e lazer, mas vítima de violência cotidiana e ainda por cima sofrendo perseguição e preconceito ao se descobrirem homossexuais ou transgêneros.

Portanto, esses temas estão articulados. A luta socialista é a luta contra todos os tipos de opressão e discriminação. Neste sentido, a bandeira do arco-íris é bandeira da diversidade, que deve ser levantada juntamente com a bandeira vermelha, dos socialistas, com bandeira lilás, das feministas e com a bandeira do movimento negro.

Governo Lula e os homossexuais


A dívida histórica do Estado brasileiro para com os homossexuais ainda não começou a ser enfrentada de fato pelo governo Lula. Nos últimos anos, houve avanços em legislações anti-discriminatórias em nível municipal e estadual. Mas em nível federal não há ainda nenhuma lei aprovada que trate de direitos e nenhuma política pública destinada especificamente a esse segmento.

Para começar a reverter esse quadro, um grupo de deputados e senadores articulou a formação da Frente Parlamentar Pela Livre Expressão Sexual com o objetivo de batalhar pela aprovação dos projetos que tramitam no Congresso e se relacionam com os direitos da comunidade. Algumas iniciativas são simbólicas, como a aprovação da união civil, proposta pela primeira vez em 1995 pela hoje prefeita de São Paulo, Marta Suplicy e que se encontra no plenário da Câmara parada há anos. Outro projeto fundamental é o que criminaliza a homofobia penalizando todos aqueles que praticarem atos discriminatórios em razão da orientação sexual de alguém. Esse projeto tem, para a comunidade gay, impacto e importância semelhante aos que a velha Lei Afonso Arinos teve para a luta anti-racista.

Além disso, há várias iniciativas urgentes que dizem respeito aos direitos dos travestis e transexuais. É preciso legalizar e regulamentar as cirurgias de redesignação genital (que permitem aos transexuais harmonizarem seu sexo biológico com seu sexo psicológico) e autorizar a troca de nomes, medida que serve tanto às travestis quanto aos transexuais.

Apesar de insuficientes, o governo Lula teve duas iniciativas importantes. A primeira foi a apresentação, no ano passado, na Comissão de Direitos Humanos da ONU, de uma resolução que incluía a livre orientação sexual como um dos direitos humanos fundamentais. Infelizmente, esse ano o governo brasileiro recuou e não reapresentou a proposta, tanto pela pressão dos fundamentalistas e de Bush, quanto por razões diplomático-comerciais: o Itamaraty preferiu não confrontar os países árabes, ferrenhos opositores da proposta.

A outra iniciativa é a elaboração de um programa nacional de direitos humanos para gays, lésbicas, travestis e transexuais chamado Brasil sem Homofobia, previsto para ser lançado no próximo dia 25 de maio. Trata-se de um programa aparentemente abrangente, que articula ações de vários Ministérios e Secretarias do Governo Federal.

Tudo isso é bom, mas o principal ainda não veio. A aprovação da união civil, com todos os direitos e prerrogativas legais que o casamento heterossexual tem, inclusive o direito de adotar. Enquanto gays e lésbicas não puderem amar e ser protegidos pela lei como qualquer outro casal, faltará ainda muito o que avançar.

Por isso, neste mês de junho, vamos levantar a bandeira do arco-íris e ajudar a construir uma sociedade menos preconceituosa, menos conservadora, mais justa e mais humana. Onde ninguém seja discriminado por amar e desejar alguém - independente de seu sexo ou identidade de gênero.

* Artigo publicado no Jornal Página13, sob responsabilidade da Articulação de Esquerda, tendência interna do PT.

Metodistas discutem papel de gays na Igreja




A Metodista Unida, terceira maior denominação cristã dos EUA, iniciou encontro especial nesta terça-feira em Pittsburgh, para discutir o papel de gays e lésbicas na Igreja.

A recente decisão de permitir que a Reverenda Karen Dammann, lésbica assumida, mantivesse o cargo de ministra em uma cidade no estado de Washington abriu a possibilidade de um cisma, repetindo o drama vivido pela Igreja Episcopal após a escolha de Gene Robinson, gay assumido, como bispo de New Hampshire.

Anteriormente a Metodista havia banido a possibilidade de homossexuais assumirem postos na Igreja.


Confira no Mix

Assembléia de Deus e a homossexualidade



A homossexualidade nas igrejas evangélicas, em especial a igreja Assembléia de Deus, ainda é um dos temas mais polêmicos que reside, comparam os sentimentos homossexuais como um desvio de personalidade, chegando ao extremo de fazerem alusões a viciados e criminosos que, por isso, devem abandonar suas praticas pecaminosas e assumir sua real identidade. Para isso se baseiam nos versículos de Gn. 1:27; I Co. 6:10 e Rm. 1:18-32.

As conseqüências dessa visão homofóbica e descontextualizada dos versículos da bíblia vem gerando dentro das igrejas muitos problemas psicológicos na vida de milhares de homossexuais cristãos, que assim como eu, são vítimas do preconceito, discriminação e falta de amor.

Enquanto a bíblia afirma que não devemos fazer acepção/discrimanção de pessoas, que a Lei do Amor deixada por Jesus deve prevalecer sobre todas as outras, o que presencie na AD foram atos cruéis onde o ódio, expresso através da expressão verbal e violenta rejeição, toma de conta de um arsenal totalmente contrário ao discurso genuíno enfatizado pelo Messias.

É muito fácil para quem vive uma sexualidade considerada pelos doutores da lei como “sadia”, e, de certa forma - se consideram do lado de fora dos versículos de I Co 6:10, onde Paulo escreve aos Coríntios - sem levar em conta o que Jesus ensinou, em especial aos próprios “sadios”, em Mateus 5:21-34, se referindo a um contexto antigo, onde falava com a sua própria autoridade para alterar e atualizar toda a Escritura que diz que a cólera contra alguém corresponde ao homicídio, o cobiçar uma mulher só em pensamento já é adultério, etc... esses dois exemplos básicos são suficientes para colocar em xeque o comportamento dos “sadios” para com os homossexuais, deixa em dúvida a certeza de salvação que eles fazem questão de declarar nos seus púlpitos.

A Bíblia é usada como provedora do alimento espiritual foi eclipsada vária vezes devido a más interpretações, dado que Deus fala através dos homens e de uma forma humana. Prova disso é a forma que foi usada para justificar a escravidão e impor monarquias abusivas nos séculos passados. No entanto, com o passar dos anos foi encontrada a verdadeira interpretação deste temas, até se chegar ao ponto de eliminar por completo todas as falsas interpretações. Porém, o mesmo não tem acontecido com a homossexualidade, que ainda é condenada em muitas igrejas no mundo.

O uso de dados bíblicos tem sua limitações. Por um lado, as escrituras estão histórica e culturalmente limitadas. Por outro, não seria aceitável uma tese baseada apenas em textos isolados fora de contexto.

As igrejas precisam tomar uma posição amadurecida, séria e que respeite todas as formas de pensamento, sem exclusão e muito menos intolerância. Para isso se faz necessário a elaboração de um estudo mais acurado sobre os versículos da Bíblia que tratam da sexualidade humana, sob a ótica de tentarem amenizar a brutalidade que têm cometido com seus membros gays, fazendo com que os mesmos vivam um inferno pessoal, divididos entre o dilema extremista de escolher sua homossexualidade ou sua relação com Deus.

A conclusão que chego é que as igrejas evangélicas homofóbicas como as AD's são prejudiciais para os gays cristãos que necessitam de ajuda e que lhes são negada em suas próprias congregações. O ideal seria se essas instituições religiosas reconhecessem o preconceito negativo que estão habituadas a ofertar gratuitamente aos homossexuais, que prova apenas a ignorância e falta de liberdade de expressão onde certos assuntos não são livremente debatidos como deveria ser.

*por uma ovelha gay evangélica, vítima da AD, hoje liberta pelo amor inclusivo e incondiconal de Jesus!

quarta-feira, 28 de abril de 2004

Escolas contra o preconceito



Governo federal lança programa para tentar reduzir discriminação contra homossexuais
Hugo Marques

BRASÍLIA - O governo federal lança o programa Brasil sem Homofobia, que vai levar para as escolas públicas de todo o país uma campanha de combate à discriminação contra gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros - grupo que inclui travestis e pessoas que mudaram de sexo. O programa vai mobilizar várias pastas na Esplanada. Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), o Ministério da Educação vai trabalhar na formação de professores para difundir nas escolas a não discriminação aos homossexuais. Os professores vão receber material especializado para abordar o tema em sala de aula. Além do preconceito contra homossexuais de maneira geral, fora da escola, o governo pretende orientar os professores para o comportamento dentro das salas de aula, entre os alunos. A avaliação da SEDH é que os adolescentes homossexuais já são muito discriminados pela família e a escola é um dos locais que podem contribuir para reduzir a violência.

Inicialmente, o governo estudou a possibilidade de distribuir material diretamente aos alunos de escolas públicas. Este foi um pedido da comunidade gay, que queria incluir o tema homossexualidade nos currículos escolares, nos livros e nos materiais didáticos. Mas, por considerar o tema muito sensível, o governo federal decidiu primeiro capacitar os professores para abordarem o problema da discriminação. Em um segundo momento, admitem os técnicos da SEDH, a abordagem poderá ser feita diretamente com os alunos. Cada Ministério vai anunciar entre duas e três ações para o combate ao preconceito. O programa visa também a promover a cidadania de homossexuais. O Ministério da Cultura deverá financiar projetos que debatam a temática gay. O Ministério da Saúde vai orientar as unidades de saúde para humanizarem o atendimento aos homossexuais e não discriminá-los. O Ministério da Justiça deverá ficar encarregado de abordar o tema da homossexualidade na área de segurança pública. Um dos projetos é incluir o combate à homofobia nos cursos de direitos humanos para as polícias, nos Estados. O projeto provê que o governo vai procurar apoio de agências de cooperação para financiar pesquisas sobre a situação socioeconômica de adolescentes homossexuais, tema até hoje desconhecido pelas autoridades. O projeto prevê que o governo promova a capacitação de técnicos de casas-abrigos na área de orientação sexual, permitindo atendimento mais especializado. O governo deve realizar avaliações das delegacias da mulher no atendimento às lésbicas. O governo também tem projeto para ampliar e especializar os serviços de disque-denúncia, com pessoal treinado para ouvir os homossexuais. Pelas projeções do governo federal, existem 140 grupos de homossexuais declarados no país. Grande parte é vítima de agressão física e extorsão, quando não é assassinada pela sua condição social.


terça-feira, 27 de abril de 2004

Precisa de ajuda?



Sabemos que existem muitos GLBT’s evangélicos em dúvidas sobre sua sexualidade à luz da Bíblia, tudo em decorrência dos ensinamentos distorcidos que aprendemos durante anos nas igrejas que excluem e consideram a homossexualidade humana como um tenebroso pecado.

Se vc se encontra numa situação dessas, precisa de ajuda espiritual e psicológica, escreva para o Gospel Gay, teremos o maior prazer em lhe enviar vários estudos bíblicos.

Nosso e-mail para correspondência: gospelgay@yahoo.com.br

segunda-feira, 26 de abril de 2004

II Conferência da ICM Brasil




O representante do Bispo Regional das Igrejas da Comunidade Metropolitana no Brasil, Pr. Marcos Gladstone, em entrevista exclusiva para a Gospel Gay revela alguns detalhes e tira algumas dúvidas sobre II Conferência da ICM Brasil, que será realizada no feriado do dia 01 de Maio/04.

O tema escolhido para conferência é“Celebração ICM Brasil 2004”, novamente sediada no Othon Palace Hotel em Copacabana, no ano passado teve 350 participantes de Norte ao Sul do país, este ano a expectativa é de 500 pessoas, com aproximadamente 100 convidados vindos das ICMs da Europa, EUA e América Latina.

O convidado de honra da conferência é o Rev. Troy Perry, fundador da denominação que para o mundo cristão GLBT se tornou o maior ícone ao desafiar e mudar as correntes teológicas que condenavam a homossexualidade.

Gospel Gay - Como a ICM Brasil está se preparando para receber as caravanas nacionais e internacionais? E qual o número estimado de participantes?

Pr. Marcos Gladstone: Temos uma equipe de quase 50 pessoas trabalhando no intuito de fazer o melhor para todos os participantes do evento, desde músicos (incluindo também violinistas e flautistas), cantores, bailarinos, grupos de teatro equipe de segurança etc. O pessoal do Exterior está quase todo alocado na Rede Othon, os brasileiros que com a grana apertada estão podendo disponibilizar a Sede da ICM Rio de Janeiro, no centro da cidade, Rua Mem de Sá, 183/3º que dista uns 20 minutos de Copacabana, que somente precisam levar um colchonete roupas de cama e toalha. Também temos alguns apartamentos que conseguimos que ficassem a uns R$ 20,00 por pessoa. Para maiores esclarecimentos sobre o local 21 9635-0558 ou 21 3331-9666 ou no e-mail joseluiz@icmbrasil.com.br. Esperamos no mínimo a 350 pessoas, já com convidados confirmados da Argentina, Uruguai, Peru, Nicarágua, Venezuela, México e EUA. No Brasil temos Rio Grande do Sul, Santa Cataria, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia etc.

Gospel Gay - Que temas foram escolhidos para serem explanados durante a conferência?
Pr. Marcos Gladstone: Está celebração está toda voltada para as Promessas de Deus para nossas vidas.

Gospel Gay - Poderia falar um pouco sobre a programação do evento? O que se pode esperar desta conferência?
Pr. Marcos Gladstone: Nosso principal objetivo é que o que vier à Conferência seja transformado e impactado pelo poder de Deus. Nesta semana estamos todos em campanha de oração para que haja unção, cura, libertação, salvação e realmente o poder de Deus se manifeste em todos.

Gospel Gay - A presença do Rev. Troy Perry, que se tornou o maior ícone ao desafiar e mudar as correntes teológicas que condenavam a homossexualidade, serve para reafirmar a seriedade e compromisso que a ICM tem com os seus membros?
Pr. Marcos Gladstone: Sim, e a nossa seriedade está também na busca pela excelência em tudo que projetamos para fazer.

Gospel Gay - As igrejas evangélicas tradicionais geralmente excluem e discriminam os homossexuais de seus templos, o que o senhor tem a dizer sobre este comportamento?
Pr. Marcos Gladstone: A ICM estará sempre de portas abertas aos excluídos do Reino de Deus pelos homens, isso é o que importa para mim.

Gospel Gay - O acesso ao evento será aberto a comunidade ou apenas gays evangélicos poderão participar?
Pr. Marcos Gladstone: A ICM é uma igreja inclusiva e o acesso à Conferência é a todos, além disso, não somos uma igreja apenas de Gays, mas de lésbicas, bissexuais, transexuais e heterossexuais.

Gospel Gay - Sabemos também que durante a conferência será lançado no Brasil o CD "Para todas as Nações", qual é o propósito deste cd e o que ele tem a acrescentar aos seus ouvintes?
Pr. Marcos Gladstone: Este CD leva uma mensagem de um Deus que inclui e mostra que a unção de Deus também está sobre nós, só quem ouvi-lo poderá entender realmente, pois não tenho palavras para descrevê-lo. Uma das coisas que tem me deixado muito feliz é que muitos familiares de nossos membros estão sendo transformados e tem mudado completamente a visão sobre o nosso ministério, depois de terem ouvido o CD.

Gospel Gay - Que conselho o senhor daria para quem tem medo de se expor ao participar da Conferência da ICM Brasil?
Pr. Marcos Gladstone: Não, é da política da ICM que a pessoa se envergonhe da sua orientação sexual, afinal ela é um dom, um presente de Deus para cada um. De qualquer forma respeitamos o processo que cada um tem consigo, com sua família e com a sociedade para aceitá-la. Na Conferência não é permitida a mídia no local, temos um forte esquema de segurança montado para isso, somente o Mix Brazil terá acesso ao local, que apenas irá tirar foto de quem quiser posar como fez no ano passado.
As inscrições para a Conferência já podem ser feitas pelo e-mail icmrj@bol.com.br bastando enviar nome, e-mail, telefone e endereço.

sexta-feira, 23 de abril de 2004



WAS – World Association for Sexology

Durante o XV Congresso Mundial de Sexologia, ocorrido em Hong Kong (China), entre 23 e 27 de agosto p.p., a Assembléia Geral da WAS – World Association for Sexology, aprovou as emendas para a Declaração de Direitos Sexuais, decidida em Valência, no XIII Congresso Mundial de Sexologia, em 1997.

Declaração dos Direitos Sexuais

Sexualidade é uma parte integral da personalidade de todo ser humano. O desenvolvimento total depende da satisfação de necessidades humanas básicas tais quais desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor.

Sexualidade é construída através da interação entre o indivíduo e as estruturas sociais. O total desenvolvimento da Sexualidade é essencial para o bem estar individual, interpessoal e social.

Os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos. Saúde sexual é um direito fundamental, então saúde sexual deve ser um direito humano básico. Para assegurarmos que os seres humanos e a sociedade desenvolva uma sexualidade saudável, os seguintes direitos sexuais devem ser reconhecidos, promovidos, respeitados e defendidos por todas sociedades de todas as maneiras. Saúde sexual é o resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exercita estes direitos sexuais.

  • O DIREITO À LIBERDADE SEXUAL – A liberdade sexual diz respeito à possibilidade dos indivíduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se excluem todas as formas de coerção, exploração e abuso em qualquer época ou situações de vida.

  • O DIREITO À AUTONOMIA SEXUAL, INTEGRIDADE SEXUALE E À SEGURANÇA DO CORPO SEXUAL – Este direito envolve a habilidade de uma pessoa em tomar decisões autônomas sobre a própria vida sexual num contexto de ética pessoa e social. Também inclui o controle e p prazer de nossos corpos livres de tortura, multilação e violência de qualquer tipo.

  • O DIREITO À PRIVACIDADE SEXUAL – O direito às decisões individuais e aos comportamentos sobre intimidade desde que não interfiram nos direitos sexuais dos outros.

  • O DIREITO A LIBERDADE SEXUAL – Liberdade de todas as formas de discriminação, independentemente do sexo, gênero, orientação sexual, idade, raça, classe social, religião, deficiências mentais ou físicas.

  • O DIREITO AO PRAZER SEXUAL – prazer sexual, incluindo autoerotismo, é uma fonte de bem estar físico, psicológico, intelectual e espiritual.

  • O DIREITO À EXPRESSÃO SEXUAL – A expressão é mais que um prazer erótico ou atos sexuais. Cada indivíduo tem o direito de expressar a sexualidade através da comunicação, toques, expressão emocional e amor.

  • O DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÀO SEXUAL – significa a possibilidade de casamento ou não, ao divórcio, e ao estabelecimento de outros tipos de associações sexuais responsáveis.

  • O DIREITO ÀS ESCOLHAS REPRODUTIVAS LIVRE E RESPONSÁVEIS – É o direito em decidir ter ou não ter filhos, o número e tempo entre cada um, e o direito total aso métodos de regulação da fertilidade.

  • O DIREITO À INFORMAÇÃO BASEADA NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO – A informação sexual deve ser gerada através de um processo científico e ético e disseminado em formas apropriadas e a todos os níveis sociais.

  • O DIREITO À EDUCAÇÃO SEXUAL COMPREENSIVA – Este é um processo que dura a vida toda, desde o nascimento, pela vida afora e deveria envolver todas as instituições sociais.

  • O DIREITOA SAÚDE SEXUAL – O cuidado com a saúde sexual deveria estar disponível para a prevenção e tratamento de todos os problemas sexuais, precauções e desordens.


Preconceito a orientação sexual pode ser punido



Tramita na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania o Projeto de Lei 3143/03, que pune quem praticar ou induzir o preconceito de sexo ou de orientação sexual. A proposta, da deputada Laura Carneiro (PFL-RJ), altera a lei que proíbe os preconceitos de raça e de cor. O descumprimento da medida passará a ser crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão.

A legislação atual já prevê punição para os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

A autora ressalta que hoje, na jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal (STF), o conceito de racismo não se restringe à discriminação ou preconceito em razão da cor. Dessa forma, segundo Laura Carneiro, "é preciso complementar a redação da lei atual para dar à Justiça instrumento eficaz para extinguir da sociedade comportamentos repugnantes, contrários aos princípios norteadores do ordenamento jurídico", explica.

O projeto aguarda designação do relator na Comissão de Constituição e
Justiça e de Cidadania. Depois de analisado pela comissão, seguirá
para votação em Plenário.


Da Redação
Edição - Patricia Roedel

Agência Câmara
Tel. (61) 216.1851/216.1852
Fax. (61) 216.1856
E-mail: agencia@camara.gov.br

Pesquisa diz que 41% dos padres romperam celibato




Uma pesquisa encomendada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mostra que o celibato não é sagrado para boa parte dos padres. De 1.831 religiosos entrevistados, 41% tiveram experiência sexual com mulheres depois de ordenados. Apesar de expressivos, os números foram considerados um "desvio normal" pelo bispo dom Anuar Battisti, escalado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para analisar os resultados da pesquisa.
"Não se trata de um desvio de caráter ou de conduta", afirmou o bispo à TV Globo. No mesmo levantamento, 62% dos padres discordam de que o homossexualismo seja uma negação da vontade de Deus e 41% defendem que o celibato seja facultativo. Segundo a CNBB, o dado mais positivo é de que 94% dos padres estão satisfeitos na Igreja Católica e não pretendem deixá-la.

A pesquisa foi aprensentada durante a assembléia geral da CNBB, realizada no município de em Itaici, a cerca de 90 quilômetros de São Paulo.


quinta-feira, 22 de abril de 2004


O que é ser gay?



Hoje, mesmo com tanta informação, ainda não é fácil para o jovem entender o que é ser gay, identificar e aceitar esta outra forma de desenvolver sua sexualidade. O preconceito ainda é a maior barreira. Para acabar com todo esta pressão psicológica, talvez só haja um caminho: o do respeito. Homossexualidade não é crime, não é doença e não é contagiosa. O preconceito sim, é contagioso e destrói. Antes de ser gay ou lésbica, a pessoa é mãe, pai, tio, amigo, advogado, comerciante, namorada, estudante, ou seja, se ficarmos presos somente à uma característica pessoal (a homossexualidade, por exemplo), perderemos o melhor que cada um tem a oferecer.





Campanha: "TEMOS FAMÍLIA E ORGULHO"
Falar sobre família quando se é homossexual pode ser uma experiência dolorosa para muitos. Nossa sociedade ainda vincula ao gay a idéia de que sua condição vai contra as leis da natureza, pois estão fora dos modelos estabelecidos de amor, afeto e procriação. A palavra família aponta para uma idéia, mesmo que inconsciente, de futuro. E, com a falta de políticas que garantam direitos de cidadania (parceria civil, pensão, divisão de bens etc) a idéia de futuro parece distante, ainda que muitas famílias compostas por gays driblem os obstáculos jurídicos e construam relações duradouras e respeitáveis como qualquer outra.

As famílias na pauta de 2004
Em 2004 a Associação do Orgulho GLBT traz em seu calendário de eventos uma série de atividades que trarão à tona questionamentos acerca da família e o homossexual, por entender que ela é a fonte do problema e sua solução. A família é bombardeada por informações de ordem moral e religiosa em todo momento e, quando se vê frente a frente à revelação da homossexualidade por parte de um de seus membros revela-se altamente despreparada, o que têm provocado danos de ordem social e emocional para ambos os lados.


Informações: www.paradasp.org.br



ADÃO E EVA



O argumento de que Deus criou Adão e Eva macho e fêmea e que, dentro desse limite deve restringir-se todo relacionamento sexual é falso, pois ignora muitos fatos: 1º - A história do 1º capítulo de Gênesis é um mito semítico, o qual tem como única finalidade apontar Deus como o originador do Universo e não narrar os acontecimentos em detalhes. O texto é o resumo de uma tradição que possui muitas variantes. 2º - Adão foi criado macho e fêmea. Eva estava dentro de Adão, ela foi retirada para que um relacionamento pudesse ocorrer, com a mesma carne e o mesmo sangue. Antes Deus ofereceu a Adão os animais como possível companhia, ele não escolheu nenhum. Nesse caso, Adão faria sexo com o animal que tivesse escolhido?! A narrativa da criação não pretende definir orientação sexual. 3º - A Bíblia não diz se Adão e Eva eram brancos, amarelos, vermelhos ou pretos, ou se eram baixos, altos, fortes ou fracos, que língua falavam etc. Se temos que seguir o padrão Adão e Eva relacionado com sexo, então, deveríamos seguir o mesmo padrão com relação a todo o resto, raça, cor, língua etc. Teríamos para isso que descobrir qual era a raça e a cor deles, o resto da humanidade que não se conformasse a esse padrão, seria anomalia, transviada, doente e pária. Não é de admirar que muitos cristãos tenham decidido que a raça deles é a única pura, a que Deus criou e seguindo essa filosofia, perseguido e oprimido os de outra raça. Os crentes da África do Sul seguiram essa interpretação, Hitler também a seguiu. Se quisermos classificar as pessoas conforme o sexo, temos que ser consistentes, terminar a classificação, incluindo todos os outros aspectos possíveis. Por que só sexo?


Resolução sobre Orientação Sexual e Direitos Humanos foi postergada para 2005

No dia 15 de abril a Comissão de Direitos Humanos da ONU (UNCHR) decidiu por consenso adiar a Resolução Brasileira sobre ‘’Orientação Sexual e Direitos Humanos’’ para a próxima sessão em 2005. O texto, apresentado pelo Brasil na sessão do ano passado já havia sido postergado. Se votado, seria a primeira Resolução da ONU a mencionar Orientação Sexual e condenar a discriminação neste campo da violação dos direitos humanos.

O embaixador Mike Smith, presidente desta 60ª sessão observou que nao havia nenhuma objeção nem oposição ao pedido brasileiro de 31 de março para adiar a consulta do projeto de Resolução. Não houveram votos nem debates por parte da Assembléia. As preocupações eram grandes, ao ponto de que a Resolução pudesse ter sido derrotada ou retirada da agenda da ONU.

Grande coalisão de ativistas Gay, Lesbicas, Bissexuais e Transgêneros presente na ONU como nunca visto antes

Pela primeira vez na historia, uma grande coalisão de ativistas Gay, Lesbicas, Bissexuais e Transgêneros patrocinada pela ILGA e outras organizações internacionais está nas Nações Unidas para dialogar com delegações nacionais e assegurar que as vozes da comunidade GLBT sejam ouvidas. Esta postergação dá aos ativistas outro ano para se preparar e lutar contra as forças contrárias a Resolução. A petição de ILGA que recolheu 45.000 assinaturas até a data de hoje a favor da Resolução, permanecerá aberta até a próxima sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU (UNCHR)



Da Argentina para ONU
''Nem religiões fundamentalistas, doutrinas e politicas podem apoiar a infâmia da desigualdade que sofrem as pessoas por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero.''

Pedro Anibal Paradiso Sottile e Cesar Cigliutti(CHA - Argentina) fizeram um discurso na 60ª sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU. (artigo 14: Grupos vulneráveis)



Senhor Presidente, distintos membros da Comissão de Direitos Humanos,

Como membro da Assembléia Permamente pelo Direitos Humanos e ativista da Comunidade Homossexual Argentina e da Associação Internacional de Gays e Lésbicas, venho denunciar a violação dos direitos humanos que vivemos por nossa orientação sexual e identidade de gênero.

Muitas nações do mundo estão igualando os direitos das pessoas homossexuais aos do resto da sociedade. Contudo, em alguns países, ser gay, lésbica, bissexual, travesti, ou transexual significa sofrer discriminação.

Esta discriminação para nossa comunidade se manifesta em insulto, na invisibilidade, na perseguição e assassinato. A intolerância para nós chega até negar-nos o direito à saúde, à moradia, à educação e ao trabalho.

Necessitamos declarações e leis de proteção para evitar esses abusos e para que não exista impunidade.

O reconhecimento de nossos direitos é só uma questão de tempo. Não existe religiões, nem fundamentalismos, nao existe doutrina, não existe política, que possam apoiar a infâmia da desigualdade das pessoas por conta de sua orientação sexual e identidade de gênero.

É importante que a Comissão de Direitos Humanos afirme a universalidade destes direitos reconhecendo às pessoas adultas o direito de sermos nós mesmos e de querer-nos livremente...

Este ano está presente em Genebra, uma numerosa e diversa delegação de todo o mundo integrada pela Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), uma federação de 400 organizações de mais de 90 países e também outros organismos internacionais. Somos de todas as raças, classes sociais, culturas e religiões. Temos o direito de ser protegidos e protegidas contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero na mesma medida em que seríamos se fossemos discriminados e discriminadas por nossa raça, opinião e religião.

Na Argentina, o Presidente da Nação apoia o reconhecimento dos direitos humanos de todas as pessoas, respeitando a orientação sexual e identidade de gênero. Também o acompanha a sociedade civil argentina, através das mais importantes organizações de direitos humanos, sociais e sindicais.

Vocês, que foram eleitos para integrar esta Comissão de Direitos Humanos de todo o mundo têm o poder de mudar e melhorar nossa situação e a história. A igualdade, a justiça e a liberdade são valores que não devem ser negociados. Milhões de pessoas no mundo esperam este ato de justiça.

Somente a educação e o respeito à diversidade garantem a dignidade de todas as pessoas e de todas as civilizações: na origem da luta das pessoas gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais está o desejo de todas as liberdades.

Na origem de nossa luta está o desejo de todas as liberdades.

Muito obrigado senhor Presidente.


Intervenção de Pedro Paradiso Sottile y Cesar Cigliutti
Assembléia Permanente pelos Direitos Humanos
(APDH)

Genebra, Abril de 2004

terça-feira, 20 de abril de 2004

A Associação Americana de Psiquiatria reprova as terapias de reversão

Denver, EUA (Dez. 1998) – Foi adotada por voto unânime no encontro de dia 11 e 12 Dezembro do Conselho da Associação Americana de Psiquiatria, uma declaração de posição contra qualquer tipo de tratamento psiquiátrico do tipo terapias “reparativas” ou de “conversão” com o objectivo de mudar a orientação sexual de homossexual para heterossexual.

A APA (American Psychiatric Association) retirou a homossexualidade do seu "Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais” (DSM) em 1973, depois de rever estudos e provas que revelavam que a homossexualidade não se enquadra nos critérios utilizados na categorização de doenças mentais.

"É muito apropriado que esta posição de oposição às terapias de reversão seja adoptada no 25° aniversário da remoção da homossexualidade da DSM” disse o Dr. Rodrigo Munoz, Presidente da APA. “Não há provas científicas que demonstrem que as terapias de reversão ou de "cura" são eficazes na modificação da orientação sexual de uma pessoa. Há contudo, provas de que este tipo de terapia pode ter resultados destrutivos”.

Esta posição defende que a terapia de reversão incorre em riscos de causar danos aos seus pacientes ao provocar depressões, ansiedade e comportamentos auto-destrutivos. A APA junta-se à Associação Americana de Psicologia, à Associação Americana de Assistentes Sociais e à Associação Americana de Pediatras na adopção de uma política comum contra as terapias de reversão.

Fonte: “American Psychiatric Association Rebukes Reparative Therapy: Will Mormons Take Notice?”, Affirmation: Gay & Lesbian Mormons in http://www.affirmation.org/article95.htm


Que gay sou eu?


por Elias Vergara

“Aquilo que me incomoda demasiadamente em outra pessoa, é meu”. Esta é uma afirmação clássica na psicanálise.

Cuidado! Quem se ocupa demasiadamente em perseguir, reprimir, a quem quer que seja, está perseguindo e reprimindo a si próprio. Tem algo lá dentro de si que está mal resolvido em relação a aquilo que tanto nos incomoda.

Posso afirmar que em alguma medida todos nós temos um Gay com quem nos relacionamos, e ele está dentro de nós. Ou nós o assumimos, ou nós o rejeitamos, ou nós convivemos numa boa, sem que ele nos transforme. O ser Gay é algo que está dentro de nós e não algo que possamos simplesmente dizimar da face da terra.

Muita gente na historia elegeu as minorias para serem dizimadas: os judeus, os índios, os negros, as mulheres e agora os gays.

Quem fica citando aqui e ali versos bíblicos para justificar suas posições preconceituosas, está com dificuldade de entender aquilo que Jesus tanto insistiu em todo o seu ministério: amar ao próximo, como a si mesmo. Nisto, disse Jesus, resume-se toda a Lei.

Para mim é esta a questão central: não estamos preparados para amar os gays, pois eles ameaçam a nossa masculinidade, ou a nossa femilidade. E se o ser macho ou fêmea está sendo ameaçado, é porque estas categorias nunca foram assim tão cristalinamente definidas. Quando alguém se assume gay, isso perturba a sociedade e seus membros individualmente.

Quando eu puder abrir mão de todo o meu preconceito e abraça um gay como a um ser humano, então eu terei descoberto o verdadeiro amor do qual Jesus tanto falou.



Reflexão



Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Bertolt Brecht





Eleições 2004

Em pleno século XXI, os homossexuais continuam a ser discriminados, perseguidos, desqualificados e preteridos por grande parte da população, apesar dos avanços já conquistados.

Neste ano de eleições, é muito importante você não dar o seu voto para políticos que são contra os direitos humanos dos homossexuais e a favor da homofobia. Chega de discriminação, vamos lutar pela nossa livre orientação sexual!!!
A boa nova!

A maior tragédia da igreja cristã é excluir ou importunar os homossexuais. A Bíblia Sagrada nos ensina que “Deus não faz acepção de pessoas” (At. 30:34), ou seja, as promessas de Deus são destinadas a todos os seres humanos, incluindo nós gays.

A boa nova é que um maior número de escolas bíblicas e teológicas reconhecem que as escrituras sagradas não condenam o amor decorrente de relacionamentos homossexuais.

Para entendermos melhor a Bíblia, antes de tudo precisamos inserir-nos no contexto e nas histórias literárias que envolvem seus escritos, reflexos de muitas culturas diferentes da nossa. A exemplo disso, existem grandes diferenças entre as muitas denominações cristãs, no entanto, todas usam a mesma Bíblia. A interpretação bíblica e teológica difere de igreja para igreja, fazendo com que alguns cristãos professem que outros cristãos não são realmente cristãos.

Por muitos séculos as atitudes cristãs a respeito da sexualidade humana foram muito negativas. Algumas igrejas eram influenciadas por idéias antigas e concebiam a homossexualidade como um tipo de doença. Hoje tal teoria foi negada pela classe médica e a visão dos psicanalistas também mudou. Em 1973 o homossexualismo deixou de ser classificado como doença pela APA (Associação Americana de Psiquiatria), que retirou de seu “Manual de Diagnósticos e Estatística de Distúrbios Mentais” e, a partir de então, o termo homossexualidade substituiu aquele (homossexualismo) e a sua prática foi aceita como orientação afetivo-sexual (FRY & MacRAE, 1985).
Quem pode nos julgar?

A igreja combate abertamente à homossexualidade, baseando-se em escritos bíblicos interpretados fora do contexto literário, porém, os mesmos cristãos se esquecem que na mesma bíblia existe uma passagem que diz “não julgueis, para que não sejais julgados” (Mateus 7:1).

Quem será suficientemente bom e sem pecados para ser digno de julgar alguém? Se, nem mesmo Jesus teve a ousadia de julgar as pessoas, quem seremos nós, míseros mortais e pecadores para fazermos o julgamento de alguém? Ademais, “...aquele dentre vós que está sem pecado que lhe atire uma pedra” (João 8:7)
Porque somente os isentos de pecado poderiam lançar a primeira pedra?

O objetivo de Jesus era censurar a hipocrisia e convidar as pessoas a um exame de consciência antes de julgar os outros. À medida que refletissem sobre seus próprios pecados, o desejo de punir outra pessoa desapareceria. Isso combina com a ordem de Jesus de tirarmos a trave do nosso próprio olho antes de querermos retirar o argueiro do olho do nosso irmão (v. Mt 7.3-5)

Participe também!

Venha participar do grupo de discussão formado por GLBT’s evangélicos e tire suas dúvidas sobre sua sexualidade. Lá você terá a oportunidade de conhecer pessoas legais de todo o Brasil, além de poder se aconselhar com pastores e trocar experiências com quem também fala a sua língua.

http://www.grupos.com.br/grupos/gospelgay

segunda-feira, 19 de abril de 2004

Deus nos ama!

A partir do testemunho do Evangelho cremos que Deus ama as pessoas sem distinção. Está claro, também, que tanto as pessoas que se sentem atraídas sexualmente para o mesmo sexo como as que se sentem atraídas para o sexo oposto precisam da graça de Deus para serem salvas. Nenhuma pessoa é salva por causa do seu comportamento sexual. O apóstolo Paulo escreve:

“....Não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por causa da graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.” (Rm 3.23)

Todos nós, sejamos heterossexuais ou homossexuais, somos justificado tão somente pela graça de Deus e pela fé que o Espírito Santo em nós opera.

A palavra de Deus é juízo e graça para todas as pessoas. Em todas as situações e pra com toda as pessoas, deve prevalecer o amor, que é o maior dos dons. (I Co 13)


Queria



Um mundo para nós dois.
Um mundo onde sejamos livres, não há palavras que o descreva.
Um mundo de todas as cores,
Vivas, pálidas, ferventes e pastéis.
Onde proteja, de tudo que seja hostil e perigoso.
O que sentimos um pelo outro.
Quero que isso seja semente.
A ocupar, a povoar...
Uma outra terra, um lugar diferente.
Onde não tenhamos que ocultar a luz de nossos olhares,
Por trás de gestos escondidos, contidos,
Repletos de carinho, de desejo.
A máscara da frieza.
A distância dissuadida,
Machuca o coração,
Magoa a alma...
Quantos beijos meus serão calados?
Quantas vezes amputarão nossas mãos unidas?
Palavras abafadas, misturadas ao cheiro seu,
Embaraçam minha mente, confundem meus pensamentos,
Macera, esmaga, mói
Dentro de mim, o amor que sinto por você.
Entretanto,
Alimenta, fortalece, agiganta
Dentro de mim, o desejo de amar mais ainda você.

domingo, 18 de abril de 2004

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O Cristão e a Homossexualidade

A maioria dos cristãos ainda sente desconforto com relação à homossexualidade. Mesmo homossexuais cristãos freqüentemente compartilham esta inquietação, porque todos temos sido educados na mesma tradição cristã. Há muitas causas para este desconforto, mas a cause que parece mais saliente na mente de todos é a convicção de que a Bíblia condena a homossexualidade em si mesma e em todas as suas formas de manifestação.

Uma lenta mudança começa a ocorrer nos dias atuais, felizmente. Alguns cristãos, enquanto mantêm a atitude tradicional, têm começado a admitir que não é necessário, na sociedade atual, punir os homossexuais pelo comportamento que é permissível aos heterossexuais. Com base nisso, muitas comunidades cristãs têm feito manifestações formais de apoio ao direito de pessoas homossexuais à proteção contra a discriminação, principalmente na Europa e na América do Norte.

Alguns cristãos têm ido além disso e reconhecido que a hostilidade com a qual algumas pessoas têm atacado e condenado atos homossexuais e pessoas homossexuais é totalmente injustificado. É importante atentar para a relativa importância dada ao comportamento homossexual na Bíblia e, especialmente, observar as atitudes de um cristão quando convive com outros seres humanos, sejam eles homo ou heterossexuais. Alguns teólogos e um número de homossexuais cristãos trabalhando a partir de um crescente entendimento dos textos bíblicos, chegaram à conclusão de que a Bíblia não exclui os homossexuais da fraternidade cristã, dentro de limites análogos àqueles aplicados aos heterossexuais.

A Bíblia menciona o comportamento homossexual, a partir das interpretações de seus tradutores, em termos extremamente negativos, num punhado de versos amplamente espalhados, mas pesquisas modernas têm aumentado consideravelmente a dúvida evidente sobre a interpretação tradicional destas passagens - uma interpretação que tem trazido trágicas conseqüências para homossexuais através de quase toda a história cristã. O propósito, aqui, é examinar esta evidência, junto com a luz que a ciência tem derramado sobre o desenvolvimento psico-social, na esperança de que ela guiará para uma avaliação mais perfeita das escrituras.

A maioria das pessoas cresce desejando e procurando um relacionamento íntimo e amoroso com uma pessoa do sexo oposto. Homossexuais, por outro lado, são aqueles que descobriram que seus desejos convergem em direção à pessoas do mesmo sexo. Como e porque esta variante ocorre ainda não é possível explicar tendo, provavelmente, conseqüência a partir de uma ampla ordem de fatores, alguns dos quais são ambientais e alguns, possivelmente, hereditários ou físicos. O que é importante, entretanto, do ponto de vista do pecado, é que a maioria dos homossexuais não tem recordação de jamais terem escolhido esta orientação sexual, tanto quanto os heterossexuais têm consciência de ter escolhido desejar o sexo oposto. Trata-se apenas de uma inclinação emocional, uma parte integrante da personalidade. E estes indivíduos sentem que nada na terra jamais mudará isto, assim como os heterossexuais não podem se imaginar transformando-se em homossexuais.

A verdade é que, ao que tudo indica, a sexualidade humana é livre e solta, e que um interesse emocional se desenvolve muito cedo na vida e que este interesse, então, vem cada vez mais à tona, à medida que a puberdade e a adolescência afloram certas fantasias e determinados comportamentos sexuais.

A razão, conseqüentemente, do porquê dos homossexuais procurarem contato íntimo com indivíduos de seu próprio sexo não reside no fato de serem pervertidos ou luxuriosos, mas sim porque sua natureza íntima - a natureza que Deus lhes conferiu - não lhes permite viver o padrão de vida heterossexual. Para os homossexuais, tentar viver uma vida tipicamente heterossexual é viver dentro de uma mentira, um atentado moral e espiritual contra seu parceiro e contra si mesmos. Tal relacionamento não satisfaz a função de que deve ser alcançada por todo tipo de envolvimento entre duas pessoas: satisfação, alegria, prazer, respeito e afeição. Diferentemente dos heterossexuais, os homossexuais se sentem completos apenas por uma pessoa do mesmo sexo.

Isto não significa que homossexuais não possam se envolver em práticas sexuais de cunho heterossexual. Muitos podem praticar sexo heterossexual, assim como muitos heterossexuais são capazes de se envolver em atividades homossexuais. Mas se tiverem a oportunidade de escolher, preferirão um parceiro do mesmo sexo, não por mera perversão, mas porque somente um parceiro do mesmo sexo os satisfaz emocionalmente. Para que aja pecado - ou seja lá como chamam os religiosos - deve haver uma possibilidade de escolha moral. Onde não há escolha não pode haver pecado. Assim, se a orientação sexual não é uma questão de escolha do indivíduo, não pode ser pecado ser homossexual, da mesma forma que não é pecado ser heterossexual. Se a homossexualidade - a orientação - é um pecado, o comportamento heterossexual também seria.

Na verdade, os cristãos heterossexuais devem ter cuidado para não agirem da mesma forma que os Fariseus do passado, legando para seu semelhante um fardo que eles próprios não teriam como suportar.

Em síntese, a Bíblia parece, claramente condenar apenas 03 coisas com relação à homossexualidade:

*o estupro homossexual;
*o ritual envolvendo prostituição homossexual e que fazia parte do culto da fertilidade dos cananeus e que alguns judeus passaram a idolatrar antes da Lei de Levíticus;
*luxúria e comportamento homossexual da parte de indivíduos heterossexuais. Sobre o tema da homossexualidade como uma orientação, e sobre o comportamento consensual de pessoas que possuem esta orientação, a Bíblia faz completo silêncio. A orientação em si era, aparentemente, desconhecida ou pelo menos não reconhecida pelos autores bíblicos. Somente a partir de 1890 a ciência da psicologia começou a reconhecer a homossexualidade como uma entidade distinta.

A visão bíblica da homossexualidade pode depender, enormemente, da visão particular da Escritura. Para excluir a homossexualidade da cristandade, algumas pessoas utilizam a "prova textual". É a mesma técnica utilizada no passado para sustentar outras formas de intolerância, como por exemplo, a escravidão. Citações da Bíblia são usadas ainda hoje para justificar a discriminação contra as mulheres e minorais raciais. A prova textual é o uso de uma Escritura que parece demonstrar um certo tópico como prova da opinião de Deus concernente àquele tema. Entretanto, três coisas são ignoradas na prova textual:

- o contexto cultural da escritural original;
- o sentido original da língua da época em que foi escrita;
- as mensagem completas que circundam o texto e aparecem através do corpo completo da Bíblia.

Devemos conhecer o contexto social no qual as palavras do texto foram escritas, qual era a sociedade para a qual o texto foi escrito, qual a sua cultura, que situação específica originou o texto, como o texto relata a completa visão do autor, como ele é visto à luz de toda a mensagem bíblica, como se relaciona com todos os demais textos, se ocorrem divergências entre os autores etc.

Muitos, num certo sentido, interpretam a Bíblia à luz da linguagem e do tempo no qual ela foi escrita. Por exemplo, a Bíblia diz "olho por olho, dente por dente", ou "se tua mão direita te serve de escândalo, corta-a e lança-a fora de ti"(Mateus 5:39-30). Nos dias atuais é muito difícil encontramos pessoas de um olho só ou pregadores de um braço só reforçando estes preceitos.

Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. (I João 4:8)


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Nota: Texto postado em na lista de discussão Gospel GLBT (http://www.grupos.com.br/grupos/gospelgay/) em 21/11/2003