terça-feira, 31 de março de 2009

Exemplo luso


Portugal deve ganhar abrigos para jovens gays com problemas em casa.



O Instituto da Segurança Social de Portugal anunciou apoio à criação de casas de abrigo para jovens LGBTs expulsos de casa pelos próprios pais ou que vivem em situação de risco no ambiente doméstico em decorrência da orientação sexual. A iniciativa deverá ser resultado de uma parceria público-privada como uma das estratégias para combater a violência física e psicológica sofrida por jovens homossexuais dentro das próprias casas.

De acordo com Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social, o poder público não tem capacidade de criar respostas sobre esta realidade, mas pode apoiar instituições particulares de solidariedade social que se propuserem a trabalhar com esses casos. "É o mesmo que acontece com entidades de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica", disse Martinho.

De acordo com a Rede Ex aequo, associação que representa LGBTs de Portugal com idades entre 16 e 30 anos, o número de jovens agredidos em casa e que pedem ajuda à entidade só cresce. "Estes jovens entram num profundo estado de isolamento. É que se há pais violentos, que os agridem e os expulsam de casa, há depois todo um controle que vai desde vasculhar o celular até levar os filhos à escola, não lhe permitindo o seu espaço individual", disse Rita Paulos, porta-voz da Rede Ex aequo. De acordo com pesquisa feita pela associação, apenas 17,6% dos jovens disseram que seus pais lidam com a homossexualidade numa boa.


Fonte: Mix Brasil

Arcebispo de Recife deve ser simbolicamente enforcado por grupo gay pernambucano

Após ter excomungado os médicos que realizaram o aborto da garota de nove anos que foi estuprada pelo padrasto, o arcebispo Dom José Cardoso será alvo de protestos na próxima sexta, 3.

A ação está sendo promovida pelo Movimento Gay de Pernambuco Leões do Norte. Há 3 anos o grupo promove uma surra simbólica de pessoas que desrespeitaram minorias ou os direitos humanos.

O protesto segue os moldes da "malhação do Judas", costume conservado em algumas cidades durante a chamada Semana Santa. O grupo deverá distribuir panfletos explicando o porquê da escolha do arcebispo.

O boneco que representará Dom Cardoso deve levar muitas pauladas antes de ser enforcado.

"Sua postura explícita contra o aborto e, consequentemente, contra os direitos sexuais e reprodutivos nos motivam a realizar uma grande malhação", afirmou Welligton Medeiros, presidente da ONG.

A concentração para a manifestação começa às 19h em frente ao Bar Pit Housen, na Boa Vista.
Fonte: MIX BRASIL


COMENTÁRIO DE RENATO HOFFMANN:


Não concordo com a atitude, não concordo nem com a “malhação do Judas”, quanto mais substituí-lo por figuras midiáticas como símbolo de qualquer coisa, que, no contexto último, tem na prática formal à violência e à agressividade.

Sinceramente, não é pelo fato de ter um grupo ativista gay dando razão e/ou causa que faço vozes somatórias ao evento. Na verdade, para mim, é tão desserviço como qualquer ato fundamentalista da Igreja Católica, ou a verborréia homofóbica, sem nexo causal, da Igreja Evangélica.

Sinceramente, o ato não é relevante, a violência em se dar pauladas em alguma figura símbolo de qualquer causa ou pessoa é dizer, de fato, ou subliminarmente, que tal pessoa tem que passar por grotesca situação, incentivando os ânimos à selvageria, que tanto combatemos contra nós.

Outra, o fato não deixa de ser criminoso, pois constitui INJURIA, apenável pelo diploma legal penal brasileiro no art. 140. Não é possível que para fazermos militância, tenhamos que nos nivelar por baixo, ou, simplesmente, tenhamos que demonstrar despreparo psicológico, infantilidade e pequenez frente ao diálogo plural- na diversidade.

Tal manifestação gerará ódio gratuito, um confronto desnecessário, que sai do campo das idéias para uma prática medíocre e politicamente incorreta. Não é bem-vinda, não vejo com bons olhos, e não sei o que acrescentará na luta LGBT.

Penso que devamos primar pelo bom senso, por formarmos opinião pró- LGBT(s), com diálogo pacífico, respeitoso, no campo político, democrático e de Direito. Lutar, sim, contra a homofobia tácita da sociedade, mas não abusando do Direito, dando a nossa razoabilidade de bandeja aos inimigos para se influírem contra nós e o nosso movimento.

Para mim é lamentável, é meninice, é coisa de gente que não cresceu ainda, no campo das idéias e no campo político-social.

Novela 2

Segue a continuação da história de Max e Enric




segunda-feira, 30 de março de 2009

Novela

Estava nostálgico, e assim foi meu domingo, decidi passear, meio que sem rumo, pela internet. Foi quando me deparei com a novela El cor de La ciutat. Uma produção em catalão, que retrata a vida quotidiana de jovens em um bairro de Barcelona.

A grande novidade é que é uma novela GAY, exibida desde o ano de 2000, perdura no ar, segundo levantamento na Wikpédia, há 08 anos.

Bem, como consegui, no you tube, os vídeos de trechos, de cenas principais, que envolvem os jovens Max e Enric no relacionamento homossexual, conturbado, cheio de conflitos descobertas e aceitações... Pela relevância do tema, pensei, por bem, explorá-los aqui, em nosso blog, portanto, a partir de hoje, diariamente postarei os vídeos da novela.

Queridos, claro que não na integra, pelos problemas gerados por isso, duvido que a emissora fique feliz em saber que os direitos autorais foram violados por um blog no Brasil, explorando, sem a concessão, programação gerada pela mesma!

Mas as partes mais interessantes, aqui, para nós, que tratam da homofobia, da divulgação da sexualidade para família, e a conseqüência imediata e em longo prazo da mesma ação, o namoro gay, as relações de amizades, enfim... Tais temas serão bem refletidos. Só um probleminha, está em catalão, com algum esforço dá para entender, e mesmo que você não entenda nada, assistindo a novela dá para sacar pelo contexto.

Vale dizer que a produção é da emissora de televisão TV3 (www.tv3.cat). Segue assim o nosso primeiro vídeo:




sábado, 28 de março de 2009

I Encontro Regional do Projeto Escola sem Homofobia – Curitiba, Março de 2009


Teve lugar em Curitiba, no período 18 e 19 de março de 2009, o primeiro de uma série de cinco encontros regionais do projeto Escola sem Homofobia. O evento reuniu representantes dos movimentos sociais do LGBT (lésbicas, gays, travestis e transexuais), acadêmicos, pesquisadores, representantes das Secretaria Estaduais e Municipais de Educação, Saúde e Direitos Humanos dos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.




O Projeto Escola sem Homofobia, financiado pelo Ministério da Educação através de recursos aprovados por Emenda Parlamentar da Comissão de Legislação Participativa, é uma ação colaborativa de organizações da sociedade civil (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais - ABGLT, Pathfinder do Brasil, Reprolatina , ECOS e GALE) e conta com a orientação técnica da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação.

Além das discussões regionais, que terão prosseguimento com encontros em São Paulo, Brasília, Salvador e Belém, o Projeto irá desenvolver uma pesquisa sobre a homofobia no ambiente escolar em dez capitais brasileiras, cujos resultados serão divulgados até o final deste ano. Vão fazer parte do estudo escolas de Manaus, Porto Velho, Recife, Natal, Goiânia, Cuiabá, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Outras ações também estão previstas pelo Projeto, como a produção de materiais educacionais abordando o tema da homofobia, sua distribuição para 6.000 escolas do sistema público de educação fundamental e médio e a capacitação de professores na sua correta utilização.

Segundo Danielly Queirós, técnica da SECAD e presente no encontro de Curitiba, o Projeto será um importante instrumento na busca de subsídios para a implementação de políticas públicas. “A discriminação e o preconceito estão dentro e fora das escolas. Não culpamos o professor, pois a homofobia está na sociedade. Temos de dar instrumentos para que ele saiba lidar com essa questão”. A responsável pelo Programa Saúde e Prevenção nas Escolas do Programa Nacional de DST/Aids também esteve presente no encontro de Curitiba e ressaltou a importância que as ações do Projeto Escola sem Homofobia podem ter na redução das vulnerabilidades de jovens lésbicas, gays, travestis e transexuais à infecção pelo HIV e outras DSTs.

O diretor da Pathfinder do Brasil, Carlos Laudari, instituição que gerencia o projeto, ressalta a importância de se dar o primeiro passo no debate da diversidade de gêneros no ambiente escolar. “A homofobia está em todas as áreas, parte do professor, do aluno, da família e é reflexo do estereótipo criado na sociedade. Não vai ser fácil. Mas estamos lançando a semente para que nenhum jovem deixe de ir à escola por conta de sua orientação sexual”.

Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais (ABGLT), Toni Reis, acredita que iniciar o debate sobre a homofobia no ambiente escolar é extremamente necessário, visto que um grande número de adolescentes abandonam as escolas, principalmente os travestis e transexuais, sem dúvida alguma o grupo mais vulnerável às situações de estigma, discriminalção e violência. Professoras transexuais, presentes no encontro de Curitiba, ressaltaram o despreparo dos profissionais da educação para a convivência com a homossexualidade e a falta de discussões sobre o assunto com os estudantes.

O Projeto Escola sem Homofobia, que tem por finalidade implementar ações que promovam ambientes políticos e sociais favoráveis à garantia dos direitos humanos e da respeitabilidade das orientações sexuais e identidade de gênero no âmbito escolar brasileiro, posiciona o Ministério da Educação como um dos líderes do Executivo na execução do Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB (Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais) e de Promoção da Cidadania de Homossexuais “Brasil sem Homofobia”.

quinta-feira, 26 de março de 2009

É possível falar em distorção no cristianismo?


Uma das práticas mais comuns entre evangélicos, e cristãos de modo geral, é que eles fazem uma afirmação e esperam que os outros provem que aquela afirmação está errada.
É uma inversão completa da lógica. Não se pode criar um argumento do tipo 'Deus existe. Prove-me o contrário'. Não. Quem diz isso é que, antes de mais nada, precisa mostrar as provas que o levaram àquela afirmação da existência de Deus. De onde ele/a tirou essa afirmação, como chegou lá, quais elementos permitiram aquela conclusão.

Se não for assim, qualquer um pode dizer o que quiser e esperar o outro 'provar o contrário'. Posso dizer que gnomos existem e esperar que o outro 'prove o contrário'. Que vim de outro planeta e sou imune a doenças e esperar que o outro 'prove o contrário'. Que a Chapeuzinho Vermelho me visitou ontem com o Coelhinho da Páscoa, que foram embora no trenó do Papai Noel e esperar que o outro 'prove o contrário'.

É importante que essas provas também sejam objetivas no sentido de serem passíveis de fazer sentido a uma pessoa fora do contexto de quem profere a sentença. Em outras palavras, a objetividade precisa(ria) ser garantida no sentido de ser autoevidente, passível de ser acessada por diferentes meios, posto que é (supostamente) real e impossível de ser negada.
Se defendemos que algo é real e verdadeiro, está implícito que qualquer um pode, ou mesmo deve, perceber esse algo – e não somente aquele que está dentro de um sistema religioso em particular. Caso contrário, que verdade seria essa, que não pode ser descortinada e se apresentar de imediato à visão, ao raciocínio, à lógica de qualquer ser humano? Uma verdade cheia de "mistérios" não é uma verdade. É um mistério.

Portanto, clamar pela "fé" não vale. Afinal, como você pode exigir de alguém que tenha fé em alguma coisa antes de convencer essa pessoa da mesma fé e da verdade, da veracidade, daquela alguma coisa? Como posso usar o argumento da fé (religiosa) frente a um ateísta, por exemplo, se ele não a tem, e seria precisamente por isso que estou debatendo com ele?
Dentro dessas considerações, a realidade é que o cristianismo, como qualquer outra religião, não consegue cumprir tais exigências.

"Provar" a veracidade dos supostos fatos originadores da fé cristã é geralmente impossível. Ao contrário do que impõe a lógica, é preciso crer ANTES das provas – e, depois, de posse dessa crença, tentar achar provas onde antes elas não estavam, não eram autoevidentes, não eram acessíveis.

Um ou outro pode sustentar que essa é de fato a operação divina – abrir os olhos das pessoas para além da racionalidade humana, sem a necessidade de qualquer explicação plausível.
Eu discordaria, pois entendo que Deus nos deu um cérebro, e é mister usá-lo. Ademais, não faria sentido se revelar à humanidade se não dotasse essa mesma humanidade de um raciocínio mínimo capaz de testar tais coisas, de testar sua veracidade.

Caso contrário, que autoridade teria o próprio Deus para punir, julgar ou esperar algo em troca por parte dos homens, se ele mesmo simplesmente tornou ininteligível o que ele quer, se ele mesmo não se deu a conhecer, se não se fez entender?

No entanto, essa não é a questão básica. A questão básica é que a fé cristã, o cristianismo, falha na apresentação das provas da veracidade dos supostos fatos que a originou. Como se pode sustentar, portanto, a ideia de "distorção" desses mesmos fatos?

Para o bem e para o mal, a admissão de uma determinada doutrina cristã é tão-somente a escolha entre diferentes interpretações, teológico-ideológicas, de uma construção histórico-social impossível de ser provada objetivamente dentro das exigências acima esclarecidas.
Nesse sentido, a interpretação tradicionalista ou conservadora da fé é tão passível de ser acusada de "distorção" quanto uma interpretação inclusiva no que diz respeito aos LGBTs, por exemplo. Na ausência da capacidade de provar, ou comprovar, a veracidade dos "fatos da fé", ou tudo é fato (objetivo), ou tudo é fé.

Portanto, objetivamente, ou tudo é certo ou tudo é distorcido, cabendo ao sujeito, em última instância, escolher entre a versão que mais lhe faz sentido e lhe dotando de uma verdade, essencialmente individual, pessoal e subjetiva, da qual a mesma antes não gozava.

Protocolado projeto de lei que propõe União Estável entre pessoas do mesmo sexo

Iniciativa da ABGLT e da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT foi protocolada em Brasília (25/03)

Resultado de dois anos de debate, foi protocolado hoje (25/03) o Projeto de Lei nº 4914/2009, de União Estável entre pessoas do mesmo sexo (abaixo). A ação é uma iniciativa da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) por meio do Projeto Aliadas, e da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, com seus 247 deputadas(os) e senadoras(es), nessa ação, representada pelos deputados federais José Genoíno (PT/SP), Raquel Teixeira (PSDB/GO); Manuela D’Ávila (PCdoB/RS); Maria Helena (PSB/RR); Celso Russomanno (PP/SP); Ivan Valente (PSOL/SP); Fernando Gabeira (PV/RJ); Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP); Solange Amaral (DEM/RJ); Marina Maggessi (PPS/RJ); Colbert Martins (PMDB/BA); e Paulo Rubem Santiago (PDT/PE).

A proposta do projeto foi finalizada durante o 2º Seminário de Advocacy do Projeto Aliadas, realizado pela ABGLT em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República - SEDH, em Brasília, no último mês de novembro. Contou com a colaboração de representantes do movimento LGBT de todos os estados brasileiros, da diretoria da ABGLT, da Articulação Brasileira de Lésbicas, da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais, da ABRAGAY, E-jovem, além de outros especialistas representantes do movimento. “Esse é um projeto substitutivo ao da ex-deputada Marta Suplicy. Queríamos que esse expressasse diretamente a voz do movimento e reunisse em sua concepção as idéias de vários representantes da Frente”, relata Toni Reis, presidente da ABGLT.

Reis também destaca que o projeto não se converterá em casamento. “O que queremos é a garantia de direitos civis, como herança e pensão”, explicou. Para o advogado da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, Roberto Gonçale, a aprovação da proposta vai resolver várias questões de direitos pendentes. O advogado Paulo Mariante, consultor jurídico da ABGLT, ressalta a importância desta nova proposição pelo fato de que ao invés de buscar a criação de um novo instituto jurídico – união ou parceria civil – trabalha com a equidade entre os direitos de heterossexuais e homossexuais, do ponto de vista da união estável.

Para José Genoíno, integrante da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, “foi fundamental a articulação da ABGLT e da Frente na proposição do projeto.”

Abaixo, consta o projeto de lei da união estável, uma relação de países em que já é legalmente reconhecida a união entre pessoas do mesmo sexo, bem como um levantamento da Revista Superinteressante sobre leis brasileiras que não tratam de forma igualitária os casais homossexuais em relação aos casais heterossexuais.

Câmara dos Deputados

Projeto de Lei nº 4.914 de 2009.

(Dos Srs. e Sras., Deputado José Genoino; Deputada Raquel Teixeira; Deputada Manuela D’Ávila; Deputada Maria Helena; Deputado Celso Russomanno; Deputado Ivan Valente; Deputado Fernando Gabeira; Deputado Arnaldo Faria de Sá; Deputada Solange Amaral; Deputada Marina Maggessi; Deputado Colbert Martins; Deputado Paulo Rubem)

Altera a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.



O Congresso Nacional decreta:


Art. 1º - Esta lei acrescenta disposições à Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, relativas à união estável de pessoas do mesmo sexo.

Art. 2º - Acrescenta o seguinte art. 1.727 A, à Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil.

“Art. nº 1.727 A - São aplicáveis os artigos anteriores do presente Título, com exceção do artigo 1.726, às relações entre pessoas do mesmo sexo, garantidos os direitos e deveres decorrentes.”

Art. 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Justificação


Os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, denominados pela jurisprudência de homoafetivos, são uma realidade jurídica que têm contornos cada vez mais nítidos no Brasil.
Em vista da ausência de norma legal elaborada pelo Legislativo, o cidadão procura em outro Poder da República – no caso, o Judiciário - a necessária concretização de um dos seus Direitos da Pessoa Humana, ou seja, ter reconhecido o seu direito inalienável a se relacionar afetivamente e que este relacionamento gere efeitos jurídicos próprios, decorrentes de seu reconhecimento legal ou judicial.
A ausência de regulamentação do fato social em questão, a União Homoafetiva, induz a uma “fuga” de direitos e deveres que são próprios e característicos dos relacionamentos afetivos como, por exemplo, na conjunção de esforços para a construção do relacionamento, que atualmente não gera obrigações e deveres, muito menos direitos para qualquer dos envolvidos e/ou terceiros.
A omissão legislativa gera profunda perplexidade no tecido social, sendo esta cotidianamente resolvida por via Judicial.
Países de todos os continentes têm se debruçado na matéria e produzido regulamentações positivas sobre o tema, incluindo nossos vizinhos da América Latina, motivo pelo qual não há mais condições objetivas para que o assunto não seja pautado e votado no Congresso Nacional.
A proposta descrita regula os direitos e contempla os deveres e as obrigações mútuas dos que se relacionam homoafetivamente, na base do imperativo constitucional da igualdade e do tratamento isonômico; excetuando o contido no artigo que refere ao casamento (Art. 1726).
A presente matéria não contém inconstitucionalidade, nem injuridicidade, pois está apenas normatizando a vasta jurisprudência acumulada nos Tribunais, que têm entendido a aplicação da analogia e da equidade como a melhor forma de preencher o vácuo legal sobre o tema.
Não há criação de novo Instituto Legal, sendo reconhecida no ordenamento normativo da mesma forma como já reconhecida no repertório jurisprudencial, sendo tratada como uma União Estável para todos os fins de Direito.
A presente proposta legislativa carece de normas regulamentadoras posteriores à aprovação da matéria, posto que esta seja regulada pelas normas já existentes, capituladas no Código Civil e/ou em normas esparsas, de entendimento consolidado e continuado nos Tribunais.

Sala das Sessões, em, 11 de março de 2009.

Deputado José Genoino Deputada Raquel Teixeira
(PT – SP) (PSDB – GO)

Deputada Manuela D’Àvila Deputada Maria Helena
(PC do B – RS) (PSB – RR)


Deputado Celso Russomanno Deputado Ivan Valente
(PP – SP) (PSOL – SP)

Deputado Fernando Gabeira Deputado Arnaldo Faria de Sá
(PV – RJ) (PTB – SP)

Deputada Solange Amaral Deputada Marina Maggessi
(DEM – RJ) (PPS – RJ)

Deputado Colbert Martins Deputado Paulo Rubem
(PMDB – BA) (PDT – PE)




Países que possuem legislações sobre União Estável

· Regime de casamento para casais do mesmo sexo
Bélgica (2003); Canadá (2005); Países Baixos (2001); Espanha (2005); África do Sul (2006); Estados Unidos: Massachusetts (2004)

· Legislação de parceria civil oferecendo aos parceiros do mesmo sexo a maioria dos direitos do casamento
Dinamarca (1989); Finlândia (2002); Alemanha (2001); Islândia (1996); Nova Zelândia (2005); Noruega (1993); Suécia (1995); Suíça (2007); Reino Unido (2005);
Austrália: Tasmânia (2004)
Estados Unidos: Califórnia (2000), Connecticut (2004), New Hampshire (2008), Nova Jersey (2007), Oregon (2008), Vermont (2000), Washington (2007)

· Legislação sobre parceria civil oferecendo alguns dos direitos do regime de casamento
Andorra (2005); República Tcheca (2006); França (1999); Luxemburgo (2004); Eslovênia (2006); Uruguai (2008); Argentina: Buenos Aires (2003);
México: Coahuila (2007), Distrito Federal (2007);
Estados Unidos: Distrito de Columbia (1992), Havaí (1997), Maine (2004) assim como em cerca de 100 municípios

· Lei ou veredicto oferecendo aos parceiros do mesmo sexo pouco ou alguns dos direitos do regime de casamento, sem registro formal
Áustria (2003); Colômbia (2007/2008); Croácia (2003); Hungria (1996); Israel (1994-)
Portugal (2001);
Austrália: Território da Capital (1994), Nova Gales do Sul (2002), Ilha Norfolk (2006), Território ao Norte (2004), Queensland (1999, 2002), Austrália do Sul (2007), Victoria (2001), Austrália Ocidental (2002)

Fonte: Homofobia do Estado – Maio de 2008 - ILGA - Associação Internacional de Gays e Lésbicas ( www.ilga.org )


Conheça os 37 direitos civis que o Brasil nega aos homossexuais:

01) Não podem casar;
02) Não tem reconhecida a união estável;
03) Não adotam sobrenome do parceiro;
04) Não podem somar renda para aprovar financiamento;
05) Não podem somar renda para alugar imóveis;
06) Não inscrevem parceiro (a) como dependente no serviço público;
07) Não podem incluir parceiros (as) como dependentes no plano de saúde;
08) Não participam de programas do Estado vinculados à família;
09) Não inscrevem parceiros (as) como dependentes da previdência;
10) Não podem acompanhar o (a) parceiro (a) servidor publico transferido;
11) Não têm impenhorabilidade do imóvel em que o casal reside;
12) Não tem garantia de pensão alimentícia em caso de separação;
13) Não têm garantia à metade dos bens em caso de separação;
14) Não podem assumir a guarda do filho do cônjuge;
15) Não adotam filho em conjunto;
16) Não podem adotar o filho do parceiro(a);
17) Não têm licença-maternidade para nascimento de filha da parceira;
18) Não têm licença maternidade / paternidade se o (a) parceiro (a) adota filho;
19) Não recebem abono-família;
20) Não tem licença-luto, para faltar ao trabalho na morte do (a) parceiro (a);
21) Não recebem auxilio-funeral;
22) Não podem ser inventariantes do(a) parceiro(a) falecido (a);
23) Não têm direito à herança;
24) Não têm garantia a permanência no lar quando o (a) parceiro (a) morre;
25) Não têm usufruto dos bens do (a) parceiro (a);
26) Não podem alegar dano moral se o (a) parceiro (a) for vitima de um crime;
27) Não têm direito à visita íntima na prisão;
28) Não acompanham a parceira no parto;
29) Não podem autorizar cirurgia de risco;
30) Não podem ser curadores do (a) parceiro (a) declarado judicialmente incapaz;
31) Não podem declarar parceiro (a) como dependente do Imposto de Renda (IR);
32) Não fazem declaração conjunta do IR;
33) Não abatem do IR gastos médicos e educacionais do (a) parceiro (a);
34) Não podem deduzir no IR o imposto pago em nome do (a) parceiro (a);
35) Não dividem no IR os rendimentos recebidos em comum pelos parceiros;
36) Não são reconhecidos como entidade familiar, mas sim como sócios(as);
37) Não têm suas ações legais julgadas pelas varas de família.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Jana Cova

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Bluetooth para pegação gay

Sexo ao ar livre

Tecnologia de celular ajuda a encontrar parceiros
sexuais em locais públicos

por Erik Galdino

Uns três anos atrás, eu tinha ouvido falar que, na Europa, as pessoas estavam usando Bluetooth para fazer "pegação" nos parques e shoppings – mas por aqui, na época, poucos celulares tinham a tecnologia, e, por isso, eu não entendia bem como seria o funcionamento desse sistema ultramoderno de encontrar sexo.


De lá para cá, os preços dos celulares caí­ram e as tecnologias foram incorporadas de modo que câmera, MP3 e transferência de arquivo passassem a ser comuns em todos os aparelhos. Foi aí que os brazucas, muito criativos, resolveram aderir à forma europeia de encontrar sexo rápido em local público – e sem medo dos seguranças nos banheiros!


Túnel do prazer

Em São Paulo, o metrô é um dos points dessa nova moda. Para conferir, segui a indicação de um amigo, daqueles que adoram pegar o metrô lotado, na hora do rush, só para ser encoxado – e constatei: sim, dá pra encontrar sexo usando o celular!


No primeiro dia, peguei o metrô paulistano na Linha 2 - Verde e segui, sentido Centro, até uma estação de integração. O basfond acontece principalmente em estações desse tipo, que interligam linhas diferentes do sistema, por possuírem um fluxo maior de pas­sageiros.


Eram quase 19h quando chegamos. Ativei o serviço e mandei buscar outros celulares com Bluetooth funcionando. Na primeira tentativa, já apareceram "mlk 22anos" e "a fim 19cm". Pronto, era tudo verdade!


No entanto, como eu não estava preparado para consumar a "caça", desliguei o celular e fui embora, prometendo a mim mesmo que, no dia seguinte, iria um pouco mais fundo na investigação.


Dito e feito. No outro dia, lá estava eu, na mesma estação. Liguei o celular, alterei minha identificação para "24a vers agora" e ativei o Bluetooth. O resultado não tardou: deixei alguns trens passarem e fiquei na plataforma por cerca de 15 minutos.


Foi o suficiente para receber nada menos que três solicitações de troca de arquivos. Aceitei todas. A primeira, vinda do "teen19pass", mostrava uma bunda lisinha e, confesso, bem interessante.


O segundo arquivo, em contraste, mostrava um pau enorme, que devia ter 21 cm! A origem, o "dotado itaq", certamente alguém que mora em Itaquera, bairro da zona leste de Sampa. Por fim, veio a requisição de "Moto K1" – alguém que não tinha trocado o nome do celular, mas enviou a foto de um abdômen de tirar o fôlego!


Em todo lugar

Não enviei arquivo para ninguém. Afinal, meu interesse era jornalístico: apurar se tudo não era uma "lenda urbana". No entanto, eu queria saber se as pessoas vão realmente "até o fim", em vez de ficar só na troca de arquivos. Pois bem. Encontrei duas fontes que, além de preferirem se identificar só pelos nomes de seus celulares no Bluetooth, dizem que chegam à reta final sempre que dá.


"Outro dia, estava aqui [NR: na estação em que fiz meus testes] e recebi a foto do pinto de um cara. Gostei e enviei uma foto da minha bunda, porque sou passivo. Ele retornou com uma foto do rosto. Achei razoável e enviei a minha. Depois de alguns minutos olhando em volta, eu o vi, já pegando no pinto e olhando pra mim. Pegamos o metrô, e ele foi comigo até minha casa", conta "Br21aPS", veterano no assunto, apesar da idade expressa no nick.


"Algumas vezes, acontece só um sarro dentro do próprio metrô. Você vê a pessoa, entra no vagão, e um vai encoxando o outro. Isso acontece muito", diz "gris 41 at". "Mas já me dei bem", continua ele. "Uma vez, um cara bem gostosinho, todo surfista, trocou mensagem comigo, mandou fotos e até um vídeo dele se masturbando. Como eu curti, mandei minhas coisas, e, no final, ele enviou uma foto, que, na verdade, era uma imagem em que estava escrito ‘me add no msn’ e o e-mail dele. Eu o adicionei e marcamos uma foda depois. Na verdade, nos encontramos duas vezes".


"Eu ia trabalhar, era de tarde, e o ônibus estava vazio. Recebi a mensagem de que alguém queria me mandar um arquivo e recebi. Era um pau [...]. Logo depois, um cara, sentado no banco ao lado do meu, pegou no cacete e olhou pra mim, convidativo", conta Felipe, ou "fezinho", rapaz bonito, loiro e alto que comprova que a "caça" não está restrita aos subterrâneos do metrô.


Praia e aeroporto

A "caçação" por Bluetooth tampouco é uma particularidade de São Paulo. Nas praias do Rio de Janeiro e em aeroportos como os de Brasília e Salvador, as pessoas também já estão ligadas.


Estive em Salvador e, enquanto aguardava meu voo para São Paulo, resolvi ligar o aparelho e ver se aparecia alguma coisa. A maioria era de nomes das pessoas e dos aparelhos – mas, em uma das tentativas, apareceu o "afimdesexohxh".


Já em Brasília, durante a espera de uma conexão pra Goiânia, encontrei, perto dos banheiros, o "mecomeAJU", certamente algum passivo de Aracaju, e o "19cmpravc".


No Rio, a orla, especialmente na área conhecida como "Farme", é outro ponto forte de troca de arquivos. "Um dia, me fa­laram disso, e resolvi ver qual era – e tem mesmo gente com nome de putaria", conta o carioca "sa­rado27nocelular". Como di­ria um antigo comercial: não é feitiçaria, é tecnologia!


Importante: a reportagem acima, escrita em estilo jornalismo gonzo pertence à revista Sex Boys 58. A revista ainda não foi publicada, mas está no prelo e será exatamente esse texto abaixo que vai sair. Daí, peço que citem a fonte ao reproduzi-lo (Sex Boys 58). Meus parabéns públicos ao Erik.


Adolescente mata o pai a facada no interior de SP e alega legítima defesa

Jovem disse à polícia que pai tentou agredi-la.
Em depoimento, adolescente contou que era molestada desde os 4 anos.



Uma adolescente de 16 anos foi presa suspeita de ter matado o pai a facadas nesta segunda-feira (23) em São José dos Campos, a 97 km de São Paulo. Segundo depoimento dado à polícia, o pai a molestava sexualmente desde os 4 anos de idade.

A jovem morava em Manaus com a mãe e chegou em São José dos Campos há algumas semanas, trazida pelo pai. A mudança teria sido provocada porque os pais da menina não aceitavam o envolvimento dela com outra garota no Amazonas.

De acordo com o depoimento da adolescente, pai e filha discutiram na noite de domingo (22), e ela lembrou ao pai da vez em que teria sido estuprada por ele, quando tinha 13 anos.

Ainda segundo o depoimento, o pai começou a agredi-la e, depois, teria saído de casa. Quando retornou, durante a madrugada, ele estaria embriagado e tentou agredi-la mais uma vez, enquanto a jovem preparava um lanche na cozinha.

Para tentar defender o rosto, a jovem teria cruzado os braços por cima da cabeça, segurando uma faca, que, segundo ela, atingiu o peito do pai acidentalmente. O homem chegou a ser socorrido por parentes, mas não resistiu.


A menina foi levada para a delegacia e prestou depoimento na Promotoria da Infância e Juventude. Ela deve permanecer detida pelos próximos dias. A mãe da adolescente chegou a São José dos Campos nesta terça-feira (24), acompanhada de um pastor amigo da família. Em depoimento, a mãe confirmou o motivo que levou a menina se mudar para São José dos Campos. A polícia investiga o caso.

Fonte: GLOBO.COM

domingo, 22 de março de 2009

Do Romantismo ao Decadentismo: Uma nova estética espiritual

Tomado pelo espírito literário, hoje, eu passei o dia inquieto- buscando na internet cenas de um filme que gostaria de exibir, aqui, junto com este post, mas, que infelizmente não será possível- pelo fato de não possuí-lo traduzido, e o que consegui em espanhol, não tem a incorporação autorizada. Bem, isso retirará o glamour da coisa, mas não inviabilizará a coisa em si.

O período romântico que data do século XIX foi muito importante tanto para filosofia, quanto para teologia- é marcado pelo seu caráter de ruptura com o classicismo. Entretanto, fortemente inspirado na burguesia em ascensão. O romantismo é um movimento artístico e filosófico da Alemanha e Inglaterra, que tem uma crítica a estética do padrão social clássico, à aristocracia. Dizem alguns autores (de tendência romântica), que antes de ser um movimento estético, o romantismo é uma atitude de vida, perante a vida, um modo de ser, uma atitude espiritual.

Fala-se de um movimento estético, pois, o ideal romântico de belo, quebra com a organização hierarquizada da sociedade clássica, um novo belo é trazido à baila com axiologia anticlássica e antiabsolutista. Novas aspirações de nacionalidade e de liberdade de criação são cultuadas nessa forma filosófica de participação no mundo. O Sturm und Drang- tempestade de ímpetos- ao qual pertencem os alemães Goethe e Schiller dão as bases da emotividade, do pessimismo, da melancolia, da valorização da morte como formas de evasão do indivíduo da sociedade.

Contudo, seria ingênuo, da parte deste que propõe tal leitura, pensar que tal ruptura fosse de forma radical, e/ou definitiva- de fato- não é assim que se procede, reencontros são bem-vindos e releituras são aceitas de formas possíveis e bem quistas. Assim, a sociedade civil se encontra com os mosteiros, e sua disciplina, numa forma de manter a ordem social, ou seja, é da disciplina monástica que vem o paradigma social que vigia e pune a desordem, forma-se o modelo prisional, educacional, hospitalar, militar, etc. Na literatura a redescoberta de Shakespeare, e da literatura medieval germânica. Em termos sociais a nobreza perde o poder político e econômico, e a burguesia, importando, e relendo os valores da nobreza (com o aspecto de antinobreza) dita os “novos” valores associada à liberdade de ascensão econômica e individual, e o suporte de uma literatura de emoções individuais.

De fato, há um desgosto com um destino pré-determinado e absoluto dado aos homens. O mundo romântico não vislumbra o absoluto de per si; a disciplina pessoal (subjetivismo, onde a consciência de si mesmo é o princípio de qualquer conhecimento), o trabalho, as sensações individuais, o apego às tradições nacionais, o valor da autonomia da vontade vem contrapondo o universal, o impessoal. Assim, o indivíduo é o dono de seu próprio destino, aquele que determina sua própria trajetória. É, contudo, paradoxal, pois, ao mesmo tempo, cria o escapismo, a fuga do real, a diversão. Enfim, uma moeda, mas duas faces: uma positiva em relação à idealização da realidade, a outra, marca-se pelo pessimismo, pela melancolia. Assim, o romantismo é erigido pelo subjetivismo, liberdade de criação, triunfo do sentimento, historicismo e evasão.

Enfim, caracterizar um movimento não é muito fácil, inclusive pelo conteúdo histórico-filosófico que se faz mister à compreensão última dos acontecimentos que perpetuaram, o mesmo, e seus conceitos posteriores.

No final do século XIX, na França, uma nova leitura do romantismo se faz sentir. Como oposição ao movimento Romântico surge o realismo, que propõe uma atitude sóbria diante da realidade, sem fugas, sem idealismos diante da vida, sem emoção exacerbada. Entretanto, os jovens franceses, embalados pela escola romântica, aprofundarão seus ideais, rejeitarão o realismo e mergulharão nos sentimentos, que agora, não serão mais apenas um escapismo, ou um sentimento dito superficial, mas um intenso aprofundamento no inconsciente próprio, experimentando tudo em si mesmo. Surge o Simbolismo, ou na sua expressão mais forte, o Decadentismo. Desta forma, Paul Verlaine (1844 - 1896) descreve essa atitude: "Je suis l'empire à la fin de la décadence" (Sou um império ao fim da decadência). Ou Arthur Rimbaud, que nas cenas do filme Eclipse de uma paixão, descreve esse movimento de experimentar tudo em si mesmo para fazer a poesia (refletindo o poema como uma extensão de si, do inconsciente da própria estética e interpretação).



As cenas estão em inglês (infelizmente), mas na conversa com Verlaine (logo após a cena que este bate na esposa aos 4’ 28”), Rimbaud diz que em um dos verões, durante a guerra, em que havia fugido de casa, às margens do rio onde havia ido, para encher sua vasilha, encontrou um soldado prussiano, jovem como ele, não muito maior que ele, aliás, parecido com ele fisicamente, e que estava dormindo. Rimbaud afirma que estava observando um rato, um rato morto, e que aquilo havia mexido, prontamente, com ele. Trouxe uma luz, à compreensão de que ele necessitava para se tornar em um grande poeta, ou seja, experimentar tudo em seu corpo. Ser só uma pessoa (a despeito do soldado morto), não era suficiente, os mortos não têm emoções, não são mergulhados em suas próprias vidas, não sentem, não fazem nada. Assim, ele decide ser todos, inclinando-se a ser um gênio, construir seu próprio futuro. Eis as marcas do Simbolismo.

Esta nova geração que faz uma releitura do romantismo, não tem como princípio apenas a superficialidade dos primeiros (românticos), não é apenas a introversão, ou uma atitude pessimista que desencadeia o escapismo utópico. Pelo contrário à volta do egocentrismo- o ser objeto de total atenção- mergulhará na profundidade da alma, romperá com aquilo que é convencional- diferentemente dos românticos, que não têm este caráter de cisão, e trará o inconsciente, nessa viagem, de resultados imprevisíveis.

Na verdade, o decadentismo faz a crítica do estilo de vida burguês, sendo oponível ao mesmo. Fato percebido na atitude do poeta Rimbaud, nas cenas do filme retro exposto, onde nu, joga suas roupas para Verlaine, subindo na marquise de sua janela, expondo sua nudez para todos, chocando pela “decadência” do ato a todos. Ou em outras cenas em que claramente afronta a burguesia impiedosamente- a atitude de vida, e suas manifestações fazem o poeta.

Neste formato também se pode ver a leitura da espiritualidade, pois a sensibilidade estética, a visão pessimista da sociedade, o subjetivismo, a descoberta do universo inconsciente e o gosto pela dimensão misteriosa da existência, traduzem o novo caráter do espiritual, do encontro com o outro, nesse mergulho solitário abrindo-se para a “não solidão”. Destarte, Rimbaud, que experimenta tudo em si, tem na atitude do encontro com Verlaine a busca da intimidade, do desejo, da própria mística divina- do olhar que inspira e devolve o eu para si mesmo- enquanto se é perdido na aventura da descoberta do universo do outro, tal atitude retrata a esperança e a fé. Desta forma, o jovem poeta nas cenas a seguir propõe ao seu conselheiro uma ajuda mútua, um acordo... Ou seja, de prosseguirem juntos no caminho, um sendo inspiração para o outro, até que se proponham caminharem novamente sós, para a descoberta de novos caminhos, de novas possibilidades, de novas formas de espiritualidade, de SENTIMENTOS. Tal proposta é selada pelo beijo dos amantes (aliás, a conversa precede a cena do beijo: 1’ 17”):


Pode-se, portanto, falar da religião como SENTIMENTO, como assim o fez Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher, teólogo alemão da escola romântica. Esse sentimento universal, não é imposto, não é dogmático, não é ritualístico. O fato de desejar, de existir, e de poder mergulhar na própria existência traz a estética espiritual do homem frente sua própria razão ou qualquer outra coisa. O homem sente, e religião é sentimento!


Nesse contexto, Deus é percebido na atitude que liga o homem a si mesmo e ao próximo, quanto ao próprio universo. Tudo é sentido, tudo é experimentado, tudo fala de Deus, tudo mostra essa religião, esse movimento. Sem dúvida, quando um casal se ama, e faz sexo, ali está o sentimento à própria expressão divina e do próprio Deus. Quando alguém sorri, ou descobre a beleza das coisas, ou os dramas existenciais, ali está à presença de Deus, a própria religião- aquilo que nos liga novamente ao todo (religare- ligar de novo).





Então, o ciúme e sua expressão, a força da paixão, a força do amor, tudo fala desse sentimento, dessa religião. Quando Rimbaud, enciumado, espeta um punhal na mão de Verlaine temos aí caracterizado aquilo que ele sentia na alma, a própria expressão divina. Essa descoberta guiará a nova fase estética da religião, que romperá com o modelo clássico de se perceber Deus, os próprios tormentos, e a própria liberdade dos sentimentos, ou prisão deles pela alienação dos mesmos.


Assim do Romantismo ao decadentismo uma nova estética é trabalhada em todas as esferas possíveis, a saber que a compreensão do eu é a marca limite da não perda de si, da descoberta divina e do autocentramento. Temos dos pensadores dessas escolas a dívida da ruptura do dogma pensado e imposto, para o símbolo a ser descoberto e ressignificado.

Por: Renato Hoffmann

sexta-feira, 20 de março de 2009

Lorca y el mundo gay

Doze anos após a publicação vida, paixão e morte de Federico García Lorca, o hispanista Ian Gibson voltou escrever sobre o poeta de Granada, mas desta vez, para fazer um estudo de como a sua sexualidade influenciou sua poesia e se tornou um das causas de seu assassinato. Em Lorca, e ao mundo gay, Gibson afirmou "que o poeta era, e que não tem silenciado ou obscurecido com meias-verdades" e sublinhou que a sua condição sexual, um dos aspectos menos estudados do universo do escritor, é a chave para compreender melhor o seu trabalho.

Ian Gibson apresentou esta semana em Madri, o último livro, um estudo sobre a homossexualidade em Federico García Lorca, no qual- o historiador irlandês- alega que esta condição é fundamental para a compreensão das obras do poeta como Romanceiro cigano, o poeta em Nova York, assim como um dos motivos, junto com político, que propiciaram seu fuzilamento no início da Guerra Civil.

Gibson, que escreveu sobre Lorca, em 1997, afirmou que este novo livro surgiu a partir da insistência de seu editor, Rafael Borrás, por estar interessado no assunto. O historiador acredita que seu livro é "adequado", numa altura em que "a questão da homossexualidade é calorosamente debatida na Espanha e já percorreu um longo caminho no presente." No entanto, ele lembrou, durante o tempo em que viveu o poeta granadino "era muito difícil de ser homossexual, e à descoberta da sua condição o fez sofrer muito."

Em Lorca, e ao mundo gay, Gibson explica que incluso nos ambientes mais progressistas, como la Residencia de Estudiantes por onde passou o poeta em 1919, a homossexualidade era criticada. O livro recorda, por exemplo, que escritores como Luis Buñuel professaram críticas machistas e homófobas contra Lorca. Incluindo o pintor Salvador Dalí, com quem manteve uma estreita e íntima relação, sentiu “um profundo terror” por ser homossexual, ao passo que acabou se distanciando do escritor.

Para Gibson não cabe dúvidas de que, além do fator político, a homofobia influenciou no assassinato de Lorca. O historiador lembrou que, mesmo na família do poeta nunca chegaram a admitir sua sexualidade, algo que o próprio Gibson viveu em sua família: seu irmão, a quem dedicou o livro, era homossexual, na Irlanda católica, dos anos 50, e morreu de angustia sem poder ultrapassar seus dramas.

Gibson acredita que o próprio Lorca lutava contra sua homossexualidade, e temia ser tomado por maricas (bicha). Não queria ser ridicularizado, e apelou por um tipo de homossexualidade pura- disse o historiador- acrescentando que a descoberta de sua homossexualidade era terrível, e que se reflete nos seus textos escritos na juventude. Talvez, isso foi o que levou a busca por amores heterossexuais. O hispanista ressalta a figura de Maria Luísa Nátera, uma jovem de 15 anos, por quem Lorca teria sentido atração, mas ele nunca quis ter qualquer relação com o poeta.

O livro apresenta Lorca como uma pessoa maníaco- depressiva, relata, também, as viagens do poeta a Nova York e a Cuba, assim, como os últimos anos de sua vida, e seus amores: Eduardo Rodríguez Valdivieso e Rafael Rodríguez Rampún, que é considerado o seu grande amor e que teria servido de inspiração para os poemas: Sonetos de amor obscuro.


Jogador de futebol italiano dispara: "É pecado ser gay"!

"A homossexualidade é agora vista como moda, uma forma de vida. Mas a Bíblia diz muito claramente que é um pecado. Como cristão recomendo aos gays a leitura da Bíblia", diz ele em seu livro, o jogador de futebol italiano, Nicola Legrottaglie .

Legrottaglie gastou muito do seu tempo livre nesta nova incursão editorial, continuando a recuperar de uma lesão do joelho esquerdo que o manteve afastado do esporte.

O Defensor da Juventus tem incentivado outras pessoas a lerem a Bíblia e não se preocupa com o impacto das suas palavras. "Só porque eu tenho uma visão diferente das coisas que são certas", disse em defesa da liberdade de expressão.

No entanto, a sua intervenção não passou despercebida na imprensa italiana. O jornal Libero Notícias intitulou suas declarações como "Legrottaglie il predicatore", Mientras Magazine definiou o esportista como ".. Difensore Della castità."


Fonte: Universo Gay

quinta-feira, 19 de março de 2009

Meu pai é gay




Durante toda a infância, a americana Abigail Garner sentia o coração acelerar toda vez que alguém mencionava a palavra "bicha" na sala de aula. De uma primeira geração de crianças criadas em famílias alternativas assumidas, ela cresceu mostrando o boletim escolar e negociando o horário de voltar para casa com uma mãe e dois pais - seu pai biológico decidiu viver com outro homem quando ela tinha 5 anos. Hoje, aos 33, é uma das mais conhecidas defensoras da causa gay no país, apesar de ser heterossexual. Desde 1999 escreve textos e dá palestras que ajudam filhos de homossexuais americanos - segundo estimativas, pelo menos oito milhões de crianças e adolescentes. Seu blog e seu livro, Families like Mine: Children of Gay Parents Tell It like It Is (numa tradução livre, Famílias como a Minha: Filhos de Pais Gays Contam como É), são referências no assunto.

Nos Estados Unidos, é comum que famílias como a dela assumam publicamente sua condição. Por lá, já existem até revistas voltadas para gays com filhos. A que ficou mais conhecida é a And Baby, lançada em 2001. Chegou a ter tiragem de cem mil cópias e fez sucesso com dicas para, por exemplo, papai e papai se saírem bem ao acompanharem a filha na compra de bonecas. O Brasil tem cerca de seis milhões de homossexuais e sedia a maior Parada do Orgulho Gay do planeta. Mas só agora começa a lidar abertamente com o tema. "As famílias homoparentais são sempre existiram, mas eram invisíveis por causa do preconceito", afirma o sociólogo Alípio Sousa Filho, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e editor da Bagoas, publicação semestral de estudos sobre homossexualidade. "Dos anos 80 para cá, há avanços na aceitação da diversidade e eles estão ganhando mais visibilidade."

Filhos de gays não precisam colecionar, necessariamente, relatos traumáticos como os de Abigail. Filha adotiva do apresentador Leão Lobo - gay assumidíssimo -, Ana Beatriz Mota Lobo, 16 anos (foto acima), garante que raramente sofreu preconceito por causa do pai. "Meu namorado, por exemplo, se espantou mais por saber que o sogro era o cara das fofocas da TV do que com a opção sexual dele", diverte-se ela. Ana fala de sua criação com uma normalidade absoluta e não tem grandes dramas para contar. O problema começa da porta para fora. Mesmo completamente amparada, ela vive em uma família sem os mesmos direitos que as outras. Se o seu pai quiser se casar com o namorado, por exemplo, não pode. Já se vão doze anos desde a entrada, no Congresso Nacional, da proposta de legalização da parceria civil entre pessoas do mesmo sexo. E o projeto nunca foi votado. Mesmo sem amparo legal, as famílias formadas por casais gays vêm conseguindo vitórias na Justiça. Ao divulgar em 2002 a resposta ao pedido de custódia do filho biológico de Cássia Eller, feito pela viúva da cantora, o juiz que cuidou do caso escreveu: "A questão da homossexualidade não tem importância. O essencial foi assegurar o interesse pessoal de Chicão". Pela decisão, o garoto, hoje com 15 anos, permaneceu com Maria Eugênia Vieira Martins, companheira de Cássia nos últimos quinze anos de sua vida. A decisão abriu caminhos para casos semelhantes.

Tudo o que se relaciona à sexualidade, algo tão íntimo, se confronta com o mundo exterior. Crenças religiosas, maneiras de ver a vida, o lugar onde se vive - as variáveis são imensas. No caso dos filhos de gays, essa situação tende a ser exponencialmente maior. Bruna Peixe dos Santos, 16 anos, sofreu muito a perda de um namorado e de algumas amigas que se afastaram quando foram apresentados a seu "pãe". Bruna tem uma mãe biológica que nasceu mulher, mas optou pela identidade masculina. É um transexual - e adotou o nome de Alexandre Santos, o Xande, atual secretário da Associação da Parada do Orgulho Gay. "Até os 5 anos minha filha ouvia eu me apresentar como lésbica", explica Xande. "Quando compreendi que na verdade eu tinha identidade oposta ao corpo com que vim ao mundo, mudei meu discurso e meu nome." Entender todas essas mudanças foi o mais difícil para Bruna. "Era tudo meio confuso. Mas nunca tive vergonha do meu 'pãe'. Quando eu era mais nova, ameaçava bater em quem falava mal dele."

Como se vê, quando se chega perto das famílias com pais gays, é possível perceber que quase sempre o problema maior vem de fora - mesmo quando a relação dos pais com a sexualidade parece confusa. Somente há pouco mais de quinze anos o homossexualismo foi retirado da Classificação Internacional de Doenças publicada pela Organização Mundial de Saúde. Há mais tempo do que isso, no entanto, as primeiras gerações de filhos de gays assumidos mostram que família é família. E digam o que quiserem lá fora.

"Durante muito tempo, eu me recusei a responder à pergunta: 'Você é heterossexual?' Como outros jovens de famílias como a minha, ser confrontada com essa questão me fazia sentir como que colocando meu pai sob julgamento. Ser filho de homossexuais não significa que uma criança tenha mais ou menos chances de ser gay, mas essa é uma das discussões que mais vêm à tona quando se fala sobre famílias alternativas. Tive a sorte de saber que meu pai era gay antes de conhecer a homofobia. O preconceito é algo que se aprende e, aos 5 anos, eu não havia aprendido."

Depoimento de Abigail Garner


Fonte: Gloss

quarta-feira, 18 de março de 2009

Berlim: Hotel gay e turismo


No bairro de Schöneberg, coração gay da capital alemã, a cadeia de hotéis Axel abriu sua nova unidade especializada no público homossexual. Especializada sim, exclusiva não: o grupo define sua atividade como "heterofriendly", ou seja, todo mundo é bem-vindo.

O Axel Hotel de Berlim é três estrelas, mas se veste com classe, de preto e dourado, seguindo os traços sofisticados do arquiteto Íñigo Hernández Tofé. São 86 quartos, todos dotados de camas de casal, TVs de plasma e internet wi-fi.

Aos cinco andares de aposentos, soma-se uma extensa área comum. No spa, além de sauna, zona de relaxamento e massagens, a jacuzzi ao ar livre oferece uma magnífica vista da cidade. Outro local de onde se pode apreciar Berlim é o Sky Bar by Axel, lounge no último andar que oferece espaço ao ar-livre para desfrutar um drinque.

A atmosfera do Axel Berlim combina com o clima hedonista de Schöneberg, que é repleto de bares, restaurantes, livrarias, cinemas e lojas estilosas. A fama do bairro não é nova. Nos anos 20, ele já era cenário da vanguarda berlinense, servindo de inspiração para o musical Cabaret.

A inauguração desta terça-feira vem de carona no sucesso das outras duas casas da rede, em Barcelona e Buenos Aires. A cosmopolita unidade argentina já é velha conhecida do público gay brasileiro - 45% dos frequentadores do hotel de San Telmo são daqui.

A rede se valeu do poder aquisitivo da clientela GLS na hora de fechar a tabela de preços. No novo hotel, uma noite no quarto mais barato não sai por menos de 80 euros por pessoa. Já na suíte mais cara chega a 210 euros. O café da manhã, não incluído, custa a partir de 48 euros.

Fonte:
Terra

segunda-feira, 16 de março de 2009

Homem é morto a pauladas em Carapicuíba

SÃO PAULO - Um homem de 25 anos foi encontrado morto, na madrugada deste domingo, em um matagal a cerca de 200 metros de distância do parque dos Paturis, em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, onde 13 homossexuais foram assassinados entre julho de 2007 a agosto de 2008. As informações são do jornal “Folha de S. Paulo”.

Ivanildo Francisco de Sales Neto, que, segundo o amigo Paulo Cesar Ferraz de Oliveira, era homossexual assumido, foi morto a pauladas e encontrado com as calças arriadas. Ninguém foi preso.

O sargento reformado da Polícia Militar Jairo Francisco Franco, suspeito pelos 13 crimes, chegou a ser preso em dezembro do ano passado, mas foi solto após os 30 dias de prisão temporária. Franco nega os assassinatos. Segundo o delegado seccional de Carapicuíba, Paulo Fernando Fortunato, o sargento será intimado a depor ainda hoje sobre a morte de ontem.

A Polícia Civil de São Paulo não confirma se a morte de ontem está relacionada aos crimes que são atribuídos ao chamado "maníaco do arco-íris" -uma alusão à bandeira colorida da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
"É um crime que teve características diferentes das demais. Mas não descartamos a hipótese [de haver ligação entre eles]", disse Fortunato.

Um morador da rua Alvinópolis, próxima ao matagal, disse que a vítima estava com o rosto desfigurado. "Ele tinha a pele morena, cabelo comprido e unhas pintadas. Mas o que chamou a atenção foi o rosto. Estava irreconhecível", afirmou o porteiro de 37 anos que pediu para não ser identificado.

Nenhuma testemunha foi localizada pela polícia para prestar depoimento.
Na busca a familiares e amigos da vítima, a única pessoa encontrada foi Oliveira, com quem Sales Neto morava no bairro São Daniel, em Carapicuíba, desde novembro do ano passado -os seus familiares estão todos em Pernambuco.

"Nunca tive conhecimento de nenhum tipo de ameaça que ele vinha sofrendo", disse o amigo. "Era uma pessoa normal, de confiança. Sempre respeitou minha mulher e meus cinco filhos."

Ainda segundo o amigo, a vítima costumava frequentar o parque mesmo sendo orientado dos perigos.

Aos 17 anos, Sales Neto saiu de Jaboatão dos Guararapes (PE) rumo a São Paulo. Ele ficou cinco anos na casa de Oliveira, em Carapicuíba, tentou retornar para a cidade natal, mas, dois anos depois, voltou para São Paulo. "Os tios não aceitavam o fato de ele ser gay, por isso brigavam muito. Já em São Paulo, ele tinha o nosso carinho", disse Oliveira.

Em Pernambuco, o jovem quase não teve contato com os pais, segundo o ajudante de cozinha. A avó foi quem o criou.
Fonte: IG

domingo, 15 de março de 2009

Encostar na tua

Nascida em Juiz de Fora-MG, a cantora, compositora, arranjadora, violonista e percussionista Ana Carolina começou cantando nos bares de sua cidade e teve seus primeiros espetáculos produzidos pela atriz e cantora Zezé Motta.

E foi nessa voz inigualável, que os melhores momentos de meu namoro renderam os mais inesquecíveis suspiros...

Como dizem que recordar é viver, trago nesta postagem uma música especial, que fez e faz parte dos melhores momentos que já vivi...

Opinião: maioria dos juízes do Trabalho aprova união e adoção gay

Terceiro Poder e Modernidade

Anamantra deve ser uma expressão desconhecida para parte significativa da população brasileira – mas, para muitos juízes, é bem íntima. Trata-se da sigla para Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho.

Em março/2009, a Anamantra, em parceria com o Centro de Estudos de Economia Sindical e do Trabalho (Cesit), da Universidade Estadual de Campinas, divulgou uma pesquisa entre seus associados, intitulada Trabalho, justiça e sociedade: o olhar da magistratura do trabalho sobre o Brasil do século XXI. A ideia era recolher opiniões dos magistrados do ramo trabalhista do Judiciário sobre as mais diferentes questões da atualidade – inclusive relacionadas aos LGBTs.

No que nos diz respeito, 66% dos juízes do Trabalho se mostraram favoráveis à união civil, enquanto 56,8% aprovam a adoção de crianças por casais homossexuais.

Em tempos em que o conservadorismo avança, paralisa a própria união civil gay na Câmara e a criminalização da homofobia no Senado e dá coragem para que arcebispos excomunguem pessoas envolvidas num aborto legal e moralmente válido, é uma notícia alvissareira. O Judiciário, não obstante certos percalços, tem se mostrado mais sensível aos desafios que se colocam ao Direito no século 21.

É um exemplo que deve ser elogiado sempre que se fizer presente, e mesmo utilizado como forma de pressionar seus colegas legisladores, cuja atuação nesse sentido tem estado muito aquém do aceitável.

sábado, 14 de março de 2009

Gays e religião: um post para você recuperar a fé

Esta matéria é reproduzida
do blog Bota Dentro, com a devida
autorização de seu administrador.

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[Por Diego Brito e Gustavo Miranda]

Uma das poucas certezas que existem nesse mundo é que não há história da humanidade sem religião. Ela, desde sempre, foi a nossa tentativa de explicar o inexplicável. Busca-se em Deus a resposta para a vida, para a morte, para tudo o que a razão não explica. "No princípio Deus criou os céus e a terra", assim começa o Gênesis, o primeiro livro da Biblia. Desde o surgimento da humanidade, porém, o homem não conseguiu abandonar a religão – seja ela cristã ou não. Ser religioso é humano.

Parece um assunto religioso demais para gays, né? Muitas vezes colocamos a culpa do preconceito e das discriminações de modo geral nas religiões. Gostaríamos que fosse assim, pois dessa forma o problema seria fácil. Os povos nórdicos eram bastante preconceituosos com homossexuais, mesmo antes do cristianismo. A imensa maioria dos povos da Terra sempre discriminou os afeminados (e, com a evolução dos tempos, a representação do que é o homossexual dos dias de hoje). Os romanos da época de Cristo consideravam a paixão uma fraqueza que feminilizava o homem e só era permitida a escravos. Nesse contexto é que o cristianismo foi institucionalizado, de acordo com os preconceitos do local e da época. O homem criou as religiões, ou mesmo que se acredite que elas foram reveladas, ao menos as modificamos, com as nossas idéias limitadas ao tempo e espaço em que vivemos.

Se, de um lado exigimos respeito e queremos, cada vez mais, um Estado laico, por outro, devemos respeitar aqueles que acreditam na religião como uma ferramenta para levar à paz espiritual. Inclusive os homossexuais que assim pensam. Além do mais, a ciência relata sensíveis benefícios em se ter uma religião: um estudo de 1988 concluiu que pacientes religiosos sob cuidados de uma unidade coronariana tinham uma evolução melhor durante o período de internação. Em 1998, outro estudo com pacientes portadores de AIDS constatou que no grupo de pacientes religiosos, havia um menor número de doenças oportunistas, menor severidade da doença, menos hospitalizações e dias de internações.

Em outras palavras, os cientistas dizem que quem tem uma religião pode melhorar a saúde, promovendo práticas saúdáveis de vida, melhorando o suporte social, oferecendo conforto em situações de estresse e sofrimento e até alterando substâncias químicas cerebrais que regulam o humor e a ansiedade, levando-nos ao relaxamento psíquico. A gente está acostumado com o discurso de que as religiões são locais inóspitos para os homossexuais. No entanto, há uma luz no fim do túnel. Dezenas de igrejas e seitas religiosas têm defendido as uniões entre homossexuais, desde que baseadas na fidelidade, monogamia, afeição e respeito mútuos, cuidado e a comunicação franca, que podem levar os indivíduos à paz espiritual e ao contato direto com o Senhor.

Por isso, se você se sente na certeza de que a presença divina lhe conforta, conheça as igrejas, capelas, sinagogas e templos em que o seu amor é reconhecido pelo próximo e por Deus. Aproveite, dependendo do seu credo, para decidir em qual você casaria:

Uniões brasileiras

No país, os gays evangélicos que desejam um casamento religioso podem escolher entre pelo menos três igrejas (a Igreja Contemporânea, a Igreja da Comunidade Metropolitana e a Comunidade Cristã Nova Esperança, de São Paulo). A Universal Fellowship of Metropolitan Community Churches (Igreja da Comunidade Metropolitana) tem celebrado uniões entre pessoas homossexuais desde 1969. A coisa é tão aceita e bem vista que a igreja é comumente chamada de "Igreja Gay". A liderança da igreja segue credos históricos da bíblia e exige que suas paróquias celebrem a comunhão ao menos uma vez por semana. Além disso, sacerdotes dão uma ampla margem de manobra para que seus fiéis escolham como administrar a sua fé. Por que se casar na MCC? Se você estiver esperando uma igreja acolhedora, ela é a mais friendly de todos os Estados Unidos. No Brasil, a ICM é quase um movimento político em defesa da causa gay.


Igreja Anglicana

Pioneira na luta cotidiana pela inclusão das pessoas homossexuais no dia-a-dia da religião, a diocese da Igreja Anglicana de Montreal, no Canadá, foi uma das primeiras a permitir que seus padres abençoassem as uniões entre homos (2002). É interessante dizer que a Igreja Anglicana praticamente no mundo inteiro não tem resistência quanto às uniões entre iguais – essa onda de inclusão, aliás, combina com a religião, que foi a primeira a abrir as portas para os negros. Rowan Williams, uma das principais lideranças da igreja, afirmou recentemente que não existe nada na bíblia que condene o casamento entre pessoas do mesmo sexo, desde que as uniões respeitem características como a monogamia, o afeto, o respeito e a verdade. Os anglicanos resistentes, por incrível que pareça, são justamente aqueles que foram aceitos por último. Na África estão os mais conservadores.

Quacres

Os quacres são membros de uma seita protestante fundada na Inglaterra no século XVII e muito difundida nos EUA. Oficialmente conhecida como "Religious Society of Friends", a igreja (seita) se manteve no front das ações de integração de gays e lésbicas à sua comunidade. Um livro de 1963, Towards a Quaker View of Sex, reformulou a visão sobre amor, independente do gênero. Os quacres americanos ainda estão divididos, ao passo que os australianos, neozelandeses e britânicos já apoiam o casamento entre iguais.


Luteranos europeus

Luteranos na Alemanha, Suécia, Dinamarca e Noruega aceitam uniões entre pessoas do mesmo sexo e até casam na Evangelical Church in Germany. As uniões passaram a ser aceitas depois de uma resolução chamada Verantwortung und Verlässlichkeit stärken (Reforçando Reponsabilidade e Confiança). Essa postura, graças a Deus, contrasta e muito com a da vertente americana dos luteranos, que consideram a homossexualidade uma transgressão e bla, bla, bla. Não seria nada mau casar com um moço de traços nórdicos, né? Ou então é uma boa forma de homenagear Nina Hagen.

Igreja Unida do Canadá

Desde 2003, essa igreja afirma que “as orientações sexuais humanas, sejam elas hetero ou homossexuais, são um presente de Deus e parte da maravilhosa diversidade da criação” e enquanto ela deixa a decisão na mão dos gays e lésbicas, eles podem se casar com pastores. A igreja em si é somente canadense, nascida de uma união entre presbiterianos, metodistas e unionistas congrecagionistas que não possuíam recursos suficientes para fundar igrejas de cada denominação em todos os territórios.

Igreja Unida de Cristo

Uma das principais denominações Cristãs Protestantes com membros principalmente dos EUA. Uma resolução de 2005 rogava às congregações da UCC para advogar em prol da igualdade pelo casamento civil e encorajava-as a permitir o casamento gay. Infelizmente, essa foi a gota da água para a diocese de Porto Rico e eles se separassem do ramo um ano depois. É claro que você conhece a UCC como a igreja de Barack Obama, o que é um lembrete de que mesmo antes de sua candidatura ao cargo mais importante no mundo, ele afirmou ser totalmente a favor do casamento gay.

União pelo Judaísmo Reformado

Em 1990 a Conferência Central dos Rabinos Americanos resolveu que “todos os judeus são religiosamente iguais independente de suas orientações sexuais”, abrindo as portas para o casamento gay. Seis anos depois, o conselho esclareceu ainda mais as coisas ao dizer que apóiam “o direito de casais gays e lésbicos para dividir totalmente e igualmente os direitos do casamento civil” e em 99 trouxeram o casamento gay ao templo quando disseram “que a relação de um casal judeu do mesmo gênero é válida de aceitação através do ritual judeu apropriado.”

Universalista Unitária

Historicamente cristãos, a Universalista Unitária passou a aceitar pessoas de virtualmente todas as fés e histórias, incluindo gays e lésbicas. O reverendo Jonalu Johnstone explicou a sua fé com o seguinte: “Nas congregações da Universalista Unitária, nos reunimos em comunidade para dar apoio às nossas jornadas espirituais. Confiamos que a abertura às experiências alheias vai aumentar nossa compreensão das nossas próprias ligações com o divino, com a nossa história, e um com o outro. O que pode soar bastante vago, mas é exatamente como os unitários gostam.

Neo-paganismo

Uma fé politeísta, animista e pouco institucionalizada que inclui elementos de bruxaria, tradição folk e espiritualidade pessoal. Neo-pagãos são injustiçados freqüentemente ao não serem considerados uma religião. Uma pesquisa da Universidade Municipal de Nova York descobriu que há aproximadamente 307 mil neo-pagãos vivendo nos EUA atualmente. Apesar de não haver autoridade central de princípio, quase todos os neo-pagãos permitem cerimônias para gays e lésbicas.Você professaria uma fé somente porque ela permite o casamento gay? Esses grupos desaprovam a noção de que o casamento homosexual infringe a liberdade religiosa? Se você quer pensar um pouco mais sobre religião, veja o vídeo abaixo (colaboração do amigo Caio):